Volume 3 – Arco 3
Capítulo 14: Complicadas Circunstâncias
O castelo era imenso. Mais do que Ryota havia anteriormente imaginado.
Do lado de fora, embora fosse possível contemplar por completo sua estrutura, construída com tanto cuidado quanto um costureiro ao colocar a linha na agulha, e tão bela quanto qualquer escultura criada à imagem perfeita de sua modelo... O palacete era imensurável.
Os passos ecoando pelos corredores vazios, com um criado ou guarda, vez por vez, fazendo uma reverência polida enquanto passavam, era um pouco desconfortável. Embora enrijecesse o corpo toda vez que olhos desconhecidos os percebiam ao longe, e Ryota pudesse jurar de pés juntos que alguém apontaria para ela e declararia em voz alta o quão absurdo era sua presença, completamente desconexa daquela realidade e sociedade... No fim, nada acontecia.
Edward Fiore sequer se dava ao trabalho de devolver os cumprimentos que recebia — físicos ou falados —, apenas mantinha a postura, o queixo erguido, os olhos fixos em algo, ou talvez em nada, dando passadas elegantes e largas que a garota se esforçava para acompanhar e imitar.
Um silêncio agudo pairava entre eles. O futuro herdeiro de Hera não era escoltado por guardas, nem nada, no momento. Na realidade, apenas Ryota o flanqueava, os olhos baixando várias vezes de constrangimento e medo ao longo do caminho, apenas para suas expectativas negativas serem traídas vez após vez.
Puxar assunto, embora fosse algo que ela particularmente gostasse muito de fazer, não parecia correto naquela situação. Na verdade, nada do que estava acontecendo naquele momento parecia correto. Uma caipira, que não tinha nada a não ser uma língua grande e uma força física inútil em situações como aquela, estava totalmente deslocada ali. Por mais que lutasse para se manter focada no que precisava fazer — que constituía de seguir o príncipe em silêncio, mantendo uma distância considerável, e focar-se em imitar ao máximo tudo o que a duquesa Minami fazia naturalmente —, uma ansiedade crescia em seu peito a cada passo.
Desde que saíram do quarto, haviam andado de braços dados por um curto período de tempo, apenas o suficiente para que se encontrassem em um corredor, sozinhos, e se separassem, de forma que pudessem se locomover mais tranquilamente. Ryota relaxou quando se afastou de Edward, e percebeu que mesmo ele não estava realmente confortável com aquela situação. Mesmo ele precisava fazer e falar coisas que não queria, o que foi uma pequena surpresa.
Quando tinham se separado, há cerca de dez minutos atrás, ele levou o dedo indicador aos lábios, então indicou com a cabeça o corredor pelo qual seguiriam andando, ordenando silenciosamente que ela o seguisse e não dissesse nada. Foi fácil de compreender. Graças aos céus. Pelo menos aquilo tinha sido capaz de fazer, até agora.
Suas mãos ainda suavam muito e Ryota estava prestes a esfregá-las contra a calça da forma mais discreta que conseguisse quando o príncipe parou repentinamente, virando-se para uma porta. Estavam em um corredor consideravelmente comum. Na verdade, todos os corredores pareciam literalmente iguais para a garota.
Ryota deu uma espiadinha quando o príncipe abriu um pouco da porta, revelando um quarto razoavelmente grande. Uma cama de casal, com lençol e fronhas brancas; uma penteadeira com produtos casuais sobre ela; uma janela retangular reluzia luz, uma cortina vermelha pendendo nas laterais dela. As paredes tinham um tom bege meio simples em comparação com o que eram os demais cômodos do palácio.
— Este será seu novo quarto — informou Edward, olhando Ryota por cima do ombro.
— Ah, sim — piscando algumas vezes, a garota olhou para a porta, então para as duas extensões do corredor.
Só espero não me perder no caminho pra cá, depois...
O lamento, infelizmente, era real.
Se o príncipe notou sua preocupação trivial, não comentou. Apenas fechou a porta e seguiu caminho, a garota tensa logo atrás, mordiscando o lábio inferior.
