Volume 12 – Arco 4
Capítulo 64: O Jardim Celestial
Eram dias calorosos. Fragmentos de um passado não muito distante, porém, guardados no fundo de uma alma brilhante envolta por uma camada cinza de solidão e melancolia fria, mas que queimava sem cessar. As passagens se misturavam aos diversos sentimentos que brotavam repentinamente em seu coração, como cores, formas, sorrisos e palavras.
Ainda que as flutuantes sensações brotassem de seu âmago, não poderiam ser refletidas no mundo. Os pesadelos não tomariam forma, e a realidade era moldada tal qual suas mãos desejavam. Um poder além da compreensão que varreu, unificou e pisoteou cada uma daquelas cores acinzentadas que causavam enjôo. As emoções refletidas pelas cores de sua alma eram percorridas com um piscar de olhos, e tão rapidamente quanto surgiam, elas desapareciam.
Era uma velocidade que ninguém poderia acompanhar. Os astros explodiram em uma cadeia de universos que banqueteavam o som das dores daqueles mundos que eram apagados. Com um estalar de dedos, um piscar de olhos, o mero movimento da luz, o zumbido silencioso do som — nada podia pará-la.
Não havia estrelas, não havia sol ou lua, nem deuses ou Entidades cujas capacidades igualavam-se às dela. Era a progenitora das criações, rainha de todos os mundos, conquistadora da luz e governante soberana das sombras. O espaço, o tempo, as cores, a realidade, a existência se curvava diante dela.
Adiante daquela magnificência sem forma física que se expandia infinitamente, suas vontades moldavam os mundos e cercavam as cinzas que um dia existiram. Ela varreu cada pequeno grão de pó, limpou cada uma das lágrimas, extinguiu cada uma daquelas dores e tornou-as o puro nada. Entretanto, não a reconheceriam. As pessoas sob o efeito de seus grandiosos poderes sequer um dia saberiam seu verdadeiro nome, e ela não tinha interesse nisso.
Inconsciente, porém onisciente. Apagou tudo o que esteve em seu caminho, tornou-os ao nada e do nada os criou, para que novamente retornem ao mundo e renasçam. Uma vez a chamaram de filha da luz, mas não poderiam estar mais errados.
Ela era a luz. Não permitiria a chegada de qualquer sombra naquele reino, naquele jardim criado somente para si mesma. Não haveria falhas, sequer qualquer pequena possibilidade minúscula de consideração pelo erro era razão para reconstruir. Uma perfeição que atingiu o pico, um montante da verdade, do verde e da vida.
Uma vez, fora da morte, da desgraça e da mentira. Talvez ainda fosse, mas converteu aquilo em forças para tornar a mudança possível — criando seu próprio mundo, para que nunca mais se repita. E para isso, não havia nada que não pudesse controlar. Quando a mentira tornou-se sua maior arma, usou-a letalmente. Manipulou e seguiu moldado tudo ao seu redor para fazer nascer uma aberração que jamais poderia ser incomodada.
Por vezes, ousaram cruzar seu caminho, mas eram apenas migalhas de existência que foram ignoradas ou apagadas tão imediatamente quanto sequer consideraram provocá-la. Foi assim que ela nasceu, e suas origens não eram mais importantes o bastante para fazê-la se arrepender. Abandonou tudo o que um dia foi, inteiramente pelo bem daquele futuro ao qual buscou incansavelmente.
E, agora, ela o alcançou.
***
A primeira coisa que viu ao abrir os olhos foi um teto de madeira branco razoavelmente iluminado. Uma luz fosca e azulada transparecia pela cortina ao lado esquerdo da cama, clareando um pouco o pequeno quarto. Ainda com a visão embaçada e a estranha sensação de estar entre um sonho e a vida real, a garota, sentando-se bruscamente, levou o braço pesado ao ombro direito. O calor que havia estado ali desaparecera completamente.
"Eu te amo."
Talvez aquela tenha sido a história original, mas não mais.
Não havia erros para serem cometidos, e nenhum fragmento de vazio seria permitido ultrapassar as barreiras daquela mente forjada em sangue, lágrimas e sacrifício.
Ela viu aquele mundo centenas de milhares de vezes. Ao atingir o pináculo, garantiu-se a capacidade de conhecer todos os mundos, todas as possibilidades, todos os efeitos causados por suas ações e como cada qual gerou o resultado indesejado. Revisitou o amanhecer que nunca voltou a existir centenas de milhares de vezes. A humanidade nem mesmo criou um número para contá-lo, e apenas continuaria a subir.
