Ryota Brasileira

Autor(a): Jennifer Maurer


Volume 8 – Arco 3

Capítulo 105: Decorrente Engano

As mãos que seguravam a gola da roupa da duquesa ainda tremiam quando Ryota continuou a falar, despejando suas emoções para fora como se vomitasse:

— É sempre assim. Vocês falam que vão resolver, encontrar uma saída para esses problemas… Mas, no fim, são todas palavras falsas. A nobreza segue mentindo para todos, usando expressões para mascarar suas verdadeiras intenções, mas no fundo nunca fazem nada quando aquilo não os afeta diretamente.

Referia-se aos montes de situações que presenciou durante aquela semana no palácio. Ainda que fossem poucos dias comparados aos de muitos, ela sabia que boa parte de tudo aquilo que viu acontecer nada mais era que um grande jogo, uma brincadeira de escalar uns sob os outros. 

— Vocês não deveriam estar apoiando as pessoas? Protegendo-as das ameaças? Impedindo que situações como esta aconteçam? 

— … Este foi apenas o resultado de nossas ações.

— Resultado de quê?! O que vocês estiveram fazendo durante essa semana, afinal?! Como não perceberam que poderia haver um ataque? Não era óbvio?! Por que deixaram tantas pessoas morrerem?!

Ryota encurralou Fuyuki ainda mais e gritou outra vez em seu rosto, mas a duquesa permaneceu perfeitamente inexpressiva, como uma muralha. Ela sabia que estava sendo injusta ao pedir uma coisa daquelas, que resolvessem problemas que ainda nem aconteceram. Entretanto, para a frustração e raiva que subiam-lhe pelo corpo e atiçaram seu sangue, a mente da garota imediatamente compreendeu que a origem daqueles eventos poderia ter sido impedido, em primeiro lugar. E a primeira coisa que desejou fazer foi descontar na pessoa mais perto dela.

— … Você sabia, não é? Sabia que isso aconteceria desde o começo, mas não fez nada para impedir.

Fuyuki permaneceu em silêncio e abaixou os olhos, o que apenas fez o ponto de Ryota se tornar ainda mais forte para seu coração.

— Aquele maldito do Miura também. Sempre puxando as cordas e nos usando como bem entende… No fundo, vocês são todos iguais. A diferença é que tem aqueles que deixam claro que estão usando, e tem pessoas como você que usam sem pensar duas vezes!

— … R-Ryota! — Eliza exclamou da porta ao perceber que aquilo estava indo longe demais, mas foi rebatida imediatamente com um olhar furioso da garota.

— Cala a boca, Eliza!

A curandeira se retraiu ao ouvir o tom de voz direcionado à ela e se encolheu, os olhos enchendo-se de lágrimas mais uma vez.

— Era assim desde o início. Desde a primeira vez que te conheci, Fuyuki, você nos usou. Usou a mim, uma pessoa que passou perto de morrer, o meu tio, que poderia cometer suicídio a qualquer segundo e ao Zero, que ainda estava tentando se adaptar, como iscas. Você nos usou pra cumprir com uma vingança podre, um ideal egoísta seu! Nós poderíamos ter morrido naquele combate, não era? Você sabia disso, e mesmo assim permitiu que eu ficasse, que pessoas inocentes e incapazes de lutar ficassem!

— Eu disse para fazer o que quiser — relembrou a duquesa, em voz baixa.

— Você sabia que eu permaneceria lá mesmo assim! Mas provavelmente nem se importou, não é? Eu não era do seu ducado, e nem o meu tio. Se tivéssemos morrido, tanto faz, não era? Se não fosse pelo Zero protegendo o quarto do tio Jaisen contra aquele merda do Shai, ele poderia ter morrido, sabia?! E o que vocês estiveram fazendo?! Tomando cházinho enquanto conversavam sobre idiotices?! Tanto na mansão quanto aqui, foi a mesma coisa!

Ryota chacoalhou a duquesa e continuou a fazer apontamentos duros. As lágrimas em seus olhos se acumulavam conforme falava.

