Ryota Brasileira

Autor(a): Jennifer Maurer


Volume 7 – Arco 3

Capítulo 75: Conselhos, Fortaleza e Névoa

— O senhor está bem?

— … Sim, valeu pela preocupação.

Quando Eliza, após ver Ryota se distanciar a passos velozes, voltou-se na direção de Jaisen e reparou em sua postura, ela se aproximou com cuidado e afinou os olhos. 

— Eu… Fiz algo que não devia? — a curandeira abaixou a cabeça e uniu as mãos perto do peito, ao que o careca rapidamente piscou em surpresa.

— Não, é claro que não, guria… Tu sempre me ajudou muito, e tenho muitas dívidas contigo. Fui eu quem estragou tudo.

— … Se eu perguntasse, o senhor não me contaria o que está acontecendo, não é? Sinto muito se soei tão indelicada depois do que acabou de acontecer.

Eliza apertou os lábios e, por um instante, sentiu-se responsável pela discussão dos dois. Afinal, foi ela quem deveria ter tido o cuidado de garantir que Jaisen permanecesse seguro e saudável antes que decidisse sair para fazer qualquer coisa. Além disso, ao invés de repreendê-lo devidamente — embora fosse ser uma adolescente brigando com um adulto bem mais velho do que ela —, a garota apenas aceitou seu pedido e sentiu compaixão por sua determinação. 

Embora não soubesse a razão de sua presença, a curandeira foi incapaz de recusar o pedido. E, agora, talvez isso tivesse gerado consequências irreparáveis. Mas, ao mesmo tempo, ela sabia que a origem da discussão entre Ryota e Jaisen não surgiu apenas desse mal entendido, mas de algo ainda mais antigo e profundo. 

Como o homem não respondeu à sua pergunta, a menina apenas suspirou.

— Gostaria de poder fazer algo para ajudá-los.

— Não tem nada para ser feito, mocinha — disse Jaisen, amaciando o tom, ainda com uma expressão melancólica — No fim das contas, eu julguei aquele velhote, mas acabei agindo igual… Somos ambos uns bostas, mesmo.

Eliza franziu a testa para esse comentário próprio, mas como estava por fora da situação e percebeu que seria rude perguntar, apenas falou:

— Assim como outrora, eu percebi que vocês dois… O senhor e a Ryota, são pessoas de bom coração. Porém, parecem guardar sentimentos pesados em seus corações. 

— Tu diz isso como se soubesse de alguma coisa — disparou ele.

— Porque eu sei… Bem, apenas um pouco, mas estou ciente do quão difícil deve estar sendo para vocês dois lidarem um com o outro. E, também, sei que a Ryota, apesar de sempre tentar não transparecer, é uma garota tão frágil quanto uma flor. 

Eliza apertou ainda mais as mãos que estavam unidas acima do peito. Jaisen se virou para olhá-la.

— Não posso afirmar que entendo como ela se sente e nem que possuo as respostas para suas dúvidas ou dores, mas, no passado, tentei ajudá-la como pude. Mas foram apenas conselhos pessoais dados por minhas experiências, e eu jamais poderia julgá-la por qualquer sentimento que possuísse. Eu não possuo esse direito. E, também, não tenho como julgá-lo pelo o que sente — ela ergueu os olhos âmbar, que tremiam um pouco — Mas, ao menos, sei que posso falar a respeito de suas atitudes.

O que a curandeira dizia era algo que, apesar de cruel, era bastante empático. Sentimentos, independentemente de quais fossem, jamais poderiam ser julgados. As pessoas não têm culpa pelo o que sentem. Entretanto, a forma com que reagem a eles se torna uma outra questão. E era justamente aquele ponto que divergia uma pessoa que era consciente ou não de suas ações.

No passado, Eliza havia feito exatamente isso. Quando Ryota, após enfrentar Sora, começou a desabafar um pouco sobre seus sentimentos e a curandeira conseguiu ver em sua expressão uma dor e sofrimentos profundas demais para serem compreendidas, uma vontade de ajudá-la cresceu em seu coração. A curandeira era pessoa gentil, de fato, mas por estar sempre lidando com vidas, ela passou a desejar cuidar delas ao máximo. E isso não se referia apenas ao lado externo, mas ao interno também.

