Reinos Arcanos: O Despertar da Magia Brasileira

Autor(a): Otávio Bento

Revisão: Guixxx11


Volume 1

Capítulo 5: O Enigma do Veneno

…15 de agosto de 2015…

Andando em direção a entrada da caverna, Zeldres perguntou.

— Como vamos entrar na caverna?

Yuta, com uma expressão de obviedade, aponta para a caverna com suas duas mãos abertas.

— Você ainda pergunta? — respondeu Yuta.

Zeldres, olhando para Yuta, respondeu com um tom sarcástico.

— Com certeza vamos passar nadando por essa água para entrar na caverna.

Havia um pequeno espaço para entrarem; porém, não era o suficiente, já que a chance de caírem no profundo lago amaldiçoado era grande.

Yuzumi, vendo a discussão dos dois, intervém.

— Posso usar minha habilidade psíquica para formar uma barreira em volta do nosso corpo, mas eu não sei se vou conseguir mantê-la até chegarmos a uma área segura.

— Vamos ter que tentar! — disse Yuta, confiante para salvar as pessoas.

Chegando a entrada da caverna, Yuzumi utiliza sua habilidade psíquica, formando uma barreira em volta do corpo de cada um; porém, ela não era resistente, já que seu togen estava sendo dividido para três pessoas.

Os três, então, começam a andar lentamente,  grudados na parede, para não caírem na água. Algumas gotas de águas respingaram sobre seus pés, mas não entraram em contato com suas peles. Depois de dois minutos de caminhada, eles conseguiram chegar a uma área com mais espaço, que se desviava do rio e dava a uma parte mais profunda da caverna.

— Esse lugar está repleto de teias. — disse Zeldres, analisando o local com seus olhos. — Deve ter grandes Aranhas por aqui.

— C-c-com certeza — respondeu Yuzumi, trêmula.

— Esse lugar está muito escuro. — disse Yuta, tentando enxergar a sua volta.

De repente, eles escutam um som vindo da entrada da caverna. Olhando para trás, veem uma enorme aranha vindo em suas direção. Sua aparência era monstruosa: totalmente preta, com alguns símbolos roxos pelo corpo, e sua altura era cerca de dois homens adultos, parecendo ainda maior para os três.

Os três, vendo a monstruosa aranha vindo em sua direção, começaram a correr pelas suas vidas. Porém, no meio do caminho, Yuzumi percebeu que havia um buraco à frente. Vendo isso, ela tenta parar, mas Zeldres acaba deslizando e a empurrando um pouco, deixando os dois na beira do buraco da caverna. Yuta, olhando para trás, acaba empurrando-os, e todos caem na caverna. As teias das cavernas amenizam a queda dos três, fazendo-os cair em um local com vários cristais roxos. Rapidamente, eles se levantaram.

“Esse lugar não tá me cheirando bem” pensou Zeldres, dizendo logo em seguida.

— Fiquem atentos! — disse Zeldres, se preparando para o combate. — A única opção será lutar! 

— Esse lugar está muito escuro. — disse Yuta, estendendo sua mão e utilizando de sua chama para iluminar ao redor. Assim que a área foi iluminada, várias aranhas se esconderam em suas tocas e atrás dos cristais, enquanto morcegos sobrevoavam-nos.

— Você já está sabendo usar o seu fogo bem, Yuta, — disse Zeldres, impressionado com a evolução de Yuta.

Início do Flashback

— 1… 2… — Sussurrou Yuta, tentando fazer flexão, porém falhando. O suor escorria de seu rosto.

Nas noites e manhãs passadas, Yuta havia treinado muito nos fundos de sua casa, suas habilidades físicas e de fogo, esforçando-se ao máximo para conseguir usá-las.

Fim do Flashback

De repente os sons de passos voltam, descendo pelo túnel da caverna.

— Fiquem atentos! — gritou Zeldres, segurando sua espada e se posicionando.

“Esse lugar não está com um cheiro bom.” Pensou Zeldres.

— Essa aranha deve ser o proble... — Assim que Zeldres terminava sua frase, uma grande teia de aranha é lançada dos céus.

De repente, Zeldres olha levemente para cima com seus olhos avermelhados, fazendo um corte rápido na teia.

“Esse cheiro é…. Enxofre?!” pensou Zeldres, enquanto se deslocava.

— Yuta, não utilize muito seu poder de fogo — gritou Zeldres — Acho que essa caverna é inflamável!

A grande aranha desce do túnel, gritando com sua grande boca áspera.