— … Você mentiu para mim. Todos vocês mentiram — a garota baixou a cabeça, triste — Vocês nos usam como bem entendem e então descartam quando não são mais úteis. Essa era a desculpa desde o início, não era? Você apenas nos manteve ao seu lado em consideração ao Zero que uma vez foi da nobreza, e nada mais. No fundo, é tudo sobre o status social, não é? É por isso que todos vocês da nobreza ficam se encontrando apenas para se xingarem, apontando armas pras cabeças uns dos outros e se matando à toa ao invés de ficarem no que é importante! E por serem tão cegos e egoístas, pessoas morreram! 

Ainda que fosse uma crítica dura ao qual Ryota apenas jogava para cima de Fuyuki sem piedade, era uma crítica válida ao qual nem a duquesa poderia retrucar. Permanecer em silêncio e aceitar aquelas palavras era tudo o que poderia fazer, e nem mesmo Eliza foi capaz de se intrometer novamente. Então, a curandeira deu meia volta e saiu correndo, ainda com lágrimas nos olhos.

— … Me diz, Fuyuki. O mais estão escondendo de mim? Você sabia sobre os índigos, sabia sobre a Insanidade, conhecia os padrões dela! Você… Sabe de mais coisas, não é? Mas nunca contou pra mim, ou pra ninguém, mesmo sabendo que poderíamos nos envolver de novo com esses malditos!

Ryota apertou ainda mais a gola que puxava e encarou diretamente nos olhos da duquesa.

— Me diz que mentiu pra mim. Me diga que sabia desde o início do que aconteceria. Me diga que me manteve ao seu lado apenas para uso próprio, para descobrir mais sobre esses malditos aos quais o Shai e a Mania eram aliados. Me manteve ao seu lado porque sou uma índigo, também, e apenas isso. Você me disse para não confiar em ninguém da capital, em ninguém da nobreza… Mas eu esqueci que você também faz parte dela. 

Lembrou-se da conversa que teve com Fuyuki antes de viajar, sobre como ela havia pedido para Ryota não se envolver com ninguém que não fosse permitido. Que tivesse cuidado para não envolvê-la em problemas aos quais não era de sua conta, podendo sujar uma linhagem muito maior do que realmente podia ver.

— Foi por isso que me colocou na coleira e me usou… Você, o Sasaki, que também era da nobreza e mentiu pra mim quando disse que não sabia sobre o vovô, o Edward me usou, a Sofia me usou, o vovô nos usou… Todos vocês…! Todos vocês são tão podres quanto qualquer um aos quais apontam os dedos! Vocês só escondem suas intenções por trás de um sorriso e palavras bonitas de consolo, mas no fundo…! No fundo, vocês…! Usam e descartam! Vocês todos… Sempre…!

 Ryota se sentiu idiota por não ter entendido aquilo tudo antes. Não ter percebido algo tão óbvio. Desde o início, assim como Juan, como Sofia, como Shin ou Miura, que demonstravam abertamente sua disposição para manipular pessoas burras como a garota, que desconhecia aquele mundo, Fuyuki fez o mesmo. Entretanto, de uma forma muito mais cruel — o mesmo método usado por Sasaki e Albert, fingindo que se importavam.

— … Sim, está correta — disse a duquesa, fazendo Ryota resfolegar. Os olhos de Fuyuki se estreitaram, duros como uma pedra — Eu sempre soube sobre as Entidades, as Autoridades, sobre as criaturas, os experimentos, as alianças… Era natural, afinal, como disse a dona Sofia, sou uma Sicária de Entidades.

Fuyuki abriu um sorriso lento que era ao mesmo tempo maldoso e melancólico, mas Ryota, cega pela raiva, apenas empurrou a duquesa contra a parede e forçou-a de forma que pudesse fazê-la perder o ar. 

— … Nós nunca fomos amigas, e jamais seremos. 

Todas aquelas noites de risadas e conversas, os brindes dados depois de rirem, a conversa sobre a vingança após a derrota de Mania e Shai, as promessas que fizeram uma à outra, os abraços e sorrisos que trocaram, as lágrimas que escorreram, o esforço de Ryota para salvá-la de Miura… Tudo aquilo atravessou as memórias da garota, que estava chorando silenciosamente.