Edward dava olhares regulares para Ryota, que estava distraída com os próprios pensamentos, então não reparou na análise visual que fazia nela.
Foi só quando um som abafado preencheu os ouvidos da garota que ela se deu ao trabalho de erguer o rosto novamente, desta vez tentando entender a origem dele.
— Estamos perto do salão de visitas — disse Edward, percebendo sua agitação, então diminuindo o passo para que ela pudesse acompanhá-lo — Neste momento, deve estar havendo uma vasta e desinteressante conversa entre os nobres e a corte lá embaixo.
— Ah... — murmurou ela — Será que a Fuyuki tá lá, também?
— Provavelmente. Normalmente, todos da corte são requeridos presencialmente em reuniões como essa para tomarem chá enquanto discutem algum assunto.
— Você não devia estar com eles?
Ryota esqueceu completamente de usar o pronome de referência ao príncipe, mas Edward fingiu não reparar e respondeu:
— Talvez.
— Talvez?
— Meu pai fará sua parte até que eu chegue. Ou melhor, até que nós cheguemos.
Eles trocaram olhares de novo e ela engasgou com o brilho misterioso do aro dourado nas íris roxas dele.
— "Nós"? Como assim nós?
— É apenas natural — Edward parou de falar um momento quando passaram por uma dupla de criadas, que os reverenciaram em silêncio — Que o príncipe herdeiro e sua guardiã dêem ao menos uma volta pelo salão, não é? Além disso — emendou ele, ao perceber que ela iria protestar de novo — Será a oportunidade perfeita para perceber onde está, e com quem precisará conviver até o fim de semana. E...
— E...?
— Poderá vê-lo.
O silêncio de surpresa de Ryota foi seguido de um abrir e fechar de boca que fez Edward rir das caretas de surpresa e confusão dela.
— Foi como eu disse, minha cara: Preciso cumprir com minha parte, também. Por isso, vamos lidar com várias questões de uma vez só.
Quando chegaram ao pé das escadas, as vozes abafadas estavam mais altas. Praticamente ao lado deles. Ryota encarou o andar de baixo, a luz e as sombras — as silhuetas — se movendo para lá e para cá, então prendeu a respiração.
— Não precisa ficar nervosa.
— N-Não estou.
— Não minta.
— Não estou...
— Não é o que seu rosto diz — Ryota o olhou com raiva, agora, detestando-o completamente. — Não se preocupe.
O príncipe aproximou uma das mãos, erguendo um dedo de cada vez conforme citava:
— Não fale, nem olhe para ninguém, a não ser que eu permita. Cumprimente com a cabeça, imite os outros nobres, mas não responda nada desnecessário. Irei intervir. Não se afaste de mim.
— Vou parecer muito mal educada, desse jeito.
— Vai parecer uma guardiã de verdade. Ao menos, precisa fingir que é. E — Edward agarrou seus ombros, então os forçou para trás — Mantenha a postura, o queixo para cima o tempo todo.
O príncipe, ignorando por completo o corpo dela totalmente enrijecido, arrumou-a por completo, como um pai que analisava um filho antes de mandá-lo para a escola, conferindo se as roupas não estavam sujas ou faltando material escolar, antes de assentir para si mesmo. Ryota estava com uma careta bastante desgostosa no rosto, ao qual, para a surpresa dela, Edward usou os dois dedos indicadores para puxar as extremidades de seus lábios para os lados.
— Sorria. Não pare de sorrir um só instante. Entendeu?
Ryota inspirou fundo, fechando os olhos por um momento. Estava nervosa, muito nervosa. Seus dedos estavam inquietos ao lado do corpo, e ela precisou esfregar as palmas das mãos na calça outra vez, contendo a vontade de negá-lo agora. E teria negado, talvez reclamado baixinho sobre tê-la avisado daquilo tão em cima da hora, mas acabou hesitando ao perceber que ele ainda a encarava firmemente, esperando uma resposta dela.
Houve um pequeno intervalo de tempo para a garota estalar o pescoço uma vez — assustando o príncipe —, colocar as duas mãos atrás do corpo, e encenar da melhor forma que pôde o rosto mais elegante, malicioso e nobre que conhecia antes de respondê-lo:
— Sim, senhor — A voz assumiu um tom mais baixo, grave, como o dos guardiões ao qual costumava conhecer tão bem.
