Ryota Brasileira

Autor(a): Jennifer Maurer


Volume 6 – Arco 3

Capítulo 61: O Ciclo de Ryota

Nas sombras, os espectadores observavam a cena que se desenrolou. Conforme o tempo passava e a discussão acalorava, os olhos azuis acompanharam a cena até que estivessem longe demais para que pudessem ser ouvidos. De toda forma, em algum ponto da conversa, os dois, que antes falavam alto o bastante para aqueles ao redor escutarem, começaram a murmurar coisas incompreensíveis, então foi impossível entender qual foi a conclusão daquele reencontro.

As duas figuras — Albert e Jaisen —, após trocarem palavras ríspidas e baixas, deram as costas e foram embora. Ryota observou aquela cena se desenrolar desde o início, tentando compreender o que havia acontecido. Queria ter tido coragem o bastante para se intrometer, mas algo dentro dela dizia que não deveria. Era como uma batalha entre apenas aqueles dois, e ela não tinha espaço para se envolver. 

Porém, ser, novamente, uma mera espectadora da briga entre duas das pessoas mais queridas por ela durante anos de sua vida foi difícil. Conforme a conversa se desenrolou, lentamente, pequenas e lentas lágrimas escorreram por seu rosto pálido como papel. A garota não percebeu que haviam duas outras pessoas assistindo, e sequer reparou quando eles se foram. Seu foco sempre se manteve nos dois homens que conversaram sobre o passado e partiram para cima um do outro.

O corpo enrijeceu e a mente ficou branca. Um calor ardeu em seu coração e o apertou, trazendo uma dor quase insuportável. Queria ir até eles e pará-los, mas não conseguiu. Queria ter sido capaz de fazer algo para impedir aquele desenrolar, mas o choque e a tristeza a plantaram onde estava. As lágrimas escorriam e, quanto mais tempo passava, quanto mais os ouvia falar, quanto mais memórias eram desenterradas, mais branca ficava sua mente e mais dolorido o aperto no peito ficava.

Em algum momento, Kuro, que apenas estava ao seu lado, os olhos fixos na discussão entre as pessoas desconhecidas, com uma expressão de neutralidade, observou a garota de cabelos negros agachar-se e encolher, cobrindo o rosto com as mãos e segurando a raiz dos cabelos. Um som baixo de choro era ouvido, e as gotas d’água eram possíveis de se ver escorrendo e caindo no chão. 

Nem mesmo quando, por fim, o silêncio e soluços foram tudo o que seus ouvidos podiam captar, o garoto ainda permaneceu perfeitamente parado, sem qualquer emoção no rosto. Como se apenas estivesse assistindo algo pela televisão, incapaz de ser tocado de qualquer que fosse a forma pelas pessoas presentes. Os olhos negros apenas se fixaram na jovem agachada, presa ao próprio sofrimento, ignorante ao ambiente ao seu redor.

… Por quê?

Essa era a pergunta que mais se repetia mentalmente, várias e várias vezes, sem parar. Conforme lágrimas escorriam e dentes eram raspados uns contra os outros de forma desconfortável, enquanto lutava contra os soluços e a dor, Ryota era incapaz de se concentrar em qualquer outro pensamento que não fossem apenas mais indagações.

Por que as coisas terminaram desse jeito?

Ela sabia, desde o começo, que Jaisen era contra a garota se encontrar com Albert. Desde Aurora, quando mencionou seu desejo de sair do vilarejo, o homem sempre tentou convencê-la a não fazer aquilo. E não parecia que era apenas porque ele fervia um sentimento intenso dentro de si contra o velho. Agora, Ryota entendia que Jaisen apenas tentou protegê-la de ser magoada novamente.

