Reinos Arcanos: O Despertar da Magia Brasileira

Autor(a): Otávio Bento

Revisão: Guixxx11


Volume 1

Capítulo 14: Os Novos Trajes!

…5 Setembro de 1426…

“Duas semanas… Duas longas semanas se passaram… Desde de entrei para corporação, tenho aprendido muitas coisas, coisas que os livros não me ensinaram… Ele não me incomoda faz um tempo, não é? Mas… o avermelhado de minha mente continua a aumentar lentamente. O que vai acontecer quando isso estiver completo? Eu não quero machucá-los… eu não quero ser um peso. Você deve estar com saudade de mim, não é Tia? Saudade de me acordar cedo e me ver atrasar todos os dias. Hi Hi. Eu… não sei em que momento eu concordei em estar aqui… Eu sei que é o necessário, mas por quê… eu?” pensou Yuta, encolhido e flutuando pela sua mente vazia.

“Monstro, eu sei que você está me escutando… dias e dias… Mas por que você é assim?” A mente de Yuta vibrou fortemente, intensificando a neblina vermelha por toda parte, mas assim que se aproximou de Yuta, diminuiu drasticamente.

“Entendi… você não consegue se aproximar, não é?” pensou Yuta, sentindo paz em seu interior. Um grito de ódio distorcido ecoou por toda a sua mente.

“É um disperdicio do meu tempo tentar me comunicar com você… Mas o que será que está havendo do lado de fora? Que horas será que são?” Yuta se lembrou dos dias passados na corporação e de todo treinamento árduo que teve com Hemetsu junto de seus amigos.

“Eu acho que prefiro ficar aqui mesmo… até que é confortavel.” pensou Yuta, tentando descansar.

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Corporação GAN - Corredor 3

Tap, Tap

No corredor, às 6 da manhã de uma quinta-Feira, todos os instrutores acordam seus alunos tranquilamente. Hemetsu, como o bom instrutor que é, abriu a porta lentamente para não acordá-los e caminhou com passos até perto de suas camas.

Plaf

A água fria que estava no balde que Hemetsu segurava, já havia se infiltrado por todas as camas, deixando Zeldres e Yuta ensopados. Com um pulo, ambos se levantaram da beliche desesperados. 

— TÁ NA HORA DE ACORDAR, CRIANÇADA! — gritou Hemetsu.

— JÁ É A TERCEIRA VEZ ESSA SEMANA, HEMETSU! — gritou Zeldres, extressado e andando de lado para outro.

— PORQUE ACORDAR A GENTE ASSIM?! — perguntou Yuta, abanando sua roupa.

— Porque eu to afim — respondeu Hemetsu, jogando novamente o restinho de água do balde em Yuta.

— Você molhou as camas todas, como a gente vai dormir agora?! — perguntou Zeldres, apontando para as camas ensopadas de água.

— Vocês deveriam saber, não sou eu que vai dormir ali — respondeu Hemetsu, apontando para as camas e rindo — Inclusive vocês tem até um ar condicionado no quarto, que eu fiz questão de deixar no Frio.

— Por isso esses dias estava tão frio! — disse Yuta, se lembrando das noites geladas que ele tremia de frio em sua cama.

— Porque fazer isso? Você nos odeia?

— Para vocês ganharem resistência! — respondeu Hemetsu, alegremente. — Vocês tem que entender uma coisa: eu vou garantir que vocês saiam da sua zona de conforto. Então, se não querem isso, a chance de vocês saírem é agora.

— Eu não vou desistir desse lugar nem que você crie um inferno de gelo nesse quarto! — gritou Yuta, apontando para o rosto de Hemetsu e tremendo de frio.

— Pela primeira vez eu concordo com você, Yuta — disse Zeldres secando seu rosto com sua toalha.

Escutando essas palavras, os olhos de Hemetsu brilhavam olhando para eles. Em seus anos de experiência como instrutor, ele nunca havia visto crianças que continuassem com ele por mais de uma semana.

— Esse é o espírito da brincadeira! — disse Hemetsu, levantando suas mãos para cima — Vocês são os primeiros alunos que não desistiram comigo, então acho justo que tambem se divirtam.

— E como vamos fazer isso? — perguntou Yuta.

— Eu já tenho um plano… — respondeu Hemetsu, olhando para o balde com um grande sorriso em seu rosto.

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Corredor 2- Quarto da Yuzumi

— Fico feliz que você tenha vindo me fazer companhia, Helena.