Edward, satisfeito com sua mudança de atitude, assentiu para ela, então a dupla desceu as escadas.
***
O salão de visitas estava menos movimentado do que parecia. As luzes dos lustres iluminavam todos ali. As conversas eram as mais dispersas possíveis, e passavam das mais diversas categorias, dependendo de onde você olhasse. Haviam os grupos de cavalheiros de terno, que se reuniam perto das mesas de apostas e cartas, jogando enquanto fumavam charutos, rindo de qualquer que fosse o assunto, provavelmente envolvendo negócios e fofocas da política. As mulheres, ou ao menos boa parte delas, se espalhavam, acompanhando os maridos para cumprimentar todos os presentes tanto quanto fosse possível, ou se reuniam nos sofás encostados às paredes amarelas, conversando baixinho, evitando risadas altas ou chamarem atenção.
Guardas patrulhavam o enorme salão. Uma música padrão tão viciante e repetitiva que fazia as pessoas entrarem em transe tocava. Os homens uniformizados fizeram uma reverência duradoura quando o príncipe passou, acompanhado de uma jovem desconhecida, que foi logo acompanhada com o olhar pelos guardas. Entretanto, como nenhuma anormalidade era detectada na expressão ou na voz do herdeiro, não buscaram insistir na desconfiança.
Portanto, apenas os acompanhavam com os olhos, atentos a qualquer sinal de ameaça.
Ao redor, quando Edward Fiore mostrou-se perante os convidados, todos pareceram se locomover exatamente em sua direção para cumprimentá-lo com palavras bonitas ou tapinhas no ombro, elogiando seu discurso — seja lá qual fosse, já que Ryota não estivera presente para ouvir — e fazendo comentários clichês, sobre como parecia com o pai, como havia crescido, como se sentia, dentre outros.
Dificilmente a atenção era voltada para sua acompanhante, embora alguns dos nobres tivessem feito as perguntas que Ryota mais temia ouvir:
— Quem é essa senhorita?
— Acompanhante sua, Vossa Alteza?
— Está sozinha, senhorita?
— É minha guardiã — informava Edward, todas as vezes, um sorriso tão casual no rosto que Ryota quase acreditava em suas palavras — Vim apresentá-la à corte.
Uma desculpa, é claro. Ryota não os veria naquela noite, muito menos poderia se dar ao trabalho de passar-se por uma pessoa diferente.
Não quando Fuyuki e os outros estavam por perto.
Por muita sorte, Edward não se encontrou com a duquesa. Como Ryota não tinha a permissão de virar o pescoço para procurá-la, muito menos se afastar para ver se ela ao menos estava presente, não podia confirmar suas suspeitas. Duvidava muito que ela tivesse faltado ao encontro nobre, no entanto. Mesmo que ela não a tivesse reparado em meio a tantas pessoas, Sora ou Kanami poderiam tê-lo feito, reconhecendo-a por seu chi.
Em algum ponto de todo aquele andar de lá para cá, ao qual já estava ficando tonta e morrendo de fome, Edward havia se aproximado dela. O suficiente para poder cochichar em seu ouvido:
— Direita.
Esforçando-se para não fazer uma expressão de dúvida, e esperando ser discreta o suficiente, a garota desviou o olhar para o lado.
Reparando em um senhor bastante elegante e observador.
Apesar da idade aparente, não parecia exatamente um "senhor". O porte de um nobre, a tonalidade da voz e a expressão cabisbaixa, dando a impressão de análise, não de desconforto, eram nítidas à distância. Não estavam muito longe um do outro, na realidade.
O homem ouvia outra pessoa falar alguma coisa com bastante atenção, assentindo nos momentos que fosse necessário. Dava a impressão de que estava realmente interessado, o que só atiçava a vontade de falar do outro rapaz na casa dos trinta anos.
Os olhos dourados como ouro eram impossivelmente reconhecíveis, mesmo durante uma divisão de dez anos no tempo.