Pois para manter-se consciente, aquelas lembranças das falhas e dores eram necessárias. Para o mundo criado, era mantido na onisciência revivendo-o para nunca se esquecer. Mas para o “eu” daquela possibilidade criada diante de tantos desejos, havia apenas a felicidade. E ela jamais conheceria aquela dor, aquelas perdas, aquele sofrimento, aqueles sacrifícios, aqueles erros, aqueles gatilhos. Nem passado, presente ou futuro chegariam aos seus sentidos. Portanto, eis o auge da verdadeira felicidade.
Era a ignorância, mas também o conhecimento. Era a perfeição, mas o acúmulo de erros. Era a morte, mas a vida recriada do zero.
E de novo se lembraria.
"Eu te amo."
Tudo começou naquele dia, e estava fadado a se repetir.
E de novo e de novo e de novo.
"Eu te amo."
A onisciência repetiu aquele mundo para não se esquecer. A dor era o gatilho para sua imensidão, a fonte de poder da luz que afastou cada sombra de possibilidade daquele mundo ideal.
O coração morreu e murchou, por fim perdendo o desejo por aquela realidade que nada lhe acatou. Então, para se satisfazer, ela o recriou, e visitou aqueles dias para se lembrar.
E de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo e de novo—
***
O dia iniciou tarde para Ryota. O sol da manhã começava a dar as caras e acordar todos os moradores do vilarejo, atravessando a janela e iluminando todos os cômodos da pequena casa de madeira. Em um deles, ouvia-se o som de algo caindo e uma névoa quente saía pelas frestas da porta. O espelho do banheiro estava completamente embaçado por conta da alta temperatura. Ao lado, alguém terminava de se banhar, lavando os cabelos e, em seguida, fechando o registro.
— Querida, vai se atrasar.
— Já vou, mãe!
Ela ouviu batidas na porta e a voz doce de uma mulher, cuja face surgiu espiando dentro do banheiro. Os cabelos e olhos cor-de-mel eram brilhantes, e apenas ver aquele rosto era o bastante para fazer surgir em Ryota uma sensação de grande felicidade.
Um sorriso largo se abriu em seu rosto e ela saltou de dentro do chuveiro, secando-se e colocando roupas frescas. Era um novo dia em Aurora, um vilarejo pacato e tranquilo que nunca mudava. E não havia necessidade, pois a rotina de Ryota sempre era acompanhada de todas as emoções necessárias para tornar sua vida maravilhosa.
O sol estava radiante. O céu azul sem qualquer nuvem. As vozes dos moradores soavam distantes do lado de fora da casa, mas o cheiro da refeição do meio-dia que se aproximava era notável. Não pôde deixar de sentir seu estômago se contorcer e roncar, abrindo um riso envergonhado para a mãe que esperava na sala.
— Minha nossa, já está com fome?
— Aaaah, sabe como é, né? Eu tô sempre pronta pra comer mais um pouco.
Diante da brincadeira da filha, Stella suspirou com um riso dócil. A mulher de corpo magro tinha se acomodado confortavelmente no sofá com um livro em mãos — um de muitos que seu avô sempre trazia da cidade grande, em Hera.
— É mesmo. O vovô vem hoje, não é?
— Sim, querida. Hoje é um dia muito especial, afinal de contas.
— E eu pensando que você tinha esquecido!
— Eu jamais esqueceria do aniversário da minha doce Ryota.
No começo, Ryota se esgueirou para perto e então se sentou ao lado da mãe fazendo beiço, não demorando muito para as duas trocarem palavras de carinho. A menção ao aniversário fez a garota abrir um sorriso largo e contente, tal qual uma criança adorável.
Ela deitou a cabeça no colo da mãe, e Stella passou os dedos nos fios do cabelo escuro da filha. Apenas se permitiu relaxar por um momento assim, quase conseguindo ouvir o som dos batimentos cardíacos da mãe. Era uma vibração agradável e que a fazia relaxar — talvez o som que mais amava escutar.
— O Zero também vem hoje.
— Mesmo?
— Bobinha. Está fingindo que esqueceu? Eu sei que vocês dois estão tendo alguma coisa.
— Não temos nada. Shhh!
Stella riu diante da vergonha da filha, que escondeu o rosto no colo da mãe ainda mais. Mas ela podia ver o rubor nas bochechas dela, e isso a fez querer insistir no assunto, porém ela parou. Não era uma mulher que provocava os outros desse jeito, apesar de seu interesse no relacionamento da filha com o garoto da cidade grande que constantemente vinha para o vilarejo ainda existisse.
Stella o considerava um segundo filho, e nem hesitava em cuidar do garoto. Ele cresceu sob circunstâncias difíceis, mas sempre parecia contente em viajar para Aurora ao lado de Albert, a pessoa quem o adotou após os acontecimentos de sua família. Stella desconhecia os detalhes do que havia entre Albert e Zero, mas era perceptível que ambos eram próximos, apesar do garoto de cabelos violeta sempre implicar com o mais velho.