Desde criança, nunca deixou de acreditar que ele voltaria. Ainda que as pessoas dissessem o contrário, ainda que fosse difícil aceitar a verdade, Ryota jamais conseguiu entender a razão de Albert simplesmente ter ido embora e nunca mais voltado. Era uma completa contradição. Ora, ele sempre vinha visitá-la nos finais de semana, não era? Poderia apenas ter tido um contratempo naquele… Ou, melhor, naquele mês. Quem sabe algo tenha acontecido e ele ficou preso no trabalho por alguns dias, certo? Não era como se ele tivesse apenas se esquecido da sua querida neta… 

Por quê? Por quê? Por quê?

Era mais fácil aceitar que algo havia acontecido e ele não pôde mais vir. Ryota entenderia se fosse o caso, ela o perdoaria.

Mas, então, por que ele nunca avisou?

Ele poderia estar longe demais para viajar apenas para relatar o ocorrido. Ocupado demais. 

Por que não mandou uma carta, então?

… Ele poderia estar ocupado demais, e se esqueceu. Sim, se esquecer era algo normal, certo? Quando se estava atarefado demais, era comum perder de vista alguma coisa importante. Mas, eventualmente, ele se lembraria. E, se não, Ryota entenderia, também. Ela poderia perdoá-lo. Desde que Albert ainda pensasse nela de vez em quando, poderia entendê-lo.

Mas já faz mais de dois anos… Por que ele nunca mais deu nenhuma notícia? Ele se realmente nos abandonou? Ele realmente…

É claro que não! É claro que não, ele apenas… Apenas… Sim, ainda está ocupado demais. Ele era um senhor de idade, talvez tenha adoecido. Talvez… Talvez tenha tido dificuldade sua memória. E se, com o luto por Stella, ele tenha se isolado, como ela? Era possível, certo? Afinal, sempre foram próximos demais, então… E se ele apenas… Apenas…

Apenas aceite de uma vez que ele nos deixou e nunca mais vai voltar.

Era difícil enfrentar os pensamentos com expectativas. Os argumentos não eram fortes o bastante para rebatê-los. No máximo, Ryota foi capaz de abafar a negatividade, mas jamais saciá-la. Era exatamente aquilo que sempre fez de melhor, afinal de contas. Incapaz de lidar diretamente com os problemas, ela procurava caminhos mais fáceis e rápidos. Rodeava os problemas e os cobria, fingindo que não estavam ali. Ocultava as lágrimas e a dor com os sorrisos e palavras alegres. Nunca foi capaz de enfrentar as dificuldades de forma apropriada — porque era difícil demais.

Mas, quanto mais tempo passava, mais difícil de encarar o problema ficava.

E o que a gente decidiu fazer?

Continuar fugindo, é claro. Fingir que não havia nada de errado era apenas um passatempo. Não precisava preocupar os outros, mas pensar demais era doloroso, então apenas distrair a cabeça era o bastante.

Mas, então, o que fazer quando eu não consigo conter a explosão dentro de mim?

Nesses casos, mais uma vez, apenas abafe. Era simples. Só faça isso em um lugar seguro e isolado, para que ninguém descubra. Chore, lamente e se desespere o quanto quiser. E, então, se coloque de pé de novo para rodear e evitar os problemas. 

Esse sempre foi o ciclo de Ryota.

Era como dar um passo de cada vez, na esperança de fazer algo diferente, mas retroceder dois por medo e negação.

Mas, agora, não há mais para onde fugir. A verdade… Está, literalmente, na nossa cara.

Esfregou as mãos contra o rosto e enxugou as lágrimas. Engoliu os soluços e a desesperança. Mas, ainda encolhida no beco, com o garoto logo ao seu lado, incapaz de ver sua expressão por trás dos cabelos negros emaranhados, falou:

— Você sabia?

A voz saiu baixa e arranhada.

— Você sabia que isso aconteceria, então me trouxe até aqui para ver?

— … Sim.

— Por quê?

Sua cabeça doía demais para pensar, mas a mesma pergunta era repetida agora dentro e fora.

— Compensação.

Kuro respondia igualmente baixo, mas não melancolicamente. Era o mesmo tom de que se lembrava de quando se conheceram, há dias atrás.

— Pelo quê?

— Cachecol.

