Reino da Verdade Brasileira

Autor(a): Lucas Baldi


Volume 3

Capítulo 46: Perante muitos

A pressão dele fez meu corpo dar um passo para trás, meu sorriso havia se formado e um cerrar de dentes e um aperto de mandíbula. Segurei com força o pomo da minha arma, meus olhos se recusavam a virar para qualquer outra direção. Ele era muito grande, seu corpo possuía diversas cicatrizes, e sua pele se assemelhava a um branco acinzentado. Seus olhos eram completamente verdes e brilhantes e parecia que havia algum tipo de poder dentro deles. Seu cabelo preto caía sobre seus ombros, e aqueles dentes afiados me deram calafrios. Ele segurava uma imensa espada curvada, que ardia em chamas esverdeadas incessantes. A quantidade de poder que saía dela era superior a qualquer coisa que eu já vira. Uma mana densa e controlada, pronta para fluir pelo corpo com uma velocidade incrível. O Olhar da Aura me permitia analisar esse poder, e eu comparei com a pedra. E, de fato, eram iguais.

 

Mas como ele teria a encontrado?

 

Dois espantalhos saíram do chão em sua frente. Mas carregavam mais de dez vezes mais poder que todos os outros juntos, tendo uma espécie de feitiço em seus corpos. A mana verde do ser grande era mais refinada que a da pedra, mais eficiente e extremamente maior. Que a primeira camada, ao menos.

 

— Eu preciso daquela energia, Lumi — disse Spectro, seus olhos pareciam vívidos como os de uma criatura faminta. 

 

Antes que eu pudesse responder, no entanto, o ser, com sua voz grossa, falou:

 

— Eu tenho algumas perguntas para fazer e tenho certeza que você tem as respostas — Ele olhou para a palma da mão e logo cerrou o punho. — Mas, pelo que ouvi falar de você, sei que resistirá. Ou tentará. É curioso que, por mais que pouco — Ele pausou e deixou o ar escapar. —, você tenha chamado a atenção dele.

 

— Quem… é você? — falei, dei meu melhor para esconder minhas emoções.

 

— Eu sou Emeru — Ele ergueu a espada acima da cabeça após dizer com um tom melancólico. — Permita-me fazer as honras.

 

Em alguns instantes, toda energia presente em Emeru — e na própria espada — correu para a ponta flamejante, e um flash de lembrança do ataque ao acampamento fez meu coração acelerar. Eu conhecia essa porra. O mundo virou um borrão quando me virei para os outros, e uma dor irritante surgiu em meu pescoço. Todos olharam para mim como se esperassem respostas, e antes que eu pudesse aproveitar o único segundo para falar, Sairon já havia entendido e começou a criar suas correntes. Porém nenhuma chegou a sair do chão, pois um som agudo apareceu e foi mais veloz do que meu segundo passo na direção deles. 

 

— Cuidad-

 

O corte mágico veio em uma rajada muito maior do que a outra vez. O ar logo se tornou quente e agitado, enquanto um clarão de chamas verde iluminava todo o lugar. Certamente me faltaria velocidade para tirar todos aqui, e eu muito menos teria poder suficiente para tal. Mas, por sorte, Gina estava próxima a mim. Liberei energia pelo corpo e rezei para que o bracelete funcionasse. Enquanto me aproximava dela, vi Faime ser derrubado pela rajada de ar quente que antecedera as chamas. Uma dor latente irradiava em meu peito, e um gosto amargo tomou conta da minha boca. Por favor, salvem ele. Cecília disparou contra o corte mágico, seus olhos sedentos por uma batalha. Ondas de terra se ergueram com o seu correr, mas a pressão do ataque destruiu parte de sua armadura, arremessando-a para a parede da casa. Ela era-

 

Os pilotos estavam na casa. 

 

Sairon tentou usar sua aura vermelha para se proteger e Breaky, sua grande espada. Rhiannon iniciou a criação de um escudo dourado para ela e Trea, e a rajada de poder havia finalmente nos alcançado. Tudo pode ter levado um pouco mais que dois segundos, mas de alguma maneira o tempo passou devagar para mim.

