Ryota Brasileira

Autor(a): Jennifer Maurer


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 7: Correndo pelo Fogo

Os movimentos dela eram ágeis. Em comparação com seu adversário, que se mantinha ajoelhado mexendo somente os dedos - e, às vezes, a mão -, a menina se agitava toda vez que um corte era desferido em seu corpo. O ferimento abria e o sangue escorria por sua pele pálida, até que, como se apreciasse a sensação da dor e sua ardência, ela soltava um suspiro extasiado antes de avançar novamente. Naturalmente, ela desviava de todos os ataques que vinham com vontade de rasgá-la em pedaços e fazer seu sangue espirrar no ar. Porém, os poucos golpes que a acertavam causavam um estrago notório.

Segurando com uma das mãos manchadas em sangue a corrente, ela girou-a no ar, fazendo um som agudo e agonizante reverberar. Em seguida, desferiu uma das bolas de ferro espinhosas na direção do rapaz que assistia a cena e mantinha estendido na direção dela apenas o braço direito.

Jin! — Ao exclamar, viu-se um rasgo se formar no ar, atravessando a lateral do corpo da menina sorridente, que gritou em surpresa.  

Aproveitando-se da sua perda de equilíbrio, Zero abriu a mão e fez um movimento para a direita, ao que o corpo dela voou em direção a uma casa já toda queimada que se despedaçou completamente com o choque, a madeira caindo e a soterrando por completo além da poeira e fumaça.

— Ryota, me escuta de uma vez — disse Zero com a determinação e força de alguém que já tinha repetido aquilo mais de uma vez.  — Pegue o senhor Jaisen e saia daqui. Vou continuar mantendo-a ocupada enquanto isso. 

Ryota balançou a cabeça. Sua respiração estava acelerada, assim como seu coração, que batia em descompasso conforme o tempo passava e continuava a olhar desesperadamente para Zero. Ela agarrava a camiseta do rapaz com as unhas fincadas de um jeito profundo. Como se, caso o soltasse, poderia nunca mais conseguir agarrá-lo de novo.

Vendo isso, o rapaz mordeu os lábios e, com a mão esquerda, o braço abraçando e apoiando-a por trás, apertou seu ombro.

— Não temos tempo pra ficar discutindo. Só vai!

— Mas… Se eu for... Você vai… E-Eu quero te ajudar…!

As palavras saíram num murmúrio necessitado e rouco. Os ombros dela pareciam pequenos e frágeis, trêmulos de medo. Apesar de ter saído do estado de choque, a garota ainda estava claramente preocupada com o que poderia acontecer. Então, por não ser capaz de fazer nada além de implorar, ela assim continuava até que pudesse convencê-lo de alguma forma. Talvez, se ganhasse um pouco mais de tempo, alguma ideia brilhante viria até sua mente ou à de Zero, que estava acostumado com batalhas.

No entanto, o rapaz apenas engoliu em seco e apertou os lábios, sem descolar os olhos prateados da casa que desmoronou e não voltou a ter movimentação.

— Se não o tirarmos daqui agora mesmo, o Jaisen vai morrer.

Por fim, Ryota arregalou os olhos. 

Jaisen estava vivo? 

Ela voltou sua atenção ao corpo ensanguentado a uma certa distância deles e suspirou pesadamente. Seus braços e pernas formigaram com a notícia, ou melhor, com a possibilidade dele ainda estar vivo. Ainda podiam salvá-lo. Nem tudo estava perdido.

Mas havia muito sangue esparramado e que ainda continuava a escorrer. O ferimento grotesco se abria nas costas do homem inconsciente. Eles realmente não podiam perder nem mais um segundo.

— Vou ganhar tempo pra vocês — declarou Zero mais uma vez, desvencilhando o braço dela ao perceber que a garota tinha finalmente entendido a situação — Vou te alcançar logo depois.

Abriu a boca, mas não conseguiu retrucar as palavras dele. Ela desejou negar mais uma vez, dizendo que não queria deixá-lo sozinho. Não queria pensar que poderia perdê-lo também. Que ele poderia enlouquecer como Nessa e Jaisen, tendo o corpo completamente destroçado enquanto rolava no chão, afundando as unhas no rosto. 

