Sessão 1
Capítulo 17 — Bondade
Como esperado, ainda somos o centro das atenções. E, à medida que nos aproximamos da escola, mais e mais alunos são atraídos por nós — essa dupla tão inusitada.
De um lado, Ai Ichijou, a garota mais bonita da escola, conhecida por seu talento e elegância.
Do outro, Eiji Aono, o pior aluno de todos — o garoto que teria sido violento com a própria namorada e amiga de infância.
As pessoas ao redor me olhavam em silêncio, mas eu estava tão impressionado com a presença da Ichijou ao meu lado que não consegui dizer nada. Se alguém falasse mal de mim ou tentasse me intimidar, até mesmo a idol da escola acabaria ouvindo. Acho que todos tinham medo de serem odiados por ela se fizessem algo assim.
Além disso, Ichijou-san parecia estar se divertindo. Ela mesma quis vir comigo para a escola, e seu rosto mostrava uma alegria tão genuína que qualquer um podia ver como ela estava feliz em conversar comigo.
Seu sorriso era o tipo que chamava a atenção de qualquer homem. Ninguém ousaria incomodá-la quando ela estava assim, irradiando felicidade.
“Ah, chegamos. Senpai, você vai voltar comigo pra casa hoje também, né?”
Essa devia ser a maneira dela de demonstrar bondade. Ela assumiu o papel de um tipo de amuleto — uma proteção para evitar que eu fosse intimidado. E ela fez questão de enfatizar a palavra “hoje também”. Eu percebi que ela queria que os outros entendessem que já tínhamos voltado juntos ontem.
“Isso não vai te incomodar?”
“O que é que você tá dizendo? Fui eu quem pediu pra isso acontecer!”
Ela até elevou a voz de propósito, para que vários alunos ao redor pudessem ouvir. Se ela foi tão direta, ninguém teria coragem de ir contra. Na verdade, muitos provavelmente invejavam aquela situação.
“Tudo bem, por favor então!”
“Hehe, então me paga umas ostras fritas! Tô brincando!”
Nós nos separamos na área dos armários de sapatos. Combinamos de nos encontrar ali novamente depois da aula.
A partir dali, seria uma batalha solitária.
Respirei fundo e segui até meu armário. Minhas expectativas eram as piores — poderia não haver sapatos, ou talvez estivessem cheios de lixo e bilhetes ofensivos.
Mas o meu armário estava limpo, como no dia anterior.
Sem nenhum sinal de vandalismo.
Quando olhei ao redor, vi o professor Iwai, o inspetor disciplinar, circulando pelo corredor de entrada.
Então é isso…
Aparentemente, ele estava de plantão desde cedo para impedir que alguém fizesse algo com as minhas coisas. Como esperado, ninguém teria coragem de aprontar na frente dele.
“Oh, Aono. Bom dia. O Imai te contou, certo?”
“Sim, professor, ele me contou.”
Ele sorriu satisfeito.
“Entendo, entendo. Então vá ver o Takayanagi-sensei na sala dos professores. Ele está preocupado com você desde ontem.”
Achei que seria repreendido por ter fugido da escola, mas não havia nenhum sinal disso em seu tom.
“Certo.”
Minha voz mal saía, mas o professor parecia satisfeito mesmo assim.
Desci as escadas rumo à sala dos professores. Para ser honesto, não queria ir. Nessas circunstâncias, com certeza seria o centro das atenções — e havia professores que ainda duvidavam de mim, talvez me tratando com frieza.
“Bom dia, Aono.”
Enquanto eu ainda hesitava, o professor Takayanagi, meu orientador, estava me esperando no corredor, em frente à sala dos professores.
“Bom dia. Eh, professor... por que está aqui fora?”
“Ah, sim. Na sua situação atual, imaginei que você não se sentiria confortável entrando sozinho na sala dos professores, então resolvi esperar aqui.”
Seu tom era calmo como sempre, mas eu realmente fiquei grato por essa consideração.
“Muito obrigado.”
“É o mínimo que posso fazer, não precisa agradecer. Antes de mais nada, quero te ouvir, mas não vamos conversar nem no corredor nem na sala dos professores. Vamos para a sala de reuniões ali.”
Hmm... não deveríamos usar a sala de aconselhamento para isso? — pensei por um instante, mas o professor pareceu adivinhar meu pensamento.
“Você preferiria a sala de aconselhamento? O problema é que aquele ambiente acaba colocando o professor numa posição superior. Desta vez, quero que Aono converse comigo de igual pra igual, então prefiro não usar aquele lugar.”
Balancei a cabeça imediatamente. Não queria aquele espaço sufocante.
“Certo.”
Com isso, entramos na sala de reuniões.
“Aono, sente-se ao meu lado. Assim a conversa fica mais leve do que se fosse frente a frente, não acha?”
O professor riu de leve, e eu percebi que ele tentava me deixar à vontade.
“Antes de te ouvir, preciso te dizer algo.”
O tom dele mudou de repente — ficou sério.
Minha tensão disparou.
“Aono, eu sinto muito de verdade. Ontem, eu não percebi que algo estava errado com você, e acabei te causando muita dor. Se ao menos eu tivesse conseguido criar um ambiente para conversarmos antes das férias de verão, talvez pudesse ter aliviado o seu sofrimento. Eu sou responsável pelo que aconteceu. Me desculpe, de verdade.”
O professor Takayanagi se curvou profundamente diante de mim.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios