Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 17: O Rei das Sombras Bestial

 

O rosto de Adrian revelava seu medo ao me ver nessa forma; ele deu alguns passos para trás e investi em sua direção enquanto desembainhava a espada. 

Levantei a espada e cortei o ar, enquanto Adrian desviava para o lado.

— Você não me disse nada sobre ele se transformar em um Rei das Sombras que podia assumir a forma de um demi-humano! — exclamou Adrian.

— Está falando sozinho? Sua rainha não vai vir ajudá-lo, Adrian! — avancei mais uma vez e o segurei pelo pescoço.

— E-espera, Galrian...

Coloquei minha mão sobre a cabeça dele e comecei a bater o rosto dele contra o chão, cada vez que o rosto dele colidia, uma rachadura se abria.

— Cadê... o... meu... poder? — dizia ele enquanto seu rosto se chocava contra o chão. — Morgana!

Uma mana de cor escarlate emanou de Adrian e me jogou para trás. Girei meu corpo para cair de pé e olhei na direção dele. 

Asas rasgaram suas costas, chifres surgiram em sua cabeça e sua aparência humana se transformou na de um verdadeiro demônio.

— Veja, Rei das Sombras — ele estendeu o braço direito para mim. — Eu me tornei como você.

— Não, você não se tornou como eu. Aquele último pedaço que te fazia um humano, mesmo que fosse um humano orgulhoso e mesquinho, você simplesmente perdeu.

Johanna e Hestia começaram a se mexer e Adrian fixou os olhos nelas. Eu olhei para ela e sombras começaram a puxá-las para o chão. 

Com elas ali, eu tinha que me segurar, mas já que foram retiradas...

— Agora eu... — retirei o casaco — eu lutarei por mim mesmo.

— Venha, Rei das Sombras.

Me transformei em uma nuvem de sombras e apareci atrás dele. Ele se virou para olhar para trás e o soqueei. Com o impacto, o chão, que já dava sinais de que se quebraria, desmoronou. 

Caímos em direção ao terceiro piso do castelo, aterrissando de pé. Adrian avançou, tentando me acertar com a espada. Desviei de todos os ataques e defendi o último.

— O que você ganha trazendo ela de volta? Seu doce favorito? — provoquei.

— Poder, Galrian. Poder!

— Que motivação ruim, Adrian — empurrei-o para trás e liberei uma esfera de sombras em sua direção.

Ele desviou o ataque com sua mão direita e criou uma esfera cor vermelho escarlate em suas mãos.

— Sinto o poder do caos, Wolfhart! — ele liberou a esfera que veio em minha direção.

Segurei a esfera de caos, que se tornou negra em sombras.

 Empurrei-a de volta para Adrian, que arregalou os olhos ao receber o ataque.

— Cadê você, sua maldita? — falou Adrian.

— Eu já disse, sua rainha não vai vir te ajudar; é inútil chamá-la.

— Ele não se refere a vossa majestade, Rei das Sombras — uma voz feminina ecoou pela sala.

— Oh? Não me diga que você vai apelar para a general da rainha dos demônios, covarde?

Uma garota de cabelos loiros, olhos vermelhos, asas negras e chifres curvados apareceu ao lado de Adrian. Era linda, e qualquer homem que a visse iria cair a seus pés.

— Você é um gatinho; a Nix sabe escolher bem em — ela disse enquanto me olhava.

— Não quero ouvir elogios de um demônio.

Corri em direção a eles e cortei o ar. No entanto, uma barreira me impediu de atacar. 

Ela fez a barreira de caos ir em minha direção e fui arremessado para trás. Minhas pupilas voltaram a ser negras, e a cauda e as orelhas de lobo desapareceram.

— Parece que você só pode manter essa forma por algum tempo — falou Adrian, enquanto jogava sua espada para longe.

Investi em sua direção e a lâmina da noite se partiu ao colidir com a mão de Adrian. Arregalei os olhos ao ver a lâmina se partir.

— Ora, parece que a Umbra da Noite que empunhava era falsa — disse ela, enquanto começava a gargalhar.

 Falsa? Espere, não me diga que aquela ninfa me enganou...

Antes que pudesse processar completamente a situação, Adrian me ergueu pelo pescoço, jogou-me para o alto e dei um chute na região da minha costela direita.

