Reino da Verdade Brasileira

Autor(a): Lucas Baldi


Volume 2

Capítulo 40: Um toque de magia

O calor trazia um desconforto descomunal quando era somado ao balançar da carroça. O sol ardente assolava meu cabelo, enquanto eu tentava miseravelmente achar uma posição favorável para dormir. Foi quando os roncos ficaram mais e mais altos, fazendo-me sentar e apreciar a vista das árvores do segundo andar da carruagem. Meu bracelete, o escudo triangular de metal, o pergaminho e o meu livro ainda estavam na bolsa ao lado de algumas moedas. Pelo menos nenhum deles me roubou. Talvez tenha sido o Voin de Lotier, já que brilhava e devorava animais inteiros, ou o da minha mãe, que era tão veloz quanto um guerreiro. Sonolento, apoiei-me sobre a borda e observei os portões da cidade de Etin. Alguns dias haviam se passado desde que saí de Karin, porém foi só na última noite que uma tempestade arrancou o teto do segundo andar da carroça e nos deixou em tal situação deplorável. 

 

Calma, Kai, você só está irritado porque está com fome, nós já chegamos. 

 

Esperei que falar sozinho fosse normal e observei os guardas me observando enquanto a carruagem atravessava o portão. A cidade era pequena e parada se comparada a Karin, as casas eram de pedras simples e sem nenhuma cor ou decoração. Havia plantações nos quintais das casas, um rio enorme e cristalino que cruzava o meio da cidade e uma ponte de uma madeira escura com um corrimão feito de raízes de árvores com flores vermelhas. Um arrepio percorreu a minha espinha e eu rapidamente olhei ao redor, assustando os passageiros que roncavam como porcos. Quando percebi — depois de analisar cuidadosamente oito vezes cada canto — que o lugar era ausente de qualquer coisa rosa, eu me tranquilizei. 

 

Na hora do desembarque, eu simplesmente pulei da carruagem, e os Voins pousaram em meus ombros. Tirei a capa marrom dos meus ombros — o que fez eles voarem — e enfiei na bolsa de tecido fino, que já estava parcialmente rasgada. Como a cidade era pequena, eu comprei cerca de dez sanduíches cheios de recheios variados com uma senhora e almocei em um restaurante que só servia comidas à base de vegetais. Eu precisava de uma arma para continuar, mas me sentia nu sem a katana ou o Spectro para me defender. A espada dada por meu pai tinha seus pontos peculiares: mais leve, interagia com magia e resistente. Qualquer uma que eu usei depois disso pareceu fraca. Aqueles dois já teriam chegado a essa altura? 

 

Andei até a linda ponte que cruzava o rio e passei alguns minutos ali apenas vendo a água correr. Nesse tempo eu vi enguias, cardumes, tubarões-moscas, sapos de velocidade… Respirei fundo, era um ar de calma que eu queria aproveitar. Atravessando-a, andei rente ao rio, na grama verde e azul, até encontrar uma pequena loja de armas e armaduras. Na placa estava escrito “Bens do Tio Alfrieder”, mas minha expectativa desceu quando vi armas comuns em barris cheio de armas enferrujadas. Depois de verificar os pássaros no céu, eu entrei no lugar. Era um tanto pequeno e apertado. Busquei por algo que chamasse atenção, ou ao menos durasse alguns meses de combate. 

 

— Minha humilde loja dificilmente irá atender as expectativas do inabalável Sem Magia, mas mesmo assim eu devo perguntar — disse o senhor que surgiu atrás do balcão. — O que você deseja? 

 

— O Sem Magia? Eu sou conhecido por aqui? 

 

— É uma cidade pequena, rapaz, mas ouvimos falar de um garoto que apareceu diversas vezes nos grandes jornais. — O senhor era calvo, tinha um olho azul claro como o rio e outro era vermelho como o fogo. Eu não conseguia ver ou sentir seu poder por causa da minha habilidade prejudicada, mas algo me dizia que ele era forte.

 

— Eu gosto bastante de espadas longas e adagas.