A duquesa, ouvindo aquelas palavras, não reagiu de forma alguma que não fosse erguendo um pouco os ombros.

— Me arrependo de tê-la conhecido e acreditado no Zero de que poderia ser uma boa pessoa… Mas eu realmente gostaria que fosse. 

A raiva aplacada reduziu-se por um segundo a uma tristeza que apertava o coração quando Ryota revelou aquilo, e a duquesa sentiu algo dentro dela se desfazer.

Foi naquele instante que Ryota sentiu um toque gélido afastá-la da duquesa, que tossiu um pouco ao ser solta. Seus dois pulsos foram puxados com relativa força, e a garota olhou, relutando, para a pessoa que havia surgido ao seu lado.

Seus olhos se arregalaram de imediato ao ver Sora, mas não apenas porque era a primeira vez que se encontravam desde a coroação.

A expressão dura dele era uma característica comum entre os Akai ao se portarem formalmente diante dos outros; suas íris vermelhas sem vida estavam como sempre, um poço de incompreensão. Apesar da forma rígida com que a parou, Ryota não esperava que fosse diferente. Entretanto, o que a assustou foi a mudança de aparência do rapaz.

Afinal, seus cabelos normalmente negros e compridos foram cortados na altura da orelha. 

Apesar de ter sido uma mudança de aparência bastante drástica, Ryota sentiu que aquilo não foi apenas uma ideia que ele havia tido de repente. E, de alguma forma, o toque dele indicava uma mudança em seu humor, uma que a lembrava um pouco de quando haviam se encontrado pela primeira vez, na mansão.

Aquele clima que antes estava quente esfriou-se como um sopro, e a garota, após piscar para conter o choque, soltou-se do guardião puxando-se para trás. Na porta, estava Eliza, que provavelmente viera correndo, e a menina também chorava, apertando os lábios com força. Ryota entendeu imediatamente que ela o havia chamado, e então fez um som baixo com a garganta de compreensão.

Um pequeno instante de silêncio se fez, e a garota olhou para o corpo de Zero na cama. Enquanto isso, Sora olhou para sua mestre, que não devolveu-lhe a atenção, baixando as íris verdes para o chão. 

— A senhorita conseguir contar? — perguntou o guardião, mas Fuyuki apenas meneou a cabeça para os lados.

Ryota franziu a testa.

— Contar o quê? O que mais estão escondendo de mim?

Houve silêncio outra vez, e Ryota notou que Eliza havia cobrido o rosto com as mãos, saindo da sala outra vez para chorar. Fuyuki ergueu as íris para o guardião e indicou com a cabeça, ao que Sora imediatamente se aproximou de Ryota para sussurrar-lhe ao ouvido alguma coisa.

Os olhos azuis dela, que antes demonstravam raiva, arregalaram-se de imediato, e ela empalideceu. As mãos da garota ficaram inertes, e quase foi ao chão se não conseguisse apoiar a si mesma contra um móvel próximo. 

— … O… Tio Jaisen… Desapareceu…? 

Ryota repetiu aquelas palavras tão devagar e aos sussurros que nem percebeu que saíram de sua mente e foram pronunciadas na vida real. Seus joelhos foram ao chão e se encolheu, baixando o rosto.

Por quê? Por que… Ele precisou passar por isso? Por que ele se envolveu nisso tudo? Por que ele veio até a capital real?

Eram respostas que ela jamais conseguiria, pois o próprio homem havia se recusado a dá-las. Em geral, Ryota compreendia o lado das pessoas não revelarem segredos ou demonstrarem hesitação ao expressarem sentimentos, mas aquilo… Aquilo era um absurdo.

Por quê? Por que, por que, por quê? Por que todos ao meu redor desaparecem? Por que todos ao meu redor morrem? Por que… Por que todos ao meu redor precisam sofrer tanto? Por que… Por que o tio Jaisen sumiu… E eu nem fui capaz de pedir desculpas a ele pelo o que falei?

