Ryota Brasileira

Autor(a): Jennifer Maurer


Volume 2 – Arco 2

Capítulo 5: Brindes ao Futuro

Quando a porta do quarto se fechou atrás da garota, ela engoliu em seco e permaneceu parada como uma estátua. O cômodo parecia meio frio demais enquanto ela permanecia daquela forma, os olhos vidrados na beldade diante de si a apenas alguns metros de onde estava. A brisa da noite de outono fazia balançar as cortinas e os cabelos brancos da duquesa. A moça se apoiava contra o parapeito da sacada sem se preocupar com nada além de manter o contato visual com a visitante aparentemente nervosa. Uma taça preenchida com bebida era balançada com suavidade por seus dedos delgados.

Após o que pareceu uma eternidade de silêncio, Ryota fez menção de abrir a boca e dizer algo, qualquer coisa, tentar iniciar a conversa e dizer a razão de ter ido até ali, mas nada saiu. Percebendo isso, Fuyuki fez um gesto suave com os dedos livres para que se aproximasse.

— Não precisa ter medo. Venha, junte-se a mim.

— Ah... Tá. Tá bom.

O belo jardim da mansão era iluminado pela lua cheia. Conforme viam suas respirações condensando no ar como fumacinhas brancas, elas admiraram a beleza da paisagem noturna banhada pela luz da lua juntas por alguns minutos. Foi tempo o suficiente para que Ryota conseguisse organizar os pensamentos e então, finalmente, enquanto brincava com os dedos, pudesse olhar de lado para a duquesa e dizer em voz baixa:

— … Obrigada por me conceder um momento para conversarmos.

— Está tudo bem. Você é minha convidada e merece a devida atenção. — Uma taça meio cheia com vinho foi empurrada na direção da garota. Ryota sequer tinha percebido a presença de outra taça. Por um momento, isso a fez pensar se ela já a estava esperando fazia algum tempo. Ou, então, se Fuyuki costumava beber na companhia de outra pessoa. — Ouvi dizer que completou a maioridade recentemente. Meus parabéns.

Antes de envolver a taça com as mãos, Ryota olhou profundamente para o líquido de cor forte, e deu um gole pequeno. Ela fez uma careta engraçada para o sabor desconhecido, mas não desgostou.

— É, algo assim. E obrigada. 

Aaaah, é tão esquisito ficar do lado dela assim. Mas, agora vendo bem de perto, a Fuyuki é realmente uma mulher muito bonita. Ai, droga, que inveja… Não é à toa que até a Kanami, que é bonitinha ao seu próprio modo, admira tanto ela. Na verdade, acho que não existe uma alma viva que não admire a duquesa Fuyuki.

— Fico feliz que tenha gostado da cortesia de hoje. Você ficou muito bem no novo visual. 

— Ah! Sério? Obrigada, na verdade, demorou um pouquinho pra nós conseguirmos arrumar a... Calma aí! Não é por isso que vim falar com você. — Percebendo que estava mudando de assunto novamente, Ryota enrolou um fio de cabelo nos dedos, irritada com a própria hesitação, mas grata pela duquesa continuar puxando assunto para que o silêncio não se estendesse demais.

— Está tudo bem. Apenas relaxe e brinde comigo. — Fuyuki inclinou sua taça, e Ryota, um pouco nervosa, tocou a sua na dela, fazendo soar um tilintar baixinho. — Não precisa se apressar. Tenho certeza de que gostaria de dizer algo muito importante, mas vá no seu tempo.

Ambas tomaram um pouco de seus vinhos, aproveitando o silêncio e a calmaria da noite. Ryota pensou um pouco, desejando escolher as palavras perfeitas para começar a falar. Era um assunto meio difícil de tocar diretamente, e ela tinha medo de que pudesse parecer grosseira ou egoísta depois de tudo o que a duquesa tinha oferecido à ela. 

Mas era algo que precisava fazer sozinha. Por mais difícil que fosse, por mais que parte dela ainda relutasse em tomar uma atitude… Na verdade, quando sequer pensava em tomar qualquer tipo de decisão que ditaria seu estilo de vida dali pra frente, algo dentro dela apertava e doía. Como se fosse a passada para frente que quisesse dar ficasse estagnada no ar, dividida entre se manter ou continuar.

Esse medo não estava relacionado ao seu futuro. A como ela viveria dali em diante, se continuaria a passar seus dias ao lado de sua família. Mas sim a algo um pouco mais complicado, delicado e egoísta de se lidar. E era justamente por ser um problema dela com ela mesma que Ryota não desejava compartilhá-lo com ninguém.

— O dia de hoje foi puxado, não é? A senhorita nos recebeu, ficou em reunião e bateu a cabeça a tarde toda por conta do que aconteceu anteontem, e ainda teve todo o trabalho de nos receber com tantos preparativos maravilhosos. Não tive a chance de te agradecer por tudo isso até agora, mas muito obrigada pela sua estadia e gentileza. 

