Reinos Arcanos: O Despertar da Magia Brasileira

Autor(a): Otávio Bento

Revisão: Guixxx11


Volume 1

Capítulo 4: A Viagem.

…13 de agosto de 1426…

Chegando em casa, Yuta toma seu banho e deita para descansar. No dia seguinte, ele iria conversar com sua Tia.

Levantando de manhã, por volta das 6:30, Yuta tomou seu café e chamou sua Tia para se sentar no sofá.

— Nós conseguimos ganhar ontem! — disse Yuta, empolgado.

— Que legal, Yuta! mas o'que você queria fal…

Trim trim

Bruna se levantou do sofá e andou até o telefone da casa.

“Será que é o diretor da escola ligando?” Pensou Yuta, curioso.

— Mas isso daria realmente certo? — disse Bruna, com uma expressão preocupada. — Vou pensar por um tempo; mais tarde, eu te ligo.

Bruna coloca o telefone na caixinha.

— Era isso que você queria dizer, não é? — perguntou Bruna, com uma voz calma.

— Sim, eu ia te falar agora!

— Yuta, eu acho melhor você não ir — disse Bruna, com voz um pouco entristecida.

Yuta ficou calado e em choque por alguns segundos.

— Mas… porque? — perguntou Yuta, um pouco decepcionado.

Bruna lentamente se senta no sofá ao lado dele e o abraça.

—  Eu prometi te proteger — respondeu Bruna — Se você estiver longe de mim, como vou saber se você está bem? E se acontecer alguma coisa e eu não estiver lá para te ajudar?

— É só você vir com a gente — disse Yuta.

— Eu não posso somente abandonar essa casa e ir embora — disse Bruna, dando um leve sorriso. 

Yuta, olhando para Bruna, com seus olhos cheios de lágrimas, disse:

— Eu prometo que vou me cuidar! — Yuta levantou-se do sofá. — E eu também vou para a casa da vovó; ela vai cuidar bem de mim.

Bruna, preocupada com Yuta, dá um leve suspiro.

— Olha, se for o caso, sua viagem é daqui a três dias — disse Bruna, com uma expressão cansada. — Eu vou pensar, e talvez eu deixe você ir.

Mesmo com lágrimas em seus olhos, Yuta dá um sorriso, junto de um longo abraço em Bruna.

Como a batalha de ontem foi cansativa, os dois trios haviam ganhado um dia de folga. Por conta disso, Yuta sai de sua casa e anda até um mercadinho mais próximo para comprar algumas coisas para o almoço. Entrando no mercado e indo na segunda prateleira, ele coincidentemente encontra Naoki.

— Eae, Yuta! — disse Naoki, enquanto colocava alguns legumes em sua cesta.

— Opa, Naoki! — respondeu Yuta, alegremente.

— Parabéns pela vitória de ontem — disse Naoki. Porém, assim que Yuta iniciava sua resposta, ele corta sua frase: — Quando vocês vão para o Reino de Lultra?

Yuta arregala seus olhos por alguns segundos e acaba deixando uma de suas maçãs cair.

— Como você sabia sobre a premiação? — perguntou Yuta, recolhendo a fruta do chão.

— O diretor tinha nos contando assim que completamos a missão — respondeu Naoki.

— Naoki, me desculpe por ter roubado a premiação de seu grupo — falou Yuta, baixo.

Naoki deu um pequeno riso, enquanto andava em direção a outras prateleiras.

— Você ganhou a batalha, então tem o direito de ganhar a premiação — disse Naoki, sorrindo e pegando algumas frutas. — Sem contar que um dia nós vamos para lá e vamos vencer da próxima vez!

Depois de alguns minutos de conversa, andando e recolhendo algumas coisas do mercado, eles pagam e se despedem. Yuta estava com sua mente limpa; mesmo não sendo um amigo próximo de Naoki, ele nunca havia feito nada de ruim para Yuta e até o ajudou ele algumas vezes.

Chegando em casa, Bruna preparou uma comida, enquanto Yuta estava em seu quarto. Subindo as escadas de sua casa, assim que Bruna ia entrar no quarto de Yuta para chamá-lo para o almoço, percebeu que o garoto estava tentando fazer uma flexão. Mesmo com muito esforço, ele falhou em seu objetivo. Percebendo isso, Bruna, para não deixar o garoto com vergonha, apenas o chamou, fingindo não ver a falha de Yuta.