 

Passamos um tempo à procura de algo que me satisfizesse. Ele me mostrou algumas espadas comuns e adagas com potencial para perfuração. No quesito armadura, haviam algumas de metal e outras de malha, mas eu precisava me manter o mais leve possível, então recusei. A qualidade do equipamento era baixa e era tudo muito caro, talvez fosse focado para os nobres que vinham visitar o lugar. Desistindo da ideia de comprar algo, eu me preparei para sair da loja, mas ele me chamou:

 

— Tudo bem, deixe-me mostrar-te algo interessante — disse o velho, e logo correu para os fundos.

 

Aguardei, até que ele voltou com uma espada em um carrinho.

 

— Eu te apresento a "espada gigante"! 

 

— Ela parece normal — falei, enquanto analisava a espada meio enferrujada no carrinho de mão.

 

— Tente segurá-la, então.

 

Quando tentei erguê-la, no entanto, tive extrema dificuldade. Era muito pesada. Alfrieder disse que o dano que ela causava era irreparável e me permitiu testá-la contra um boneco de madeira. Fiquei de queixo caído quando golpeei o boneco e ele se partiu em dois. Comentei sobre meu treino para um certo evento e ele me ofereceu uma armadura que limitasse minha velocidade, que se resumiu a um equipamento de couro com pesos nas extremidades e no corpo. Eu queria ficar leve para lutar, sim, mas também necessitava treinar para enfrentar Miguel. Aproveitei o embalo e comprei duas espadas e uma adaga a mais, para caso eu tivesse dificuldade de manusear a arma pesada em lutas. Comprando exatamente o oposto do que eu planejei, eu saí da loja cambaleando.

 

— Até mais, Jovem Kai, desejo um bom treino a você e aos seus companheiros. 

 

— Oh, mais uma coisa — Virei para ele. — Você pode me dizer onde fica a guilda de Balnor? O treino será na Floresta dos Condenados. 

 

— A grande dungeon a céu aberto — Ele ponderou. — Sim, posso, mas gostaria de te pedir uma coisa.

 

— E o que é?

 

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Me aproximando da torre da guilda, notei que havia um espaço amplo entre as casas e as muralhas da torre. Eu andava praticamente entre dois campos extensos de areia. Seria tão perigoso assim para a cidade ter que ficar longe? Era como se o muro cercasse uma região inteira do outro lado. No portão tinha dois guardas armados com lanças de mana, que rapidamente cravaram o olhar em mim e apontaram as armas.

 

— Dois Voins? — disse a mulher alta de cabelo loiro escuro. 

 

— São apenas para comunicação, eles são inofensivos — Mostrei meu cartão de aventureiro, e elas me deixaram passar.

 

Para minha surpresa, no entanto, no salão circular da guilda, eles já haviam chegado. Breaky afiava entediadamente sua enorme espada, que era maior que a anterior, enquanto Sairon bebia água e… algumas moças davam em cima dele. O menino popular me avistou e andou até mim.

 

— Pensei que tinha desistido.

 

— Jamais. 

 

Cumprimentei Breaky e andamos até o homem que coordenava a entrada e a saída das pessoas na Dungeon a Céu Aberto. Tinha poucas pessoas aqui e o silêncio me deixava parcialmente desconfortável. 

 

— Destino? — falou o homem alto, sua voz grossa.

 

— Floresta dos Condenados — disse Sairon, eu e Breaky ficamos um passo atrás dele. 

 

— Vocês estão cientes dos riscos que é entrar nesse… nesse lugar? — Respondemos individualmente que sim, e ele continuou. — Muitas mortes ocorrem lá, preciso que assinem o termo de declaração de morte.

 

— Não seria um termo como se nossas mortes fossem certas? — questionou Breaky.

 

— Sim, é. Não creio que vocês durem mais que oito dias. 

 

Olhei para eles dois e, em uníssono, falamos:

 

— Nós precisamos treinar. 

 

O homem solicitou uma caneta e três destes termos, que nós, em seguida, assinamos rapidamente. 