 

Eu podia ver tudo,cada maldita pedra virando pó podia ser vista por mim. Ser lento só me deixou puto.

 

Tomei a frente de Gina e ergui o braço. O escudo mágico apareceu e meus pés deslizaram com o baque. As chamas, ao tentar contornar o escudo, formaram um corredor de fogo, onde só havia eu e Gina. Ela apoiou as mãos em minha costas e passei a deslizar menos, porém meu abdômen ardia sem trégua, minhas pernas começaram a tremer e o meu braço dianteiro cedia aos poucos. Outro flash de lembrança. Grannus chutou meu braço com o escudo de madeira, quebrando eu e o meu equipamento. Eu fiquei mais forte que isso, eu precisava me esforçar mais. A pressão do ataque nos arrastava mais e mais, Gina grunhiu enquanto usava magia para me empurrar. Com um grito gutural, utilizei meu braço esquerdo para empurrar o escudo mágico, colocando até mesmo mana no processo.

 

Mas eu falhei, e o escudo foi desfeito. Eu e Gina fomos pegos no ataque. Eu só pude sentir meu corpo ir para bem longe do chão no meio dessas chamas, até colidir com algo rochoso.

 

E meu mundo escureceu.



Um zumbido irritante era tudo que eu ouvira quando lentamente abri os olhos. Eu cuspi um bocado de terra e senti meu corpo inteiro queimar. Tentei sair da posição de bruços, mas a dor de cabeça me manteve no lugar. Chamas verdes queimavam até onde minha visão desfocada me permitia ver, e uma fumaça escura tomava conta de todo o resto. O estalar do fogo aumentava conforme o zumbido abaixava, até que eu consegui apoiar os braços e tirar a cabeça do chão. Parte da minha roupa fora queimada, e eu recebi diversas queimaduras e hematomas leves, mas estava bem.

 

— Você quase morreu! — gritou Spectro. — Usa o Olhar, ele pode atacar a qualquer hora.

 

— Eu sei que quase morri — exclamei. — e não consigo usar o Olhar agora!

 

Gina estava caída ao meu lado, e um corte grande se destacava em seu cabelo loiro. Droga. Tentei me aproximar, mas a forte dor pulsou e alcançou os meus olhos, me levando para o chão novamente. Você precisava levantar, Lumi. Deixei o sangue preso em minha garganta sair e me arrastei até próximo dela, quando Spectro gritou comigo novamente.

 

— A casa foi destruída! Tem fogo para todo lado. 

 

Mas que caralho.

 

— Spectro! — falei, deixei meu sentimento mais à tona sair junto com minha voz. — Encontre os pilotos e os cavalos e leve-os para longe daqui. Dê o seu melhor nessa missão. 

 

Sem questionar, Spectro saiu da minha aura. A forma corpórea de um goblin rapidamente se formou, e ele disparou na direção da casa, sumindo junto a fumaça que aos poucos abaixava. O incêndio florestal ainda ardia, mas a energia posta nas chamas chegava ao fim. Apoiei meus braços no chão e me ajoelhei. Logo puxei o ar que pude e fiquei de pé. Um ataque desse tipo seria bem vindo aos meus feitiços. Varri o lugar com o meu olhar, mas a fumaça me impedira de ver muito. Cadê os outros? Cada passo meu foi rítmico e silencioso, eu lentamente suspirei com meus olhos na fumaça próxima. Não estava sangrando. Aguente, Gina, por favor. 

 

Quando comecei a agachar, uma grande silhueta surgiu nas sombras. O calor tomou conta do ambiente e a espada flamejante apareceu diante dos meus olhos. Segurei o pomo da espada e com um forte grunhido a ergui. As espadas se chocaram, criando um som estridente no ar. Usei as duas mãos quando Emeru tentou me pressionar contra o chão, com minhas pernas nas laterais de Gina. Sua maldita altura lhe dava a vantagem para essa droga de posição. Mas se eu cedesse, se considerasse fugir, Gina iria morrer. Meus braços tremiam pela pressão, e ele usava apenas uma mão enquanto sorria. O calor ardente estava muito perto do meu rosto, mas era magnífico vê-lo de tal distância. Até que…

 

Um joelho meu foi ao chão, e ele continuou a me pressionar.

