Sessão 3

Capítulo 73 — Na Delegacia de Polícia

 


 Perspectiva de Takayanagi 

Chegamos à delegacia localizada na cidade vizinha. Depois de explicar a situação, pedimos para rever os dados novamente. Os policiais reproduziram o mesmo vídeo que eu tinha visto antes. Era a primeira vez que a Aono-san o assistia, e o choque dela era evidente.

“Ah não… levado numa agressão tão unilateral assim…”

“Por que meu filho tem que passar por isso… só porque segurou o pulso de uma garota com quem supostamente namorava?”

“Entendo. Ele sofreu algo terrível… a Miyuki também o traiu… e mesmo quando ele estava caído no chão, ninguém se importou. Ele foi deixado de forma fria e sozinho… Por que eu não percebi isso?”

A luz nos olhos da Aono-san se apagou enquanto ela murmurava aquelas palavras, claramente tentando conter a emoção. Eu não pude fazer nada além de observá-la em silêncio.

Por mais que eu veja esse vídeo, é insuportável.

A violência foi totalmente unilateral. Não havia qualquer indício de que o Aono tivesse atacado alguém, como o Kondo havia alegado.

Ou seja: tudo não passava de mentira.

“Eu não vou perdoar o garoto que bateu no meu filho. Ele é aluno da mesma escola, não é, Sensei?”

“Sim, é isso mesmo. Chama-se Kondo, é do terceiro ano.”

Antes de virmos até aqui, eu já havia contatado a direção da escola. Fomos informados de que cabia à Aono-san decidir se registraria a ocorrência na polícia. Disseram também que prestariam total cooperação.

“Kondo… Sim, Kondo.”

Ela repetiu o nome, a voz tomada por uma resolução cortante.

“Vou registrar a queixa. O que preciso fazer?”

A voz da Aono-san soou firme enquanto ela iniciava os procedimentos necessários. O policial explicou que, como o Aono é menor, os pais podem registrar a queixa em nome dele.

Enquanto o processo seguia, outros dois policiais entraram na sala.

“Ah, obrigado pelo empenho!”

O policial de plantão os cumprimentou antes de perguntar: “Eles têm algum parentesco com o garoto do vídeo?”

O policial assentiu de imediato.

“Sim. Ela é a mãe da vítima, e este é o professor dele. A mãe decidiu formalizar a queixa.”

“Entendo.”

Um dos oficiais mais antigos adiantou-se e começou a falar de maneira objetiva.

“Meu nome é Domoto. Desculpem a intromissão, mas temos outro vídeo que gostaríamos que assistissem. Se não se importarem, poderiam ver? Podem ficar tranquilos —não tem relação com a agressão. Trata-se de salvar uma vida. Meus agentes acreditam que seu filho pode ser o garoto que ajudou um idoso que havia desmaiado na rua ontem, e depois saiu sem se identificar. Gostaríamos que confirmassem a identidade.”

“Sim… Tudo bem.”

A Aono-san deixou escapar um suspiro de alívio. Depois de assistir àquelas imagens tão terríveis, senti um alívio por ela.

O vídeo foi reproduzido, mostrando Aono Eiji ao lado de Ichijou Ai, uma aluna do primeiro ano, em roupas informais, ajudando um idoso que havia desabado na rua.

“Sim, é meu filho. E a garota ao lado dele é… uma amiga dele…”

A voz da Aono-san tremia, e ela interrompeu a fala de repente.

“Entendo. O idoso recebeu atendimento rápido e está se recuperando bem. Ele deseja agradecer pessoalmente ao seu filho. Além disso, o corpo de bombeiros gostaria de conceder uma menção honrosa a ele.”

O contraste entre esse vídeo e o anterior era marcante. Do inferno ao paraíso —quase surreal.

Mesmo em circunstâncias tão adversas, o Aono escolheu agir com bondade. Numa situação em que até adultos hesitariam, ele se adiantou sem pensar duas vezes. Era realmente admirável.

“Eiji… Eu não sabia… porque ele nunca conta nada.”

O oficial sênior, Domoto, riu baixinho.

“Você tem um filho excepcional. Tenho uma filha da mesma idade e sei que não é fácil. Ele é um jovem notável. Não vou perdoar quem o feriu. Podem ficar tranquilos, cuidaremos desse caso com firmeza.”

As palavras dele, gentis e resolutas, nos trouxeram um sentido de segurança.

“Obrigada.”

A voz da Aono-san falhou enquanto ela se curvava profundamente, lágrimas escorrendo pelo rosto.

Este mundo é cheio de contradições. Como alguém como o Aono —tão bondoso, tão correto —poderia ser forçado a suportar tanta crueldade? Por que ele foi escolhido como alvo dessa tormenta?

Mas não… ficar olhando para trás não mudará nada. Os que mais sofrem são, muitas vezes, aqueles que continuam em frente apesar de tudo.

Como adultos, precisamos avançar. Precisamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para aliviar o sofrimento dele.

E isso começa responsabilizando os verdadeiros culpados.

É aí que a luta de verdade começa.

Estou pronto para isso.

 

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