O queixo fino, os cabelos brancos que ainda lutavam para se manterem ali, o olhar afiado e atencioso, o porte de um guerreiro e nobre, o terno que o fazia ser capaz de se dispersar na multidão... O jeito com que sorria casualmente, ouvindo a história do outro rapaz, a mesma expressão que fazia quando escutava-a quando pequena enquanto contava mil e uma coisas do que havia feito durante o dia...
O ardor dos olhos dificultou a visão e Ryota se viu incapaz de controlar as lágrimas. Ela esfregou os olhos e apertou-os, ciente de que o príncipe a observava. Sua respiração falhou, o coração disparado.
Era ele.
Ele estava ali. A poucos metros de distância dela. Conversando normalmente, como se não tivesse mudado nada naqueles últimos anos.
Seus lábios trêmulos balbuciaram a palavra que há tempos queria dizer com tanta fraqueza que a voz nem saiu:
— ... Vovô.
— Seu avô?
Edward inclinou a cabeça, cumprimentando outro nobre quando passou, e voltou a olhar para Albert Megalos conversando do outro lado do salão. Seus olhos desceram para a garota ao lado, que cerrava os punhos, então para o homem de novo.
— Posso-
— Não — Foi um soco no estômago — Ainda não.
— Por quê? — obrigou-se a sussurrar com raiva — Ele está... Bem ali. Eu poderia ir... Agora mesmo...
Poderia ir até lá... E fazer o quê?
— Entendo como se sente, mas não é o momento.
— Mas, Edward-
Outro olhar de lado, e ela se retraiu, entendendo o recado.
Não posso.
Seria errado, como guardiã do príncipe, simplesmente sair do lado dele e ir até Albert. Seria desrespeitoso, ainda que o príncipe se dispusesse a ir até ele conversar.
Mas, ainda assim... Ainda assim, o vovô... Ele...
— Ryota. — O nome dela soou com tanta autoridade em sua boca que ela se encolheu, então baixou os olhos.
Seguir o príncipe para fora do salão foi uma tortura. Ela se obrigou a manter e fazer tudo o que fora pedido, embora seu estômago se revirasse por dentro. Seus olhos ardiam, lutavam loucamente para se virar para o velho de sorriso simpático e olhar penetrante. Sua boca secou e o peito apertou quando os dois saíram por uma das portas abertas, caminhando por um corredor que os levava para longe das vozes.
Um suspiro escapou dos lábios de Edward.
— Não estamos sendo observados. Por enquanto. O salão estava cheio demais, hoje.
— Hm.
O grunhido que ela emitiu soou quase como um rugido, e Ryota não se importou se estava sendo mal educada. Ela se permitiu recostar-se contra a parede, um dos pés a tocando, enquanto cruzava os braços.
— Então Albert Megalos é seu avô. Devo admitir que vocês não se parecem em nada.
— Ele não é meu avô de verdade.
Edward não precisava perguntar o que aquilo significava, pois entendeu na hora.
— ... Por quê?
Edward apertou os olhos ao ouvir a pergunta.
— Ele estava tão perto... Então por quê?
Ryota fincou as unhas na pele, as perguntas sendo sussurradas com dor.
— Não a impedi de vê-lo por motivos pessoais, Ryota. Na verdade, você não poderia sequer conversar com ele agora, nem se quisesse.
Ela estava de rosto virado, os olhos no chão, ocultos pela sombra da franja.
— Permita-me corrigir uma impressão sua, Ryota. Apenas membros da alta classe possuem permissão para conversarem com os nobres. Ainda que eu fosse até ele, tenho certeza de que ele recusaria uma conversa particular... Mesmo que seja com um guardião real — Edward fez uma pausa — E, mais do que tudo, não é o momento correto.
O silêncio dela parecia uma navalha.
— Escute — disse ele, aproximando-se — Prometo que conseguirei um encontro com o senhor Albert Megalos. No entanto, até lá, não deve fazer nada por conta própria. Seria um problema caso-
— Não é isso...! Não... — Os dedos fincados na roupa tremeram — Não é esse o problema.
Arfando, então, fungando, Ryota limpou as lágrimas dos olhos com a mão, evitando que o príncipe as visse. Não que ele se importasse.