 

Como Ellie reagiria a isso? Alice? Bruno? Vocês sempre foram tão incríveis, até Miguel sairia dessa situação facilmente. Eu queria voltar para Emy, queria ver novamente Amice e Kanro. Eu precisava de força para proteger eles e matar o homem de capuz, era por isso que eu me arriscava. Enquanto lentamente a espada de Emeru alcançava o meu pescoço, eu encarava friamente aquele olhar. 

 

— Eu ouvi falar das suas incríveis esquivas, creio que poderia ter esquivado — Emeru riu. — Ou você pretende realmente salvar esse resto humano?

 

— Cale-se, monstro — rosnei, e a pressão sobre mim aumentava mais e mais. 

 

— Você realmente perdeu a Cair da Noite? — A fumaça estava mais baixa, mas, além do grande ser em minha frente, eu via apenas fogo. — Abdicar de um item de tamanha raridade é uma escolha banal. Eu gostaria de saber se alguém a buscou.

 

— A Katana- tem um nome? — falei entre grunhidos, e nos encaramos.

 

Emeru me pressionou, e meus dois joelhos tocaram no chão. Cada célula do meu corpo usava energia para manter a lâmina dele longe de Gina. Meu abdômen doía desconfortavelmente, e o gosto de bile era abundante em minha boca. Parecia que minha coluna ia quebrar, e eu babava sem parar. A espada levemente escorregava de minhas mãos, os calos começaram a arder e os ombros, a estalar. Passei a língua no meu lábio inferior, o salgado do suor tirou um pouco da vontade de vomitar. Emeru podia ser poderoso como Grannus, mas eu… eu sorri. Comecei a rir. Ele perdeu seu semblante sério por um irritado.

 

— Vai ter que me partir ao meio para cortar ela — exclamei, meus olhos o mais abertos possível. Bufei sangue, mas continuei. — O que foi? — O gosto do metal se misturou ao de bile. — Está com medo de cortar?

 

— Pensei que você era mais forte, dada sua recompensa — Emeru rangeu os dentes. — Mas pelo visto é apenas um suicida inútil!

 

Ele gritou, e o fogo da espada cresceu exponencialmente. Meus braços cederam e minha espada voou, mas quando a lâmina dele chegou a um centímetro do meu pescoço as correntes vermelhas bateram contra ela. Diversas outras saíram do chão e rasgaram as costelas de Emeru, e eu fui banhado pelo seu sangue. Ele se distanciou em um pulo e rebateu as correntes com sua espada. Os ferimentos dele foram cobertos por uma aura esverdeada e lentamente começaram a se fechar. Breaky me gritou, ele segurava sua espada com dificuldade, e sangue escorria por todo o seu corpo. Trea surgiu da fumaça ao lado dele com Faime no colo. A mulher veloz parecia bem em relação ao meu amigo. Sairon correu para o meu lado, seu olhar vermelho e impiedoso cravado em Emeru. 

 

Cecília disparou para Emeru enquanto gritava aos prantos, mas os dois espantalhos novos interceptaram ela. Cecília atacava e bloqueava cada golpe em uma velocidade insana, mas seu estado físico se resumia a sangue, hematomas e uma respiração ofegante. Ela ia cair. Os espantalhos acertavam socos e chutes que faziam-a cuspir sangue e recuar um passo, deixando-a plenamente incapaz de fazer mais do que colocar a espada na frente dos ataques. Emeru cerrou as sobrancelhas e grunhiu de raiva, sua espada carregava duas vezes mais energia que antes, até que ele começou a andar na minha direção. 

 

— Você queria pôr em prática todo o seu treino — disse Sairon, a aura vermelha e densa tomava conta do seu corpo e de suas adagas. — A hora é perfeita e talvez única.

 

— Fico feliz por terem guardado energia para mim — exclamou Emeru enquanto erguia sua espada, trazendo diversas luzes verdes do chão. — Porque vocês precisarão!

