Sessão 2

Capítulo 33 — Manuscrito e Denúncia

 

“Por que, Ichijou-san, isso é…”

Sem querer, apertei o envelope com o manuscrito como se segurasse algo precioso.

“Eu só me esforcei um pouco”, respondeu ela com naturalidade.

“Você disse que se esforçou… mas eu nunca te contei que participava do Clube de Literatura, contei?”

Como ela sabia?

“Quando visitei sua casa antes, vi muitas novelas na sala de descanso e algumas revistas do Clube de Literatura também.”

“Mas isso não significa que eu era membro. Eu poderia ser só fã de romances, ou alguém que por acaso leu a revista do clube.”

A pista parecia fraca demais para tirar tal conclusão.

“Fufu, claro. Se isso fosse um romance policial, essa pequena pista poderia bastar. Mas no mundo real, tem mais coisa.”

Ela continuou com um sorriso brincalhão:

“Na verdade, tem uma garota chamada Hayashi na minha turma que é do Clube de Literatura. Foi fácil descobrir, perguntei pra ela.”

Hayashi-san. Eu mal conversava com ela quando estava no clube. Uma garota quieta, de óculos e com tranças — o estereótipo literário.

“Ah, entendi. Hum… você acha que a Hayashi-san também me odeia?”

Os boatos sobre mim provavelmente chegaram ao clube, e a presidente resolveu me banir. Será que a Hayashi-san compartilha do mesmo desprezo?

“Sim. Ela ouviu os boatos dos senpais do clube.”

“Já imaginava.”

“Mas ela ficou em dúvida. Disse que você uma vez a ajudou a usar o Word antes das férias de verão. Ela não conseguiu conciliar aquele senpai gentil e paciente com os boatos que ouviu.”

“…”

Lembrava vagamente de ter ajudado ela com noções básicas do computador. Ela teve dificuldades com o software, então eu expliquei passo a passo.

“Quando falei com ela, ela admitiu que não acreditava nesses boatos. Senpai, você também foi intimidado pelos membros do clube?”

“…Sim.”

“Aparentemente, a presidente do clube decidiu se livrar de seus pertences que ficaram na sala. Então pedi pra Hayashi-san salvar o que pôde em seu nome…”

“…”

Sério, essa garota…

“Mas a Hayashi-san é tão tímida que não teve coragem de enfrentar os senpais. Ela só balançou a cabeça, chorando. Então tudo o que eu pude fazer foi reunir… isto.”

“Você entrou escondida na sala do clube?”

“Sim. Depois do chá no café com você, voltei à escola antes das portas fecharem.”

Ela é tão imprudente.

“Como você conseguiu entrar na sala do clube? Deveria estar trancada.”

“Bem… talvez eu tenha contado uma mentirinha pra pegar a chave com a Hayashi-san… Fufu, quer dizer, ela me ajudou.”

Ela sorriu marotamente, orgulhosa da própria esperteza. Só pude suspirar.

“Por que você se deu ao trabalho por minha causa?”

“Porque eu não quero… eu não quero que o esforço de alguém de quem eu me importo seja destruído pela maldade.”

A voz dela vacilou ligeiramente, e ela me olhou com uma ponta de culpa.

“Obrigado… por salvar este… pedaço de obra ruim.”

As memórias daquele dia vieram com força. A presidente do clube, alguém em quem eu um dia confiara, olhara para o manuscrito com nada além de desprezo.

“Pedaço de obra ruim? Do que você está falando?”

A voz dela subiu um pouco, me pegando desprevenido.

“Você leu?”

Ela se remexeu desconfortável, baixando a cabeça como alguém apanhado num pequeno ato de travessura.

“Desculpe. Eu não resisti. Li tudo noite passada. Fiquei tão presa que quase não dormi.”

Agora que ela falou, notei as leves olheiras sob seus olhos.

“E, então? Como foi?”

Perguntei, meio esperando uma crítica. Minhas inseguranças despertaram, embora eu tentasse disfarçar com um tom casual.

“Foi incrível. Realmente cativante. Senpai, você tem talento!”

O elogio dela soou como um bálsamo para meu espírito ferido. Ao vê-la rir baixinho, senti que algo que eu tinha perdido há muito começava a voltar.

“Obrigado. Ouvir isso de você me dá um pouco mais de confiança.”

Seguimos caminhando juntos, cada passo mais leve, como se o peso do passado fosse se dissipando.

 

****

 

Em certo ponto de Tóquio…

“Alô, é da polícia? Gostaria de fazer uma denúncia. Parece haver um casal, possivelmente estudantes do ensino médio, hospedados num hotel. Isso não é ilegal? A localização é…”

 

 

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