Durante o almoço, Bruna ainda com um pouco de receio, falou à Yuta.

— Eu já liguei para o diretor — nesse momento, Yuta congelou com a colher em sua mão, esperando Bruna terminar sua frase — Vou te ajudar a arrumar sua mala depois.

Yuta parecia ter ganhado todo o mundo para si. Ele rapidamente se levantou de seu lugar e deu um longo abraço em Bruna. Sem perder tempo, correu para o seu quarto; porém, no meio do caminho, Bruna dá um longo grito.

— VEM TERMINAR DE COMER PRIMEIRO, YUTA!

Rapidamente o garoto volta para terminar seu almoço.

***

Ao anoitecer, Yuta havia feito e guardado sua mala. Por fim, ele dormiu ansioso para o próximo dia.

De manhã, ele acordou extremamente feliz. Assim que desceu as escadas correndo, escutou sua tia o chamando.

— LEMBRE-SE DE ARRUMAR SEU QUARTO, YUTA! — Gritou Bruna.

Yuta novamente volta para seu quarto, deixando-o impecável. Depois de arrumá-lo, ele desce as escadas de sua casa e vai direto pra cozinha. Chegando nela, ele toma seu café rapidamente, pega suas coisas e sai de sua casa.

No caminho, ele escuta uma voz o chamando.

— Yuta! — gritou Yuzumi, aproximando-se de Yuta. — Está ansioso para amanhã?

— Seus pais deixaram você ir tranquilamente, Yuzumi? — perguntou Yuta, curioso.

— No início eles não deixaram, porém eu consegui convencê-los. 

— Minha Tia também só deixou depois de eu insistir um pouco — disse Yuta, caminhando com Yuzumi. — Será que a família do Zeldres deixou ele ir?!

Yuzumi, olhando para Yuta, balança seus ombros pensativa. Os dois, um pouco preocupados, andam rapidamente em direção a escola. Assim que entraram, a aula se iniciou; porém, Zeldres não estava lá e nem sequer apareceu nesse dia. Novamente, eles ficaram preocupados com o que poderia ter acontecido com Zeldres.

— Talvez tenha acontecido alguma coisa — disse Yuzumi, pensativa sobre o assunto.

— O jeito é esperar, já que não temos como nos comunicarmos com ele — disse Yuta.

Ao finalizar a aula, eles voltam para casa. Yuta, depois de chegar e terminar seus afazeres, se deita em sua cama. “O que será que tem de novo nesse Reino? Será que lá é muito grande?” pensou Yuta, enquanto encarava o teto. Ele lentamente vira seu rosto, olhando diretamente para um pequeno quadro em cima de sua mesa, onde havia uma foto de seu pai e sua mãe. “Eu estou cada vez mais perto de seguir seus passos…” pensou ele, com uma expressão alegre em seu rosto, mas uma pequena lágrima escorria nele.

— A JANTA A PRONTA YUTA! — gritou sua Tia.

Yuta rapidamente limpa a lágrima de seu rosto e corre alegre até a cozinha para jantar. Depois da janta, ele agradece sua Tia e, assim que estava prestes a se retirar da cozinha…

— Yuta, venha aqui por favor — disse sua Tia, se levantando da cadeira e indo em direção ao seu quarto.

Yuta a seguiu, vendo-a tirar um pequeno livro de um armário de madeira. Os dois se sentam na cama, enquanto ela segurava o livro.

— Esse é um livro deixado pelo seu pai antes dele morrer — falou Bruna, com uma expressão desanimada, porém com um sorriso. — Ele sempre gostou de escrever esse livro, pois já tinha intenção de entregá-lo a você um dia; porém… ele não conseguiu fazer isso…

Yuta fica em silêncio por um tempo, sem saber o que dizer.

— Em sua viagem, quero que leia esse livro e tente entender cada detalhe, pois ele foi feito com muito carinho para você.

— Ok! — respondeu Yuta, mais ansioso para a sua viagem.

Assim que Yuta segura o livro, o cristal que havia no meio dele começou a brilhar intensamente. Por instinto, ele solta o livro em cima da cama e se afasta. O cristal, de repente, se solta do livro,  transformando-se em um belo colar avermelhado com alguns riscos brancos; nele havia um símbolo mágico.

“Ele nunca tinha me falado desse colar?!” Pensou Bruna, surpresa.