— … Ah. Entendo — Ryota fungou e riu sozinha — Então, sua mãe gostou do presente? Fico feliz.

Sem esperar pela resposta, embora Kuro tenha assentido devagar, Ryota concluiu o pensamento em voz alta. Ainda haviam muitas perguntas a serem feitas, mas era relaxante ter alguém que não a instigava ou demonstrava qualquer pressão sobre seus sentimentos ao seu lado. Era como estar sozinha o bastante para poder descansar, mas, ao mesmo tempo, estar com uma presença sutil e agradável, como uma mera sombra.

Ainda com um bolo na garganta que impedia a voz de sair corretamente, a garota inspirou fundo e tentou se controlar. Precisava recuperar os ânimos, e, para começar bem o dia, já estava em cacos daquele jeito. Fechou os olhos e lutou contra as batidas nas têmporas quando se virou para Kuro.

Ryota não poderia ir atrás de Jaisen ou Albert, não importava o quanto desejasse. Ainda que houvesse, dentro dela, a necessidade de tentar consertar as coisas, de tentar fazer tudo a ser igual ao passado, ela sabia que jamais conseguiria. Seria incapaz de convencer seu avô, e, ainda por cima, poderia manchar o orgulho do tio, que se esforçou a ir até ali apenas para tratar de um assunto interno. 

Então, optando por deixar o tema de lado por um segundo, a garota piscou com os olhos ainda mais inchados do que antes.

— Como foi que me trouxe até a capital? Estamos bem longe do palácio, não é? — Ryota olhou para o lado e, à distância, era possível ver uma das torres do castelo — Por acaso, você tem alguma habilidade de teleporte?

Ryota deduziu isso depois de ver Marie usar um kiai semelhante, mas, pela forma com que tudo aconteceu, duvidava que fosse o caso. Quando a menina usava sua técnica, o mundo girava e seu estômago se comprimia, quase como se o espaço ao seu redor fosse encolhido e então expandido durante um milésimo de segundo, mas a sensação era de terem se passado minutos pelo desconforto.

Porém, com Kuro, foi diferente. Ao ser tocada pelas frias mãos e puxada para a escuridão, foi quase como mergulhar sutilmente na água, passando por uma superfície agradável, e então abrindo os olhos do outro lado. Como ser envolvida por um cobertor macio, e então retirá-lo no mesmo segundo.

Ao ouvir a indagação, Kuro desviou os olhos e os apertou. Era o primeiro sinal de emoção que Ryota o viu demonstrar até então.

— … Sim — respondeu, por fim.

— Entendi. E como funciona?

Mais uma vez, um longo silêncio. Kuro piscou e lutou internamente, como se não soubesse se deveria contar, ou não. Percebendo isso, Ryota soltou um suspiro.

— Não precisa dizer, se não quiser. Apenas queria te agradecer por ter me trazido até aqui… Então, obrigada, Kuro.

O garoto trocou olhares com Ryota.

— … Sombra.

— Hm?

— Meu… Chi… É… — Kuro falou tão baixo e temerosamente que foi difícil de entender — … Sombra.

— … Sombra… Nesse caso, seria yin, certo? — imediatamente, a garota endureceu a expressão, entendendo a razão dele ter hesitado em falar. 

O elemento sombra — ou melhor, yin — era, assim como a luz — yang — dois raríssimos de se ver. Entretanto, aquele que Kuro possuía não era visto com bons olhos. Afinal, houvera, no passado, uma Entidade com os mesmos poderes que consumiu e destruiu mais da metade do mundo. Era inevitável lembrar-se da criatura ao ouvi-lo dizer o nome de seu elemento, então foi possível compreender imediatamente o temor.

Embora Kuro não tenha demonstrado qualquer expressão relacionado ao que sentia, apenas vê-lo demorar mais do que o normal para responder era sinal o suficiente. Ryota, de algum jeito, conseguiu começar a entender o que ele sentia através de suas sutis ações.

