Sessão 3

Capítulo 57 — Ex-namorada Testemunha

 


  Perspectiva da Miyuki 

“Ah… eu não comi nada hoje?”

Eu me afundei sozinha em desespero. Quando percebi, o sol já estava se pondo. Sentada em casa, sem cortinas nem luzes, eu estava completamente isolada. Ninguém havia me dito uma única palavra gentil.

“É tudo culpa minha.”

Não é de se estranhar. Eiji e sua mãe — as únicas pessoas que sempre foram gentis comigo — agora se foram. Mesmo quando minha mãe chegava tarde do trabalho, eu nunca me sentia sozinha na casa do Eiji. Havia calor ali… uma família que me tratava como uma igual.

Minha mãe ficou furiosa porque… eu traí as pessoas que mais fizeram por mim. Kondo-senpai só me via como um brinquedo. Eu devia ter percebido desde o começo.

No fim, foram meus próprios desejos egoístas que me trouxeram até este ponto. Quando olhei a foto que tinha acabado de ver, me acalmei por um instante. Mas logo senti como se meu sangue tivesse congelado — como se todo o calor do meu amor tivesse sido uma mentira.

O que eu disse para o Eiji mesmo?…

“Não, não me deixe. Se o Senpai me abandonar, eu não vou conseguir viver.”

“Eiji é só meu amigo de infância, mas ele é um namorado teimoso, pegajoso, violento e horrível.”

“Desculpa, Eiji. Eu não quero mais ser sua namorada. Nem fale comigo na escola!”

Só de lembrar daquele momento, sinto náusea e um nojo profundo de mim mesma.

Por que eu disse aquelas coisas? Já me arrependi incontáveis vezes, mas hoje o arrependimento dói mais do que nunca. Desde aquele dia… o dia em que me envolvi pela primeira vez com Kondo-senpai… sinto que deixei de ser eu mesma — como se tivesse sido tomada pela loucura.

[Almeranto: Arrependimento também é mudança de atitude.]

Uma onda de enjoo me atingiu.

Por quê…? Eiji era pra ser um namorado gentil e carinhoso. Eu sempre amei o Eiji. Ele foi meu primeiro amor. Me esforcei tanto pra me aproximar dele, e ele finalmente se apaixonou por mim.

Eu o amava pela sua bondade, pelas histórias calorosas e pelo lar que me fazia sentir feliz.

Mas eu perdi tudo isso. Depois da minha traição, Eiji parou de ir à sala de aula. Ele foi intimidado por todos, falsamente acusado, isolado e insultado em sua própria carteira. E eu não o defendi. Pior ainda — eu participei, o encurralei.

Eu até chamei Eiji de perseguidor, de violento. Eiji, que sempre foi tão gentil comigo, jamais faria algo assim. A errada sempre fui eu.

Sou a pior de todas. Traí ele no aniversário dele. Não é o Eiji que merece o ódio de todos… sou eu.

Consegui sair de casa e fui até uma loja de conveniência comprar algo pra comer.

À distância, vi um casal atravessando a rua. Congelei no lugar, incapaz de me mover.

Era o Eiji. Ele sorria feliz. E ao lado dele… Ichijou Ai — a idol da escola. Ela estava tão bonita, com um ar de cuidado e elegância que até eu, sendo do mesmo sexo, não pude deixar de notar. Eles pareciam um casal em um encontro.

Eiji exibia um sorriso suave, daquele tipo que ele só mostrava pra alguém que realmente amava.

Minha mente ficou em branco, e eu rapidamente me escondi pra que não me vissem.

“Obrigada por hoje, foi um encontro muito divertido.”

Ichijou Ai sorriu calorosamente ao dizer isso.

“Fico muito feliz em ouvir isso.”

“Espero que possamos sair de novo. Ah, e sei que é um pouco tarde, mas… posso comemorar seu aniversário?”

“O quê? Como você soube que era meu aniversário?”

Sua mãe me contou! Eu gostei tanto de hoje que queria fazer algo especial pra te agradecer.”

A voz doce dela e sua expressão irradiavam um amor tão puro, tão angelical, que até eu fiquei cativada pelo seu encanto.

“Obrigado. Vou ficar esperando ansioso.”

Naquele momento, a ficha caiu. Ichijou Ai tinha tomado o meu lugar. Até a mãe do Eiji a aceitava — a prova é que ela havia contado sobre o aniversário dele. Eles estavam celebrando o que deveria ter sido o meu dia com ele.

Tudo o que era precioso pra mim foi tirado.

Talvez por isso eu não tenha conseguido comer e acabei vomitando várias vezes. Minhas forças me abandonaram. Minha visão ficou turva, e respirar ficou difícil.

Gritei em silêncio, certificando-me de que eles não me ouvissem.

Mesmo com pedras e terra enchendo minha boca, eu não conseguia parar.

O meu inferno pessoal estava apenas começando.

 

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