A Aranha avança em Yuta, o arremessando em um dos cristais.

Um leve sangue sai da boca de Yuta.

— Yuta! — gritou Yuzumi, vendo seu amigo em meio a pedras e cristais.

Yuzumi fez uma pistola com sua mão e disparou um grande tiro no rosto da aranha com sua bala psíquica, atravessando seu olho e sua cabeça.

A aranha, irritada com a ação de Yuzumi, tenta atacá-la. Mas Zeldres aproveita a distração da aranha e passa deslizando por baixo dela com sua espada erguida, cortando todo seu estômago.

A aranha pulou para trás, se afastando dos dois. Rapidamente, pequenas aranhas vieram em suas feridas e se fundiram com ela, a curando-a do corte e do tiro.

— Se não matamos ela de uma vez, ela vai se regenerar! — gritou Zeldres.

— Pode deixar comigo! — respondeu Yuta, saindo das pedras com um sorriso e arremessando uma bola de fogo em sua direção.

A enorme aranha pula para o teto, fazendo a bola de fogo pegar em um dos cristais. Curiosamente, o cristal começou a pegar fogo e, logo em seguida, explodiu, fazendo com que  alguns dos cacos atingissem a  aranha.

“Então era isso que estava cheirando mal” pensou Zeldres.

— Já sei, Yuta! — gritou Zeldres. — Os cristais são inflamáveis, podemos matar ela de uma vez só.

— Procurem um meio de sair daqui! — disse Yuta, sorrindo e com duas bolas de fogo em sua mão. — Pode deixar que eu seguro ela.

A aranha, novamente, pula do teto para o chão, indo em direção a Yuta. Com um leve sorriso, Yuta lança uma bola de fogo no rosto da aranha. Surpreendentemente, a aranha não buscou outras aranhas para se curar, mas avançou em Yuta, pulando em direção a ele, tentando o arremessá-lo contra parede.

Yuta, por pouco, consegue desviar do ataque e tenta acertar a aranha com uma lança; porém, acabou acertando um dos cristais do teto. Os pequenos fragmentos voaram por toda parte, mas um deles passou rente ao braço de Yuta, fazendo um leve corte.

— Temos que achar uma saída logo, o Yuta não vai aguentar muito tempo. — disse Yuzumi, preocupada.

Zeldres colocava seus ouvidos nas paredes, tentando achar alguma parede que estivesse oca.

Shiiii

Em uma das paredes, ele escuta um som de água corrente, que possivelmente levaria-os para fora.

— Yuzumi, preciso que você quebre essa parede. — disse Zeldres, se afastando da parede.

Yuzumi, então, faz um grande martelo psíquico e vai até a parede, socando-a com o martelo repetidas vezes.

— Porque não saímos pelo túnel principal? — perguntou Yuzumi, enquanto quebrava a parede.

— Se formos explodir essa área, os destroços vão pegar em nós, ou a aranha vai nos seguir. — respondeu Zeldres. — Essa é a melhor opção que temos no momento.

Yuta estava se esforçando ao máximo para manter seus amigos em segurança, porém seu Togen estava abaixando cada vez mais.

“Eu não sei quanto tempo vou aguentar”, pensou Yuta, disparando várias rajadas de fogo contra aranha. Mas, de repente, milhares de aranhas caíram do túnel principal, não apenas curando a aranha das queimaduras mas também aprimorando-a, tornando-a mais alta, mais forte e mais rápida.

— Yuta! Sai daí. — gritou Zeldres. — Conseguimos achar uma saída!

Yuta, perdendo que poderia escapar, esboça um leve sorriso. Ele concentrou suas forças para criar uma rajada de fogo que o impulsionou em direção à saída. No entanto, Com essa rajada, o fogo começa a se alastrar por todas as teias e cristais, provocando uma grande explosão que os lança no rio e destrói o buraco repleto de cristais, justamente com aranha

Caindo no Rio, Yuzumi consegue fazer uma bolha psíquica em volta da cabeça deles, impedindo-os de se afogarem. Depois de alguns minutos sendo levado por aquele rio, eles saem de um pequeno túnel da caverna que dava em uma floresta de árvores baixas. A Luz da lua brilhava fortemente, iluminando ao redor. O riacho estava tranquilo e leve, ajudando-os  a sair de lá.

— Como vamos achar a vila novamente? — perguntou Yuta.

— É simples. — respondeu Yuzumi, apontando para um local que estava iluminado.