A última conversa entre os dois fora uma discussão que se desenrolou sem mais nem menos, e Ryota sequer havia se esforçado para tentar entender o seu lado. Parecia que, conforme o tempo passava, conforme entendia que recusar-se a falar e o silêncio era sinal de esconder algo, mais aquilo a incomodava.

Albert, Jaisen, Fuyuki, Fanes… Tantos que haviam recusado-se a dizer a verdade, a contar sobre seus sentimentos e objetivos, e que acabaram como estavam. Aquilo tudo era tão ridículo, tão maldoso, tão… Horrível. 

Por que as pessoas mentiam? Por que escondiam informações? Por que não eram honestas uns com os outros? Por que não revelavam as cartas desde o início? Por que era tão difícil? Por que as pessoas usavam máscaras e se fingiam de algo que não eram?

Aquelas perguntas poderiam ser voltadas à ela mesma, e Ryota sentiu que o mundo ficou escuro e turvo. Mais uma vez, seu chão sumiu e a mente tornou-se um breu. O vazio dentro dela se expandiu, bem como a necessidade de compreender, de alcançar uma resposta.

O ar sumiu de seus pulmões e nada mais fazia sentido para sua cabeça. Ryota se encolheu, ainda de joelhos, e colocou as mãos na cabeça, tapando os ouvidos para qualquer coisa que viesse do mundo exterior. Ela não aguentava mais chorar. Não aguentava mais sofrer, ter seu coração pisoteado cada vez mais ao ponto de tornar-se nada mais que estilhaços.

— … Como eu estava dizendo, estamos trabalhando para consertar as coisas — disse Fuyuki, de repente, erguendo a voz e caminhando de forma que pudesse enxergar a garota melhor. Sua expressão ainda era dura como ferro — A cidade está sob controle, mas ainda há muito a ser feito. Sobre o Jaisen… Ryota, não é tão ruim quanto parece.

Era como se a duquesa tentasse consolá-la usando palavras que a faziam se remoer cada vez mais, gerando o efeito oposto em seu peito. Quanto mais ouvia Fuyuki falar, mais Ryota criava raiva dela.

A duquesa olhou para Eliza do lado de fora, então voltou-se para a garota.

— Jaisen se envolveu em uma batalha para salvar pessoas inocentes, assim como todos nós. Ele colocou-se em risco e se sacrificou, mas acabou desaparecendo no processo. Ainda podemos procurá-lo, e uma equipe de busca está ciente de que, provavelmente, ele está ao lado da Autoridade do Destino.

Ryota não entendia nada do que ela dizia, mas ergueu suas íris escuras raivosas. As lágrimas foram secadas, mas as marcas delas ainda permaneciam ao redor de seus olhos.

— As Entidades são seres que possuem poderes além de nossa compreensão. Desconhecemos seus objetivos e origem, mas existem algumas coisas que sabemos. As Autoridades são como seus braços direitos, mas nem sempre estão acompanhando-as — ela parou para respirar fundo — Mania era a Insanidade, e Shai a Autoridade da Insanidade. Em Hera, durante a invasão, descobrimos a existência de mais duas possíveis Autoridades: Destino e outra que ainda desconhecemos, mas os resquícios de seus poderes foram vistos nas regiões e na igreja ao qual você e Zero foram encontrados sem consciência.

Fuyuki começou a descrever uma porção muito grande de informações e Ryota esforçou-se para entender o que tudo aquilo significava.

— … O conflito gerado na capital e na Fortaleza foram criados pela Ritus Valorem.

— … Ri… O quê?

— A Ritus Valorem é uma organização que atua secretamente. Eles são um grupo de pessoas que apreciam as Entidades e as apoiam, e tais membros se escondem dentro da nossa sociedade como espiões passando informações para eles agirem. Desconfiamos que não apenas civis, mas membros da nobreza estejam envolvidos, o que justificaria a consciência de nossos atos, fraquezas e estratégias para nos separar.

Ainda parecia muita informação para ser processada, mas Ryota permaneceu em silêncio, ouvindo.