Ela não sabia sobre as dores de Ryota, sobre detalhes do que passou ou como se sentia em relação às suas circunstâncias. O mesmo acontecia agora com Jaisen, e se repetiu várias e várias vezes quando lidava com pacientes desanimados com suas próprias vidas. Conversou com pessoas que queriam desistir, que queriam fugir e aqueles que apenas se revoltaram. E, não importava quais fossem seus sentimentos, Eliza se compadeceu de cada um deles, segurou suas mãos e, com todo o cuidado que conseguiu colocar em sua voz, dizia palavras de conforto com um sorriso doce.

Seus olhos âmbar, ainda trêmulos, continham uma força de vontade admirável. E essas íris foram direcionadas ao homem na sua frente, que, de alguma forma, ao ver aquela menininha que era mais baixa, mais nova, mais fraca e mais inexperiente do que ele, sentiu que era ela quem o olhava por cima.

— Senhor Jaisen, eu não estou a par do assunto e estou ciente de que sequer deve desejar compartilhar seus sentimentos ou razões comigo. Por isso, não insistirei em saber — falou isso suavemente, como quem entendia seu receio — Entendo, também, que talvez seja difícil dizer a uma pessoa importante algo que possa machucá-la. Talvez uma verdade ou uma decisão que o senhor tomou por si mesmo.

Eliza recordou-se de outra discussão que ambos tiveram no passado. De quando Ryota, durante sua primeira conversa com Jaisen ao despertar, ouviu coisas terríveis. Até hoje, a curandeira não sabia o que era. Porém, ao entrar no quarto e sentir o clima pesado, notou que era um assunto ruim o bastante para separá-los em um momento que deveria ter sido de felicidade.

— Mas, em um relacionamento, acho muito importante que ambas as partes saibam conversar. Se uma pessoa que amamos está sofrendo, nós vamos querer ajudá-la, certo? Se essa pessoa estiver guardando para si mesma e não compartilhar, mesmo que um pouco, o que está sentindo, é impossível para nós tentarmos fazer algo. Isso machuca ainda mais quem sofre e aquele que está assistindo a dor. 

Eliza não sabia, mas o papel de Zero se encaixava perfeitamente neste caso.

Ainda que ele não soubesse de todos os detalhes, ainda que entendesse parcialmente a situação e seus sentimentos, aquilo era o bastante para que pudesse conversar e tentar apoiá-la. Ryota, uma pessoa que cresceu acreditando que compartilhar seus sentimentos resultaria em apenas atrapalhar a vida de pessoas queridas com seus próprios problemas, passou a escondê-los com sorrisos e atitudes que diziam o contrário. Se você fosse um desconhecido dela, provavelmente nem notaria. Entretanto, para aqueles que passaram ao menos um período de tempo relativamente grande com a garota, talvez notariam que algo estava estranho.

Mas nem todos eram capazes de tentar fazê-la se abrir — seja pelo medo de machucá-la ou por não saberem o que dizer. Por isso, o resultado de uma situação dessas era que pessoas ao redor nada mais se tornavam do que espectadores do sofrimento alheio. Alguns se dispunham a distrair a pessoa com piadas ou conversas, de forma que esquecesse momentaneamente as dores, mas aquilo não faria o indivíduo lidar com as dificuldades. Era apenas uma forma de empurrar com a barriga o x da questão.

Eliza se aproximou e segurou os punhos cerrados de Jaisen, erguendo-os na frente dos olhos.

— Por isso, senhor, acho que deveria tentar falar com ela de novo. Não agora. Talvez mais tarde, quando essa situação toda terminar. Os dois estarão mais calmos e terão pensado a respeito do que aconteceu. E então, talvez, se o senhor se sentir confortável em querer compartilhar com ela o que está sentindo, para que a Ryota possa entendê-lo… Bem, acho que seria bom.

A curandeira abriu um sorriso tímido.

— … Mas e se ela não me ouvir?

— Eu duvido que ela recusaria.

— E se ela não entender?

— Tenho certeza de que vai.

— E se ela ficar brava?