Para a garota que falou com calma, inclinando levemente a cabeça para a frente, Fuyuki sorriu.

— É apenas parte do meu trabalho. E, sim, o dia foi longo demais. Eu precisava de um tempo só para mim e minha taça de vinho.

A duquesa assim disse, sem rodeios. Ryota demorou um pouco para interpretar o que aquelas palavras significavam. E, quando assim percebeu, ergueu as mãos para o alto e as chacoalhou:

— Ah! Aaaah, calma aí! Se eu tô te atrapalhando, eu posso sair, tá? Eu não tinha ideia que você preferia tirar um tempo pra você. Quer dizer, não que seja algo não muito natural, eu mesma faço isso direto… Enfim! Se eu estiver tomando seu tempo, não precisamos conversar agora-

— Acalme-se, Ryota. Você está em casa e não me atrapalhou em nada. Na verdade, estou honrada por estar na companhia de alguém tão especial.

— A-Ah… Especial...? — Após balançar freneticamente as mãos, Ryota parou completamente com as palavras da duquesa.

Fuyuki continuou a falar, assentindo com a cabeça, sem se abalar com as mudanças repentinas de humor da outra:

— Exatamente. Afinal de contas, não é todo dia que se tem uma conversa casual com um sobrevivente da Insanidade. Oh, sinto muito, não precisa tocar no assunto se não quiser.

— Não, tudo bem... Eu meio que ainda tô tentando me acostumar com isso.

"Acostumar" não era bem a palavra correta. E "aceitar" também não era algo que Ryota pudesse simplesmente fazer. Não depois de ter sido uma das responsáveis pelo atentado terrorista ter ocorrido. Ao menos, ela se sentia bastante culpada por ter sido incapaz de fazer qualquer coisa. E afastar esse sentimento, por mais que ela tivesse tentado durante o dia todo, tentando se distrair com os passatempos na mansão, não ajudou muito. Curiosamente, após aquele momento com Zero debaixo da Grande Árvore Aurora, a maldição deixou de importuná-la com tanta frequência. E ela não sabia dizer se isso era algo bom ou ruim.

Ryota pôde desfrutar da tarde sem tentar pensar muito, o que foi estranho, considerando o que tinha presenciado e o mês em que estavam. Na teoria, deveria ter tido o efeito oposto. Ela supôs que as noites seriam um inferno na Terra pelo stress inconsciente que deveria estar guardando. Dito isso, Ryota já podia sentir que, mais uma vez, não conseguiria dormir direito naquela noite.

— Na verdade, era exatamente sobre isso que eu queria falar. 

— Ora, muito bem. Prossiga, por favor.

Fuyuki apoiou o cotovelo no parapeito, a olhando com atenção. Então, engolindo em seco, Ryota abriu os lábios para dizer aquilo que havia guardado para si durante algum tempo:

— ... Por acaso, a senhorita está esperando que venham atrás de nós?

Os olhos esverdeados dela cintilaram.

— O que quer dizer?

— Bom, era só uma teoria. Eu pensei um pouco melhor a respeito essa tarde durante o café, mas pareceu ainda mais estranho depois de conversar com a Kanami — Fuyuki ergueu as sobrancelhas quando foi mencionado a guardiã — No começo eu tinha estranhado o motivo de ter tão pouca gente trabalhando numa mansão gigantesca dessas, e também como todos parecem tão... Não sei, sempre atentos e trabalhando de um jeito bastante frenético. Como se estivessem se preparando para alguma coisa. Ou esperando por algo.

Ryota se lembrou de como, durante a ronda pela mansão, reparou que todos andavam de um lado para o outro, observando e trabalhando como loucos. Não que ela tivesse qualquer experiência com mansões e empregados para ter uma base comparativa, mas ela suspeitava que, quando havia convidados, era pressuposto que os serventes de sua mestre deveriam sempre se manter discretos e jamais demonstrarem emoções além do necessário. Talvez fosse algo um pouco clichê de se pressupor, já que sua base para conclusão viera dos poucos livros que tinha lido até então, mas Ryota pensou um pouco sobre a forma com que os empregados da mansão agiam em comparação aos guardiões.

Se eles não estavam agindo daquela forma por puro descaso, possivelmente era porque estavam aguardando algo acontecer. Ou alguém chegar. Talvez, até, justamente por isso, estivessem tão nervosos ao invés de se manterem calmos como supostamente deveriam agir.

— Também teve o lance de já estarem esperando a gente quando chegamos na mansão, o que me surpreendeu um pouco, mas acho que o Zero tem as suas próprias formas de entrar em contato com vocês. Mas ainda assim, se o conheço bem, não acho que ele teria implorado à senhorita para que nos ajudassem.

