Volume 1

Capítulo 5: Esquema Realista

Eu sou um Rei Demônio que adquiriu poderosos soldados; isto me dá várias opções, porém, também sou realista. E não quero lutar de forma imprudente.

Há um ditado no outro mundo: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas, pois nunca será derrotado”, tais palavras vieram de um estrategista chamado Sun Tzu¹, e eu tinha um grande respeito por ele. E assim seguirei essas palavras.

— Sei da existência de outros Reis Demoníacos, mas... será que também existem humanos?

— Existem. E eles têm seus próprios reinos.

— São fortes o suficiente para ir contra os Reis Demoníacos?

— Se os humanos se unissem como um, então talvez fossem capazes de os derrotar.

— Em outras palavras, os humanos não são um monólito2.

— Exato.

— Há algum herói? Eles normalmente existem nesse mundo.

— Sim. Na verdade, eram para existir. Deveria haver 72 heróis neste mundo com habilidades especiais “eficazes” contra cada Rei Demônio. Entretanto, ainda não estou certa da existência de algum que tenha uma habilidade capaz de feri-lo, Milorde.

— Mas ele será uma ameaça se existir.

— De fato. É por isso que todos os Reis Demoníacos enviam seus servos para as cidades, comandados a caçar esses heróis. 

— É uma boa ideia. Não deixa nada ao acaso.

Não existia Reis Demoníacos no meu mundo anterior, porém, havia algo conhecido como “jogos” no mundo na qual pesquisava — neles, havia algum vilão, e que na maioria das vezes era chamado de "Rei Demônio", e que sempre foi morto por heróis.

Sempre subestimavam seus inimigos; dispensavam usar sua real força logo de cara e colocavam monstros mais fracos perto da vila onde algum herói vivia; era como se estivessem implorando para que ele ganhasse experiência. 

Tinha alguns que até ficavam esperando a chegada dos heróis em seu castelo — pura idiotice — e em muitas vezes haviam uma arma poderosa colocada bem no local, a fraqueza do Rei Demônio. 

— Eve, há alguma arma escondida aqui que os heróis possam usar?

Os olhos da secretária se arregalaram.

— C-como você sabe!? Só é registrada numa página oculta em nosso inventário.

— Um palpite. No entanto, já que é assim, quero que suma com isso agora.

— S-sumir? — ela disse confusa. — Mas... isso é algo que você deve manter seguro aqui. É um símbolo do castelo, a fonte de sua autoridade.

— Um símbolo? Autoridade? Que estupidez. Seria ridículo ser derrotado por causa disso. Suma com ela agora. E não tô falando para escondê-la; quero que a destrua. Jogue-a em uma montanha vulcânica.

— Certo... — houve uma leve hesitação, mas Eve obedeceu.

Ela chamou um soldado esqueleto e ordenou que ele se desfizesse da arma em uma montanha vulcânica. E quando passou a espada para ele, não parecia mais arrependida.

Ela então se virou olhando em minha direção. — Você está certo... Manter algo aqui que pode ser uma fraqueza é realmente perigoso. E a última coisa que vai querer é que alguns heróis o atrapalhem.

— Não é nada que mereça elogios. Só os outros Reis Demoníacos que são muito estúpidos. Se algum dia encontrarmos um herói que tem como alvo um rei diferente, devemos vazar todas as informações que temos e ajudá-lo.

— Isso é maravilhoso. Use-os para lutarem entre si.

— É como dizem, o inimigo de seu inimigo é seu amigo. Devo usar quem eu puder usar.

— Isso é admirável. Então, devo procurar por heróis que ainda são crianças?

— Sim. E quando você achar algum, vou lidar com ele diretamente.

— É inevitável para um Rei Demônio matar um jovem herói.

— Não serei limitado por velhos costumes. E parece que minha própria força é de longe a mais fraca entre os reis. Se eu seguir apenas os métodos aceitos, essa lacuna só aumentará. E por isso vou mudar, tomando o caminho “realista”.

— Realista…?

— Sim, realista. Planejando, aumentando meu poder por qualquer meio e destruindo meus inimigos. Meu objetivo não é me tornar um santo Liu Bei3. Serei um vilão. Cao Cao4, César Borgia5, Hojo Soun6, Saito Dosan7, Matsunaga Hisahide8, serão minhas referências.

— Esses são grandes governantes de outro mundo?

— São homens que chegaram ao topo por meio de vários métodos. Assim, em vez de morrer gritando palavras heróicas, prefiro viver com as mãos manchadas — fiz uma pausada, segundos depois continuei — Eu disse que usaria todos os meios necessários, então vamos começar agora.

— Começar o quê?

— Eu só pensei num pequeno esquema que está de acordo com ser realista.

— Um esquema para dominar grandes números com poucos soldados?

— Exato. Pode ir contra a arte da guerra, mas se encaixa no meu estilo. Entretanto, primeiro, preciso que você colete informações.

— Que tipo de informações?

— Informações sobre os países aqui perto e sobre os nobres. Também gostaria de saber sobre o Rei Demônio mais fraco que reside perto.

— O condado de Ysmaria são os mais próximos. Já o Rei Demoníaco mais fraco... seria Sabnock.

— Você realmente é um banco de dados ambulante.

Após eu ter falado isso, sua boca formou o mais tênue sorriso — uma mulher muito modesta.

Eve raramente mudava sua expressão, mas quando eu lhe dei um esboço do meu plano, pareceu visivelmente surpresa.

A boca dela se abriu. — Bem... — o plano que havia sugerido era ousado e desafiador.

A secretária olhou para mim novamente e deu sua opinião. — Você tem tanta visão, estou pasma.

Aparentemente, meu plano foi aceito.



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