 

Terra para todo lado. Espantalhos se levantaram com risadas e movimentos impossíveis para um corpo humano. Gina abriu os olhos, grunhiu e tampou a boca. Sairon gritou para que todos se reunissem e eu rapidamente abaixei e ajudei Gina a levantar. Os espantalhos se aproximavam, seus olhos completamente esverdeados cravados em nós. Gina cravou as unhas em meu ombro e braço, seu olhar arregalado para eles, e parou de andar.

 

— Gina! 

 

— Eu- eu não quero — disse ela, sua voz falhando, e os espantalhos cada vez mais perto.

 

— Você consegue sim! Não pode sentir medo agora — gritei, enquanto a fazia andar. 

 

— São muitos! — Gina resmungou e tentou parar. 

 

— Você sabe o seu poder — As risadas ficaram mais altas, e eu a encarei no meio de tantos sons. — e nós precisamos de você para vencer!

 

Seguindo Sairon, eu fui empurrando Gina no caminho aos outros membros. Um espantalho tentou nos interceptar, mas foi recebido com a minha outra espada. As correntes vermelhas nos protegeram a maior parte do caminho, mas quando nos aproximamos um espantalho pulou para minha frente. Seu garfo do diabo estava a um passo de distância de mim. Eu segurei Gina e deixei minhas costas à mostra, e o golpe nunca chegou. Trea havia arrancado a cabeça dele. Nossos olhares se encontraram por um momento, e desta vez eu senti um poder diferente vindo dela. Breaky saltou mais de cinco metros de altura e, após cair, perfurou o chão com sua enorme espada. Inúmeras estacas de pedra saíram do chão e perfuraram os malditos que se aproximavam. Até que fluxos de água cortante partiram em muitas partes os espantalhos e foram seguidos por correntes vermelhas. Rhiannon aparecera apontando seu cajado e Sairon com suas adagas cobertas de aura vermelha. 

 

De longe, Cecília gritou. Sua perna fora atingida por uma adaga. Rhiannon gritou por ela, mas o espantalho superior estava prestes a finalizá-la, até Trea desaparecer da minha vista. Como um raio, a espada dela atravessou a cabeça do espantalho superior. Porém o inimigo segurou a arma dela, e nossa companheira mais veloz se viu sem arma na frente dos mais fortes inimigos. O Olhar da Aura veio a mim dando vida a todo o ambiente, cada mínimo fluxo de energia era captado pela minha visão. Correndo sem pensar, eu segui o único caminho de mana que supus ser o que eu sairia vivo. Sairon correu comigo, e eu dancei entre os espantalhos. Podiam estar mais fortes, mas seus corpos ainda cediam a um único ataque.

 

Então eu só precisava não ser acertado. 

 

Saquei a adaga e usei como corte rápido após o ataque da espada. Cada esquivar me permitia vislumbrar lentamente o ataque conjunto dos outros. Arranquei a cabeça de um e os fios de água de Rhiannon atravessavam o corpo dele e de mais três. Atravessei minha espada em outro e estacas de pedras afiadas me protegiam dos que tentavam pular em mim. Saltei sobre as costas de um espantalho que arrebatei e as correntes de Sairon vieram do meu lado. E, quando aterrissei, elas me acompanharam em cada ataque. Enquanto Trea se esquivava com sua velocidade insana, chegando até a acertar socos e chutes, eu corria ao redor — e dentro — de todos os ataques e magias dessa arena. 

 

Então essa era a sensação de ter tanto poder?

 

O que sobrou da minha roupa já estava colado no corpo, e o fio de mana com um certo ser trouxeram um tom esverdeado aos meus pensamentos.

 

Cadê você, Spectro?