— Disponha, Yuzumi! Não acho justo que só você fique sozinha.

— Será que eles já acordaram? — perguntou Yuzumi, relembrando de Yuta roncando e babando em seu travesseiro na casa de sua avó.

Toc Toc Toc

Inesperadamente batidas foram executadas vindo da porta. Helena calmamente se levantou da cama onde estava, e quando abriu a porta…

Plaf!

O mesmo balde de água fria havia sido jogado em Zeldres e Yuta agora estava completamente vazio, pois toda a sua água estava em Helena, que olhava furiosamente para Hemetsu segurando o balde.

— BOM DIAAA! — gritou Hemetsu, com um enorme soriso em seu rosto, mas assim que ele olhou para porta, tudo que ele via era a expressão mortifera de Helena se aproximando dele.

— Você…

— HELENA?! EU NÃO SABIA QUE VOCÊ ESTAVA COM A YUZUMI, PORQUE NÃO ME AVISOU? — perguntou Hemetsu, dandos passos lentos para trás, enquanto Helena se aproximava.

— Hemetsu…

— CALMA, HELENA! EU POSSO EXPLICAR, ELES QUE ME DERAM ESSA IDEIA! — disse Hemetsu, apontando para o “Nada” ao seu lado.

Assim que Yuta e Zeldres haviam visto Helena, eles correram rapidamente para longe e se esconderam na curva do corredor, onde Hemetsu ainda conseguia ouvir suas risadas.

“Vocês me pagam!” pensou Hemetsu, sem jeito.

— EU VOU MATAR VOCÊ HEMETSU! — gritou Helena, correndo infuriecidamente atrás de Hemetsu, que corria por sua vida.

Vendo Hemetsu correr para longe, Yuta disse:

— Agora estamos quites com ele.

— Realmente.

Mas inesperadamente, eles sentiram uma presença extremamente raivosa próxima deles. 

— Não vão me dizer que era pra ser eu no lugar da Helena, não é gente? — perguntou Yuzumi, com um sorriso e uma expressão de ódio.

— C-Claro que não Yuzumi.

— A gente só tava brincando, Yuzumi — disse Zeldres, gesticulando com sua mão.

Depois de alguns longos minutos, Hemetsu, Yuta e Zeldres estavam sentados no chão no quarto de Yuzumi, com galos em suas cabeças.

— Vocês não sabem nem brincar! — exclamou Hemetsu, passando a mão em sua cabeça com uma cara acabada.

Bzzz

O telefone de Hemetsu inesperadamente começou a tocar, ele então colocou a mão em seu bolso e se afastou um pouco do grupo.

— interessante… Pode deixar comigo! — disse Hemetsu, guardando seu telefone e se direcionando novamente aos três. — Me encontrem depois da aula na praça de alimentação; tenho uma missão pra vocês.

Animados, eles concordaram e se arrumaram para a escola. Durante o caminho, várias outras crianças os encaravam com olhares de surpresa, curiosidade e até mesmo medo. Depois do festival, várias notícias em jornais e cartazes sobre o grande incidente foram espalhadas pelo Reino de Lultra e por algumas regiões próximas; todos da corporação já estavam cientes de quem era Yuta, e, talvez, de quão perigoso ele poderia ser.

Por um lado positivo, Yuta não se importava do que as pessoas achavam dele, por mais que elas demonstrassem isso quando o viam. Assim como nas últimas semanas, eles chegaram um pouco mais cedo na escola e se sentaram em um canto próximo do portão.

— O que será que o Hemetsu está tramando para nós? — perguntou Zeldres, pensativo.

— Eu nem imagino e nem quero imaginar! Só de vir do Hemetsu já não espero coisa boa — disse Yuta, relembrando as últimas semanas que ele esteve na corporação.

— Talvez não seja tão ruim assim, né gente? — respondeu Yuzumi, pensando se teria algum lado positivo.

Yuta se deitou na grade e olhou para o céu.

— Temos que pensar pelo lado positivo! Pelo menos não deixa de ser uma missão! Nós vamos concluir a qualquer custo — disse Yuta, se levantando animado.

De repente, um garoto estranho se aproximou deles e os comprimentou. Ele surpreendentemente estava com seus olhos fechados, mas parecia enchegar sem dificuldades.

— Estava observando vocês há alguns dias, já que são tão falados, não tem como ficar curisoso, certo? — disse o garoto, abaixando sua mão. — Me chamo Suhlen. Fico feliz em poder conhecê-los.