Por fim, depois de tudo isso, Yuta adormeceu em seu sofá, enquanto Bruna mexia em seus leves cabelos vermelhos. Depois de carregá-lo até seu quarto, ela guarda o livro e o colar em sua gaveta. Antes de fechar a porta do quarto do garoto, dando um leve sorriso, Bruna pensou: “Durma bem… Yuta.”

Poc poc poc

Dois grandes cavalos marrons puxavam uma carruagem de madeira escura, muito organizada e bela. Todos do vilarejo encaravam o guia da carruagem; ele era um pequeno homem, seus cabelos eram castanhos, conectando-se com sua grande barba laranjada.

“Onde era mesmo a casa desse garoto?” pensou o homem, enquanto olhava para os arredores. Yuta, avistando a carruagem, balança seus braços ao lado de sua Tia. O homem rapidamente percebeu e foi em direção a eles.

— Se comporte na casa de sua avó, Yuta! — disse Bruna, de repente puxando sua orelha. — Se você fizer qualquer coisa perigosa, eu vou saber!

— Ok! ok! — respondeu Yuta, tentando se soltar de Bruna.

— Vamos, garoto! O caminho será longo! — disse o humilde homem, sorrindo e abrindo a porta da carruagem.

Yuta, antes de entrar na carruagem, dá um longo abraço em Bruna. O abraço era tão forte que podia-se dizer que todos seus sentimentos estavam em um único abraço.

— Você demorou em Yuta — disse Zeldres, sorrindo com seus braços cruzados dentro da carruagem.

Yuzumi vendo Bruna, acena para ela.

— Pode deixar que eu vou cuidar do Yuta! — disse Yuzumi, dando uma risada de Yuta.

Bruna, olhando para Yuzumi, sorriu. A carruagem começou a andar em direção a grande floresta. Vendo a carruagem sumir no horizonte, Bruna só conseguiu pensar em uma coisa: “Não morra, Yuta.”

***

Durante o caminho, tudo estava calmo e tranquilo. Yuta normalmente ia se espreguiçar, quando, de repente, o seu colar acaba saindo de dentro de sua roupa. Naquele momento, os olhos de Zeldres se fixaram no colar; era como se algo chamasse sua atenção. Yuzumi, vendo isso, disse:

— Está tudo bem, Zeldres? 

Ele fica em silêncio por alguns segundos e balança sua cabeça concordando, logo em seguida desviando seu olhar dos rostos curiosos de Yuzumi e Yuta.

— Não é nada, apenas me distrai um pouco.

Yuta então começa a explicar sobre o colar e o livro que seu pai havia deixado para ele; então os três decidem ler o livro junto de Yuta. Assim que retirado da mochila, eles observaram a grossa capa, que aparentava ser pele de urso. Sua cor era um vermelho radiante, com várias marcas laranjas e um espaço vago no meio.

Abrindo a primeira página, eles iniciaram a leitura:

 Olá, Yuta. Se você estiver lendo isso, eu provavelmente estou morto. Me chamo Edward Futsume. Primeiramente, peço desculpas por não estar junto a você nesse momento; eu queria muito conseguir te ver crescer e se tornar um homem forte… mas imagino que isso não seja possível.

Yuta mantinha uma expressão séria, sem nem mesmo prestar atenção à sua volta.

Escrevi esse livro com todo meu amor por ti e garanto que ele vai te ajudar muito, já que eu vou te ensinar tudo que eu sei. Vamos começar com o básico.

Flap

Yuta muda para a próxima página.

 Se a Bruna estiver te entregado o livro na idade que imagino, você possivelmente já deve ter ouvido falar nos Ranks de monstros e humanos principais. Mas imagino que não tenham falado todos os Ranks, como: 

Humanos e Monstros:

-  C- 

-  C

B-

B

A

-  S

-  SSS+

- ??? (Desconhecido) 

— Isso é muito interessante, na escola só tinham nos falado até S — disse Zeldres.

De repente, a carruagem parou, e o livro que Yuta segurava caiu no chão. Yuta pegou um livro com um olhar preocupado, o abraçou e soltou um suspiro. Dentro da carruagem, tudo que se escutava era o belo som de uma água percorrendo um lago e o guia dando leves gritos com seus cavalos. Escutando isso, os três resolvem sair da carruagem, abrindo a porta e descendo dela.

Saindo da Carruagem, havia pequenas árvores em volta, uma ponte a frente da estrada e um pequeno vilarejo estranhamente silencioso ao lado.