Que poderia morrer sozinho e agonizando. Aquilo seria demais pra suportar.

Ryota não conseguiria viver sabendo que abandonou Zero daquele jeito.

Era uma cena de terror completa. Só considerar a ideia fez seu corpo estremecer e inconscientemente querer agarrá-lo à força de novo. Entretanto, tinha ciência da própria incapacidade e do quão forte e experiente em situações como aquela Zero era. Dividida entre os dois lados, apenas conseguiu grunhir irritada, cerrando os punhos e socando as pernas moles ainda dobradas no chão.

Que droga! Droga, droga, droga...! Não tem nada que eu possa fazer...?! Pensa! Pensa, pensa!

— Ryota, você confia em mim?

Os olhos azuis lacrimejantes fitaram os prateados reluzentes, que pareciam faiscar com as chamas ao redor. Viu-se refletida nas íris do rapaz, que aguardava uma resposta. Ryota engoliu em seco, sentindo gosto de sangue. 

Prendendo a respiração, ela segurou a mão livre dele e a apertou junto ao peito. Zero devia sentir seu coração batendo e podia ver o quão frustrada estava. Queria chorar. Queria gritar e espernear como uma criança. E era tudo o que poderia fazer por ser incapaz de sequer pensar numa solução alternativa. Porque era só uma testemunha do inferno, e não havia nada que pudesse fazer, além de assistir e correr na hora mais conveniente.

Foi só quando as pequenas e leves tremidas dos dedos dele se sobressaltaram às suas que ela parou por completo, comprimindo os lábios. Os pensamentos desesperados finalmente deram lugar à realidade e puderam se concentrar.

Eu... Fiquei o tempo todo pensando em mim… Mas ele também tá com medo. E mesmo assim…

Mesmo assim, ele decidiu fazer alguma coisa. Ela, em nenhum momento, havia parado para pensar em como ele se sentia, e seu coração apertou por isso. Zero também não foi capaz de salvar ninguém, mas não estava chorando no chão ou gritando por socorro, encolhido.

As coisas aconteceram rápido demais, e não estavam em condições para continuarem parados no meio do incêndio. O medo ainda a fazia ter vontade de negar tudo e buscar uma outra saída. Mas a vida de Jaisen dependia dela, agora. Ainda havia alguém que poderiam salvar. Mas, e quanto a Zero?

Ryota inspirou fundo, juntando toda a força que conseguiu para responder:

— … Sim. Eu confio em você. Então, é melhor prometer que vai voltar vivo e a salvo pra mim, entendeu?

Não sabia quando haviam entrelaçado os dedos, mas era confortável e passava uma sensação de confiança. Era um calor reconfortante. Havia alguém que contava com ele, e que acreditava. Ou, pelo menos, tentava acreditar e orava por sua segurança e retorno. Isso bastou para que todas as dúvidas cessassem e o fizesse erguer o queixo, determinado a não perder.

Rindo baixinho para o pedido, Zero assentiu, apertou um pouco mais os dedos entrelaçados, e ajudou-a a se erguer.

— Que lindo... Ah, definitivamente, uma cena emocionante. — Logo à frente, a garotinha com lágrimas nos olhos abriu os braços. Tendo saído de baixo dos escombros de repente e sem fazer barulho, acabou os assustando — Eu consigo ver o amor... Ah, sim! O que forma as cores mais lindas e transforma vidas. Sim, sim, sim! É isso!

Zero deu um olhar lateral para Ryota e gritou:

— Vai!

Soltando as mãos, cada um se ergueu e correu em uma direção diferente. Zero avançou contra a garota sorridente e corada, que desviava de seus impulsos de vento, antes de voltar a acumular chi e preparar um novo kiai. Lançou com os dedos outra lâmina que rasgava o ar, fazendo com que ela precisasse decidir entre desviar ou rir de felicidade.

— Vamos lutar? Sério?! Oh, oh, oh... Estou ansiosa! Mas, toma cuidado... Tocar a Mania pode ser perigoso, viu? — ciciou ela com palavras dóceis, levando o dedo indicador aos lábios e dando um pulinho para o lado.