— Eu acho que a Ryota estava em um momento difícil. Afinal de contas, quantas vezes a vimos brava de verdade com alguém? — brincou a curandeira, inclinando a cabeça — Com certeza, quando as coisas se acertarem, ela estará com a mente limpa e se desculpe.

— … Não. Quem deveria pedir desculpas sou eu.

Eliza apertou as mãos que segurava e passou calor a elas.

— Olha, acho que seria um bom começo.

 Jaisen piscou e, por fim, abriu um sorriso tímido. 

— Tu tá certa, mocinha. Vou fazer isso.

Vendo o homem baixar os ombros, a garota se afastou com um suspiro e olhou para trás, para onde os feridos ainda estavam descansando.

— Acho que precisamos movê-los daqui — disse ela, de repente mudando o tom de voz — Não estamos muito longe da Fortaleza. A barreira pode protegê-los, mas desconfio que não por muito mais tempo. Senhor Jaisen, pode me ajudar?

Jaisen e Eliza trocaram olhares. Então, uma mão grande e pesada bateu contra os cabelos azuis, bagunçando-os com um cafuné exagerado. A curandeira soltou um grunhido de surpresa e quase ficou tonta com os movimentos.

— Pode deixá comigo. O que cê precisar, é só falar.

A curandeira, meio zonza, sorriu em agradecimento.

— P-Por enquanto, vamos escoltá-los até a Fortaleza. Tenho certeza de que a guarda está mantendo seguro o local e alguns civis possivelmente devem estar por lá. Será mais fácil para mim conjurar um selo de alta extensão de cura e, por conseguinte, garantir o descanso dos demais.

— Beleza.

A dupla, depois de conversar por alguns minutos, se dirigiu para dentro da barreira. Ali, se aproximaram dos feridos e a curandeira prontamente conversou com eles a respeito da evacuação, acalmando-os ao explicar que não haviam ameaças. Entretanto, que seria mais seguro estarem na Fortaleza do que nas ruas, então os levariam até lá. 

Como as barreiras não eram móveis, Eliza, assim que todos estavam prontos, a desfez sacudindo o braço com a pulseira no ar. Algumas pessoas ainda estavam fracas demais para continuarem, então Jaisen, que estava inteiro, e outros civis que eram fortes o bastante, ajudaram a carregar estes feridos. Dito isso, com a menina indo na frente e Jaisen logo atrás, o grupo começou a seguir pelas ruas a passos silenciosos.

As explosões e desabamentos pareciam ter parado. Entretanto, ainda era possível ouvir sons vindos de algum lugar à distância. Eliza e Jaisen, cientes das criaturas que poderiam espreitá-los, porém talvez esperando a oportunidade correta ao verem que estavam em maior número, mantiveram-se atentos. O cheiro de sangue deveria atraí-los — ao menos, foi o que a curandeira entendeu ao ver Ryota lutar.

Dito isso, após mais alguns longos minutos, o grupo finalmente alcançou os grandes portões que rodeavam o território da Fortaleza. Eliza se aproximou e então, percebendo que não haviam guardas do lado de fora, ela tocou no portão com a mão.

— Está trancado — comentou ela, baixinho, e então se virou — Pessoal, por favor, se aglomerem em um círculo. 

Quando todos obedeceram, a menina conjurou seu cajado — Lótus — e se aproximou para bater a base dele no chão. Nasceu, então, um selo logo abaixo de seus pés, rodeando a todos. Era um círculo mágico que brilhava com luzes neon e girava em sentido horário, com escritas incompreensíveis e formas geométricas dançando. A curandeira fechou os olhos e, mais uma vez, bateu a base de Lótus contra o chão.

Nesse instante, o mundo se distorceu e o corpo sentiu o espaço balançar. A sensação, que deveria ter sido desconfortável para os outros, mas era de costume para Eliza, aconteceu em um milésimo de segundo. E então, estavam dentro da Fortaleza, logo diante da grande construção.

Suor começou a escorrer pelas têmporas e mãos da garota. A fraqueza repentinamente a assolou com violência, e ela percebeu que havia gastado muito chi com as curas e o teleporte. Entretanto, sacudiu a cabeça e se concentrou em guiar a todos para dentro.

