Reino da Verdade Brasileira

Autor(a): Lucas Baldi


Volume 4

Capítulo 79.5: Aeliana Higasa

Eu consegui sobreviver.

Um grupo composto pelos melhores auroras, cujo intuito era ser a prova de emboscadas avançadas no terreno dele. Aquela coisa… Ele era mais inteligente do que todos nós, todos os passos do nosso conflito ele pôde prever.

Ele era… diferente, triste.

Não fomos capazes de tocá-lo, a sorte não nos permitiu tocá-lo. O que teria acontecido se tivéssemos ultrapassado aquela barreira viva? Oh, como eu queria saber…

Os portões se abriram, finalmente. Os dois arqueiros no muro eram tão cautelosos, suas feições afiadas e atentas a cada passo meu. Minhas pernas doíam tanto…

— Venham, meus cavalos — sussurrei.

Os três soldados apontaram suas lanças para mim antes de eu entrar, uma densa magia carregada na ponta de cada uma delas. Prontas para dilacerar qualquer humano sem armadura. 

Uma defesa adequada para este lugar, mas não seria suficiente.

Tolos.

Não os culpei, eu estava deplorável como mulher. Andei a passos curtos e calmos, sentindo a tensão crescer entre eles a cada segundo. Meus cavalos vinham logo atrás com a carroça quebrada com palha.

Ergui levemente meu olhar, árduo, e os três se assustaram e deram um passo rápido para trás. Eles rangeram os dentes e se preparam para gritar comigo, mas os interrompi com meu fraco tom:

— Verifiquem o que o rei de vocês deve receber — Levei meus olhos pesados para cada um deles, e, com cada um arregalando os olhos, finalmente perceberam.

— Aeliana Higasa! — gritou o primeiro com sua mão para cima, consegui sentir as auras dos arqueiros do muro se acalmando. — Venha, por favor!

O primeiro soldado começou a andar na direção do castelo horrendo enquanto os outros dois verificavam as pressas o amontoado de palha que meus cavalos carregavam.

Um arqueiro do muro pulou e fechou o portão, e eu finalmente comecei a relaxar em sentir as auras. O soldado que me escoltava começou a recitar a regra insuportável de “Deverá ir diretamente ao rei 2…”. 

Eu só fechei os olhos, exausta. Eu passaria o dia inteiro em um banho quente deixando minha mente relaxar, evitaria toda tarefa física que me pedissem e-

Duas auras me observavam de longe. 

Eu conhecia essas duas. Me permiti gastar mais mana para senti-las com mais precisão enquanto andava pela cidade, enquanto ignorava os poucos cidadãos zombarem de meus estado podre e deplorável para uma lady. 

Tantos murmúrios sobre algo ter dado errado com a expedição. E realmente deu. O pior aconteceu enquanto lutávamos por aquela pequena peça que diziam ter o poder de entender o mundo.

Mas ninguém confrontaria aquele que a segurava.

Foquei novamente na aura do homem que se assemelhava a um dragão com um imenso potencial de fogo e na garota cuja aura era semelhante — se não idêntica — a minha. 

Deixei escapar uma risada mansa.

O que vocês estão fazendo aqui? 

Oh… Eu queria que me visse em melhores condições, Ellie. E pai… a situação estava para piorar.

Ao grau que nem o reino um conseguiu prever.

Chegamos na entrada do castelo, e os portões esburacados sinceramente não serviam nem para a mais fraca das defesas. Nos cantos, havia dois grandes homens com armaduras de metal — com partes enferrujadas e rachadas — e espadas largas nas costas.

O Rei Reig esperava impaciente no topo das escadas da entrada, rodeados de tochas apagadas e ratos que consumiam pombos e baratas mortos no chão. 

Que lugar nojento, eles eram contra estética? Dormir na floresta seria mais confortável que passar uma noite aqui. Cheiro horrível!

Ao lado dele, surgiu seu enorme guerreiro nível Caos, com seus olhos fixos em mim através das únicas brechas presentes em sua armadura de ferro roxo, que possuía uma camada de mana mais grossa do que alguns de meus feitiços básicos.

— Saiam daqui, porra! — resmungou o rei para os guardas enquanto descia as escadas.

Os servos se curvaram com pressa e correram para fora, deixando-me na brecha do portão aberto. Um deles escorregou no sangue que ainda escorria de minhas pernas e de minhas costas. 

Ah, a ardência era isso. Não tive tempo de olhar como essas feridas estavam. 

Tentei me curvar, e minhas pernas tremeram tanto pela dor que meu joelho foi ao chão, espalhando mais um pouquinho de sangue. Minha visão escureceu por quase um segundo inteiro devido ao corte fundo na testa, mas permaneci na postura de um servo leal.

— Cadê!? Cadê!? — Ouvi ele empurra os soldados e enfiar a mão na palha. — Uma moeda? — Ele parecia indignado. — A porra do artefato é uma moeda!? —  Ele andou até a minha frente e colocou a moeda rente ao meu rosto, e meu olhar permanecia desfocado no chão. — Do que serviu ceder vocês para a expedição se a conquista era só isso? Que droga.

Ele voltou para as escadas, e seu guerreiro mais fiel ainda me encarava vividamente. Desengonçado para o segundo rei de Elderer, um homem muito pouco atraente devido seu caráter. Uma pena para as mulheres deste lugar.

Ao menos a aura dele era poderosa.

— Fique de pé — disse ele, do alto das escadas.

 Tentei me erguer, mas sangue escorreu dos meus joelhos e panturrilhas e meu rosto encontrou com força o chão, aumentando a ferida em minha testa. 

Apoiei as mãos no chão, espalhando o resto da mana pelo corpo desta vez, e me ajoelhei, conseguindo, enfim, ficar de pé.

— Fique ao menos de pé quando eu mandar, garota Higasa — Ele me encarava com desgosto. 

— Perdoe-me, majestade.

— Mande analisarem isso agora — disse ele para o nível Caos, jogando a moeda em seguida. — E você — Reig não se virou para mim. — Esteja pronta para a reunião que ocorrerá mais tarde, quero saber de todos os detalhes da expedição nela.

— Majestade, temo que a informação que carrego deva ser informada o quanto antes.

— A noite! — Gritou dele. — Senão terei de explicar para todos de novo.

— Como desejar, majestade.

Que o destino esteja a nosso favor para que ele não chegue até aqui, rei Reig, pois acredito que nem seu guerreiro Caos possa salvá-lo do que está por vir.



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