— Vocês não vão querer ir mesmo, não é? — Sussurrou o guia, acariciando os cavalos.

— O que está acontecendo, guia? — perguntou Zeldres, olhando atentamente em volta.

— Me chame de Hobbit, garoto — respondeu o guia. — Os cavalos não querem atravessar a ponte de madeira.

Hobbit apontou para frente, mostrando uma ponte de troncos de madeira, amarrados por várias cordas, e um rio abaixo dela. Mas, com a velocidade e altura da água, gotas de água passavam entre os troncos.

— Mas eles nunca passaram por aqui? — perguntou Yuta, enquanto andava até a ponte, tentando descobrir o motivo.

Rapidamente um dos cavalos pulou e relinchou altamente, como se quisesse dizer algo para Yuta.

— Garoto, não fique perto dessa ponte! — gritou Hobbit, tentando acalmar os cavalos. — Eu passei por aqui semana passada, mas eles nunca fizeram isso.

“Deve ter alguma coisa de errado por aqui…” pensou Hobbit.

— Porque a gente não pergunta para esse vilarejo? — disse Yuzumi, indo normalmente em direção às casas.

Rapidamente, Yuta corre até ela, andando em direção às casas. Enquanto andavam, os dois dois observavam as pequenas casas fechadas. Podia-se escutar uma mosca voando no local, já que o local nem habitado parecia; mas, de repente, uma das portas da casa se abre levemente.

Yuzumi encarou com um pouco de medo, mas não perdeu sua postura por nada, assim fazendo uma espada psíquica para caso ela precisasse.

— Quem está aí? — perguntou Yuzumi.

Rapidamente, uma flecha é disparada na direção de Yuzumi e Yuta. O disparo foi extremamente rápido e preciso, como se já estivessem sendo mirados por um tempo; porém antes de aceitá-los, Zeldres arremessa sua espada, destruindo a frente da flecha.

“Que tempo de reação rápido foi esse?!” Pensou o atirador.

— Nós não viemos atacá-lo! — gritou Yuta, apontando para a carroça. — O cavalo não quer atravessar a ponte!

Vendo a fala do garoto, o homem resolve abaixar seu arco e, lentamente, sai daquela porta escura, revelando-se ser um homem idoso. Sua barba e seus cabelos eram grisalhos, junto com sua grande roupa vermelha.

— Desculpe-me por atacá-los de repente — desculpou-se o homem, enquanto apertava a mão de Yuzumi e Yuta. — Eu sou o Líder dessa vila, então tenho que proteger minha população. Me chamo Marcos.

Yuta olhou de canto de olho para todos os lados, com sua mão em seu queixo, pensando: “Que população?”

— Mas cadê as pessoas dessa vila? — perguntou Yuta, confuso.

— A três dias atrás, um homem misterioso apareceu em nossa vila. Ele vestia um manto preto, junto com uma máscara branca que cobria todo seu rosto; nela havia um pequeno símbolo de uma estrela em sua bochecha.

Zeldres se aproxima e recolhe sua espada do chão, escutando Marcos falar.

— Ele aparentava ser um homem gentil, porém, depois que contamos sobre o riacho, ele olhou nosso riacho sagrado e entrou pela entrada do riacho na caverna — disse Marcos, enquanto aprontava para a entrada na montanha — Desde então, a água, sempre que entra em contato com qualquer ser vivo, causa uma doença, mas nós não conseguimos achar uma cura.

De repente uma lágrima cai do rosto do homem.

— O que houve? — perguntou Yuzumi.

— Minha filha está em um estado crítico, graças a esse maldito homem — respondeu Marcos, enxugando suas lágrimas. — Se eu fosse especular, pelo estado atual dela, não passaria nem dessa noite.

Yuta vendo toda essa situação deprimente de Marcos, serra seu punho, dizendo alto e confiante para ele.

— EU VOU AO RIACHO E DESCOBRIR QUAL É O PROBLEMA — gritou Yuta, enquanto caminhava lentamente para a caverna. — Depois, eu vou achar esse cara e vou vencê-lo!

Zeldres deu um longo suspiro de preguiça, começou a andar até Yuta.

— Vamos logo, antes que o Yuta acabe se matando.

Yuzumi concorda e, rapidamente, alcança Yuta. Ele mantinha uma expressão séria, determinado a salvar a vila. Os três, então, caminham em direção a caverna que estava um pouco distante, determinados para ganhar do que vier, pois naquele momento, eles tinham uma missão.



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