O riacho pelo qual eles haviam descido levava à parte de trás da caverna; assim, eles andaram até a vila. Ao chegar lá, encontraram todos reunidos no centro, impressionados com a cura repentina que haviam experimentado . 

Saindo da escuridão, os três heróis encharcados de água e sujos chegam a vila.

Marcos, o líder da vila que eles haviam conversado antes, vai diretamente falar com eles, mas antes de qualquer palavra, ele dá um longo abraço nos três.

Yuzumi, preocupada em sujar a roupa do líder, disse.

— Nós estamos todos molhados e sujos, você vai acabar sujando sua roupa.

O homem então solta eles e se vira para todos da vila, com todos os encarando surpresos.

— Esses foram os heróis que salvaram a todos desta vila e a minha preciosa filha — gritou Marcos, logo em seguida se virando para eles e se ajoelhando no chão, como gesto de agradecimento. — Muito obrigado, pequenos heróis.

Todos da Vila, vendo o gesto do líder, replicam e gritam: Obrigado, pequenos heróis!

Yuzumi e Yuta ficam extremamente envergonhados, pedindo para se levantarem.

Zeldres não demonstra muita reação, porém, vê a nobreza e respeito do líder por se ajoelhar a eles.

— Muito Obrigado, mas não precisa se ajoelhar — disse Zeldres, se abaixando para falar com ele.

Todos se levantam do chão, mas uma pequena menina se destaca, saindo do meio das pessoas e vindo em direção aos três. Ela aparentava ter sete anos, era morena, de cabelo preto com duas xuxinhas e um belo vestidinho rosa.

— Muito… obrigada… — agradeceu timidamente a garota.

Yuta e Yuzumi estavam encantados com a fofura da garotinha.

— Temos que comemorar! — disse o líder, enquanto os aldeões preparavam um grande banquete.

— Tem alguma casa sobrando para podermos passar a noite aqui hoje? — perguntou Zeldres.

— Claro! — respondeu Marcus. — Podem deixar suas coisas naquela casa.

Os três concordam e vão para a casa. Ela era espaçosa e tinha três camas para cada um.

Depois de um longo tempo curtindo, bebendo sucos e lanchando, eles tomaram seus banhos e se prepararam para dormir em suas camas. O Hobbit preferiu dormir em sua carruagem.

— Hoje o dia foi grande — disse Yuta, bocejando logo em seguida. — Estou morto.

— Realmente — concordou Yuzumi.

Deitado em sua cama, Zeldres repara que a mão de Yuta estava um pouco queimada.

“Você evoluiu bastante, Yuta. Yuzumi também tem uma habilidade muito versátil e poderosa… Talvez eu tenha que me esforçar um pouco mais daqui pra frente.” pensou Zeldres, ajeitando-se na cama para dormir.

***

Toc toc toc

— Hora de acordar, pessoal! — disse Hobbit, abrindo a porta.

Raios de sol entravam pela porta de madeira aberta, o céu estava belo e claro.

Yuzumi desperta de seu longo sono. Seus cabelos estavam bagunçados e seu olhar cansado.

— Já está na hora? — perguntou Yuzumi, sonolenta.

Yuta, babando em seu travesseiro, nem sequer ouviu a porta abrir ou os raios de sol iluminando o quarto.

— O amigo de vocês já acordou — disse Hobbit.

Enquanto os dois se arrumavam, Zeldres observava o Rio atentamente. “Quem será aquele homem que o líder mencionou?” pensou Zeldres. De repente, ele viu um pequeno pedaço de um pano preto preso em um dos galhos que estavam no riacho.  Aproximando-se, pegou o pano e tentou analisá-lo  com seus olhos, porém algo estava diferente. O pano era macio e confortável, mesmo molhado pela água. Também havia Togen imbuído nele, mas não parecia ser de uma pessoa, já que se o usuário da roupa estivesse distante, ele não conseguiria manter seu Togen por tanto tempo.

Com tantas perguntas, Zeldres ficou segurando o pano e pensando profundamente, até que…

— Achou algo interessante, Zeldres? — perguntou Yuta.

Rapidamente, Zeldres se vira, prestes a retirar sua espada. Yuta se assusta e recua, enquanto Yuzumi fica confusa com a situação.

Percebendo que era seus amigos, Zeldres retira a mão de sua espada.

— Desculpem-me, pensei que fosse algo perigoso — disse Zeldres, se desculpando e mostrando o pedaço de pano que tinha encontrado. — Possivelmente esse pano é do homem que causou tudo isso.

— Será que ele tem haver com a nevasca que ocorreu aquele dia? — perguntou Yuta.

