Sessão 2
Capítulo 42 — Revolta no Clube de Futebol
— Perspectiva do Ueda —
Voltamos ao vestiário do clube depois do treino como sempre. Ah, estou cansado e com sono, mas temos um grande torneio chegando, e este é o momento em que precisamos decidir. Ouvi dizer que o Kondo-senpai não vem hoje.
Nosso time de futebol era fraco até o Kondo-senpai chegar nesta escola. Graças àquele gênio do ensino médio, o nível do time subiu, e no ano passado chegamos ao torneio nacional.
Nós, alunos do segundo e primeiro ano que já jogávamos no ensino fundamental, idolatramos o Kondo-senpai.
Considerando que temos mais jogadores do que no ano passado, deveríamos ir ainda melhor desta vez.
Somos loucos pelo Kondo-senpai e faríamos qualquer coisa por ele.
Nós intimidamos o Aono porque queríamos agradar o Kondo-senpai.
Se nós conseguirmos deixar o Kondo-senpai feliz, fazemos qualquer coisa.
“O Kondo-senpai é incrível, não é? Ele nem treina, mas joga demais.”
diz o Aida empolgado. Ele é ainda mais fascinado pelo senpai que eu. É quase um fanático.
“É, principalmente os passes dele, cara.”
“Aquele passe foi nível J-League. Nunca vi um gênio assim. Ele vai ser um tesouro do futebol japonês. Tenho certeza!”
Dando uma risada do tom empolgado do Aida, recuperei a compostura.
Eu escapara facilmente do interrogatório do Takayanagi, mas comecei a ficar preocupado. Na real, sou um cara que se preocupa fácil.
O Aida é fanático pelo Kondo-senpai e acha que ele não poderia estar errado. Se eu contasse minhas dúvidas pra ele, ele provavelmente riria: “Você é louco, não tem como o Kondo-senpai errar.”
“Ei, achei um envelope estranho do lado de fora da sala do clube.”
Mitsuda-senpai, um terceiro ano, falou com a gente.
“O que seria? Não tem remetente. Vamos abrir, né?”
Quando respondi, ele disse “Vamos” e rasgou o envelope...
“Que merda é essa?”
O rosto do Mitsuda-senpai ficou vermelho, depois branco.
As mãos dele tremiam, e o envelope com a foto dentro caiu aos pés dele.
Pegamos a foto, e eu e meus amigos vimos o que havia lá.
Eu não devia ter visto. Preferia não saber. Tem informações ali que eu queria não ter aprendido.
A primeira foto mostrava o Senpai entrando secretamente num love hotel com a Amada Miyuki. A partir dali, documentava a intimidade deles. Aquela foto deixou o Aida e eu abalados. Eu tinha ouvido que o Senpai foi consultado pela Amada sobre violência e stalking do namorado dela, o Aono. Não sei quando a foto foi tirada, mas dá a impressão de que eles estão namorando.
Será que o Aono foi realmente violento com a Amada?
Olhando aquela foto, parece mais que…
O Senpai está tendo um caso com ela.
“Não, não pode ser verdade. Deve ser engano.”
O Aida tremia ao meu lado. Eu pude ver que a imagem invencível do Senpai nos olhos dele havia se despedaçado. Eu sabia disso porque ele o idolatrava ainda mais que eu.
“Meu Deus! Isso é ilegal. Love hotels não são pra menores de 18. Se isso vazar, a gente pode participar do torneio? Mesmo se participarmos, dá pra ganhar sem o Kondo?”
Os senpais do terceiro ano gritaram. Este ano é o último deles, e eles querem ir bem no torneio pra garantir recomendações pra faculdade. Então o torneio era questão de vida ou morte.
“Quem tirou essas fotos? Talvez um membro do clube? Do contrário, quem deixaria um envelope do lado de fora da sala do clube, né?”
Mitsuda-senpai falou em tom alto. Todo mundo se olhou desconfiado. Talvez um dos que estavam por perto fosse o traidor, o culpado. Todo mundo parecia inimigo.
“Me mostra a próxima foto, rápido.”
Tinha mais fotos.
A próxima imagem que vimos foi ainda mais chocante que a anterior.
Mostrava a Amada sendo segurada pelo ombro por um policial, e o Kondo-senpai no chão, sendo contido enquanto tentava escapar.
“Que absurdo. Isso é um escândalo. O ás do time foi pego pela polícia. O clube pode ser punido, e todo o apoio pode ser cortado. Não, pior — podem até fechar o clube...”
Mitsuda-senpai berrava histérico. O clube poderia ser dissolvido? O que aconteceria ao nosso futuro se isso acontecesse? Por que ele foi detido pela polícia? Poderia ser acusado de crime? E se o Aono for inocente? Nesse caso, nós somos tão culpados quanto...
Eu ouvi o som do nosso futuro brilhante desmoronando, um futuro que pouco antes parecia tão perto.
“O culpado! Quem tirou essas fotos! Apareça! Se não, eu te mato!!!”
“Foi você, né?! Você sempre reclamou sobre ele, não era?!!”
“O que eu fiz por esse clube por três anos, por quê?”
A sala do clube caiu instantaneamente no caos.
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