— Eu sei. Sei que preciso ter paciência. Sei que... Não posso só sair correndo até ele. Não posso só chegar e falar do nada que sou eu... Que preciso cumprir com o meu voto até o final da coroação... Que preciso... Que tenho... Mas...
As gordas lágrimas não conseguiram mais ser suportadas, e escorreram rapidamente pelo rosto pálido de cansaço e frustração dela.
— Eu só... Não...
... Não sei o que fazer agora.
Abafando os soluços das lágrimas involuntárias, Ryota se agachou no canto do corredor, oculta pela sombra do príncipe, e limpou o rosto, a mão tapando a boca que insistia em emitir grunhidos e chiados.
Ela nem sabia por que estava chorando.
Se era de felicidade, por ter finalmente visto o avô. Se era de tristeza, por sentir tanto sua falta. Se era de nervosismo ou ansiedade, por precisar esperar até finalmente falar com ele pessoalmente. Ou se era de algo completamente diferente, um aperto no peito que insistia em deixá-la confusa, em fazê-la hesitar.
Será que... Eu realmente devia falar com ele? É muita estupidez a minha parar agora, justo quando finalmente o vi, mas... Por que parece tão errado? Por que parece... Ruim? Estranho?
Ryota só tinha percebido que estava sendo observada com atenção por Edward quando se colocou de pé, o nariz e olhos vermelhos de tanto fungar e esfregar o rosto com as mangas da blusa.
— ... Desculpa por isso — riu ela, de um jeito fraco — Foi sem querer. Me desculpa, mesmo. Te fazer ficar me olhando desse jeito patético, e medroso, e... Desculpa.
Ryota coçou o canto do rosto, sorrindo torto para ele, esperando que o príncipe apenas desse de ombros. Ela esperava, e desejava muito, que o tivesse feito. Porque vê-lo com uma expressão de pena era muito, muito pior.
A fazia ter vontade de sumir. De enfiar o rosto na parede e morrer. Era... Horrível.
Não era a primeira vez que acontecia isso.
Quando ainda estava na mansão, quando recém tinha conhecido Fuyuki e os outros... Quando eles a olharam daquele jeito, com pena, com dó...
Os dois se olharam por algum tempo, em silêncio, até que se viraram, desviando o olhar quase que simultaneamente. A capa do príncipe roçou contra o braço dela.
— Preciso voltar.
— Tá.
Silêncio.
Então, ouviu o som de pés deslizando no chão, apenas um pouco para dizer que ele tinha se virado para ela. Ryota não fez o mesmo.
— À noite — informou o príncipe, lentamente — Haverá um jantar.
— Sei.
— A corte será requisitada, e seus guardiões, também.
— Ah. Claro. Nos vemos de noite, então.
Edward não respondeu.
— Precisa estar preparada até lá. O guardião dos Fiore a ensinará o básico de porte e discurso para que não haja erros. Como a apresentarei formalmente diante da corte...
Ryota assentiu, ciente de que ele não a via, ignorando o fato de que Edward tinha hesitado para terminar a frase.
— ... Ele não estará presente.
— Eu sei.
A resposta foi mais dura do que deveria.
— ... Desculpa.
— Eu sei. Eu entendo — Ryota quase sentiu o olhar dele sobre ela — Eu entendo, de verdade.
Segundos se passaram até que ela finalmente ganhou coragem para se virar, percebendo que havia sido deixada sozinha no corredor.
Sozinha com um homem que recém surgiu à frente dela, como se saísse das sombras.
Ryota reconheceu aquela aura fria, os olhos vermelhos sangue e a voz do homem pouco antes de vê-lo fazer uma reverência cordial e claramente educada demais, a qual ela se forçou a imitar, esperançosa de que ele ignorasse seus olhos vermelhos.
— Miura Akai, guardião de Sua Majestade — informou ele, então estendeu o braço curvado para ela, esperando que o apanhasse.
Ryota ignorou a bile que subiu por sua garganta, quase irradiando para fora de seu corpo, e segurou com suavidade o antebraço dele lutando para não expressar nada em seu rosto.