Volume 4 – Arco 3
Capítulo 34: O Baile de Máscaras
A hora do Baile de Máscaras havia finalmente chegado.
Com o pouco de determinação que ainda tinha para se manter consciente e não deixar transparecer suas dores, Ryota permitiu que Edward fosse até a ala médica e discretamente pedisse um kit médico básico com algodões, álcool, curativos e faixa branca para cobrir seus ferimentos. A garota aguardou em seu quarto após a conversa quando o príncipe saiu e voltou tão rapidamente quanto foi, jurando de pés juntos que não tinha corrido pelos corredores e chamado a atenção. Ryota observou esse lado desconcertado dele com graça, achando-o bastante a Fanes, de certa forma. Ele realmente não conseguia ocultar os próprios sentimentos quando estava preocupado com outras pessoas.
Como ela não conseguia limpar as feridas, Edward se ofereceu para o trabalho. Ryota hesitou e negou várias vezes, porém, eventualmente, com o pouco tempo que restava indo contra sua teimosia, ela aceitou retirar as luvas pretas e deixar que ele limpasse seus cortes. Foi doloroso e lento. Edward claramente não sabia exatamente o que estava fazendo, então a todo sinal de dor estampado em sua expressão ou nos gemidos contidos pela garganta da garota, ele parava e perguntava se estava tudo bem. Ryota apenas balançava a cabeça e dizia para prosseguir, mas essa cena se repetiu várias vezes desde então.
Posteriormente a limparem os cortes grosseiros aos quais o príncipe franzia a testa pela gravidade, ele adicionou curativos e fechou-os com uma camada de faixa branca, apenas o bastante para que não entrassem em contato direto com as luvas ou atrapalhasse seus movimentos. Edward cuidou de seus ferimentos nas mãos e pernas, com Ryota insistindo de que conseguiria cuidar dos que estavam nas coxas e costas. E, sim, novamente ele se assustou ao escutar que tantas partes foram machucadas, mas dessa vez ela o convenceu mais facilmente a se acalmar.
Em seguida, com seus braços e mãos enfaixados e cuidados, ela os cobriu com algumas sacolas e usou o toalete do quarto do príncipe para tomar um banho. Foi mais rápido do que ela gostaria, mas não havia o que ser feito. Adicionou delicadamente conchas d’água pelo corpo, molhando a pele com delicadeza, lutando contra as descargas de dor pelo cérebro ao morder os lábios. Entretanto, após uma longa meia hora, ela finalmente conseguiu terminar de se lavar.
Ryota cuidou de se hidratar, bebendo bastante água pelos dias que ficou sem beber e comer, e passando creme em sua pele para tentar cuidar das áreas ressecadas. De qualquer forma, finalmente havia conseguido lidar com a sujeira e os incômodos em seu corpo, se sentindo menos desconfortável quando sentou-se na poltrona novamente, as roupas que anteriormente usava sendo jogadas para o canto. Edward garantiu que elas seriam devidamente eliminadas, embora Ryota achasse que ele estivesse indo longe demais com uma simples muda de roupas, mas acatou sua decisão ao perceber que estavam em um péssimo estado.
— Certo. Acha que consegue voltar ao quarto sozinha?
— Sim, pode deixar. Posso estar ferida, mas não estou em uma cadeiras de rodas.
Ryota tentou brincar como de costume, mas sentiu que o tom não era exatamente o mesmo. Edward ignorou totalmente aquilo para se concentrar em sua análise dos corredores, que agora começavam a lotar. As pessoas se preparavam para o baile, trocando de roupa, colocando acessórios, preparando os pratos e aperitivos nas cozinhas, terminando as limpezas e últimos detalhes das decorações… Estava simplesmente uma grande loucura no palácio.
Recolhendo a cabeça da fresta da porta e voltando sua atenção para a garota ao lado, falou:
— Em uma hora vamos nos reencontrar. Irei até seu quarto. Acredito que as empregadas tenham deixado suas vestimentas lá dentro. Pedi a elas que lhe dessem um pouco de privacidade para se arrumar, dessa vez. Acredito que a deixarão em paz.
— Obrigada. Então, vou indo.
— Tome cuidado.
— Eu sei.