 Com o impacto, atravessei a parede e caí sobre um dos quadros na sala ao lado. Meu corpo começou a flutuar no ar e Adrian se aproximou de mim.

Um sorriso surgiu em meu rosto. Adrian, cada vez mais irritado, começou a socar minha barriga.

 A general da rainha dos demônios se aproximou de nós dois, seu olhar não era de felicidade, mas sim de pena.

— O anterior deu uma surra no meu primeiro humano demoníaco que encontrou. Já você está apanhando; a Nix não deu o poder completo a você — disse ela.

— S-seila... mas...

Adrian socou um dos cristais que estavam escondidos, uma explosão ocorreu e me arremessou para longe.

Caí de pé e me segurei na parede. Minhas feridas se regeneraram, as botas manoplas de sombras apareceram, e olhei em direção à demônio de cabelos loiros.

— Por que fui abrir minha boca? — disse ela.

— É, deveria ter ficado de boca fechada — me teletransportei para frente dela e encostei minha mão próximo ao peito direito dela.

Ela olhou para minha mão e fechei o punho, acertando um soco nela que a jogou para trás. Ela pôs a mão sobre o peito enquanto sentia uma forte dor.

— Traga ela para o nosso lado — a voz de Nix instruiu.

Comecei a caminhar em direção a ela, enquanto ela me olhava.

— Ó criatura que habita o caos, abandona-o e entrega-te a mim.

Ao ouvir essas palavras, ela colocou sua mão sobre a cabeça, enquanto sombras a envolviam.

— Espere, não faça isso! — disse uma voz feminina, a voz da rainha dos demônios.

— Torna-te minha súdita, servi-me com fidelidade.

— Não faça isso! Rei das sombras, não roube minha general!

— Deixa que as sombras te envolvam na corrupção e obedeça-me, teu novo rei — estendi meu braço em direção a ela.

Sombras corromperam o corpo dela, seus olhos foram de vermelhos para negros, sua mente sincronizou com a minha. 

Consegui ver como ela se tornou a general dos demônios e até mesmo seu nome, Sylthra.

Adrian havia se recuperado e arregalou os olhos ao ver Sylthra como uma soldada das sombras sob meu comando. Olhei na direção dele e dei um sorriso.

— Adrian, ele trouxe ela para o lado dele! — disse Morgana.

— Fique calada e pare de gastar mana para conversar pelo selo. Já sei que você já foi humana e só se tornou uma rainha dos demônios porque ficou irritadinha porque o papai não deixou você namorar com um elfo.

— Você... descobriu...

— Sei que pode observar pelo selo. Então, deixa eu te falar, rainha dos demônios: qualquer general que vier até mim eu trarei para o meu lado e aqueles que eu não conseguir eu matarei.

Adrian se jogou sobre mim, começou a me empurrar contra a parede e me deu um abraço de urso para quebrar meus ossos. 

Encarei-o enquanto meus ossos estralavam, Sylthra chutou Adrian e ele me soltou. Olhei para ele e ergui meus braços para cima; as correntes de sombras o prenderam.

— É hora de ter minha vingança, Adrian — me aproximei dele.

— Eu posso morrer aqui, mas há outros que estão dispostos a trazer a rainha de volta.

— Isso é pela Hestia! — dei um soco no lado esquerdo dele. — Isso é por seus magos terem destruído a fazenda do Isael e da Jules — outro soco foi dado em seu rosto. — É isso.

Saltei e criei um bastão de sombras em minhas mãos.

— É pelo Rei!

Bati com o bastão na cabeça dele e o chão quebrou mais uma vez. Dessa vez, o impacto não só fez o chão quebrar como o castelo de Luminara também começou a desmoronar.

 

[...]

As meninas e Isael olharam em direção ao castelo se desmoronando, enquanto eu ainda estava dentro. Isael tentou ir até lá, mas Jules o impediu.

— Galrian! — falou Hestia enquanto arregalava seus olhos.

Os soldados de Luminara perceberam a situação enquanto olhavam para o castelo indo ao chão.

Sai dos escombros enquanto arrastava o corpo de Adrian e o arremessei aos pés de Hestia. 

Ela ignorou o corpo de seu ex-noivo e se aproximou de mim junto de Arya e Johanna. 

Eu finalmente havia vingado o rei e ainda ganhei uma nova sombra igual ao Rei Macaco e o Tengu, uma sombra inteligente.