— Opa! — disse Yuta, amigavelmente — Não sabia que a gente é tão famoso assim!

— Não tem como não ser famoso com as suas notícias — respondeu Suhlen, ao mesmo tempo que o sorriso de Yuta desaparecia de seu rosto, mas ele não se deixando levar pelo que Suhlen havia dito. — Claro, não querendo ser mal-educado, considero você uma pessoa habilidosa para seu nível.

— Fale logo o que você quer — disse Zeldres, olhando seriamente para Suhlen.

— Apenas queria conversar, mas vejo que vocês não estão em um bom dia. Espero que possamos conversar outra hora — disse Sulen, direcionando-se à escola e se afastando deles lentamente.

— Espe…

Assim que o garoto estalou seus dedos, a sirene da escola disparou. Vários alunos imediatamente passaram pelo portão, fazendo Yuta perder o garoto de vista.

— Quem era esse cara? — perguntou Yuzumi, ao lado de Yuta. — Eu não me lembro de ter visto ele nessa escola desde de quando chegamos aqui.

— Agora não importa, teremos que ir pra aula de qualquer jeito — respondeu Zeldres, se levantando e andando em direção ao portão da escola.

Aulas e aulas passavam, e em todas elas, Yuta encarava o relógio entediado. “Porque isso demora tanto a acabar?” pensou Yuta.

— Porque você não acaba com isso? — disse uma voz.

Ele rapidamente olhou para todos os lados, desesperado, procurando novamente de onde vinha a voz. A seu redor, alguns alunos o encaravam, tentando entender o que poderia estar acontecendo. Envergonhado, Yuta apenas se deitou novamente em sua cadeira. “Você não me deixa em paz mesmo” pensou.

✪✯✯✯✪

Depois da aula, assim como o combinado, eles se deslocaram até a praça de alimentação, procurando por Hemetsu, que estava em uma das lanchonetes.

— Olha! Vocês chegaram! — gritou Hemetsu, saborando uma bela fatia de pizza de frango com um queijo derretidissimo.

Os olhos de Yuta se encantaram e seu estômago quase gritando pelo pedaço. Zeldres e Yuzumi não podiam negar, a pizza estava linda, mas eles tentaram não olhar muito para ela.

— Pode se sentar, crianças — disse Hemetsu, bebendo seu refrigerante. — Temos assuntos importantes a serem tratados.

Deixando sua mochila no chão, eles se sentaram nas cadeiras, esperando que Hemetsu falasse.

Assim que Yuta tentou pegar uma fatia, Hemetsu deu um tapa na mão de Yuta, fazendo-o recuar.

— Primeiro os assuntos, depois o lanche — disse Hemetsu, ainda comendo a fatia de pizza.

— Mas você não está comendo?! — exclamou Yuzumi, indignada.

— Claro, mas eu estava comendo desde antes vocês chegarem, então essa fatia não faz parte do acordo — disse Hemetsu, sorrindo com um ar de genialidade. — Mas vamos focar no assunto. Dessa última semana para cá, o Shin pediu que eu encomendasse uma roupa especial para vocês, e assim eu fiz.

— Vamos ganhar roupas iradas?! — perguntou Yuta, contente.

— Exatamente!

— Se não fosse pelo Shin, não teríamos essas roupas né? — disse Zeldres, olhando para Hemetsu

— Se fosse por mim vocês iriam domir nessa rua, mas como não é, vocês vão ganhar as roupas — repsondeu Hemetsu, olhando para seu relógio. —  Inclusive já éramos para estar lá.

— OQUE?! — gritaram os três, não acreditando em Hemetsu.

— Peguem seus pedaços de pizza e vamos! — disse Hemetsu, segurando a caixa da pizza.

Esfomeadamente, eles pegam seu pedaço de pizza e o devoram rapidamente. Surpreso, Hemetsu pegou o último pedaço e jogou a caixa no lixo mais próximo. Dessa forma, eles seguem em direção à lateral do prédio principal, passando por um longo beco e chegando em outra parte da corporação.

Virando a esquerda e seguindo mais um pouco a rua, eles se depararam com uma placa de uma loja: Vovó Costuras.

“Não é possível… O Shin não faria isso com a gente” pensou Zeldres, duvidando do que poderia acontecer.

Trim

Quando a porta se abriu, um sino que ficava acima dela tocou. Uma senhorinha que estava humildemente no balcão rapidamente aproximou-se da porta e os comprimentou, mas quando ela olhou para Hemetsu, seus olhos se encantaram.