Não era do feitio de Zero fazer aquilo. Embora ela soubesse que o rapaz faria de tudo para ajudá-la, poderia apostar que não foi ele quem pediu para que ficassem na mansão. Percebendo que a duquesa se mantinha em silêncio com um sorriso inocente no rosto, Ryota inspirou fundo e continuou com uma tonalidade mais baixa:

— Mas, mais do que isso, tinha uma última parada me incomodando: Por que eles nos deixaram fugir? O Zero mencionou um negócio de missão, ou sei lá o que antes, mas isso não faz sentido nenhum. Eles deveriam tentar se livrar de mim e do tio Jaisen, já que sobrevivemos e não sofremos com os efeitos graves da Insanidade. Devia ter ficado na cara isso, mas, mesmo assim, mesmo com o Zero todo ferido, e ainda por cima estando na vantagem de dois contra um, eles nem fizeram nada. Não tentaram usar ele como refém, ou fazer qualquer outra coisa. Eles só… Foram embora. E nos deixaram ir, também.

Se o objetivo da Insanidade fosse matar a todos, deixando propositalmente alguns sobreviventes enlouquecidos - que acabariam se suicidando no final -, era uma coisa. Agora, deixá-los escapar, claramente ciente que eles não estavam sob o efeito da Insanidade era outra - Jaisen havia sofrido ferimentos diretos através de suas correntes e bola de ferro e talvez ainda não soubesse, mas e quanto à Ryota? 

E ainda havia outro ponto estranho nessa história: Shai. Ele trabalhava com ela e poderia ter se livrado deles a qualquer momento se quisesse. Como durante a noite, enquanto dormiam tranquilos. Até durante o combate rápido que ela e Zero tinham travado contra ele na floresta… Ele claramente estava com a vantagem. Mas, mesmo assim, ele foi embora e os deixou. Por quê?

Ryota tinha ponderado a respeito durante o caminho até a mansão, e essas perguntas pipocaram sua mente durante a tarde, por mais que tentasse relaxar. No fim, quando se viu diante de uma única resposta possível… Ela abraçou o próprio corpo, fincando as unhas nos braços cruzados.

— Talvez... Eles realmente venham atrás de nós.

Outro momento de silêncio se instalou entre elas. Fuyuki piscou e mudou a posição dos pés.

— E?

— Eu acho... Que a senhorita sabia disso o tempo todo. E foi por isso que nos acolheu aqui.

A duquesa manteve o sorriso no rosto, mas nada respondeu. Ela não parecia irritada, surpresa, sequer demonstrava qualquer alteração na expressão de pura elegância. Ryota não sabia dizer o que ela estava pensando, e isso a assustava um pouco.

Até que, depois de beber todo o conteúdo de sua taça e soltar um suspiro discreto, Fuyuki enfim disse:

— Supondo que fosse verdade, o que pretende fazer?

Ryota cerrou os punhos, sentindo o coração disparar. Ela engoliu em seco e, então, respondeu:

— Se for assim… Se a senhorita realmente pretende lutar contra eles, nos usando como iscas para atraí-los até aqui, eu quero te ajudar. — anunciou ela em voz alta e clara, batendo o punho no próprio peito.

***

O uivo do vento era quase um anúncio das palavras que viriam de Fuyuki. A duquesa olhou curiosa para a garota com o rosto determinado e de lábios trêmulos dizendo a frase que menos esperava ouvir.

— Não.

A palavra foi como um soco no estômago de Ryota, mas ela lutou para manter a expressão.

— Espero que não leve para o lado pessoal o que direi agora, mas peço que escute com atenção, Ryota. — Elas se encararam. — Você não pode, e nem vai, enfrentar a Insanidade de novo. Não permitirei que isso aconteça.

— ... Porque sou inútil?

O silêncio foi ainda mais cruel que uma resposta direta. Mas ela já esperava por isso, pois estava ciente desde o começo que era assim. 

— Permita-me dizer algumas coisas mais diretamente: Você ainda não está ciente do quanto de sorte teve em sobreviver, ainda mais sã, após enfrentar uma Entidade. Mais do que isso, você não está só se colocando em risco, mas também ameaçando a integridade do meu esquadrão de resistência caso se una à nós. 

— Não tem problema. Eu não pretendo me forçar a entrar no seu esquadrão de guardiões ou algo assim, afinal eu não sou tão incrível. Só de ver o quão sérios o Sora, a Kanami e a Eliza são com seus próprios trabalhos e responsabilidades já dá pra ver que a senhorita só contrata pessoas de alto nível. — Ela pensou em Zero por um momento, então continuou: — Mas eu gostaria que reconsiderasse sua decisão se eu puder provar que posso fazer alguma coisa.