Eram duas figuras muito amáveis que visitavam Aurora regularmente, e todos os recebiam muito bem. Naquele dia não seria diferente. Stella não esperava menos dos moradores do vilarejo ao criarem uma movimentação tão grande do lado de fora, e era trabalho dela comprar tempo com a filha para que ela não percebesse a festa surpresa.
— Quem diria que minha adorável filha faria dezoito anos tão rápido… Acho que vou chorar.
— N-Não chore, mãe. Eu nunca irei embora daqui, você sabe disso. Quero estar com você pra sempre.
— Eu sei, querida. Eu sei.
Stella beijou a testa da filha e afagou seus cabelos, a abraçando em seu colo um pouco mais. Ryota fechou os olhos em alívio ao perceber que a mãe apenas brincou sobre chorar, mas era quase cômico vê-la ficar tão desesperada por algo assim. Era uma filha mimada, e mesmo quando estava para chegar à maioridade, continuava como um grande bebê.
Não que Stella se importasse — ela adorava poder mimar a filha sempre que possível. E, além disso, podia contar com o lado forte da personalidade de Jaisen para tentar puxar a orelha de Ryota sempre que fosse necessário. Na verdade, o dono do restaurante Tempo da Carne era tão babão na garota quanto ela, então era sempre difícil para qualquer um dar um sermão em Ryota.
Não que fosse necessário. A garota era amada por todos, e todos a amavam em retorno. Era uma doce jovem que nasceu em um vilarejo do interior, cuja personalidade alegre era carismática o bastante para conquistar o coração das crianças e compadecer os mais velhos. Sua força de vontade em sempre tornar a vida dos outros mais fácil era uma das qualidades que mais admirava na filha, e nunca poderia deixar de sentir tamanho orgulho dela.
Sim, ela também desejava que tudo fosse assim pra sempre.
E saber que Ryota pretendia continuar sua vida em Aurora dali em diante era o suficiente para fazê-la ficar feliz também.
Mãe e filha permaneceram na sala durante um longo tempo. Mais tarde, a casa foi invadida por Jaisen, quem esqueceu-se parcialmente da festa surpresa, e quase revelou sem querer o que estava preparando quando discutiram sobre o tipo de churrasco favorito da garota.
Ryota percebeu imediatamente o que queriam fazer, mas fingiu-se de desentendida. Ela permitiu ser agradada por aquelas pessoas — sua família. Não se importou em ser arrastada para longe do vilarejo para jogar futebol com as crianças no campo, a mantendo distante o bastante para não ver a decoração que era preparada no centro de Aurora. Se permitiu comprar tempo o suficiente até que os visitantes da capital de Hera chegassem, prontos para aquela comemoração.
Quando voltaram para o vilarejo, um par de mãos cobriu seus olhos por trás. Mas Ryota reconheceu Zero tão rápido que o rapaz bufou em tédio, ao que ela correspondeu com um tapa inofensivo no ombro. Os dois riram, e ninguém deixou de reparar na troca de olhares significativa que havia entre os dois.
Deixando de lado as provocações das crianças sobre Zero estar vermelho como um tomate e dos comentários dos mais velhos sobre serem um casal de pombinhos, a garota apressou os passos quando viu uma figura familiar surgir na distâcia. Ainda era o doce sorriso que se lembrava, as mãos enrugadas com a idade eram ásperas, mas gentis quando a abraçaram. Albert a levantou no ar quando correu até ele, e os dois se abraçaram por tanto tempo que Jaisen precisou intervir, bagunçando os cabelos de Ryota e dando tapinhas amistosos no ombro do velho.
Amigos antigos, era o que eram. Ryota conhecia parcialmente a relação que os levou a se conhecer, mas sabia que Jaisen tinha um grande débito com o avô. Na verdade, todos de Aurora tinham. Era graças a Albert que puderam encontrar um novo lugar para chamar de lar, compartilhando novas memórias e criando uma família que protegeriam a qualquer custo.
Ryota tentou não chorar — e falhou miseravelmente — quando as crianças correram para lhe entregar os chapéus de festa e vários embrulhos de presente adiantados. As mães correram para se desculpar, mas ela certamente não se importou em abrir os presentes antes do parabéns. Nessa beijou o rosto de Ian pouco depois de terem abraçado a aniversariante, e o menino pareceu satisfeito em ter seu presente tão bem recebido.
O bolo de aniversário veio após o almoço compartilhado pelos moradores. O cheiro de carne assada era seu favorito, e Jaisen preparou os temperos exatamente da forma como ela gostava. Ryota nem se preocupou em parecer educada quando comeu, apesar de Zero resmungar com um sorriso leve ao limpar o rosto dela com um papel.
Bateram palmas e cantaram parabéns sob o sol poente, e Ryota assoprou as velas de dezoito anos pouco depois de fazer o pedido.