— Você por aqui meu queridinho! Quanto tempo! — disse a senhorinha, puxando a bochecha de Hemetsu.

— Sim, Dona Cleusa — disse Hemetsu, um pouco constrangido, enquanto nitidamente o trio segurava sua risada.

Vendo os três, a senhora também se aproximou deles, puxando a bochecha de cada um. Depois de muitos elogios, ela foi ao balcão novamente para atendê-los.

— Eu vim buscar os trajes que o Sr.Shin encomendou.

— Claro! Me sigam por favor — disse a senhora, indo para os fundos da loja e descendo as escadas.

Quando chegaram lá, eles se depararam com uma bela jovem que estava costurando outras roupas. Ao vê-los, ela suavemente parou a máquina e se levantou.

— Olá a todos vocês — disse a moça, nobremente inclinando a parte superior de seu corpo para frente e retornando. — Me chamo Marina, a segunda costureira daqui.

— Segunda? — perguntou Yuzumi.

— Sim. Eu e minha mãe costuramos aqui há muitos anos — disse Marina, colocando um dedo em sua bochecha e pensando. — Aliás, imagino que vocês tenham vindo buscar o traje que o Sr.Shin me pediu.

Yuta confirmou balançando sua cabeça. A moça então os direcionou ao guarda roupa próximo dela, que dentro dele, havia um traje extremamente lindo e bem costurado.

— Esse é o traje de combate avançado que fiz como o Shin me pediu. Nele, temos a camada externa, que é composta por minúsculas fibras de liga de titânio reforçada, para que suporte impactos, cortes e perfurações a longo curto prazo. Na camada interna, eu optei por um tecido que fosse ajudar distribuindo a força do impacto para minimizar os danos durante as batalhas. Como é feito de um material resistente, imagino que, além de não rasgar com facilidade, ele também suporte baixa e altas temperaturas com uma leveza prática.

— Isso é demais! — falou Yuta, extremamente impressionado. — Mas posso te fazer uma pergunta.

— Claro! Sintam-se a vontade para fazer perguntas

— Onde estão os outros trajes? É que somos 3

— TRÊS?! — falou a moça, em um tom elevado. — Não lembro do Shin me falando que seriam 3?! Será que eu não prestei atenção…

Se perguntou a moça, tentando se lembrar.

— Qualquer coisa posso trazer eles semana que vem — disse Hemetsu, se virando para ir embora.

— NÂO! — disse Marina, assustando a todos. — Eu posso montar um traje agora!

Desesperada, ela juntou alguns conjuntos de roupas que estavam em seus armários, cômodas e no guarda-roupa, formando novos trajes para os três. Os trajes eram um par de luvas, com alguns conjuntos detalhados de roupas. Todas as roupas eram pretas, porém, com detalhes específicos para cada um deles: o de Yuzumi que continha detalhes rosa e roxo; o de Zeldres, cores mais neutras como azul escuro e cinza; e o de Yuta, com laranja e vermelho.

— Esses trajes nem se comparam ao traje principal, mas têm funções semelhantes. Eles ajudarão vocês com a mobilidade, temperaturas e tem uma fibra de aminesio, capaz de resistir a fortes impactos.

— Aminesio? Um cristal verde encontrado em cavernas ao norte? — perguntou Hemetsu

— Esse mesmo! Essas roupas servirão até que eu consiga produzir novos trajes para vocês.

No banheiro do local, eles trocaram seus trajes um de cada vez, agora prontos para a sua real missão.

— Ficaram lindos! — disse a senhora, encantada com as roupas.

Prestes a sair da loja, eles se despedem das moças.

— Peço desculpa pelo problema! Irei ficar mais atenta da proxima vez — disse a moça, juntando suas mão e se curvando novamente para eles, como um ato de desculpa.

— Tambem tenho que me desculpar pelo ocorrido — disse a senhora, fazendo o mesmo gesto de perdão.

— Não precisam se curvar! — disse Yuta, constrangido.

— Não precisa de tudo isso — disse Zeldres.

— Independente de qualquer coisa, também estamos muito agradecidos!

Alegres, elas se despedem dos quatro, que partem rumo a seus quartos para recolherem o que Hemetsu havia deixado para eles. Chegando aos quartos, eles pegam as mochilas já organizadas e partem em direção à praça de alimentação novamente, onde Hemetsu havia pedido.



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