Ryota assentiu com a cabeça para o príncipe e então saiu, apressando seus passos de volta para o próprio quarto. Evitou contatos visuais com empregadas e quaisquer pessoas que andavam, fingindo ignorar que estava vestindo um pijama grande demais para seu tamanho. Por sorte, o cômodo ao qual se dirigia não ficava assim tão longe e, finalmente, ela conseguiu alcançá-lo, abrindo a porta e trancando-a rapidamente.
Soltou um suspiro. Estava finalmente sozinha. Mais do que isso, em um lugar silencioso. O quarto permanecia da mesma forma ao qual havia sido deixado. As janelas abertas de quando saiu se arrastando, as cortinas balançando com o vento frio. O sol já havia se posto, deixando à exposição apenas o brilho da lua e das estrelas que recém começavam a dar as caras. Ryota correu para fechar as janelas de vidro para que pudesse se vestir.
Acima de sua cama, como dito por Edward, estavam ali o que usaria no baile. Ela torceu as sobrancelhas e suspirou.
— Acho que não tenho escolha.
Pegou o vestido longo e começou a se vestir. Era do tipo que ajustava a cintura, a saia rodava ao movimento e batia na altura de seus tornozelos. Ele cobria seus ombros, mas só até aí. Como requisitado, as empregadas levaram também luvas longas que combinassem com o tom e modelo do vestido. Por sorte, como fazia frio, não suspeitariam da forma como se vestia, cobrindo totalmente o seu corpo. As faixas amarradas por Edward realmente fizeram efeito, não dando grandes sinais de dor ou inchaço depois da limpeza.
Ryota sorriu para si mesma.
Os cabelos que foram lavados e penteados se mantiveram soltos. Porém, para evitar que parecesse estar usando um penteado simples demais, Ryota prendeu duas mechas atrás da cabeça como uma trança, deixando-o ao menos um pouco arrumado. Usou também as presilhas e colar dispostos de pedras que brilhavam como prata. O vestido rosa era idêntico aos daqueles de princesa que via nos livros de fantasia. Diferentemente daquele que vestiu na mansão de Fuyuki uma vez, ele claramente foi feito para ser usado em um baile. Exatamente do tipo que mostraria sua elegância com os movimentos suaves de uma valsa.
Mas ela não planejava dançar no baile. Na realidade, mal conseguia andar direito com as pernas e braços daquela forma. Com sorte, manteria-se no salão, evitando aparecer quando os casais começassem a se juntar para dançar. Tentaria se distrair com os aperitivos ou conversas casuais, qualquer coisa que a fizesse chamar a atenção.
Enquanto se aprontava, memórias dos últimos três dias lentamente eram revividas em sua mente. Ryota lentamente começou a compreender os flashes de memória que tinha, por vezes sem contexto algum, com conversas que não se lembrava direito de ter, de cenas que lhe garantiam dores fantasmas e uma sensação incômoda na garganta de gritos ressoados direto de seu âmago.
Haviam duas memórias que estavam frescas em sua mente. A primeira era a conversa com Fanes, pouco antes de adormecer. E, então, o diálogo ainda confuso com Miura. Apesar de não serem lembranças exatas, tinha a certeza de que em ambas as situações estava consciente, embora a dopagem de remédios em seu corpo a tenha deixado um pouco lesada em como falava.
De toda forma, pensar sobre isso não lhe trazia nada além de uma insuportável dor de cabeça. Então, decidindo deixar aqueles pensamentos de lado para se focar naquilo que era importante agora, Ryota se olhou no espelho uma última vez.
Uma maquiagem suave foi colocada por cima de sua pele, passando por seus lábios e traçando seus cílios. Não estava exagerado, mas era discreto o bastante para que fosse notado a uma distância segura. Os cabelos soltos esconderiam qualquer cicatriz do pescoço e, portanto, não chamariam atenção. Na realidade, escondiam, também, a marca do voto. Lembrando-se de sua existência, a garota colocou o cabelo para trás com a mão e refletiu. Será que Miura e os outros haviam descoberto a farsa com o príncipe? Será que desconfiavam de alguma coisa? Não pôde deixar de assim pensar. Será que tinha importância descobrirem, a essa altura do campeonato? Deu de ombros para si mesma, soltando os cabelos.
Quando se analisou uma última vez, assentiu para o próprio reflexo no espelho e voltou os olhos para o último acessório a ser adicionado.
