Sessão 2

Capítulo 29 — O Uivo de um Canalha e a Confissão

 

 

 Perspectiva do Kondo  

O que diabos há de errado com aquele cara? Ele me irrita, me irrita, me irrita!!!

Goda e o treinador continuavam conversando pelas minhas costas, sem perceber que eu ainda estava no banco.

“Embora ele possa ter algum talento natural, é óbvio que lhe falta motivação para treinar e melhorar suas habilidades. Essa atitude pode prejudicar seu crescimento e desenvolvimento a longo prazo. Além disso, seu desrespeito pelos outros e pela importância do trabalho em equipe pode levar a uma queda no desempenho do time e aumentar o ressentimento, até mesmo o bullying. No geral, sua presença não parece ter um efeito positivo no grupo.”

A análise dele foi mais fria do que eu esperava, e por pouco não gritei.

Esmaguei uma garrafa plástica no chão com o pé.

O resto do conteúdo vazou pela tampa e manchou o piso.

“Não tenho total certeza, mas acho que ele tem talento. Ele demonstrou suas habilidades quando jogou contra os membros do time reserva. Talvez possamos oferecer mais treinamento e apoio quando ele se juntar a nós? Afinal, ele tem muito potencial — só precisa ser lapidado.”

“Bem, se o treinador insiste, eu farei o meu melhor. Mas fui informado de que indivíduos como ele tendem a se rebelar, faltar aos treinos e acabar não evoluindo. Além disso, é possível que mesmo se for colocado no time reserva, ele ainda tenha dificuldades.”

Humilhação, humilhação, humilhação. Essas palavras ecoavam na minha mente. Minha autoestima parecia ser pisoteada, esmagada como um lixo lamacento debaixo dos meus próprios sapatos.

Peguei o celular e mandei uma mensagem para Miyuki — minha Brinquedinha nº 2.

Talvez ela estivesse com saudade, já que não pôde voltar comigo hoje. Se eu chamá-la, ela vem. Afinal, ela perdeu tudo e está começando a desabar mentalmente.

Ela não tem escolha a não ser se agarrar a mim. Por causa da minha estratégia, ela está sendo esmagada entre o ódio por si mesma e o instinto de autopreservação. Vou usar isso a meu favor.

Afinal, ela é minha “esposa-troféu”. É uma garota linda e uma aluna exemplar. Mas traiu facilmente o namoradinho patético e se tornou dependente de mim, implorando: “Por favor, não termine comigo.”

[Ei, Miyuki. Pode sair agora? Quer ir comigo pra Tóquio num encontro?]

A mensagem foi visualizada na hora.

Logo depois:

[Sim! Já estou indo!]

Sabia. Como esperado.

Combinei de encontrá-la em frente à estação de trem, perto do distrito de entretenimento — onde eu poderia me divertir com o corpo dela.

Não quero ir pra essa universidade. Mas relaxa, logo vão me querer.

Por enquanto, vou guardar o convite e esperar por uma proposta de alguma faculdade onde eu possa ser estrela desde o início.
Então, vou me vingar do Goda — esmagando ele junto com meu time, comigo no centro.

Vou fazer ele se arrepender de ter me irritado!

Pode se preparar.

 

 Perspectiva do Eiji  

Fiquei parado diante da porta de casa por alguns minutos, respirando fundo antes de entrar.

Eu sabia que era hora de conversar com minha mãe, e tentava me preparar mentalmente para o que viria. Esperava que nada nos interrompesse, então entrei às pressas. Mesmo assim, meu corpo parecia pesado, e minha mente fervilhava de pensamentos.

“Você sempre esteve ao meu lado, e eu não consegui estar com você quando mais precisei de ajuda… Me desculpa!!!”

“Eu sei que isso pode ser assustador, mas você pode contar conosco, os adultos. Eu vou assumir a responsabilidade por esse problema, e eu vou consertar isso — nem que seja um pouco. Confie em mim.”

“Eu pedi desculpas pra minha mãe. Ela perguntou: ‘Por que você não falou comigo sobre isso?’ Ficou brava, dizendo: ‘Quase me fez carregar esse arrependimento pelo resto da vida.’ É difícil pros pais quando os filhos passam por algo difícil e não falam nada. Ela disse: ‘Prefiro ser incomodada o quanto for preciso do que me arrepender depois.’ E veja só — é exatamente assim que eu estou agora.”

Lembrei dos rostos de quem acreditou em mim.
A última imagem que veio à mente foi o sorriso de uma kouhai dizendo: “Se você estiver sofrendo, eu vou ficar ao seu lado.”

Quando percebi, estava segurando a maçaneta com força.

“Cheguei.”

Disse isso, e vi minha mãe sentada à mesa da loja, calculando as vendas.

“Onde está o mano?”

“Bem-vindo. Ele acabou de sair pra repor os temperos que faltavam.”

Ela largou os livros-contábeis e perguntou com um sorriso: “Quer beber alguma coisa?”

Aquele sorriso me trouxe um pouco de alívio. Respirei fundo, juntei coragem e falei:

“Mãe, me desculpa. Tem algo que eu preciso te contar.”

“O que foi? Aconteceu alguma coisa...?”

Ela me olhou surpresa — provavelmente por causa da minha expressão séria, algo que eu raramente mostrava.

“Mãe, na verdade, eu…”

Minha respiração ficou acelerada, e tive a sensação de que o tempo estava desacelerando.

Por algum motivo, as palavras não saíam direito. Minha voz tremia enquanto eu tentava dizer a verdade.

“Desde o fim das férias de verão, eu tenho…”

“Sim?”

Ela me olhou com preocupação — claramente tensa com meu jeito incomum.

“Mãe… me desculpa. Eu… estou sofrendo bullying na escola…”

 

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