— … Eu quero que tudo continue assim pra sempre. Eu amo vocês.
Nem se incomodou em esconder a felicidade, e todos gritaram em euforia quando as caixas de som foram colocadas no centro do vilarejo para que uma música começasse a tocar. Os casais se formaram e dançaram sob a luz das fogueiras conforme a noite caía, mas os sorrisos daquelas pessoas e o calor daqueles dias nunca desapareceu.
***
Aletheia, a Entidade Simulacra — criadora de mundos, portadora da verdade, a manipuladora da mentira perfeita, mestra da hipocrisia e de cada realidade. Oriunda do que anteriormente eram defeitos, Aletheia nasceu.
Assim como a Sabedoria, cuja ameaça física não causava efeitos, ambas eram a origem de um medo que atiçava a parte mais profunda dos humanos.
Antes marionetes, agora suas controladoras.
Não mais à mercê de suas irmãs, sequer as considerava como tais. Desconhecia seus nomes e não se importava o suficiente para memorizá-los.
A casca do lado de fora era apenas uma representação do que um dia se foi — aquela luz apagou-se por completo, e uma verdadeira escuridão nasceu. As irmãs a receberam muito bem, embora desconhecesse cada um daqueles rostos. Mas estava ciente de que eram suas iguais, ainda que suas tarefas fossem diferentes.
Quando deu-se conta de sua consciência, havia apenas o insaciável desejo pela perfeição, e o controle de seus dedos atingia qualquer um. Talvez fosse por isso que suas irmãs jamais ousaram irromper seu humor uma segunda vez, pois a primeira foi o bastante para quase apagar a Insanidade da existência com um erguer de olhos.
Cabelos negros como ondas caiam em cascatas por seu corpo, tão grandes que podiam enrolar sob seus pés. As íris azuis escuras eram o abismo, e podiam ser vistas como o mais profundo preto. Era o vazio, mas o preenchimento — encará-los em demasia poderia levar qualquer mortal à perdição.
Não precisava se esforçar para moldar aquelas mentes frágeis como papel. Sua própria presença era o bastante para desconectar os seres da realidade, levando-os para longe de seus corpos. Refazia-os, apagava-os, criava novos. Outras pessoas nasciam de dentro daqueles receptáculos cujas mentes se alternavam de acordo com suas vontades — eis o trabalho de Aletheia.
A Entidade não era incomodada por ninguém, mas não apenas porque era uma ameaça. Após o nascimento, esteve ciente de que a origem daqueles poderes viera também com uma tarefa para cumprir, e assim seguiria fazendo-o ao lado das irmãs.
Não interessava o que sacrificaram para encontrar aquele grande molde de força que as trouxe até ali, muito menos os rostos supostamente conhecidos que viria a rever dias, meses, anos mais tarde. Alguns tentariam conversar, outros convencê-la a despertar e reconsiderar retornar para o lado do bem, a não causar o novo grande desastre do mundo.
Tolos. Eram mentes frágeis que cediam facilmente. Nenhum reconhecimento ou tentativa jamais seria o suficiente para trazer sua origem de volta — pois ela desapareceu e não mais voltaria, um sacrifício pelo nascimento desta outra.
Entregou-se completamente à escuridão, à desistência e ao desespero — e daquela semente do fim da vida, nasceu outra. E esta criou o mundo perfeito.
No exterior, era uma Entidade amedrontadora cuja face apática nunca se alterava. Aquela realidade era inútil, tediosa e ridícula perante sua própria criação. Nada e nem ninguém a convenceria do contrário, e apagaria todos que se colocassem no caminho.
No interior, na mente daquela que nunca se alterava, aquele sacrifício não foi em vão. A realidade onde aquelas pessoas, aqueles sorrisos, aquele calor se perdiam, nunca foram considerados. A casca era um receptáculo que mantinha aquela felicidade intacta, a inconsciência e a onisciencia necessárias para a alma interior se manter sagrada, guardada e protegida.
Uma vez, chamaram aquele poder de In Reverie. Quando sua capacidade de controle era simplória, apenas um grão de areia de toda a extensão que se tornou capaz de usar ao bel prazer. E por sua incapacidade, o In Reverie tornou-se apenas um obstáculo dentre muitos em seu caminho na busca pelos desejos. Uma inconsequente que jamais sequer saberia o quanto aquilo seria útil caso fosse devidamente usado para tracejar a sua realidade, e as dos demais ao seu redor.
A sensação era de puro esplendor.
O acúmulo de alívio cuja a essência ansiou por tanto, tanto tempo. Um porto-seguro, o amor contido e resguardado em apenas um ponto sagrado. E era dela, apenas dela para usufruir. Onde campos verdejantes e flores amarelas brilhavam sob a luz solar — um resguardo de seu maior desejo.
Este era seu Jardim Celestial.