 

Trea começou a perder contra os dois, seus bloqueios perderam o efeito e mais ataques adentraram na guarda dela. No meio de tudo, eu vi alguém andar. Cada pelo do meu corpo se eriçou, a presença tinha passos rítmicos, e o ambiente não interagia com ela. Abaixei minhas armas e a vi andar para longe, até que ela virou seu rosto para mim. Aquele olhar… refletia as milhões de estrelas que havia no céu noturno. Eu conheci-

 

Um bocado de sangue saiu da minha boca quando a espada de um dos espantalhos perfurou minha barriga, e eu me vi de joelhos. Os olhos vívidos dele me encaravam, mas, antes que pudesse me perfurar, Faime partiu sua cabeça em dois pedaços com a espada e me puxou, nos desviando de outro ataque. O menino gritava a cada ataque, mas pelo menos acertava. Um leve tontear quase me derrubou, mas pisei firme. Trea levou um corte do olho ao peitoral e Breaky cercado por um grupo desses malditos. A formação. Sairon resistia sozinho com suas correntes do lado esquerdo de Breaky, enquanto Rhiannon, com sua lança mágica, resistia do outro. Gina parecia chocada no meio de tudo, pois não se movia. Faime foi perfurado por um garfo do diabo e a vida se afastou de seus olhos. 

 

E meu mundo desacelerou, a ponto da dor parecer quase nula.

 

Girei meu corpo a modo de olhar cada um deles, e uma presença familiar e nostalgia tomou conta de mim. Era ela.

 

Era a voz.

 

Deixei que meu poder fluísse pelo corpo, deixei minha aura borbulhar. Eu tinha pouca mana, então ao menos morreria usando tudo. 

 

— Voltem para casa! — gritei tão alto que uma dor de cabeça veio junto. 

 

Eu só precisava de uma chance. 

 

Carreguei meu braço com energia e criei uma cratera com o meu soco no chão. Os espantalhos voaram alto, e Emeru olhou ensandecido para mim. Retruquei com um sorriso. 

 

— Sim, eu guardei energia para você — falei enquanto jogava Faime nos meus ombros. — Espero que tenha guardado para mim — Corri e coloquei Gina no outro ombro. — Ou acha que eu não percebi que manter tantos espantalhos assim suga muito de você?

 

Por um único segundo, Emeru se mostrou surpreso. Ele apontou sua espada para mim.

 

— Peguem ele! Não deixem que ele fuja! — Todos os espantalhos do lugar vieram para mim. — E tragam-me os olhos! 

 

— Sairon, Breaky — exclamei, meu olhar apenas na casa. — Usem o tornado!

 

Eu sentia as lâminas próximas às minhas costas, mas continuei correndo. Até que um estrondos surgiu junto de um clarão e restos dos espantalhos voaram para todo lado. Quando me virei, Emeru estava furioso. Trea havia conseguido fugir e vinha velozmente para a casa, enquanto Breaky ajudou Rhiannon no outro canto da arena. E Sairon conseguiu pegar Cecília. Todos foram ao chão quando me alcançaram, e eu estava na frente de um exército deles. Spectro veio correndo e freou bruscamente em minha frente, seus olhos ensandecidos.

 

— Eles estão bem? — Nenhuma única palavra saiu dele. 

 

Rhiannon e Cecília olharam com estranheza para meu companheiro, e nosso inimigo começou a gargalhar. 

 

— Grannus fracassou em matar isso? Se bem que um Sem Magia não poderia fazer tanto — Emeru encarou Spectro. — Essa invocação é sua?

 

Agachei, calado, e estanquei o ferimento de Faime. Logo me levantei, e lancei meus olhos sem vida para Emeru. Eram muitas emoções, eu não sabia como reagir. A lâmina em minha mão se aquecia cada vez mais. A Organização dele transformou minha vida em uma busca contínua por força, quando eu podia estar me divertindo com a minha família. Minha mandíbula começou a doer e a palma da minha mão, a queimar. Eles podiam pedir perdão, podiam dizer que também tinham família, ou até mesmo implorar por suas vidas, mas de nada adiantaria. O calor que vinha de minha arma crescia de forma constante. 

 

— Emeru — falei, pela primeira vez o vi dar um mísero passo para trás. — Se você não sair de trás desses espantalhos — Minha espada brilhara com o calor. — eu vou passar o fio da minha lâmina sob o seu pescoço.

 

Uma faísca de fogo surgiu pronta para queimar a carne. 

 



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