Volume 1
Capítulo 6: Astúcia dos Fracos
A estratégia em que eu havia pensado dependia de três condições:
A primeira era que eu tivesse o mais fraco de todos os exércitos. Isto era necessário, assim não haveria nenhuma preocupação direcionada a mim. E já que minhas forças tinham acabado de nascer; não importava a maneira de como você olhasse para isso, era impossível para mim vencer contra os outros Reis Demoníacos.
A próxima condição era que o Rei Demônio que eu estava prestes a derrotar também fosse fraco. Enquanto houvesse 72 Reis Demoníacos, existiria aquele que seria o mais fraco depois de mim. Nesse sentido, Sabnock era o oponente perfeito; era um dos mais fracos entre os 72 reis.
Se nós tivéssemos que classificar os Reis Demoníacos de “A” a “F” — ele teria um “F”, isso o tornava o banquinho perfeito para usar e obter ouro e materiais.
A última condição era que houvesse um país humano próximo. Se possível, ele deveria ser fraco e pequeno; o escolhido para este fim era o condado de Ysmaria. Eu gostava dele porque não era realmente um país, mas sim um território do conde.
Meu plano estava garantido de funcionar perfeitamente, entretanto também seria como chutar um ninho de vespas — não seria bom alarmar os humanos e arriscar uma invasão em grande escala.
O que eu aspirava agora era matar os outros Reis Demoníacos, não dominar o mundo. Eu compartilhei tal visão com Eve.
— Muito bem, Milorde. — Ela disse com uma reverência.
— Agora vou preparar o exército Ashtaroth. Mas existem coisas de que precisaremos, você será capaz de obtê-las?
— Dinheiro, pessoal, use tudo o que precisar… Não que haja muito, para começar.
— Necessitamos primeiro de mais pessoal. E espiões para que este plano tenha sucesso.
— Espiões... Sim, isso é verdade.
As palavras da secretária me lembraram disso, então coloquei alguns materiais no Vaso de Klein — e os misturei com mana.
⌥Informações:
Raridade: Nível Prata ☆☆
Raça: Criatura não Especificada e Incerta, Slime
Ocupação: Espião
Poder de Luta: 12
Talento: Metamorfose
Slimes eram conhecidos por serem os monstros fracos, entretanto, espiões não precisavam de força física — deveriam apenas ter a capacidade de se infiltrar no território inimigo e, reunir informações — a tal geléia era ideal para esse trabalho, além de ser capaz de se transformar em humano ou num monstro.
Eu criei dois desses montros e enviei um ao castelo do Rei Demônio Sabnock e o outro às terras do condado de Ysmaria.
Eu lhes disse para espalharem essas palavras: — O recém-nascido Rei Demônio Ashtaroth é um covarde por natureza. Ele não tem poder, e sim medo de sua posição fraca; claramente deseja servir a outro o mais rápido possível para que possa dormir em paz.
O que tal boato faria? Um Rei Demônio fraco, mas orgulhoso, enviaria um servo para mim o mais rápido possível? O conde me atacaria ou enviaria um mensageiro para me pressionar a prestar-lhe homenagem? Esse era o meu objetivo e foi o que aconteceu.
Poucos dias depois, um mensageiro humano chegou — o homem tinha uma barba impressionante e parecia fazer parte da família do conde.
Ele então falou em voz alta e orgulhosa: — Ashtaroth, o mais fraco dos Reis Demoníacos. Se você dá valor à sua vida, pagará ao meu senhor um tributo anual de ouro e prata.
Me perguntava se haveria algum Rei Demônio no mundo que não ficaria indignado com esta abertura; bem, eu só teria que olhar no espelho para ver um.
Eu não tinha ficado com raiva nem um pouco, apenas abaixei a cabeça e disse: — É necessário que eu sirva ao seu poderoso conde, não apenas para minha própria sobrevivência, mas para a sobrevivência de meu povo. Juro dá-lo ao seu metade dos meus impostos coletados, se isso me conceder proteção.
A barba do Mensageiro balançou em satisfação a isso. Quando as conversações terminaram, tivemos um banquete preparado e invoquei uma súcubo do Vaso de Klein para entretê-lo.
E meio bêbado, o mensageiro me fez uma promessa. — Deixe isso conosco. O Conde vai proteger suas terras, Ashtaroth.
— Estou muito grato por isso. Mas posso pedir um favor?
— O quê? Diga.
— Há um Rei Demônio nas terras vizinhas que tinha feito as mesmas exigências para mim. Claro, eu pretendia servir ao seu conde, por isso recusei. Entretanto, parece que agora Sabnock está reunindo seu exército. Pretendendo me atacar junto ao meu território.
— Ele o quê!? Aquele desgraçado. Como ousa atacar um súdito protegido do conde? Isso é o mesmo que atacar o conde!
Ele ficou tão furioso que sua barba começou a tremer. Eu olhei para ele calmamente e acrescentei: — De fato. E não se trata apenas de mim e do meu território, mas sim sobre afetar a dignidade do conde.
— Exato. E quando ele pretende atacar?
— Ouvi dizer que é daqui a uma semana. Eu imploro, empreste-nos sua ajuda.
— Muito bem. Voltarei imediatamente e discutirei isso com o conde.
Isso acendeu uma faísca no senso de cavalheirismo do mensageiro, e ele voltou para seu conde, ligeiramente bêbado.
Depois disso, Eve me disse: — As coisas estão indo bem por enquanto.
— Sim, estão. Acho que o servo de Sabnock vai me visitar só amanhã. Bem, só precisamos repetir o que fizemos hoje.
— O conde está o ameaçando e por isso você não pode servir sob ele. Mas você é leal a Sabnock em espírito. E então você lhe pedirá que envie seu exército e mostre seu poder.
— Exatamente. É bastante patético desempenhar tal papel, mas isso é o preço pela vitória.
— É o que um "realista" faria. Acredito que este seja o melhor plano possível.
— Vou levar isso como um elogio.
— Era para ser um. Ah, o subordinado de Sabnock acabou de chegar. É uma gárgula.
— Oh, foi rápido. Então você deve preparar carniça para ele. Vamos o tratar bem. E abaixar nossas cabeças a ponto de atrair simpatia.
E então desempenhei o papel mais uma vez na frente do servo de Sabnock e pedi que ele enviasse seu exército.
Falei que precisava de ajuda para quando o conde atacasse dentro de uma semana e sugeri que serviria a Sabnock em troca. E com isso, o exército do conde entraria em conflito com o de Sabnock.
— Então, você terá esses dois exércitos lutando e vai atacá-los enquanto estão enfraquecidos.
— É isso que você pensa, Eve?
— Esse parece ser o método mais eficiente para mim.
— De fato, um realista concordaria com você. No entanto, embora eu seja um, também sou implacável. Um ser astuto, assim dizer.
— …? — Ela me olhou com uma expressão confusa.
— Em outras palavras, podemos encontrar uma maneira ainda mais eficiente. Porém, ainda não vou lhe dizer. Não haveria graça nisso.
Eve respondeu apenas respondeu com: — Estou ansiosa por isso — e sorriu um pouco.