— Dona Eliza!

— Madame Eliza!

Dois guardas a saudaram, fazendo continência. Ela, mais uma vez, os imitou, nervosa.

— Por favor, levem-nos até os demais. Preciso de uma ala vazia para criar selos de cura.

— Sim, senhora!

Enquanto um dos homens ficou parado, o outro guiou ela e os demais escada acima. Não demorou muito para que todos os feridos fossem alocados devidamente em sofás e camas confortáveis, ao invés de sentarem no chão ou em pedras como estavam na rua. Deitaram os inconscientes e Eliza conjurou selos nas paredes, teto e chão com círculos mágicos que por vezes piscavam meio foscos. Quando acabou, desconjurou Lótus e soltou um suspiro. Seus ombros pesaram.

— Cê tá bem? — perguntou Jaisen, se aproximando dela.

— Sim — respondeu ela, rapidamente arrumando a postura e dando meia volta — Vou retornar para a cidade e guiar mais pessoas que encontrar pelo caminho para cá. Não sei se serei capaz de teleportar todas, então, por favor, fiquem de olho nos portões.

— Sim, senhora! — disse o guarda que a acompanhava, agora retornando ao posto ao descer as escadarias.

— Tu tá pensando em ir lá fora de novo? 

— Não tenho escolha — respondeu Eliza, descendo as escadarias devagar, segurando o corrimão em espiral — Preciso continuar ajudando os civis. Ainda devem haver muitos por aí que precisam de mim. De toda forma, senhor Jaisen, se não estiver ocupado, ficarei feliz se puder me acompanhar. Aquelas criaturas na cidade atacam grupos em menor número, e com certeza virão atrás de mim. Não poderei garantir a minha segurança ou a dos outros se estiver sozinha.

Não apenas porque seu chi lentamente começava a se esvair, mas também porque ela era incapaz de lutar. Ou seja, era um alvo fácil.

— Beleza, te acompanho — assentiu o homem, sem pestanejar.

— Obrigada — sorriu ela de volta.

Assim, a dupla começou a sair da Fortaleza a passos rápidos. Eliza estava preocupada com Fuyuki e seus companheiros, com Ryota e a situação no palácio. Porém, precisava confiar neles e em suas habilidades. Deveria ser capaz de sentir caso precisassem de sua ajuda. A duquesa era capaz de contatá-la ou sentir sua presença, e poderia lançar-lhe um aviso caso fosse necessário.

— M-Moça! Espera!

Então, de repente, uma mão pequena segurou seu vestido. Ao parar, a menina percebeu que era o garotinho de cabelos áureos e olhos dourados, apenas um pouco mais claros que os dela, que puxava-a. Eliza se agachou na altura dele.

— O que foi?

— E… A outra moça? 

O filhote de cachorro, que veio correndo logo atrás dele, parou ao lado de Dio.

— Ah, a Ryota? Ela está bem, não se preocupe.

— Onde ela tá?

— A Ryota precisou sair para fazer umas coisas, mas deve voltar em breve.

— Hm.

O garotinho baixou os olhos e grunhiu.

— Não se preocupe. Se quiser vê-la de novo, garanto que a avisarei para vir o mais rápido possível.

Eliza sorriu para Dio, que rapidamente assentiu para ela.

— Se cuida, moça. E obrigado.

— De nada. Até eu retornar, descansa bastante.

Dio ainda não estava plenamente recuperado. Embora sua perna tivesse sido curada, o sangue e chi que foram perdidos precisavam ser reabastecidos naturalmente pelo corpo. E isso só seria possível com repouso. O garoto, com o filhote no colo, observou a dupla sair pelos portões da Fortaleza e sumir. 

Eliza e Jaisen apressaram o passo pelas ruas. Avançaram olhando para os lados, conferindo becos e barulhos estranhos. Haviam andado relativamente pouco, observando se encontravam pessoas feridas ou escondidas. Elas poderiam temer que os barulhos de seus passos fossem de alguém perigoso, então com certeza ficariam em silêncio. Gritar por elas seria o mesmo que chamar a atenção das criaturas que espreitava Hera, então Eliza e Jaisen optaram pelo silêncio.