Jin! Mu!

Ouvindo o som de cortes e uma ventania poderosa começar a se formar, Ryota se aproximou do corpo cheio de sangue de Jaisen. O golpe dado pela moça com correntes quase o cortou ao meio. Ryota fez uma careta, mas suavizou a expressão ao perceber que ele ainda estava respirando. Contendo as lágrimas e a vontade de gritar, posicionou-o da melhor forma que pôde para carregá-lo nas costas, deu um último olhar para o garoto que lutava atrás de si e começou a correr.

Teve vontade de olhar para trás ao ouvir uma explosão e uma casa desabar, mas resistiu ao impulso. Sabia que, caso o fizesse, acabaria voltando até lá para ajudá-lo. Então, apertando os olhos e colocando à prova toda a coragem que possuía e confiança que tinha nele, Ryota continuou a correr. Zero era, de fato, o mais forte dentre eles, e era experiente em combates. Mas, decidiu que, assim que Jaisen estivesse seguro, voltaria até ele. Não o deixaria morrer... Não deixaria mais ninguém morrer na sua frente.

Ela passou por muitos corpos e casas em chamas. Tinha dificuldade pra respirar e tossia regularmente. Seus olhos ardiam por conta da fumaça, ficando embaçados. Foi quando viu a entrada do vilarejo. 

Mas havia alguém lá.

O homem conhecido se ajoelhou onde estava e sinalizou com as mãos. Ryota piscou algumas vezes e resfolegou ao perceber quem era.

— Rápido, deite-o na grama! — gritou Sasaki, puxando as mangas da camisa social.

***

Faíscas respigavam para os lados conforme as armas se chocavam. A corrente prateada, sendo girada na direção do adversário com as duas perigosíssimas bolas de ferro nas extremidades, buscava de forma sanguinária acertar o corpo de Zero. Ele, entretanto, tinha facilidade em desviar dos golpes pesados com sua alta velocidade. A inimiga tinha tempo apenas para ver vultos rápidos passando de um lado para o outro, incapaz de acompanhá-lo.

A garota com pupilas de estrelas — ou melhor, Mania — podia ser imprevisível e veloz quando enfrentada sozinha, mas ao portar sua arma, mesmo se tornando mais ameaçadora, inevitavelmente se tornava mais lenta.

A lâmina da faca se enroscou num dos vãos da corrente, e Zero, usando a força e pressão do vento, direcionou-a para longe. A bola espinhosa passou por pouco à sua frente, quase lhe cortando o rosto, e ele resfolegou quando pousou no chão. 

— Ora, ora, ora... Isso já tá ficando chato, num acha? Que tal parar de ficar desviando e só me atacar de uma vez, hein? Na verdade, ficar lutando com uma mão só é muito difícil, sabia? Ah, não tem como você saber, já que tem as duas. Hm. Talvez eu devesse arrancar seu braço, então. Achei injusto da sua parte continuar atacando só de longe enquanto euzinha aqui preciso ficar correndo atrás de você. É muito difícil, sabia? Que tal só se aproximar um pouco?

Tagarelando tudo de uma só vez, a menina que estava frustrada com a situação atual da luta assim disse enquanto gesticulava e fazia sangue se espalhar. Zero permaneceu em silêncio.

— Aaaaai, agora ficou todo ranzinza e cinzento. Sem graça demais. Eca. Pena que todo mundo morreu, né? Eu podia fazer pelo menos mais um estraguinho... Aff — Dando um suspiro após dizer algo horrível, como se não fosse nada demais, ela trocou olhares com o adversário que estava a uma distância segura — Vamos acabar logo com isso pra eu poder ver minha novela daqui a pouco, que tal?

— ... Se torna até estranho concordar com uma sugestão decente vindo de uma louca como você.

— Aaaah, ah! Por favor, não me elogie tanto! Fico sem jeito. — Com um sorriso satisfeito no rosto, ela balançou os dedos e apertou o olhar. — Muito bem, então...