Era uma máscara branca que cobria até a área do nariz, mantendo oculta sua cicatriz, mas também suas sobrancelhas. Tinha traçados e detalhes cor de rosa. Não possuía um molde chamativo, como o desenho de um animal, mas era chamativa e bonita o bastante.
Ryota colocou a máscara no rosto e, através dos furos dela, encarou a si mesma.
Uma máscara. Mais uma vez, ela a usaria.
Portar uma máscara fisicamente poderia ser bastante útil. Entretanto, a máscara invisível das expressões e palavras também deveria ser levada em consideração. Ela também necessitava ser portada. Mais do que das outras vezes, precisava ser capaz de usá-la. Ryota tinha aprendido da pior forma como deveria controlar as expressões, o tom de voz e seus sentimentos para que pudesse demonstrar aquilo que precisava. Para que não perdesse o controle. Uma máscara de sentimentos não era usada apenas para enganar os outros, mas também a si mesma.
Não sorria demais. Apenas fale quando for necessário. Mantenha os olhos atentos aos seus arredores. Jamais demonstre dor ou seja levada pelas provocações das outras máscaras. Saiba seu próprio lugar. Lembre-se de seu objetivo. Mantenha em mente a razão de ter vindo até aqui. Você não quer preocupar os outros, não é? Você não quer que eles te olhem com pena, não é? Você não quer chamar a atenção desnecessariamente, não é? Você não quer atrapalhá-los, não é? Então, apenas mantenha sempre em mente essas palavras. O tempo todo, a qualquer momento. Minta o bastante para que se torne verdade. Só assim você será capaz de vencer os próprios demônios.
Ryota piscou mais uma vez quando batidas soaram em sua porta. Era chegada a hora. Caminhou até ela e segurou a maçaneta, abrindo-a lentamente. A guardiã deu um sorriso educado para o homem elegante que estava diante de si. Tinha cabelos loiros e olhos violetas que eram possíveis de ver por trás da máscara. Ela, por sua vez, era branca com detalhes em dourado. Ryota notou que os modelos de suas máscaras eram semelhantes e compreendeu que era uma forma de conectar um guardião com seu mestre.
— Pronta? — Edward, usando um terno, estendeu o braço direito dobrado em sua direção.
— Sim — respondeu, e então passou o próprio braço ao redor do dele.
Os olhos azuis, ainda escuros, porém com um pequeno brilho misterioso, piscaram para os violetas com aro dourado, que devolveram o ato quase que em seguida.
A dupla se virou e começou a caminhar lentamente, com o príncipe tentando se ajustar ao ritmo dela. Apesar das empregadas e guardas ao redor os cumprimentarem com uma reverência longa e duradoura, os dois se concentravam apenas em manter a postura conforme seguiam pelos corredores na direção das escadarias. Ao longe, era possível ouvir a música ambiente começando a tocar, violinos, harpas e piano se misturando em uma bela melodia. Chamativa o bastante para fazer com que todos ao redor desejassem estar presentes naquele salão.
Desceram o lance de escadas lentamente, o vestido rosa praticamente batendo contra o chão. Eram acompanhados por duas empregadas que iam logo a frente, posteriormente abrindo caminho para que os guardas abrissem as portas do salão do baile, permitindo que a dupla elegante entrasse.
— Esqueci de comentar antes, mas até que este vestido combinou com você.
— Acho que deveria dizer o mesmo sobre seu terno.
Edward alargou o sorriso.
— Obrigado. Fui em quem escolhi.
— Não sabia que príncipes escolhiam seus próprios ternos.
— Não, eu quis dizer que fui eu quem escolheu seu vestido.
Eles trocaram olhares laterais, mantendo o rosto erguido.
— Como você estava “tirando uma folga” desde o Debute, acreditei que estaria livre para escolher sua vestimenta para o baile. Achei que poderia fazer um bom trabalho, e parece que estava certo.
— Ah, é?
— Estou errado? Você fica bem com essa cor.
Ryota arqueou as sobrancelhas ao comentário sussurrado. Ambos estavam diante das portas duplas abertas para o baile.
— É a primeira vez que me dizem isso.
— Que honra.