Ainda agachada, segurou uma das mãos frias do garoto, que se assustou com o toque, e sorriu. 

— É realmente uma habilidade incrível. Muito obrigada, Kuro.

Ryota emitiu o agradecimento mais uma vez, e fez questão de enfatizar seu poder em palavras. A reação dele foi, a princípio, erguer os ombros em surpresa e arregalar os olhos. Então, percebendo que era um sentimento verdadeiro, sem qualquer falsidade em suas palavras, piscou rapidamente e desviou novamente as íris negras.

— … Sim.

Foi sua resposta ao agradecimento, e Ryota alargou o sorriso.

E então, para quebrar o clima agradável, um som alto como o de um motor irrompeu. Não demorou um segundo para Ryota se encolher de novo, o rosto vermelho de vergonha.

— Aaaah… Ahá, há. Acho que é minha barriga — falou, embora isso fosse perceptível — Bem, eu saí do quarto sem tomar café da manhã. E, vendo assim, parece que já é quase meio-dia, não é?

Ryota observou o céu e assim conseguiu deduzir, se colocando de pé. Kuro assentiu, sem dizer uma palavra. Olhando-o daquela forma, a garota o achou estranhamente adorável. Seu silêncio era relaxante, e, ao contrário de Sora ou Kanami, no passado, que sempre a olhavam com uma aura afiada, o garoto era apenas reservado e quieto. Embora sua comunicação fosse um pouco difícil, não achou-a incômoda.

— Então, o que acha de comermos algo? Ah, acho que não tenho dinheiro… Mas talvez eu consiga vender isso daqui. Será que o Edward vai brigar comigo?

Ryota retirou o acessório que prendia seu cabelo, fazendo-o cair sobre os ombros. Tinha pedras e parecia ser caro, então deveria render pelo menos uma boa refeição.

Ah, acho que ele me perdoaria… Né?

Riu internamente ao pensamento. Ainda era difícil manter a compostura depois das lágrimas e tendo tantas coisas para pensar… Mas, como havia feito uma vez, Ryota decidiu lidar com as coisas uma por vez. Então, sua prioridade era, no momento, encher o estômago.

— … Sinto muito.

— Hã? Pelo o quê? — Ryota não entendeu a que o sussurrado pedido de desculpas foi feito, então indagou.

Kuro desviou o olhar novamente. Entendeu que essa era a forma dele demonstrar que se sentia mal por algo, embora a expressão não mudasse. Após pensar por alguns segundos, compreendeu.

— Ah, sobre o café? Não se preocupe com isso. Olha, vamos comer alguma coisa. Que tal uma padaria aqui perto? Deve ter alguma coisa levar pra gente comer… E eu preciso limpar meu rosto, tá todo manchado.

Ryota riu de sua própria aparência lamentável e animou o garoto. Então, depois de apontar para si mesma, sentiu uma brisa fria arrepiar-lhe os braços, então desamarrou a jaqueta da cintura e a vestiu. Então, após limpar a mão um pouco úmida, estendeu-a para ele.

— Vamos?

Kuro piscou duas vezes, olhando para seu sorriso amarelo e para a palma… E então a segurou.

***

Como estavam bastante próximos do centro de Hera, não demorou muito para que encontrassem uma cafeteria. Por sorte, ela estava razoavelmente vazia, então puderam se sentar aos fundos sem muito problema. Ryota achou que, pelo perfil de Kuro, o garoto poderia se sentir mais confortável dessa forma. 

Ela pediu um café expresso e pão simples de café da manhã, ansiosa para saborear algo um pouco mais casual depois de tantos dias apreciando pratos chiques no palácio. Não que fosse um problema, mas parte dela sentia saudade daquelas refeições mais simples do dia-a-dia. Kuro, em especial, apenas olhou o cardápio com olhos grandes como os de um gato. Foi então que se lembrou de que, se ele não sabia o valor das coisas, possivelmente também não saberia ler. 

— Aqui, deixa que eu te ajudo.