Permaneceram se encarando durante alguns instantes. Haviam decidido finalizar o combate naquele momento, com o golpe decisivo. A menina de cabelos castanhos e olhos dourados estava completamente ferida por cortes e com uma hemorragia terrível que manchava sua pele de tom pálido. Mesmo sua mão decepada era uma visão tenebrosa e que, na lógica, deveria fazê-la rolar no chão de tanta dor. Porém, ela só continuava a dar os comentários e espasmos de felicidade que Zero não conseguia - e nem queria - entender.

Ele, entretanto, estava praticamente intacto. Suas roupas haviam sofrido um pouco graças ao chi do vento, Jin, que lhe permitia correr em alta velocidade, saltar e atacar sem ser visto. Havia sido atingido uma vez pelas correntes, o que foi o suficiente para que uma sensação de agonia o preenchesse e ele começasse a alucinar novamente. A sensação era quase a mesma de quando estava enfrentando o mascarado na floresta, mas bem pior. Acabou precisando ficar fora de vista dela para recuperar a sanidade e compreender qual era a habilidade da adversária. Os efeitos ilusórios afetavam tanto a visão quando os ouvidos, variando desde vultos até sensações e sons súbitos que lhe roubavam a atenção. 

Incômodo era quase um elogio à ilusão. O rapaz precisava se manter muito mais concentrado do que o normal para lutar. Era quase enlouquecedor pensar que alguém poderia surgir do nada para atacá-lo, ou que um barulho que o distrairia por um mísero momento - podendo ser até mesmo fatal.

A sensação de tontura, incompreensão e dificuldade para enxergar haviam retornado assim que foi tocado pela corrente prateada. Os sintomas se esvaíram somente após alguns minutos de combate. Zero acreditava ser uma habilidade desconhecida, talvez envolvendo seu armamento... Ou qualquer tipo de toque que fizesse nela. Mas, ainda assim, ele também tinha sentido as mesmas coisas contra o mascarado... De toda forma, era tudo o que podia teorizar com base no que presenciara até então, e foi o suficiente para que continuasse bem durante algum tempo, fazendo uso de suas facas de combate para lutar à longa distância e evitando tocar tanto Mania quanto sua arma.

Para sua surpresa, a garota não pareceu seguir qualquer estratégia e avançava de forma quase que impensada. Na realidade, ela era a verdadeira definição de imprevisível.

Agarrando a corrente com a única mão que lhe sobrou, ela repetiu o movimento mais uma vez, antes das bolas de ferro repentinamente afundarem no chão com um estrondo. Uma de cada lado de seu corpo. Então, abrindo um sorriso que mostrava os dentes largamente, seus olhos dourados cintilaram.

— Entidade da Insanidade, Mania. — apresentou-se ela com um largo sorriso em posição de batalha.

Zero segurou a faca na mão direita e posicionou-a em frente ao corpo, flexionando levemente os joelhos e estendendo uma das pernas para trás. A mão livre manteve-se perto do rosto, com o dedo indicador e do meio erguidos. Ele apertou o olhar, com uma faísca surgindo nas íris.

— Guardião da duquesa Minami... — Ele fechou os olhos por um momento, e a imagem da garota de olhos azuis e cabelos negros surgiu em sua mente. Então, confiante, continuou: — ... E o fiel escudeiro de Ryota, Zero.

Um silêncio instável se manteve no ar, pesando o clima a cada segundo que se passava. O campo de terra manchado de sangue e as altas chamas eram espectadores dos dois combatentes que reconheceram um ao outro. Então, como um fio estourando, ambos partiram ao encontro de seu inimigo, colocando tudo de si em um último golpe que fez a terra e o ar tremerem.

***

Ela assistiu de olhos arregalados os dedos de Sasaki se posicionarem, desenhando formas no ar. Eram símbolos com escritas e desenhos difíceis de entender. As linhas surgiam como luzes neon na escuridão em tons azuis e verdes, cobrindo todo o corpo de Jaisen. Elas pulsavam suavemente, emanando um calor tranquilizante, enquanto os selos circulares curavam vários ferimentos ao mesmo tempo. Enquanto isso, Sasaki habilmente limpou a hemorragia e enfaixou o torso do homem. Suas mãos magras sabiam o que estavam fazendo, e não pararam até que o serviço fosse concluído.

