Sessão 1
Capítulo 08 — Matando Aula e o Movimento do Professor Responsável
Nos aproximamos do portão principal, usando o telhado e o estacionamento de bicicletas para criar um ponto cego em relação às salas de aula.
Como esperado, todos estavam ocupados hoje, então ninguém prestou atenção em nós.
Eram apenas cerca de 100 metros do estacionamento até o portão principal. Tínhamos chegado até ali sem que ninguém nos notasse, então estávamos seguros. Mesmo que nos vissem, já seria tarde demais para nos perseguirem.
Felizmente, a forte chuva que caíra antes havia parado. Em vez disso, o sol brilhava intensamente.
Momento perfeito.
“Vamos.”
“Mas, senpai… o portão da frente está trancado, não está? Como vamos abrir?”
Ichijou-san parecia um pouco preocupada.
“Certo, então suba.”
“Eu estou de saia!”
Ela respondeu surpresa com a minha provocação, levantando o tom.
“Brincadeira. Eu sei disso. Tá vendo aquela portinha de metal perto do portão principal? Aquela que parece uma porta de cozinha. Dá pra abrir por dentro, mas quando fecha, trava automaticamente. Ou seja, não dá pra entrar de fora, mas é fácil sair por dentro.”
É um segredo que passa de geração em geração entre os alunos. Muita gente usa essa porta pra sair da escola, principalmente pra comprar comida ou bebida. Se você tiver conhecidos por aqui, eles podem abrir pra você sem problema. Os professores sabem disso — se pegarem, dão bronca, mas em certas situações eles fazem vista grossa.
“Como você sabe disso?”
Ela suspirou, com uma expressão desconfiada. Essa aluna exemplar ainda não estava acostumada com esse tipo de boato e “atalhos” da vida escolar.
“De vez em quando não faz mal, aluna exemplar. Vamos lá!”
Sem pensar, acabei pegando a mão dela. Ela soltou um “Ah” baixinho, mas apertou minha mão de volta. Fiquei eufórico com essa reação inesperada.
Será que é por hábito, por causa da Miyuki?
“Por que você tá vermelho? Vamos logo.”
Eu corei, mas ela também ficou um pouco corada.
“Tá tudo bem segurar a mão de um cara que você acabou de conhecer?”
“Eu estaria mentindo se dissesse que não tô envergonhada… Mas não é normal homens e mulheres darem as mãos em momentos assim? Tipo em dramas, filmes, séries estrangeiras, essas coisas.”
Ela realmente gosta de contos de fadas, hein? Dá pra misturar ficção e realidade assim?
“Tá bom, vamos.”
“Ah, a propósito… é a primeira vez que eu dou a mão pra um homem. Senpai, por favor, cuide bem de mim.”
Fiquei ainda mais envergonhado ao ver o rosto dela todo vermelho. Melhor não pensar demais nisso.
“Vamos!” Corremos ao som da minha voz.
“Ei, o que estão fazendo aí?!”
Provavelmente era a voz do professor de Educação Física, que estava na sala dos professores. Corremos sem olhar pra trás.
Corremos como se estivéssemos nos despedindo do passado.
— Perspectiva do Professor Responsável —
Senti um certo alívio ao ver Aono cabulando aula de longe.
“Você é mesmo imprudente, sabia?” murmurei, baixo o suficiente para que os alunos não ouvissem.
Eu havia pedido ao vice-diretor e à enfermeira Mitsui-sensei que procurassem Aono, e fiquei aliviado ao saber que ele estava bem. Pra ser sincero, suei frio só de pensar no pior cenário.
Meu nome é Takayanagi. Sou professoroa responsável pela turma 2-B. Dou aula de História Mundial. Já fazem dez anos desde que comecei a lecionar. E agora estou enfrentando o maior problema da minha carreira.
Na primeira aula da manhã do segundo semestre, como de costume, dei uma olhada pela sala e percebi que apenas Aono não estava presente. Ele podia estar faltando ou cabulando — o que não é incomum no final das férias de verão. Achei que fosse um desses casos, mas ao olhar de novo para o lugar dele, vi algo rabiscado na mesa.
Quando me aproximei, fingindo estar apenas conferindo a chamada, consegui ver claramente a palavra “Morra!” escrita ali. Entendi na hora a gravidade da situação.
Era bullying — ou algo muito parecido — e eu sabia que algum tipo de problema sério tinha acontecido.
“Alguém sabe de alguma coisa sobre o Aono?” perguntei.
Um aluno respondeu: “Ele não está se sentindo bem, foi pra enfermaria.”
Teria outra aula depois daquela. Droga, eu queria resolver isso o quanto antes.
“Certo, vou verificar, esperem um pouco.”
Quando olhei para Amada — que, pelo que sabia, estava namorando o Aono —, o rosto dela estava tenso e suando. Seria preocupação… ou outra coisa?
Logo depois, encontrei Mitsui-sensei, a enfermeira, no corredor em frente à enfermaria. Como suspeitava, Aono estava se comportando de forma estranha. Tentei perguntar o que havia acontecido, mas ela apenas respondeu:
“Ele não está se sentindo bem, deixe-o descansar.”
Disse também que cuidaria do assunto. Confiei em suas palavras e expliquei imediatamente a situação ao vice-diretor.
O vice-diretor ficou inquieto e sacudiu os cabelos grisalhos.
“Já é ruim o bastante o diretor não ter conseguido participar da reunião escolar. Organize uma reunião logo após as aulas para lidarmos com esse problema. Takayanagi-sensei, tente obter mais detalhes com os alunos. Hoje em dia, qualquer coisa se espalha na internet. Especialmente nas férias de verão, tudo pode acontecer.”
Ele parece frágil, mas é surpreendentemente firme nas decisões — o que ajuda muito.
Enfim, a conversa administrativa sobre a nomeação dos representantes de classe e outras comissões terminou. Era hora de tratar do assunto principal.
Falei com um tom mais pesado e sério do que antes:
“Vocês sabem a punição por destruir propriedade, certo?”
Minha longa batalha estava prestes a começar.
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