Sessão 3
Capítulo 72 — O Plano de Endo
— Perspectiva do Endo —
O entardecer havia chegado, e eu me encontrava sentado em um banco no parque, observando o mundo enquanto meu plano se desenrolava pouco a pouco.
Rachaduras começaram a surgir dentro do time de futebol. Agora, tudo o que eu precisava fazer era esperar que essas fissuras crescessem naturalmente. Mitsuda, o aliado mais próximo de Kondo no clube, logo se veria isolado também. Eventualmente, a notícia sobre aquela foto chegaria até Kondo. No momento em que ele percebesse que havia sido traído pela pessoa em quem mais confiava, ele entraria em desespero.
E se o relacionamento dele com Amada Miyuki desmoronasse também, Kondo ficaria completamente sozinho.
Esse era o meu plano — vingar o desespero que tanto Aono-kun quanto eu sofremos.
Comparado ao de Aono-kun, o meu sofrimento talvez pareça insignificante. Traído por sua amiga de infância, falsamente acusado de pecados que nunca cometeu e totalmente excluído na escola. O que Kondo e o verdadeiro responsável fizeram não foi apenas cruel — foi desumano.
E por isso, eu os destruiria completamente. Primeiro Kondo, isolando-o até que não tivesse mais para onde correr. Depois, inevitavelmente, ele iria atrás do mandante que o manipulava. Quando isso acontecesse, eu capturaria os dois — e os arrastaria comigo para o inferno.
Depois disso, aceitaria qualquer punição que viesse. Eu sacrificaria tudo de bom grado, contanto que a justiça fosse feita.
“Ei, Endo! A gente tem se esbarrado bastante ultimamente!”
A voz repentina me tirou dos pensamentos. Virei-me e vi meu amigo, Imai, vindo na minha direção enquanto corria.
“Só estava dando uma volta. Você anda treinando resistência com toda essa corrida, Imai?”
Ele respirava com dificuldade, vestido com um agasalho leve. Embora já fosse setembro, o ar da noite ainda carregava um calor persistente.
“Oh, não se esforce demais, Endo. Se precisar de qualquer coisa, é só me avisar.”
Ele sorriu — mas havia algo estranho naquele sorriso.
A voz dele... carregava um tom de preocupação.
Imai era perspicaz. Será que tinha sido um erro nós nos cruzarmos justamente no dia em que comecei meu plano no clube de futebol? Não… Imai não era o tipo de pessoa que me trairia. Se algo, ele havia escolhido fechar os olhos, respeitando minhas decisões.
“Que cara é essa? Só estou dando uma volta. Você se preocupa demais, mesmo que eu esteja um pouco fora de mim.”
Forcei uma risada para esconder as rachaduras na minha fachada. Meu peito se apertou com culpa.
“Certo. Bem, o que vou dizer talvez seja só coisa da minha cabeça, então não leve muito a sério.”
O tom gentil dele me atravessou como uma lâmina. Por um momento, a máscara que eu usava como um vingador de coração frio quase caiu. Mas engoli em seco e apenas assenti.
“Não sei exatamente o que você está planejando, Endo. Mas dá pra sentir que algo está acontecendo. E eu tenho a sensação de que isso envolve autossacrifício. Não me diga que é assim que pretende retribuir o Eiji.”
Meu peito pareceu ser apertado por uma mão invisível. Meu pulso acelerou, e ficou difícil respirar.
“Do que diabos você tá falando? Você tá viajando.”
“Talvez. Só tô falando comigo mesmo, afinal. Mas, Endo… eu quero continuar sendo seu amigo. Quero ver você sorrir de novo. Tenho certeza de que o Eiji sente o mesmo. Se você acabar se machucando, ele vai ficar arrasado.”
Eu não consegui responder. O jeito como Imai falava, como se entendesse tudo, me deixou completamente sem palavras.
O calor e a sinceridade das palavras dele… me lembraram do lugar para o qual eu tanto queria voltar. Um lugar onde eu era aceito. Onde eu pertencia.
Mas já era tarde demais para voltar atrás. Eu tinha ido longe demais. Não podia parar até que Kondo e o verdadeiro culpado fossem derrubados.
“…Obrigado, Imai.”
Foi tudo o que consegui dizer.
Imai sorriu e me mostrou um joinha.
“É isso aí. A gente se vê.”
E então, ele saiu correndo, desaparecendo na neblina do entardecer.
Eu tinha uma manhã cedo pela frente, então era hora de voltar para casa.
Mas, quando me virei para sair do parque, notei uma estudante de outro colégio parada sob um poste de luz fraca. Desviei o olhar e tentei passar por ela.
“Espere, você é o Endo Kazuki, certo?”
Minha respiração travou ao ouvir aquela voz familiar.
Não era a Eri. Era outra amiga de infância — aquela que tentou me levantar mesmo depois de Eri ter me traído.
“Sou eu, Domoto Yumi. Lembra?”
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