— Nada por aqui.

— Vamos prosseguir — disse a curandeira, seguindo em frente e passando as mãos pelos braços — Eu sei que ainda estamos no inverno, mas o sol está no céu e começou a esfriar tão rápido… Quantas horas se passaram desde a coroação?

Eliza fez a pergunta ao sentir os pêlos de seu corpo se arrepiarem. De fato, estavam em uma estação fria, e o sol acima deles não estava exatamente aquecendo-os. Não era estranho que, conforme o tempo passasse, a temperatura fosse despencando mais e mais. Porém, a garota começou a estranhar quando seus dedos ficaram duros e sua vista nublou.

Ao expirar o ar de seus pulmões, uma pequena fumaça branca escapou de seus lábios.

Eliza arregalou os olhos e parou.

— Jaisen…! 

— Eu sei — respondeu ele, estendendo a palma da mão e conjurando sua espada — Tem alguma coisa errada.

A curandeira trouxe Lótus até sua mão e observou os arredores. A temperatura não apenas baixava a cada segundo, ela despencava. Caiu a um ponto que a neblina que cobria os arredores tornou-os incapaz de distinguirem onde estavam. Ruas e becos sumiram. O sol desapareceu. Lentamente, a dupla foi rodeada por névoa, frio… E uma risada infantil que reverberava por todos os lados. 

Passos soaram pesados vindos de sua frente. Algo se aproximava. Não causava terremotos, mas era pesado o bastante para ecoar por seus ouvidos. 

Jaisen torceu a expressão em seriedade.

Eliza franziu a testa e apertou os lábios, apreensiva.

— … Eu sabia.

E então, ela assim murmurou para si mesma quando dois olhos azuis surgiram na névoa, as pupilas estreitas na vertical atravessando-os e dando arrepios na coluna. Com um rugido que balançou os ares, o Tigre Branco do Oeste fez sua aparição.

***

— Isso não é bom… — murmurou Kanami, olhando para trás.

Ela sentiu uma presença terrivelmente pesada. Algo que arrepiava seus braços e a fazia lembrar de uma sensação nostálgica — mas nada agradável. A assassina se colocou de pé.

— Impossível… Como ele…?

A Akai piscou os olhos, nervosa, ao sentir a presença do espírito que havia enfrentado no passado. Não estava muito longe dela, porém, percebeu que haviam duas outras pessoas por perto, prontas para enfrentá-lo. E, mais uma vez, ficou surpresa ao notar que eram conhecidos.

— … Eliza e o tio da Ryota…? Por que eles…? Droga, preciso avisar a todos…!

Kanami fechou os olhos e então se concentrou. Pensou nos membros de sua família e esperou pela descarga elétrica no cérebro que a faria perceber que havia entrado em contato com eles. Que suas mensagens seriam recebidas e poderiam pensar em um plano.

— O quê?

Mas ficou surpresa ao perceber que algo estava errado.

— Não consigo entrar em contato com eles? Por quê?!

Kanami se desesperou e fechou os olhos novamente, apertando as pálpebras, como se isso fosse ajudá-la. Porém, mais uma vez, ela nada sentiu.

— Vamos lá, vamos lá… Meu irmão, pelo menos você… Como você está? — sussurrou ela consigo mesma, tentando encontrá-lo.

Kanami, o que houve?

Foi quando ouviu a voz grave de um velho. Era Shin.

Problemas! Sem contato com Miura ou Amane. Um espírito artificial apareceu nos arredores. 

É verdade, minha irmã?!

Sora?

Kanami sorriu ao sentir a voz do irmão na cabeça.

Estou bem, mas a conexão está ficando mais fraca.

Mantenham-se atentos. Conseguimos lidar com as duas criaturas, mas podem aparecer mais. Avisem-nos de anomalias na região. 

Certo!

Quando ouviram as ordens do patriarca, os gêmeos responderam ao mesmo tempo. Então, Kanami sentiu a queimação em sua mente cessar, assim como a sensação de estar sozinha novamente. Por fim, abriu os olhos e voltou-se para trás. Uma brisa balançou seus cabelos negros enquanto via uma densa névoa, à distância, se sobressair entre casas e prédios.



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