— Talvez… Não tem como tirarmos provas agora — respondeu Zeldres.

Hobbit chega e intervém, chamando-os para continuar a viagem. Os três concordam, pegam suas coisas e se despedem de todos da vila. No meio da estrada, eles se encontravam entediados.

— Hey, Hobbit! — chamou Yuta, abrindo a pequena janela que interligava a frente e a traseira da carruagem.

— Diga, garoto — respondeu Hobbit, calmamente, guiando seus cavalos.

— De onde você é? — perguntou Yuta.

— Eu sou do leste daqui, de um pequeno vilarejo chamado Reluzem. — respondeu Hobbit, dando um pequeno sorriso. — Atualmente, sou casado e, daqui a uns meses, serei um grande pai.

— O que!? — disse Yuta, muito surpreso.

Hobbit, vendo a reação de Yuta, riu de sua expressão. Desde então, os dois passaram a conversar pelo resto da viagem. Yuzumi ficou lendo um livro que ela havia trazido de casa, enquanto Zeldres ficou apenas observando a vista da viagem.

***

Reino de Lultra

Ao chegar ao grande Reino, a carruagem atravessou lentamente a pequena entrada. Os três encaravam brilhantemente todas as casas, pessoas e grandes construções.

Algumas pessoas também os encaravam, curiosos com a chegada de novas pessoas ao Reino.

— Esse lugar é gigantesco! — disse Yuta, animado.

A carruagem parou repentinamente.

— Chegamos! — gritou Hobbit.

Depois de descerem, o Hobbit explicou que não poderia levá-los além daquilo, já que o Reino não aceitava carruagens na parte central. Vendo que os três ficariam perdidos, ele entregou um mapa que havia em sua carroça, mostrando todo o Reino.

Os três agradecem e assim que Hobbit se distanciava deles, Yuta gritou.

— Muito Obrigado, Hobbit. Um dia vamos nos reencontrar!

Hobbit olha para trás e acena para os 3.

— Agora é só irmos para a casa da sua avó, Yuta — disse Yuzumi, animada.

— É simples! — respondeu Yuta. — É só eu ver o papel que minha Tia me deu, nele tem a localiza…

Yuta retirou do seu bolso um papel com letras manchadas, um pouco queimado e que aparentava que estava molhado e secou com o tempo.

— Yuta… a quanto tempo esse papel está no seu bolso? — perguntou Zeldres, com uma expressão séria.

Yuta ficou encarando o papel por alguns segundos e disse.

— Desde quando saí de casa.

— Você estava com o papel o tempo todo na caverna?! — perguntou Yuzumi.

— Talvez… — respondeu Yuta, envergonhado.

Yuzumi se aproximou de Yuta e deu um leve tapa em sua cabeça, com uma risada.

— Mas que bom que você se lembra onde era a casa da sua avó, né? — perguntou Yuzumi.

Yuta ficou em silêncio, pegou sua mochila e começou a andar em uma direção.

— Claro! — respondeu Yuta.

“Espero que eu acerte.” pensou Yuta, com um sorriso em seu rosto, enquanto um suor escorria.

Depois de horas andando, às 14h da tarde, os três pararam em uma loja para comprar algo para comer com o dinheiro que seus pais deram.

Enquanto os três comiam, começaram a conversar sobre onde iam ficar.

— Vamos ter que ir para a escola e ficar por lá — disse Zeldres. — O diretor havia dito para irmos para lá.

— Mas minha Tia já ligou para minha vó e avisou que vocês iriam ficar lá com a gente — respondeu Yuta.

— Mas se você não sabe onde fica a casa, não tem como conseguirmos dormir lá — disse Yuzumi.

Depois de comerem o lanche, os 3 saem do comércio e continuam a seguir por onde estavam.

— Mas e se a gen… 

Yuta de repente parou de falar e começou a encarar uma casa que parecia ser familiar para ele.

Um doce som de um longo assobio vinha de dentro dela, semelhante a uma música.

Yuta rapidamente vai correndo até a porta da casa, deixando seus amigos um pouco para trás. Assim que chegou, tocou a campainha da casa.

Depois de alguns minutos, uma senhora de cabelos azuis curtos, óculos e uma bela roupa que parecia ser feita à mão, atendeu o garoto.

Yuta se embrulhava em sentimentos, não sabendo o que dizer a ela.

— Você se lembra de mim, vovó? — perguntou Yuta, timidamente.

Depois de alguns segundos confusa e pensativa, ela respondeu.

— Quem é você? 



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