 

— Vocês devem retornar, ao menos, uma vez na semana e informar tudo o que fizeram lá. Caso falhem, por qualquer motivo, nós enviaremos uma Aurora para checar se estão vivos — Ele pausou. — Mas não esperem muito. Muito menos você — Ele olhou para mim. — Sem Magia.

 

Eu queria ver alguém nível Aurora.

 

Concordamos e o seguimos até a porta de metal reforçado com dezoito fechaduras. Foi tediante esperar ele abrir cada uma, mas a vista que veio a seguir valeu a pena. Enormes campos verdes com mais de dez pessoas treinando de várias formas, grandes seres que carregavam cargas pesadas e uma espécie de Ranking no mural no meio disso tudo. Aqui tinha uma certa paz, e eu sabia que isso acabaria logo após que nos cruzássemos o portão de ferro reforçado com runas. Então eram basicamente dois lances de muralha? Um sentimento de euforia atingiu meu peito, fazendo-me sorrir e imaginar cenários futuros. Quando parei em frente ao mural de madeira com um papel estranhamente amarelo, dei uma rápida lida nos nomes da lista. 

 

“Primeiro: O Intocável. Segundo: Gritos de Fogo. Terceiro: Feiticeira dos pesadelos. Quarto: Os de Máscara…”.

 

Tinha dez nomes ao todo, porém os quatro primeiros foram os mais interessantes.

 

— Está pensando em entrar nessa lista? — Olhei para trás e vi uma mulher de cabelo ruivo falar. Ela estava suada e ofegante, sua armadura um pouco aberta.

 

— Talvez. Como isso funciona? — respondi dando um breve sorriso.

 

— Sobreviver bem. Dependendo do destino de vocês, pode até ser mais fácil. As pessoas irão comentar, os boatos ganharão músicas e a guilda de Balnor desejará saber quem é o grande guerreiro — Ela olhou para Sairon e Breaky, que estavam distraídos com o Ranking. — Ou grupos de guerreiros. 

 

— E se eu quiser me manter anônimo? — perguntei.

 

— Neste caso, eles só teriam suas características pelos boatos. Mas talvez, se te considerassem um Potencial, mandariam um investigador. Sabe, Balnor é um rei da fronteira, ele também investe em Representantes, como vocês chamam. 

 

— Muito obrigado pelas informações.

 

— Ayla — Ela sorriu e estendeu a mão.

 

— Lumi Kai — Fiz o mesmo. 

 

Seguindo mais adiante, finalmente chegamos nas muralhas. Aqui, sim, havia um número considerável de guardas fortes. Fosse no térreo ou em cima dos muros. Passar por eles foi um processo rápido, e finalmente estávamos perante a última porta de metal. Um jovem de cabelo loiro e armadura de ferro se aproximou e deu um sorriso gentil.

 

— Desejo sorte a vocês, por mais que estejam com o grande Sairon — Ele voltou o olhar para Sairon.

 

— Bom ver você, Aoki — Eles apertaram as mãos. — Como estão as coisas por aqui? 

 

— As pessoas que dominam o ranking, como posso dizer, não são exatamente sociáveis. Tome cuidado — Ele olhou para mim e Breaky, e logo para Sairon de novo — Você e seu grupo. — Aoki olhou para mim novamente, curiosidade habitava o seu olhar. — Você é mesmo o Sem Magia dos jornais? Você parece tão gentil.

 

— Sim, eu sou — Sorri. — Obrigado por nos desejar sorte. 

 

— Igualmente — disse Breaky. 

 

Os portões de ferro rangeram quando foram abertos, o barulho trouxe um desconforto sem igual aos meus ouvidos. A forte luz de fora irradia a sala e todos os guardas apontaram as armas — algumas cobertas por elementos — para fora. A estrada de areia estava cheia de rastros, cortes e buracos e havia o começo de uma floresta bem lá na frente. Eu engoli seco, e Breaky e Sairon tomaram a dianteira. Eles eram malucos. Tentei sentir magia, usar minha habilidade de vislumbrar auras, mas falhei. Tomando coragem, eu finalmente os segui.