— A Autoridade do Destino foi a pessoa com quem Jaisen lutou antes de desaparecer. Desconfiamos que houve algum tipo de locomoção, como um teleporte ou algo semelhante, e tanto a Autoridade quanto Jaisen foram levados. 

Ryota ergueu as sobrancelhas.

— Significa que ele não está morto — confirmou a duquesa diretamente — Mas ainda desconhecemos seu paradeiro, mas estamos em busca de encontrá-lo. Contatei para que revisassem a capital, mas conversei com meus outros guardiões da elite Galáxia para que patrulhassem as cidades de meu ducado e buscassem mais informações a respeito. Os membros da corte retornaram às suas respectivas cidades para trabalhar na busca, também, e estamos entrando em contato com frequência.

— Então… Aquele garoto que estava na igreja também era… — Ryota colocou-se de pé e começou a falar, ao que a duquesa assentiu.

— Provavelmente, outra Autoridade.

— … Se bem me recordo, seu nome era… Alles.

— A Autoridade do Destino era Lysa, uma mulher que usava fios para matar.

Ryota imediatamente se lembrou de como fora torturada por ele, mas também do momento em que Dio e seu cachorro foram transformados em pedaços de carne, varridos ao vento da mesma forma que casas por perto. Aquilo fez seu estômago revirar e a garota apertou os olhos, abrindo-os logo em seguida.

Enquanto conversavam a respeito, Ryota virou seu rosto para a cama e observou a expressão calma de Zero. Ele parecia estar apenas dormindo pacificamente, como se nada estivesse acontecendo. Sua pele fora limpa e estava impecável, inteira. Ryota desconfiou imediatamente que fora trabalho de Eliza cuidar de seus ferimentos, e ergueu os olhos para a porta, apenas para ver a garota se encolher ao seu olhar.

— Mas o Zero ainda está morto — falou ela, olhando novamente para a cama e para o corpo que ali jazia. Sua voz saiu novamente em tom de acusação, mas mais baixa e quase como que voltada para si mesma.

— Isso não é verdade — interrompeu, de repente, a curandeira, fungando o nariz para entrar no cômodo.

Eliza se aproximou a passos um pouco tímidos, mas recebeu o olhar de aprovação da duquesa ao parar do outro lado da cama. Instintivamente, Ryota se aproximou de Zero, quase como se pudesse protegê-lo de alguma ameaça, mas o que ouviu logo em seguida a surpreendeu:

— Zero estava exausto desde o combate na capital, assim como você. Mas, quando você foi sequestrada pela Autoridade, ele não parou até descobrir sua localização. Ele acabou indo sozinho encontrá-la, e acabou descobrindo rastros de sangue que levavam para o lado externo da cidade, chegando até aquela igreja abandonada.

Ryota baixou os olhos para o rosto do rapaz.

— Haviam muitos mors do lado de fora, e ele… Derrotou a todos. Quando chegamos mais tarde, haviam apenas o resto de suas carcaças tornando-se cinzas. Entretanto, ainda exausto, cheio de mordidas e arranhões, ele foi te resgatar, e lutou para te salvar.

Ryota passou o dedo pelo rosto frio dele, delicadamente, sentindo as lágrimas emergirem em seus olhos mais uma vez.

— Quando encontramos vocês dois, estavam em um estado terrível. Eu… Consegui recuperar os membros que foram retirados de você, e por muito pouco consegui salvar a vida dele. 

Ryota ergueu os olhos para Eliza, que parecia um pouco desconfortável em sua presença.

— Entretanto… 

— O quê? 

Fuyuki se aproximou, cruzando os braços.

— Ele tornou-se um Adormecido, assim como minha mãe.

Ryota paralisou, em choque. 

— Eliza foi capaz de reverter seu estado de quase morte, mas não foi capaz de acordá-lo. Após os testes, ela detectou uma anomalia em seu corpo muito semelhante à de minha mãe, e ambos estão neste estado… Mas o caso de Zero parece um pouco pior.

— Um pouco… Pior?

Fuyuki afinou os olhos e encarou Ryota.

— Ao contrário dela, Zero… Está com os dias contados.



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