— Parece que você se vingou — disse Elowen —, mas Luminara pereceu.

— Não importa mais — movi os olhos para as duas. — Levem os moradores de Luminara para Atalanta e Hilusia.

— Seu castelo é próximo daqui de Luminara. Tem certeza que não quer transformá-lo no castelo da Hestia? — falou Annaelia.

— O castelo é um pouco longe daqui — disse Hestia. — Além do mais, parece que aquela ninfa maldita me entregou uma espada falsa.

— O que?! Vou perguntar isso a ela. 

— Certo.

Entrei no portal das sombras e emergi onde a rainha dos demônios e Nix estavam seladas. Sentei-me no chão, olhando em direção à enorme porta de pedra.

— Que tal começarem a falar? — falei.

— Quem diria que a dama do lago iria entregar a Umbra da Noite falsa — disse Nix.

— Devo elogiá-lo pela sua coragem — falou a rainha dos demônios.

— Não vou deixar ninguém te tirar daí. Já matei o Adrian e matarei qualquer um que tentar.

— Mas você não o matou, Rei das Sombras.

— O que?

O que essa maldita queria dizer?

— Consigo sentir o batimento cardíaco de Adrian, Galrian — falou Nix.

— Impossível!

 

[...]

 

Isael pegou uma pá emprestada do ferreiro e começou a cavar uma cova para enterrar o comandante. Adrian começou a se mover e Isael olhou na direção.

— Tsc, Galrian, ele não...

Uma explosão de caos aconteceu e ao olhar na direção, Adrian havia desaparecido. 

Isael olhou em direção a Hestia, que ajudava a remover alguns escombros junto dos soldados. Jules se aproximou dele com algumas flores e o olhou.

— O Adrian não morreu — disse ele.

— O que?!

— Não viram a explosão?

— Não...

— Quando o Galrian souber, ele vai caçar o Adrian até os confins do mundo. Essa batalha ainda não acabou...

 

[...]

 

Na noite, enquanto as meninas comemoravam junto de Annaelia e Elowen, eu estava sentado em cima da muralha do castelo, observando o céu. Isael subiu na muralha e me olhou.

— Pela sua cara, já deve saber que o Adrian está vivo — disse ele.

— Não conte para Arya, Hestia e Johanna. Deixe-as pensarem que acabou.

— Pretende caçá-lo, certo?

— Sim.

— Ajudarei você.

— Valeu. — Olhei em direção a ele. — Passarei no túmulo do comandante amanhã.

— Aquele velhote se sacrificando por nós dois.

— Mas isso me deu uma motivação. Dessa vez, eu vou matar o Adrian, nem que eu precise usar todo o meu poder para isso.

— Pois é. — Isael se virou. — Vou voltar. Não demore, ou a Hestia ficará preocupada.

Ele saltou em direção ao chão. Após alguns minutos, Johanna subiu onde eu estava.

— Veio ficar sozinha também? — falei, observando a lua.

— Passar um tempo com você.

— Entendi.

Johanna e eu começamos a observar a lua juntos. O silêncio entre nós criou um clima estranho. Quem nos visse ali só nós dois imaginaria que éramos um casal aproveitando a luz do luar para flertar.

De manhã, como havia prometido a Isael, fui até o túmulo do comandante para deixar flores.

— Parece que ainda não consegui cumprir a promessa... — baixei a cabeça — Mas farei o possível, comandante. Seu sacrifício não será em vão... Eu prometo.

Coloquei as flores sobre o túmulo e me levantei. Virei-me em direção ao sol, determinado a encontrar Adrian. 

Por isso, pedi às meninas que avisassem a todos os reinos, sejam humanos ou de outras raças, para que, se alguém avistasse Adrian, nos informasse.

E qualquer pessoa que tentasse abrir o selo para libertar a rainha dos demônios, eu impediria, não importando se fosse rei, rainha ou até mesmo um príncipe que não estivesse pensando nos outros.

Hilusia e Atalanta começaram a receber os habitantes de Luminara. Hestia decidiu ajudar, sendo a rainha, mas optou por ficar conosco para continuar a proteger o reino. Até mesmo Johanna ficou surpresa ao vê-la tão determinada a essa escolha.

— Talvez ela tenha mudado — dei um sorriso — certo, acho que vou voltar para o castelo.

 



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