Sessão 2

Capítulo 40 — O Ex-Prefeito

 

Voltamos para casa juntos. Conversamos sobre coisas que não podíamos conversar antes.

Mesmo sendo melhores amigos, nós apenas acabamos de nos conhecer — havia tantas coisas a dizer, já que ainda sabíamos tão pouco um sobre o outro.

Nós simplesmente não parávamos de conversar.

Hoje, eu precisava fazer a Ichijou-san comer ostras fritas.

“Pensando bem, por que você gosta tanto de ostras fritas, Ichijou-san?”

Não consegui deixar de perguntar.

“Ah, era a especialidade da minha falecida mãe. Ela sempre fazia no meu aniversário. Nunca consegui esquecer o sabor.”

Era a primeira vez que eu ouvia sobre a mãe falecida da Ichijou-san. Senti um leve aperto no peito ao escutar aquilo.

“Desculpa, fui insensível?”

Ela balançou a cabeça com um sorriso tranquilo.

“Não é isso. O Senpai também me contou sobre o seu pai. Eu sabia que precisava te contar sobre ela em algum momento…”

Agora que penso, contei à Ichijou sobre meu pai quando almoçamos na minha casa.

“Então espero que goste. Pode não ficar tão bom quanto o das ostras que sua mãe fazia…”

Na verdade, ostras fritas eram a especialidade do meu pai. Ostras frescas, empanadas e fritas, servidas com um molho tártaro especial — um prato típico do outono e do inverno no Kitchen Aono.

“O nosso molho tártaro tem shibazuke (tl: um tipo de picles japonês) como ingrediente secreto. Dá um toque azedo e refrescante. É a receita exclusiva do meu pai, então você pode esperar coisa boa.”

“Ah, estou ansiosa! Minha mãe fazia o molho tártaro com cebolas fritas, e ficava uma delícia. Que saudade…”

Como filho de um dono de restaurante ocidental, entendo bem o que ela quis dizer. Dá muito trabalho fritar cebolas para o molho. E, ainda assim, a mãe da Ichijou-san fazia questão disso. Dava pra ver o quanto ela amava a filha…

A Ichijou-san é uma comedora exigente, apesar do corpo magro. Ela come o almoço em pequenas porções. Mas seria rude comentar, então fiquei quieto.

Enquanto conversávamos sobre essas trivialidades, um carro parou na nossa frente.

Um senhor de cabelos grisalhos saiu.

Era alguém que eu conhecia — um bom amigo do meu pai e ex-prefeito da cidade… o Tio Minami.

“Eiji-kun. Há quanto tempo! Interrompi o encontro de vocês? Que bom ver que está indo bem.”

Ichijou-san olhou para o Tio Minami com curiosidade, e parecia reconhecê-lo logo de cara.

“Senpai, por que o ex-prefeito está falando com a gente assim, tão à vontade?” Ela sussurrou pra mim.

“Ah, o Tio Minami era amigo do meu falecido pai, e ainda nos trata como se fôssemos netos dele.”

Os olhos da Ichijou-san se arregalaram de surpresa com aquelas palavras.

“É mesmo…?”

Ela parecia não acreditar totalmente.

O Tio Minami foi um benfeitor que apoiou e compreendeu o trabalho voluntário do meu pai quando era prefeito. Ele foi tão solidário que nos deu permissão para usar o parque municipal para a cozinha comunitária destinada às pessoas carentes.

Depois disso, ele expandiu as atividades do meu pai e criou regulamentos para o Movimento das Cozinhas Comunitárias Infantis, trabalhando em conjunto com o setor público e privado para oferecer apoio financeiro e estrutural.

Nossa cidade é considerada um ótimo lugar para criar filhos, até mesmo entre os grandes centros urbanos — e dizem que o crescimento populacional contínuo é resultado do trabalho do Tio Minami quando era prefeito.

Após três mandatos, ele se aposentou da política e agora segue os passos do meu pai, liderando uma organização voluntária que apoia a independência dos menos favorecidos e atua na linha de frente contra a pobreza.

Mesmo depois da morte do meu pai, ele ainda se preocupa com o Kitchen Aono e aparece com frequência.

“Eu estava justamente indo pra sua casa. Se quiserem, posso levá-los de carro. Ah, e a mocinha, por acaso seria…”

Ela se apresentou um pouco nervosa.

“Meu nome é Ichijou Ai. Faz tempo, Prefeito Minami.”

“Por favor, não me chame de prefeito, já me aposentei. Então você é a Ai-chan. Eu sabia! Ficou muito mais bonita. Está bem diferente. Entendo… o filho do Mamoru, Eiji-kun, e você andando juntos — deve ser destino.”

Os pais da Ichijo-san pareciam ser pessoas influentes. Eu apenas ouvi a conversa, sem coragem de perguntar mais.

“Prefeito Minami. Eu não tenho mais nenhuma relação com meu pai.”

Ao ouvir isso, o Tio Minami soltou uma risada surpresa, mas satisfeita, e balançou a cabeça. “Entendo. Muito bem.”

“De qualquer forma, entrem no carro. Faz tempo que quero visitar sua casa, Eiji-kun.”

 

 

Traduzido por Moonlight Valley

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