Sessão 2
Capítulo 39 — A Amiga de Infância e a Mãe dela
— Perspectiva da Miyuki —
O suor escorria pelas minhas costas. Minha mãe tinha falado com a mãe do Eiji. Eu sempre soube que esse dia chegaria. O medo disso acontecer foi o que me fez virar o rosto, fugir da verdade.
“...Me desculpa.”
Minha voz tremia quando pedi perdão, cheia de medo e arrependimento.
“Por que está pedindo desculpas? Você realmente acha que fez algo errado?”
Quanto ela sabe? Ainda dá pra escapar? Ou ela já descobriu tudo?
Eu estava apavorada — apavorada com a verdade.
Que eu o traí. Que fiz o Eiji parecer o culpado. Que o forcei a ficar isolado na escola.
Tudo era culpa minha. Eu fiz isso.
“A mãe do Eiji-kun disse que não quer mais que você chegue perto dele. Pediu pra eu tirar a história a limpo. Então, me diga — por que foi a um hotel com um garoto que eu nem conheço, em vez do seu namorado, o Eiji-kun? Não foi ele quem te ligou antes de você sair de casa?”
Ah… então minha mãe ainda não sabe de tudo. A mãe do Eiji já me puniu. Ela me deu uma escolha: confessar tudo pra minha mãe… ou esconder.
“Senhora Miyuki, por favor, acalme-se. A culpa é do meu filho tolo, não da sua filha.”
O pai do senpai falou num tom calmo, tentando intervir.
“Cale-se! Estou falando com a minha filha!”
Minha mãe — sempre tão gentil e educada — gritou sem sequer olhar pra ele.
“Me desculpe.”
O senpai e o pai dele ficaram em silêncio. Até os policiais nos observavam com desconforto.
“Fale logo, Miyuki! Eu quero ouvir de você! Eu não te criei pra agir assim!!”
O grito dela ecoou pela sala de espera, carregado de dor.
“Eu terminei com o Eiji. O Kondo-senpai… é meu namorado agora.”
Meu eu covarde tentou mais uma vez fugir da verdade, tecendo mentiras pra escapar da culpa. Mas não havia como enganá-la naquela situação.
Slap!
Minha bochecha esquerda ardeu. Por um instante, eu nem entendi o que tinha acontecido. O impacto, o choque, a dor aguda — tudo veio de uma vez. Ela tinha me dado um tapa.
Minha mãe, que sempre foi tão gentil, nunca tinha me batido antes. Mas agora… ela me bateu.
Foi a primeira vez que a vi com tanta raiva.
E naquele momento, eu percebi.
Ela tinha desistido completamente de mim.
Não havia mais volta para o laço que um dia tivemos como mãe e filha.
Eu sabia disso. E junto com essa certeza, veio um turbilhão de sentimentos: tristeza, culpa, arrependimento.
“Me desculpa…”
“Por que você o traiu?! O Eiji-kun era a pessoa mais importante da sua vida! Por quê, Miyuki, por quê fez isso com ele?! Peça desculpas pra ele, agora!”
Talvez por causa da raiva, minha mãe levou a mão ao peito, o rosto se contorcendo de dor.
“Mãe, você tá bem?”
Eu tentei segurá-la, em pânico, mas ela me empurrou.
“Eu não te reconheço mais! Peça desculpas a ele, nós—!”
Antes que pudesse terminar, minha mãe desabou. Um policial correu pra ajudá-la, e o caos tomou conta da sala.
— Perspectiva do Kondo —
Droga. Que confusão. Se a mãe da Miyuki tivesse ido até o Aono com ela, tudo teria vindo à tona.
Mas, como sempre, meu pai prático se inclinou e sussurrou:
“Ela parece anêmica. Não se preocupe — vai ficar bem quando se acalmar. No pior dos casos, oferecemos dinheiro pra que fique em silêncio. A maioria dos adultos aceita o preço certo.”
Ah, meu pai — sempre racional, sempre útil. Bem diferente da mãe histérica da Miyuki.
Agora que a situação dela está sob controle, só preciso ter cuidado. Enquanto eu ficar quieto até a formatura, a escola não vai descobrir nada. E com todos os boatos que espalhei, o Aono vai acabar desmoronando sozinho.
A Miyuki vai se apegar ainda mais a mim agora. A única pessoa que realmente a entendia — a mãe dela — acabou de rejeitá-la. Se ela perder também o Aono, seu amigo de infância, eu serei tudo o que restará pra ela.
Haha, toma essa! Você está destinado a ser destruída — por mim, pelos meus capangas do time de futebol… e pela minha nova diversão, Miyuki.
Mal posso esperar pra ver o quanto isso vai ser divertido na escola.
Ah… a vida é tão doce.
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