— Incrível — ciciou ela, ainda presa na beleza das técnicas de cura dele.

— Reiki é um kiai um pouco difícil de se ver hoje em dia... — Ele inspirou fundo, falando baixo, concentrado no trabalho — Ainda bem que eu estava por perto.

Ryota nunca tinha ouvido falar de um kiai chamado Reiki, muito menos de uma capacidade curativa tão veloz e bonita. Em verdade, era um método bastante efetivo, pois em poucos minutos todos os ferimentos de Jaisen haviam se fechado e estavam em um lento processo de cicatrizarem. Após algum tempo em silêncio, Sasaki murmurou:

— Suas costelas foram quebradas, a hemorragia era profunda e ele estava com uma febre terrível unida ao stress corporal. Foi por muito pouco. Ainda bem que você chegou à tempo, Ryota.

Tendo assim dito, ele lhe deu um olhar macio com um sorriso que revelava serenidade, mas Ryota apenas apertou os olhos.

— Só... Não. Tinha mais alguém com você? Alguém... — Sasaki cortou a parte do “vivo”, percebendo pela face cansada, machucada e suja dela que a garota havia passado por muita coisa para chegar até ali.

Ryota apenas sacudiu a cabeça, concentrada na expressão relaxada de Jaisen.

— O Zero me disse pra tirar ele de lá... E... Eu não pude fazer mais nada.

Ela apertou o pulso com a mão, fazendo uma careta de dor. Havia corrido como pôde para fora de Aurora mas não tinha feito nada além disso. Neste momento, Zero estava enfrentando aquela menina enlouquecida. Se perguntou se alguém além deles sobreviveu ao ataque. Por que havia tido um, em primeiro lugar? Quem eram aquelas pessoas? O homem mascarado e a mulher com as correntes... Ryota não sabia. Sua cabeça pulsava forte enquanto buscava uma resposta.

Foi quando um calor envolveu sua testa, se espalhou e tomou toda a sua cabeça, a deixando leve e relaxada. A garota piscou algumas vezes, reparando no pequeno círculo esverdeado que havia surgido numa das têmporas, se extinguindo assim que a dor cessou. 

— Consigo imaginar como deve estar se sentindo agora, mas, por favor, tente relaxar um pouco. Precisamos nos focar em salvar o máximo de pessoas possível, e... Nesse instante, tem alguém que precisa de auxílio, não é?

Engolindo em seco, Ryota assentiu, e, num suspiro, todos os selos sumiram se desintegrando em chi.

— Ele está estabilizado. — declarou Sasaki, se colocando de pé.

— Então... — Ryota se ergueu também, levando a mão ao peito, ainda insegura e preocupada. Seus ombros baixaram devagar assim que ele assentiu para ela, confirmando que estava livre para ir atrás daquele que ficou para trás para protegê-los.

Ryota pensou na promessa que fez a Zero e apertou os olhos por um momento. Precisava confiar nele a todo custo e esperar que tenha conseguido lidar com a adversária. Ao menos, ganhado tempo até que eles pudessem voltar para ajudá-lo. Ela sabia que Zero era forte e inteligente o suficiente para isso, mas temia que as habilidades da menina enlouquecida fossem além do imaginado.

Deu alguns passos à frente, esperando tomar a coragem que precisava naquele momento. A mesma força que se impunha ao acordar todos os dias, depois dos pesadelos, e sorrir normalmente para todos. Da mesma forma que havia feito para colocar em palavras parte dos sentimentos que guardou durante dez anos. Assim como Jaisen havia se sacrificado para salvá-la. Como Zero fez - e sempre havia feito - o possível por ela em qualquer que fosse a situação para garantir sua segurança e bem estar. 

— Vamos.

Deixando para trás um Jaisen inconsciente, mas escondido na floresta e seguro, a garota assentiu para Sasaki. Então, a dupla começou a correr em meio ao fogo.

 



Comentários