O salão caloroso e bem iluminado os recepcionou. Haviam várias pessoas presentes, todas muito bem vestidas e usando máscaras das mais variadas cores e modelos. Todas marcavam das sobrancelhas ao nariz, ocultando parcialmente o reconhecimento facial. Conversavam, bebiam, comiam, algumas até haviam se empolgado com a música de entrada e dançavam nos cantos do salão. Como esperado de um local para aglomerar uma quantidade tão grande de convidados, várias janelas se dispunham em seguida em uma das paredes, as cortinas puxadas revelavam um lindo céu estrelado.
Quando o príncipe e sua acompanhante adentraram no salão, todos que ali estavam voltaram seus olhos para a dupla. O que vieram, como esperado, foram palavras de cumprimento de todos os nobres, que abriram os braços e sorriam para eles, elogiando suas roupas e a decoração do baile. Era a clássica cena ao qual estavam acostumados a presenciar. Edward e Ryota, cercados de pessoas falantes, mantiveram-se andando, mas garantindo que ao menos acenariam com a cabeça para todos os presentes.
— Vamos nos afastar do centro. Deixarei você nos fundos. Aproveite para descansar um pouco.
Apesar de Ryota querer negar devido ao orgulho, ela não conseguiu. Isso porque, sim, a garota estava terrivelmente exausta. Seus olhos pesavam, mas só não haviam se fechado por completo e a levado para o mundo dos sonhos pois estava rodeada de sons, música e luzes. Era um ambiente impossível para cair no sono. Entretanto, o príncipe sabia que mantê-la afastada, porém presente, era o suficiente.
Eles caminharam até uma das paredes, onde cadeiras foram dispostas para as pessoas descansarem, bem perto das mesas de aperitivos, e Edward desfez o laço de braços. Ryota aproveitou a deixa para se sentar desajeitadamente na cadeira, o enorme vestindo se espalhando por todos os lados. Por sorte, era uma área mais escura e afastada, então ela sentiu que poderia ter ao menos um minuto de paz.
— Fique aqui por enquanto. Prometo que a tirarei deste lugar o quanto antes, mas, até lá, se cuide, por favor.
Edward falou baixinho para que mais ninguém ouvisse. Mas provavelmente isso jamais aconteceria, já que o som ambiente abafava quase que completamente sua voz.
Ryota apenas sorriu.
— Obrigada.
Ela queria ter feito uma brincadeira sobre ele estar preocupado até demais com seu estado físico, mas, novamente, não foi capaz. O cansaço físico e mental eram demais para que pudesse retrucar com brincadeiras, agora. Por isso, apenas agradeceu baixinho e permitiu que o príncipe se retirasse, entrando novamente naquele mar de pessoas que desejavam falar com ele a todo custo.
Vendo-o ser engolido por completo por aquele grupo, Ryota deu um suspiro. Seus ombros estavam pesados, e não era apenas pela falta de sono, mas porque aquelas roupas e acessórios incomodavam. Coçavam e pinicavam. Ela queria jogar os tamancos para o ar com chutes. Entretanto, se conteve em recostar as costas levemente contra a cadeira almofada e deslizar os olhos azuis escuros pelas pessoas reunidas.
O baile estava cheio, até demais. Pessoas iam e vinham, falavam sobre assuntos diversos, comiam e se divertiam. Depois do que havia acontecido na Cerimônia de Benesse, embora nem todos os nobres estivessem presentes naquele instante, o assunto do que havia acontecido deveria ter se espalhado rapidamente pelo palácio. Então era esperado que um baile como aquele fosse aguardado por todos há tempos. Eles precisavam garantir que o caos, o medo e as dúvidas não crescessem além da conta, de forma que ainda pudessem controlar o clima ambiente da Coroação.
E parece que isso havia funcionado. O Baile de Máscaras elevou os ânimos de todos, as pessoas estavam sorrindo e se divertindo. Até Ryota, que se sentia ligeiramente péssima, sentiu seu humor mudar um pouco graças ao brilho daquele lugar.
Me pergunto se a Fuyuki e os outros estão por aqui…
— Ah, há, há, há! Eu duvido que consigam virar mais do que eu! Chupa essaaaaaaa!!
— L-L-Lorde Al-Hadid! Tome cuidado com as garrafas!
— Iááááááááhh!!