Fuyuki abriu a boca, mas Ryota continuou, sem se importar em ser desrespeitosa:

— Eu não preciso ir pra frente do campo de batalha. Sinceramente, eu sei muito bem o quão incompetente, medrosa e chorona eu sou. E sei que só seria um peso pra vocês nesse meio todo. Mesmo assim, se houver algo que eu possa fazer, nem que seja somente proteger os serviçais ou continuar a servir de isca, eu não me importo. Mas, por favor, não me deixe de fora.

A duquesa estreitou os olhos para o sorriso melancólico que Ryota dava enquanto dizia aquilo em voz baixa. Como se implorasse internamente. Os olhos azuis que brilhavam não mostravam determinação para lutar, mas a de não ser deixada de lado mais uma vez. A busca desesperada para que pudesse compensar pelas próprias falhas. Os lábios dela ainda tremiam um pouco quando olhou para o próprio punho cerrado.

— Ontem, depois que voltei pro vilarejo, eu vi tudo com os meus próprios olhos e decidi... Que iria aceitar isso. — Ryota riu de um jeito triste — E, no calor do momento, eu acabei fazendo uma promessa pra mim mesma: Que mataria Mania com minhas próprias mãos, mas é claro que isso é impossível. Eu não consegui nem ficar de pé na frente dela.

Naquele dia, em meio ao mar de chamas, Ryota testemunhou o inferno pela segunda vez. Ela viu pessoas que amava morrer na sua frente, gritando como animais enlouquecidos. E, se agarrando à própria vida e insignificância, apenas assistiu tudo aquilo, como sempre fez. Ver Nessa, Jaisen e Zero se sacrificando por alguém como ela doía muito. 

— Você... — Fuyuki prendeu a respiração, perdendo a compostura por um momento. Então, respirando fundo para manter a paciência, a duquesa continuou — Não parece que está mentindo, e respeito seus sentimentos. Mas... Por quê? Consigo ver que sua vontade é verdadeira, entretanto, não consigo entender aonde quer chegar com isso. Você não possui os olhos de alguém que busca vingança. Mas também não parece estar querendo apenas ajudar, como diz. Antes que eu possa lhe responder, me diga, Ryota, qual é seu verdadeiro objetivo?

Um sorriso fraco, mas verdadeiro, brotou no rosto da garota, que ainda demonstrava uma expressão meio melancólica. Sua mão esquerda se fechou no corrimão da varanda enquanto, após um instante em silêncio, respondia:

— Pra ser sincera, acho que não sei como definir em palavras o que estou sentindo agora. Mas, se fosse pra tentar colocar isso em uma única palavra… Talvez… Seja por justiça.

— ... Justiça? — Após refletir a respeito, Fuyuki franziu a testa com um claro sentimento de desprezo na expressão — Não está só tentando compensar os seus erros e remorsos com essa desculpa? Essa “justiça” a que se refere… Na verdade não é só você tentando se sentir melhor, confortando-se com sua própria incompetência e fraqueza?

— Talvez… Talvez realmente seja como a senhorita disse. Mas…

… Não é como se eu tivesse o direito de esquecer isso.

— ... Mas não importa. Se eu puder cumprir com minha própria promessa, ou fazer algo à altura; se eu puder lhe retribuir por sua estadia e dar ao tio Jaisen a vida tranquila que ele merece, é o bastante.

Depois de manter os próprios olhos verdes encarando os azuis frágeis, Fuyuki riu com o nariz, apoiando-se na varanda e voltando-se para o jardim mais uma vez. Ryota continuou a fitar seu rosto, esperando que a duquesa dissesse algo, até que ela encheu a própria taça de vinho e deu um longo gole.

— Faça o que quiser, desde que não se envolva nos meus negócios. — Ryota resfolegou, até Fuyuki calá-la estendendo a taça de vinho — E é melhor não morrer. Não preciso de sangue caipira sujando meu gramado.

— Certo! Quero dizer, ah, claro! Sim, senhora. — disparou ela enquanto pegava de forma desajeitada a sua própria taça para brindar pela segunda vez com a duquesa.

— Não precisava beber tudo de uma vez.

— É... Só que... Ai, Deuses, que negócio forte... Eu tô feliz. Só isso. 

Arfando, ela limpou a boca com a mão, tossiu e abriu um sorriso honesto, que Fuyuki retribuiu antes de colocar mais um pouco de vinho em sua taça.

Ambas se viraram para o jardim novamente, e Ryota se apoiou no parapeito ao lado da duquesa.

— Muito, muito obrigada, Fuyuki.

— Não tem que me agradecer, pois não estou... Espere, me chamou de quê?

Aaah! Eu e minha mania de querer chamar os outros pelo nome!

Para a careta de surpresa e vergonha dela, Fuyuki apenas assistiu com um sorriso Ryota tentar se desculpar por se desfazer das formalidades novamente.



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