Sessão 2

Capítulo 32 — Manhã do Terceiro Dia

 


Contei para minha mãe sobre o bullying e estava tão cansado que fui direto dormir.

Quando acordei no meu quarto, já eram cerca de nove da noite. Eu devia estar mais exausto do que imaginava.

A essa hora, minha mãe e meu irmão provavelmente ainda estavam limpando depois do trabalho.

Do lado de fora do meu quarto, encontrei um onigiri, uma tigela de missoshiru com algas e tofu, e uma garrafa de água.

Acho que minha mãe deixou para mim.

[“Eu sei que você deve estar cansado, então durma bem. Coma quando acordar.”] dizia o bilhete.

O onigiri estava frio, mas os recheios eram meus dois favoritos: atum com maionese e salmão. Mesmo o arroz frio parecia uma delícia quando acompanhado de sopa quente de missô.

Suspirei aliviado e senti uma profunda gratidão pelas pessoas ao meu redor. Takayanagi-sensei e Mitsui-sensei. O diretor e o vice-diretor. Ichijou-san, Satoshi, minha mãe e meu irmão.

Achei que havia perdido tudo depois de ser traído, mas percebi que ainda havia muitas pessoas que se importavam comigo. Eu não podia deixar de me perguntar o que teria acontecido se não tivesse encontrado Ichijo-san no telhado naquele dia. Provavelmente teria deixado todos tristes.

Eu realmente devia muito a Ichijou-san por tudo que ela fez por mim.

Enquanto pensava nisso, olhei para o celular e lembrei que tínhamos trocado números no café mais cedo.

[Senpai, quero ir pra escola com você amanhã, por favor!!!]

A mensagem tinha chegado há cerca de meia hora. Era engraçado como algo que antes parecia um grande passo — ir juntos para a escola — agora parecia tão natural.

Também recebi uma mensagem do Satoshi. Embora fosse casual como sempre, dava para sentir sua preocupação comigo.

Pensando mais, percebi que as redes sociais onde eu recebia mensagens de ódio nas férias de verão e no início das aulas estavam quietas ultimamente. Mesmo com as notificações silenciadas, quase não apareciam pop-ups.

Talvez a estratégia da Ichijo-san esteja funcionando.
Ainda assim, eu não conseguia afastar o nervosismo de voltar àquela sala…

Eu havia escrito um manuscrito para a revista do clube de literatura, mas eles o jogaram fora.

Embora o arquivo ainda estivesse salvo no meu celular, saber que jogaram fora algo em que me esforcei tanto me deixava amargo.

Apesar disso, tentei me consolar pensando no que eu tinha ganhado.

Olhando para trás, percebi que o amor que sentia por Miyuki, minha amiga de infância e ex-namorada, havia desaparecido. O que restava não era carinho, mas decepção e raiva.

Essa constatação veio acompanhada de uma nova emoção crescendo dentro de mim.

Sempre que penso nela, sinto vontade de fechar os olhos lentamente.

 

  Perspectiva da Miyuki  

Eu mimo meu Senpai. Quando estamos juntos e ele diz: “Eu te amo”,

Isso é o suficiente para acalmar meu coração frágil.

Nesses momentos, eu sou feliz. Posso esquecer minha culpa, meu ciúme e minha possessividade em relação ao Eiji.

“Senpai.”

Sussurrei de forma doce e brincalhona enquanto o abraçava.

“O que foi?”

“Por que não mata aula comigo amanhã? Quero passar o máximo de tempo possível com você.”

“Parece ótimo.”

Ele respondeu, me abraçando com força.

 

   Perspectiva do Eiji  

Acordei mais cedo do que de costume, me arrumando enquanto pensava nos acontecimentos de ontem. Não queria deixar Ichijou-san esperando.

“Oh, você está acordado tão cedo. A Ai-chan vem hoje também?”

Minha mãe me provocou, e meu irmão deu uma risadinha, tentando deixar o clima leve para eu não ficar nervoso.

“Sim, vem.”

“Entendo. Então vou convidá-la para comer ostras empanadas hoje.”

“Certo, eu aviso ela.”

Parece que minha mãe realmente gostava da Ichijo-san — e quem poderia culpá-la? Ela tinha sido meu maior apoio nos momentos mais difíceis.

Quando saí de casa, lá estava ela, me esperando com seu sorriso angelical de sempre.

“Bom dia, Senpai!”

Eu quase podia ver suas asas brancas e macias.

“Bom dia, Ichijou-san.”

Começamos a caminhar calmamente.

“Oh, Senpai! Na verdade, eu tenho algo pra te dar.”

Ela disse, remexendo dentro da bolsa da escola.

“Hm? Mas não é meu aniversário hoje.”

Falei, realmente surpreso.

“Não é isso.”

“Então o que é?”

“É um presente de agradecimento por me acompanhar no café ontem. Aqui, pegue.”

Ela me entregou um envelope grosso. Parecia conter um caderno.

“Posso abrir?”

“Claro. Não é dinheiro, mas acho que você vai gostar.”

Ela sorriu timidamente ao dizer isso.

Abri o envelope e encontrei folhas de manuscrito com um romance escrito nelas.

As letras me eram familiares. O conteúdo, também.

Olhei para o título.

Era a cópia original do romance que eu havia escrito — aquele que a presidente do clube de literatura supostamente tinha jogado fora.

“Como você conseguiu isso?”

“Trabalhei duro para salvar.”

Ela respondeu com um sorriso travesso.

 

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