Em um canto, um berro soou e Ryota voltou seus olhos para onde Omar, Juan e Shin bebericavam algumas bebidas alcóolicas. Na realidade, apenas Al-Hadid estava fazendo algo que de longe poderia ser chamado de “bebericar”, pois ele virou praticamente uma garrafa inteira em sua própria boca. O baile mal havia começado e um novo bêbado chamativo havia nascido. O grupo todo estava vestido com ternos bonitos e máscaras especiais, com cores que combinavam com suas famílias. Apesar de Jamal, seu guardião, ter gritado com ele para ter mais cuidado, quem estava ao redor não se incomodou e apenas riram do bom humor do lorde.
— Que indelicado — resmungou Shin, bebericando da própria taça, tossindo quando levou um tapa nas costas de um Al-Hadid risonho.
Juan recebeu o mesmo golpe, mas, por sorte, conseguiu evitar que sua taça derramasse a bebida, lançando um olhar de ódio na direção de Omar. Ryota se perguntou sob qual circunstância e razão aquelas três pessoas haviam se unido. Afinal de contas, eles eram polares opostos. Mesmo Juan e Shin, que eram mais reservados, dificilmente se davam bem em suas conversas. Mas, ainda assim, mesmo que eles estivessem prestes a pular no pescoço de Omar, lá estavam os três, conversando. O lorde bebia tanto de uma vez, rindo e chamando a atenção de todos, que eles sequer tinham a oportunidade de conseguir provocá-lo adequadamente.
Ryota riu com o nariz para aquela visão.
— Parece que eles estão se divertindo.
A voz familiar que lhe chegou aos ouvidos fez os pêlos de Ryota se arrepiarem. Ela virou os olhos azuis para uma linda moça que usava um vestido verde. Cabelos prateados foram penteados e amarrados em um coque exuberante, preenchendo-o com fivelas e acessórios. Uma máscara com traços felinos delineava seu rosto branco.
Fuyuki Minami cruzou os braços diante da surpresa de Ryota e riu.
— O que foi? O gato comeu sua língua?
— … Ah. Não. É só que você ficou realmente linda assim.
— Mesmo? Obrigada.
Ryota tinha quase certeza de que a duquesa havia ouvido aquelas mesmas palavras uma centena de vezes naquela noite. Entretanto, ela ainda assim sorriu para o elogio da amiga, dando um giro no lugar.
— Não estou acostumada a usar verde, mas não é nada mal. E, por falar em cores nada usuais… — Fuyuki olhou para o vestido rosa de Ryota e arqueou uma sobrancelha.
— Ah. Foi o Edward quem sugeriu.
— Nada mal, também. Ele tem bom gosto.
Ryota baixou os ombros envergonhada e Fuyuki olhou para o príncipe, que ainda conversava com algumas pessoas na distância.
— Acredito que a única coisa que lhe falte é senso comum.
— Senso comum?
— Senso comum em avisar aos companheiros sobre o estado de uma pessoa desaparecida — a duquesa voltou seus olhos verdes afiados para a garota sentada e desfez o sorriso — Onde você esteve durante todo esse tempo?
A guardiã baixou os olhos.
— … É que…
— Sua Majestade chegou!
Antes que Ryota pudesse responder ou inventar uma desculpa, uma voz se ergueu, cortando o clima do salão, e todos voltaram seus olhos para as duas novas figuras que entravam pela porta. Eram dois homens que trajavam roupas da realeza, ternos elegantes com traços dourados e prateados. Uma capa longa e vermelha se arrastava atrás de um deles. Aquele de cabelos negros usava uma mascara escura, enquanto outro homem com uma coroa na cabeça uma máscara mais clara. Fanes Fiore e Miura Akai adentraram o salão chamando a atenção de toda a nobreza, os saltos de seus sapatos estalando aos ouvidos.
O rei de Thaleia ergueu a palma da mão e acenou para todos os presentes de onde estava. Então, a música, que repentinamente havia abaixado o volume, se reergueu com força e a animação dos convidados explodiu em palavras de cumprimento ao rei. Enquanto isso, quase que ao mesmo tempo, o guardião assassino deslizou os olhos vermelhos sangue na direção de Ryota, que estava sentada do outro lado do salão.
Agora que todos estavam reunidos, o Baile de Máscaras iria finalmente começar.