Sessão 1

Capítulo 22 — Interrogatório

 

 Perspectiva do Takayanagi  

Como eu já tinha informações sólidas vindas do Aono, pedi que ele fosse para a enfermaria descansar. Disse que não deveria forçar-se a ir para a aula. Depois do que aconteceu, seria difícil para ele frequentar a classe normalmente logo de imediato.

Também pedi à professora Mitsui que o deixasse ficar um tempo na enfermaria. Mas, claro, isso acabaria atrapalhando seus estudos. Por isso, solicitei a outros professores — os que não tinham aulas no momento — que dessem a ele aulas de reforço em outra sala. Seria difícil fazer isso hoje, então o diretor e o vice-diretor fizeram alguns ajustes, e começaremos amanhã.

O diretor, que é professor de inglês, ficará responsável por essa parte.

O professor Iwai, coordenador dos alunos, também aceitou colaborar de boa vontade.

Quando eu disse: “Sensei, peço desculpas por permitir que a vítima, Aono, falte às aulas.”

Ele respondeu: “Não, foi uma consideração muito gentil, e eu realmente agradeço. Na verdade, fico muito grato por isso.” — e isso me deixou aliviado.

O problema que tenho com o Aono agora é que, quando mencionei que queria entrar em contato com os pais dele para informá-los sobre a situação, ele balançou a cabeça e disse: “Eu não quero fazer isso.”

Afinal, ele não quer preocupar a mãe, que o cria sozinha, nem o irmão mais velho, que trabalha duro para sustentar o negócio da família apesar da pouca idade.

De tudo o que conversamos hoje, esse foi o ponto em que ele demonstrou maior rejeição.

Dei um passo atrás e deixei o assunto em suspenso por enquanto, mas não posso simplesmente não avisar. Como professor a quem os pais confiam seus filhos, sinto que devo compartilhar essas informações o quanto antes.

Mas também há o risco de ferir ainda mais o espírito dele. Levando em conta os sentimentos de confiança que Aono tem por nós, entendo dolorosamente que ele não quer que a família saiba.

“No fim das contas, tanto faz qual decisão eu tomar — nenhuma delas é realmente errada.”

Sem perceber, foi a primeira vez que me senti fraco desde que comecei a lidar com esse caso.

Conversei com o diretor mais cedo, e ele disse: “É uma situação delicada. Do nosso ponto de vista, gostaríamos de avisar os pais imediatamente. Mas também entendo o sentimento do Aono-kun. Quando se trata de questões emocionais, nós, adultos, somos meio de fora. Venho de uma geração que aprendeu psicologia de um jeito ultrapassado, então posso acabar ferindo-o sem querer. Se isso acontecer, vou pedir ajuda à Mitsui-sensei, que é especialista. Também estamos providenciando um conselheiro para vir à escola em breve.”

Ele tem razão. Precisamos agir com cuidado. Invadir o espaço pessoal de um adolescente é algo muito delicado.

Vou respeitar a decisão dele — por enquanto. Espero que, ao dividir suas preocupações com a Mitsui-sensei, o Aono comece a se sentir um pouco mais confiante…

Enquanto isso, farei o que está ao meu alcance.

Primeiro, preciso interrogar Aida e Ueda, ambos do time de futebol da nossa turma. Depois, será a vez da Amada.

Considerando sua personalidade, é improvável que a Amada tenha intimidado o Aono diretamente. Nesse caso, o mais suspeito é alguém próximo ao Kondo. Por enquanto, ouvirei o que cada um tem a dizer e, se não encontrar nada, verificarei com um aluno que estudou na mesma escola secundária que o Kondo.

No entanto, segundo o que o presidente da classe disse ontem, quando chegou às 8h, já havia rabiscos na mesa do Aono. Com base nesse depoimento, provavelmente houve treino matinal naquele dia — o que fortalece a evidência de envolvimento.

 

****

 

Depois da conversa com Aida, o próximo foi o Ueda.

Pedi que os dois deixassem a sala e viessem até mim.

“Desculpe chamar você de repente, Ueda.”

Comecei a conversa com o garoto de cabelo castanho na sala de orientação.

“Por que o senhor me chamou, Sensei?”

“Ah, é que entre os alunos com quem eu queria conversar hoje, seu nome estava no topo da lista. Ontem também conversei com os meninos do clube de atividades. Só por precaução. Me desculpe, tenho trabalhos a fazer também.”

De certa forma, adotei meu tom habitual — meio descontraído — para deixá-lo menos tenso. Funcionou um pouco.

“Isso é sobre o Aono, não é? Eu não sou suspeito, sou?”

Fala demais. E rápido demais.

“Claro que não. Perguntei aos alunos que chegaram ontem de manhã, e disseram que os rabiscos já estavam na mesa do Aono quando entraram. Então preciso conversar com quem chega cedo — e você foi um deles, já que teve treino matinal.”

Procurei parecer o mais desmotivado possível, como se fosse apenas um procedimento.

“Ah, deve ser difícil ser professor, né? Mas eu não fui. Nós, do time de futebol, vamos direto pro vestiário, sem passar na sala.”

“Sério?”

“Sim. Por isso ficamos surpresos quando vimos a bagunça na mesa dele depois.”

“Então, você viu alguém da sua turma antes do treino?”

“Uh… não, ninguém. Só o Aida. Ele também é do time.”

“Entendo.”

“Takayanagi-sensei, se o senhor vai suspeitar da gente, pelo menos mostre uma prova!”

“Ah, é verdade. O Aida disse exatamente a mesma coisa. Entendo perfeitamente. Por enquanto, pode voltar pra sala, Ueda.”

“Sim, Sensei.”

Ele saiu da sala de orientação com um sorriso meio forçado.

Ao vê-lo ir embora, suspirei.

“Caramba… por que os dois dão o mesmo depoimento? Custava esconder um pouco?”

Eu sabia que esses dois eram suspeitos. Primeiro, confirmam que estão sob suspeita. Depois, dizem que foram direto pro vestiário por causa do treino. Em seguida, afirmam que não viram ninguém além um do outro. E, por fim, me desafiam a apresentar provas, caso eu duvide deles.

As respostas são idênticas, como se tivessem ensaiado um script. Isso é muito suspeito.

O que devo fazer agora? Por enquanto, vou observá-los de perto. Preciso descobrir quem é o verdadeiro mentor por trás deles.

Mas, claro… eu já sei quem é.

Só me falta mais uma coisa — provas.

 

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