 

Eu esperava sobreviver. 

 

Os portões se fecharam e eu pulei com o susto. Quando me virei, no entanto, fiquei boquiaberto. O portão de ferro tinha arranhões, amassados e fora queimado grande parte, enquanto deste lado da muralha tinha uma infinidade de buracos, como se tivessem tentado escalar. Sairon disse que eles sofrem ataques constantes de todo tipo de monstro nessa região e que achou pouco as defesas de hoje. Comecei a suar frio, mas ele e Breaky me lembraram do porque estávamos aqui. 

 

Na entrada da floresta havia poucas árvores, eu arriscava dizer que metade delas estavam destruídas. Além do som dos nossos passos, o local era extremamente silencioso. Porém o que me trouxe arrepios foi a sensação de estar sendo vigiado. Conforme nos aprofundamos na floresta, mais eu podia ouvir meu coração bater forte. Comecei a me arrepender de ter comprado uma espada pesada, então coloquei as mãos sobre as duas espadas de peso normal. Sairon olhou cauteloso para mim e pôs a mão na adaga de prata em sua cintura, enquanto Breaky fazia o mesmo com a enorme arma em suas costas.

 

Foi só um engano, gente.  

 

Quando abri a boca para falar, as moitas balançaram e os galhos caíram das árvores. Meus Voins voaram. Os braços de Sairon brilharam em vermelho e três correntes velozes perfuraram algo atrás de mim. Saquei a espada e me virei. Eram monstros de lâminas, e Sairon já finalizara três. Breaky acabara de esmagar mais um com sua grande arma, e eu, com um corte, acertei o que se aproximou de mim. Antes dos outros se aproximarem, saquei a outra espada. Era realmente difícil prestar atenção nas duas. Com um movimento de ataque, direcionei as duas espadas na criatura, mas por falta de força no punho eu quase perdi uma. Meu ataque saiu mais fraco que o desejável, acabou ricocheteando na pele do insetóide. Ele grunhiu e mirou sua perna articulada no meu peitoral, mas consegui bloquear o ataque a tempo com uma das espadas. O peso extra nas minhas costas quase me fez cair, e o monstro aproveitou essa brecha. Respirei fundo e deixei meu corpo esquivar, cravando a espada na parte de trás do pescoço dele.

 

Eu queria aprender a arte de utilizar duas espadas, mas eu sempre esquecia que tinha outra na mão. Por que me abandonaste, magia!? Eu precisava de ti aqui.

 

O próximo monstro ergueu a perna para me acertar, e eu defendi com as duas armas. Meus pés deslizaram por conta do impacto e meus punhos começaram a doer. Consegui fazer diversos cortes, só que com apenas uma arma. Falhei miseravelmente em fazer combinações de ataque com as duas. Dei um pulo para trás e me lembrei do assunto com Ellie. Com uma espada eu podia defender e ataque com as combinações certas, era um estilo diferente. Se eu pensasse ter só uma lâmina, eu lutaria como alguém que tem uma lâmina. Respirei fundo e me posicionei. 

 

Estilo duas espadas: ataque constante.

 

Dei um grito gutural e disparei na direção da barata gigante. Ela bloqueou meu primeiro ataque com a perna afiada e minha espada voou longe, o que deixou uma dor imensa no meu punho. Ergui o braço desarmado para me proteger e levei um corte leve. E a outra espada, porra? Até que correntes vermelhas perfuraram e finalizaram o meu alvo. Ao olhar em volta, o chão estava repleto de corpos. Eles deviam ter matado no mínimo sete. Breaky tirou sua arma do corpo de um dos monstros e reclamou pelo sangue ter a sujado, enquanto Sairon observava os Voins parados no galho de uma árvore.

 

— Me diga, Lumi, por que dois? — perguntou Sairon.

 

— Bem — Pausei. — Vocês conhecem o Lotier?

 

— O Rei Nove? Me pergunto quem não — disse Breaky, que se aproximava de nós.

