Sessão 3
Capítulo 68 — Amiga de Infância
— Perspectiva da Miyuki —
Eiji queria se matar?
Quando ouvi essa verdade chocante, lembranças das minhas ações voltaram à tona.
Que eu estava tendo um caso com Kondo-senpai pelas costas de Eiji.
Que eu havia cancelado os planos de aniversário de Eiji para ir a um encontro com Senpai.
Quando tudo veio à tona, menti para Eiji por medo e autopreservação.
Como resultado, Eiji foi intimidado, isolado e, eventualmente, levado a contemplar o suicídio.
“Não! Eu não sou o pior tipo de mulher. Eu não sou...”
Finalmente entendi — ou melhor, eu sempre soube, mas tinha muito medo de admitir. Quando o caso foi exposto, fiquei com medo de perder a imagem de aluna exemplar e as amizades que construí com tanto cuidado.
Mas eu era uma tola naquela época.
Por causa daquele ato egoísta de autopreservação, perdi o bem mais precioso que eu deveria ter protegido.
Sem perceber, me vi no nosso parque de sempre.
O parque do bairro onde Eiji e eu costumávamos brincar juntos.
Passamos incontáveis horas ali, conversando e rindo nos balanços.
Sentei-me em um dos balanços e me deixei consumir pelas memórias.
“Quando eu crescer, serei a esposa do Eiji.”
Uma promessa infantil que fiz quando estava na primeira série.
“Não se preocupe, estarei com você para sempre.”
Disse essas palavras para confortá-lo quando seu pai faleceu.
“Você finalmente se confessou para mim. Sim, eu sempre te amei também.”
Aqueles momentos insubstituíveis continuavam se repetindo em minha mente. Os dez anos que passei com Eiji foram os anos mais importantes da minha vida. Por que... por que eu era tão egoísta?
Eiji sempre esteve lá para mim.
Em vez de retribuir sua gentileza, eu o traí. Eu...
Meu olhar pousou em um quadro de avisos próximo.
[Aviso de Remoção de Equipamentos do Playground: Devido à reforma, os equipamentos serão substituídos no período seguinte.]
Os balanços e escorregadores em que costumávamos brincar juntos — símbolos de nossas memórias — iriam desaparecer. A constatação fez com que as lágrimas caíssem incontrolavelmente.
“Eu o amo, eu o amo, eu o amo... Perdi tudo por minha causa.”
Meu coração doía com o peso dessa realidade cruel.
Eu traí o bondoso Eiji. Eu mereço o inferno. Eu não mereço a felicidade. Até Kondo-senpai, a pessoa que eu escolhi, vai me deixar. Até minha mãe vai me abandonar.
Eu fui realmente uma idiota.
Eu nunca poderei voltar para aquele lugar acolhedor e feliz.
Tonta e em lágrimas, deixei o parque das nossas memórias. Não tive escolha a não ser retornar ao vazio que me esperava em casa.
Mas em meio à multidão, notei uma sombra familiar.
A única pessoa que eu sempre quis encontrar.
“Eiji?”
Não consegui me conter e gritei por ele, mesmo sem ter o direito.
Eiji se virou, com uma surpresa estampada em seu rosto enquanto me olhava.
“Miyuki?”
Sua expressão estava cheia de confusão e uma pitada de medo. Aquele sorriso gentil que eu conhecia não estava em lugar nenhum. Eu sabia... já era tarde demais.
“Eiji é um namorado péssimo e violento. Ele era apenas meu amigo de infância... e ainda assim persistente e com jeito de perseguidor.”
As palavras cruéis que eu havia dito voltaram à minha mente.
“O quê!? Você veio aqui para rir de mim? Miyuki! Você me disse para nunca mais falar com você!!”
Sua voz era fria, tão diferente do Eiji que eu conhecia.
Percebi o quanto eu o havia magoado.
“Não, não. Não é bem assim. Eu... eu quero voltar a ser como era, mesmo que seja só um pouquinho.”
O frágil vínculo que tínhamos como amigos de infância havia se despedaçado completamente. Sua voz cautelosa perfurou meu coração.
"O que você está dizendo?"
Sua voz era ríspida e clara, e eu olhei para baixo, meu coração se partindo com suas palavras frias.
“Me desculpe. Eu sei que fiz algo imperdoável. Era tudo o que eu queria dizer...”
Eiji suspirou, sua expressão era imutável e seus olhos estavam distantes.
— Perspectiva de Eiji —
Percebi o quão frio eu estava sendo com seu pedido de desculpas repentino.
Percebi que a amiga de infância que antes ocupava uma parte tão grande do meu coração agora era apenas uma estranha distante.
“Achei que ficaria com raiva. Hah... É verdade que o oposto do amor é indiferença?”
“Hã? Como assim, Eiji? Farei qualquer coisa se isso significar que você vai me perdoar...”
Talvez essa fosse a maneira de Miyuki se desculpar, mas parecia errado. Não era o que eu queria.
Não se tratava de perdão.
Era algo completamente diferente, algo que eu não conseguia definir.
“Não é isso. Eu só... não quero que você manche mais nossas memórias. Acho que é melhor nunca mais nos vermos. Sim, seria melhor para nós dois. Não quero te odiar, Miyuki.”
Ao ouvir essas palavras, Miyuki congelou.
“Hã?”
Sentindo uma pontada de culpa, acrescentei suavemente:
“Estou apaixonado por outra pessoa.”
Com essas palavras, me virei e fui embora, deixando-a para trás.
“Não... eu não quero isso. Eiji... Eiji...”
Mas eu não tinha motivo para voltar atrás. Continuei andando em frente.
— Almeranto: Esse é um dos meus capítulos favoritos, Eiji representou aqui.
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