Volume 1
Capítulo 7: O Homem que se chamava Boushin
A batalha entre o Rei Demônio Sabnock e o conde Ysmaria começou uma semana depois — num um espaço próximo ao meu castelo — isso aconteceu porque vazei informações para ambos os lados de que era aqui que o outro "inimigo" montaria acampamento.
O Rei Demônio Sabnock: — Como você ousa tentar tomar as terras de meu irmão, humano!? Isto é imperdoável!
O conde Ysmaria: — Um demônio de quinta acha que pode atacar o território sob minha proteção?
Sabnock tinha trazido dois terços de seu exército e estava totalmente preparado para lutar, o conde também trouxe cinquenta cavaleiros, junto a alguns mercenários.
Os dois lados começaram a se enfrentar às 12 horas; foi uma batalha feroz, os monstros de Sabnock caíram um após o outro, e os cavaleiros de Ysmaria caíam de joelhos. Seus números só diminuíam enquanto eu os observava, mas nenhum dos lados mostrava sinais de gritar aquela palavra: "recuar”.
Inicialmente deveria ter sido uma batalha sobre quem poderia reivindicar o domínio sobre o território e o castelo Ashtaroth, mas como eram teimosos, agora parecia mais uma batalha de ego entre dois líderes — aquele que se retirasse primeiro seria o perdedor — eu não podia deixar de sorrir.
— Eles são tão idiotas. O orgulho não põe comida na mesa.
— De fato, são todos tolos. Lutam entre si, e nós somos deixados ilesos.
— Se eu seguisse seu conselho, Eve, simplesmente teria que armar uma emboscada agora que estão fracos. Ambos os lados seriam esmagados e eu ficaria livre de qualquer ameaça por um tempo.
— Você vai fazer isso?
— Dificilmente. Eu não gosto da guerra. O que eu quero agora, é material para fazer crescer meu exército e expandir o castelo.
— Entendo. E como vai adquirir isso?
— Eu lhe direi agora. Levaremos alguns subordinados conosco e vamos para o castelo do Rei Demônio Sabnock. E lá, atacaremos seus armazéns e tomaremos o que quisermos.
— Então... você vai emboscar o castelo de Sabnock enquanto seu exército luta em nosso favor?
— Não me lembro de ter pedido ajuda a ele — falei friamente. — Mas, por outro lado, pedi ao conde Ysmaria…
— Sim, você pediu.
— Entretanto, nunca fiz nenhum tipo de aliança com Sabnock. Eu não sou seu subordinado; não estou sob sua proteção. Isto não é nem traição. É um esquema.
Eve olhou para mim com uma expressão séria.
— Havia um país chamado Japão no mundo que eu estava pesquisando. E naquele país existia um general chamado Mori Motonari¹.”
— Um belo nome.
— Sim. Ele foi um simples lorde das regiões de Chugoku, mas sua sabedoria permitiu que se tornasse governador de dez províncias; gerações posteriores o chamavam de Boushin, o “Deus da Estratégia”.
Levantei do meu assento e logo continuei — uma vez ele até disse que, as guerras do mundo eram “ganhas quanto mais você planejava e perdia quanto menos as fazia”. Sendo assim, devo estar sempre pensando, e tentando explorar as fraquezas dos inimigos.
— Atualmente, o Rei Demônio Sabnock está no campo de batalha com mais da metade de seu exército. Isso significa que as defesas de seu castelo devem estar bastante fracas...
— Isso. Se eu for agora, mesmo um Rei demônio fraco pode atacá-lo com sucesso.
— Isso é muito bom, Milorde. Talvez você seja a reencarnação de Boushin.
— Guarde os elogios para quando eu tiver sucesso. Agora, vá e prepare os três golens de madeira que fiz no outro dia.
— Todos os três? Mas e as defesas do castelo?
— Eve, se a capacidade de defesa do castelo de Sabnock está atualmente em um 5, o que você diria sobre a do castelo Ashtaroth?
— Se inclui você, Milorde, um 4, se não, 1.
— Então pode muito bem ser um 0. Adicionar algo pequeno a um zero dificilmente mudará alguma coisa. Não vale a pena se preocupar com isso.
— … — Eve ficou em silêncio.
O que acabei de dizer soou muito ousado, se não imprudente. Entretanto, se eu vou atacar um inimigo forte, preciso me comprometer com ele.
Sabnock e o conde Ysmaria queriam meu castelo, mas agora estavam lutando entre si; estavam acirrados e eu pude ver que a batalha duraria um bom tempo — não havia nada que pudessem fazer, mesmo se eu deixasse o castelo vazio.
Mas, Eve ainda estava preocupada. — Mas e se algum dos lados notasse? O castelo Ashtaroth pode cair.
— Sim, não é impossível. Mas eu comecei do zero não faz muito tempo. Ser empurrado de volta ao zero neste ponto significa pouco para mim.
Eve fez uma reverência. — Essa é uma maneira diferente de ver as coisas — e sorriu.
Com isso a Secretária foi chamar os monstros de madeira; e eu usei o Vaso de Klein para invocar mais monstros. Mesmo que eu e os golens fôssemos suficientes para tomar o castelo, precisávamos de mais soldados para carregar os materiais dos armazéns. E o mais “baixo” dos monstros poderia fazer isso.
— Certo… as coisas têm corrido bem até agora. Mas quem sabe se seremos capazes de invadir o castelo de Sabnock. Sendo assim usarei tudo que tenho.
— Você vai lutar também, Milorde?
— Essa é a minha intenção.
— Mas e se algo acontecesse com você?
— Isso não importa. Minha fraqueza é o núcleo deste castelo. E vou deixar isso exposto aqui. Não importa onde eu esteja lutando. Ou eu ganho ou morro.
— Se sua determinação é tão firme, não vou detê-lo... Entretanto, por favor, leve-me com você.
— Eu adoraria tomar um chá no campo de batalha. Mas temo que não haja tempo.
— Sim, posso servir chá no campo de batalha, mas isso não é tudo. Sou uma boa “estratégista”. Posso ajudar você lá fora. E, apesar da minha aparência, eu sou da raça demoníaca; também posso lutar. Se necessário, estou preparada para dar minha vida no campo de batalha.
Ela tirou uma adaga de seu bolso.
— Se você vai insistir tanto... então pode vir. Mas não desperdice sua vida. Ainda não provei nenhum chá que superasse o seu desde que cheguei a este mundo. Talvez eu nunca mais desfrute de uma boa xícara caso morra.
Ao ouvir estas palavras, suas bochechas ficaram coradas um pouco. — Então continuarei a fazer o mais delicioso chá para você, Milorde. — Ela jurou.
Depois disso, Eve deu armas aos soldados esqueletos e assumiu o comando.
Nota:
1 – Faz referência a Mōri Motonari (16 de abril de 1497 - 06 de julho de 1571) um proeminente senhor de terras (Daimyō) da Província de Aki durante o Período Sengoku da História do Japão no Século XVI.