 

— Eu vou representar ele — Pela primeira vez, vi eles impressionados. — Então teremos umas missões a mais a serem realizadas.



Passamos o dia inteiro duelando contra qualquer ser que nos atacasse. Eu suei tanto que quando parei para beber água eu acabei com meus estoque de cinco litros. Todos os músculos do meu corpo fraquejavam com o mínimo movimento. Isso foi apenas o primeiro dia, eu poderia morrer se treinasse tanto. Subimos a Montanha Estrelada ao anoitecer e decidimos descansar aqui em cima. Breaky assava um peixe gigante na fogueira, Sairon degustava nobremente de sua marmita e meus Voins observavam o peixe na fogueira. Um mês para acabar o ano e sete meses para o enfrentar Miguel, eu com certeza iria apanhar. Meu estilo de luta ainda se baseava em esquivas, minha habilidade com a arma necessitava melhorar e eu ainda tinha que resolver a restrição de magia da minha aura. Suspirei em derrota, eu já estava cansado demais para pensar em tudo. 

 

— Tem tido dificuldade para usar magia, Lumi? — disse Sairon, seus olhos vermelhos escarlate eram um destaque na noite.

 

— Sim, não consigo acessá-la — respondi, e Breaky olhou confuso para mim.

 

— Espera, você pode usar magia? — Ele olhou para o Sairon. — Ele pode usar magia? 

 

— No topo dessa montanha — disse Sairon, ignorando Breaky. — tem o Canto das Flores de Luz.

 

— O que essas flores fazem exatamente?

 

— Eles sugam a mana ambiente ou a de quem se aproxima. Talvez você consiga ter respostas lá.



Segui a trilha escura na direção do topo da montanha, porém quanto mais eu subia mais claro ficava. Havia diversas piscinas naturais com luzes azuis, flores que brilhavam em vermelho e o céu aqui era, de fato, explêndido. No topo extremo havia apenas uma única árvore de pétalas… amarelas. Eu andei até ela e apoiei minha mão sobre seu tronco. Aqui daria um bom lugar de banho. A brisa balançou minha blusa rasgada e meu cabelo que já tocava metade da testa. Talvez eu deixasse crescer. Eu podia ver o grande rio entre os vastos campos abertos, aventureiros que duelavam contra uma criatura gigante. Eles usavam magias de coloração azul, vermelho e verde. Mais além tinham montanhas cobertas por uma névoa extremamente densa. O que será que tem-

 

De repente, eu fiquei tonto. Eu estava enxergando bem demais para quem era incapaz de usar magia. A mana da minha aura se movia lentamente na direção das flores vermelhas que cercavam as piscinas. Elas estavam a mais de dez metros de mim, como… Me aproximei lentamente, diversas vezes precisei parar para ficar de pé nesse mundo que girava tanto. Verifiquei minhas auras e vi que as três estavam agitadas. Entrei no meio das flores e caí de joelhos.

 

Minha respiração começou a pesar, e eu dificilmente conseguiria me levantar nessas condições. Fios de manas saíram de mim e alcançaram as flores, como se houvesse um fluxo que roubava meu poder e os transferia a elas. A aura verde e a branca se repeliam toda vez que tentavam se tocar, mas após muitas tentativas elas se tornaram uma só. O branco dos fios de mana foi tomado por um tom verde, que adentrou no fluxo como linhas e fumaça, e, por um momento, eu senti as flores rirem de mim. 

 

Meu coração disparou quando toda a aura começou a se acumular na minha frente. Eu estava suado. A esfera de poder se remodelou, cada detalhe sendo cuidadosamente esculpido pela agitação das flores. A forma de um goblin pequeno de aura branca se completou, e os fluxos instantaneamente pararam. As flores pararam de rir, e o silêncio tomou conta do lugar. A forma de goblin parecia confusa, mas ela estendeu a mão para mim. Eu conhecia esse olhar, esse poder. Eu ergui meu braço e toquei a palma de sua mão. Naquele momento…

 

Eu sorri.



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