Ryota se sentou ao seu lado e apresentou o menu. A garçonete aguardou pacientemente que eles avaliassem tudo e, após uma longa indecisão, Kuro apontou para um grande copo de café cheio de chantilly e sorvete. 

— Tem certeza? Está um pouco frio, hoje.

Kuro apenas assentiu, os olhos ainda grandiosos no doce. Então, dando de ombros, Ryota pediu o que ele desejava com um suspiro. Minutos mais tarde, ambos se deliciaram com seus próprios pratos. O garoto, apesar do olho gordo, pareceu surpreso ao ver o tamanho da taça, e comeu tão delicadamente quanto uma princesa. Ryota quase achou engraçado, mas conteve o sorriso ao vê-lo tão dedicado na tarefa de passar a colher pelo sorvete e levar à boca.

Não houve qualquer mudança em sua expressão, mas seus olhos e ações eram o bastante para entender quais sentimentos o garoto estava tendo. Dito isso, Ryota apenas apreciou o momento silencioso em que comiam ao som de uma música baixa, olhando pela janela para as ruas que lentamente começavam a se movimentar.

— E então quer dizer que sua mãe gostou do presente?

Como se erguesse duas orelhas de gato negras imaginárias, Ryota observou-o erguer as grandes íris pretas pra ela e assentir com a cabeça. 

— Ela está na cidade?

Assentiu novamente.

— … No trabalho.

— Entendo.

Por um segundo, se perguntou como uma mãe conseguiria deixar um garoto como ele andar sozinhos por aquelas ruas. Afinal, apesar de ter uma habilidade de teleporte com sombras, Kuro parecia bastante vulnerável. Não era alguém que compraria briga com alguém, mas certamente também não retrucaria se alguém discutisse com ele. Conseguia imaginá-lo tendo seu dinheiro roubado e apenas observando os ladrões fugirem, a expressão completamente neutra. 

Além disso, como uma mãe conseguiria deixar seu próprio filho, que não sabia ler ou escrever, andar por aí? E se ele se perdesse? E se fosse assaltado e tivesse seus documentos levados? O que aconteceria, então? Ryota sentiu-se quase responsável por poder ajudá-lo, mas algo a preocupava no garoto. Não era uma sensação ruim, apenas como se uma perturbação interna a quisesse alertá-la de algo importante. Entretanto, não sabia o que era, mas por saber que não se tratava de algo ruim, apenas aproveitou o momento ao lado do menino silencioso.

— Isso me lembra… Você tem uma idade parecida com a da Liz, né? Mas parece ter a mente um pouco mais jovem… — Ryota refletiu em voz alta, sorrindo para Kuro, que apenas ergueu as íris grandes pra ela. Ele bebia do café com o canudo, observando-a — Vocês dois são umas fofurinhas, chega a dar vontade de apertar as bochechas.

Se Eliza ouvisse aquilo, certamente imediatamente ficaria com o rosto vermelho e gaguejaria. Ryota gostava de provocá-la, ciente de que ela era facilmente afetada pelas palavras dos outros quando o assunto era ela mesmo, e não seu trabalho. Era como uma bonequinha que andava, e já viu apertando, de fato, suas bochechas várias vezes. 

A reação de Kuro foi apenas continuar olhando-a, como que com as orelhas de gato erguidas. Era igualmente fofo, na realidade. 

Pensando nisso… Será que a Liz conseguiria curar os olhos da Marie? Ela conseguiu curar o meu, afinal… Quando a encontrar, preciso perguntar pra ela.

Ryota imediatamente se lembrou da garotinha de cabelos loiros e se perguntou como deveria estar. Esperava que Luccas tivesse conseguido encontrá-la e escapado do palácio naquela mesma noite, mas ainda não foi capaz de descobrir se isso realmente aconteceu. 

— Encontrei você.

Até que, como num passe de mágica, Ryota ouviu uma voz familiar de tonalidade forte e virou o rosto, surpresa quando a própria Marie parou diante da mesa com os braços cruzados.



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