Volume 1
Capítulo 16: Invasão
Verificamos todos os livros encontrados, conseguimos informações de que a rainha dos demônios já foi humana, corrompendo o primeiro rei das sombras há muito tempo e ela sempre foi selada devido à impossibilidade de ser morta.
Após absorver essas informações vagas, sentei-me no trono, sentindo a pressão do tempo. Johanna e Lycan entraram na sala.
— Descobrimos algumas coisas — disse Johanna.
— Espero que seja importante — falei enquanto fixava meu olhar nela
— Parece que a rainha dos demônios tem um objetivo — acrescentou Lycan.
— Destruir o mundo? — falei, desinteressado
— Não, ela quer entregar o mundo às outras raças
A estranheza desse objetivo para um demônio aumentava ao considerar que ela era humana.
— Parece que ela era humana, apaixonou-se por um elfo, mas seu pai ordenou que matassem o elfo, levando-a à corrupção — explicou Johanna.
— Uma história de amor com final trágico — Isael olhou para mim.
— Por que está me olhando?
— Nada, só me lembrei de algo — desviou o olhar.
— A crença dela é entregar o mundo às outras raças para decidirem como querem viver, incluindo os demi-humanos, já que os humanos caçam as outras raças
— É uma boa causa — comentei, enquanto olhares intrigados eram colocados em minha direção.
— Mas não do jeito correto — desviei o olhar.
— Por que Adrian quer libertá-la? — Arya indagou.
— A rainha dos demônios também pode possuiar a garota mais próxima do rei das sombras — Johanna fixou os olhos em Arya.
Elas se encararam, viraram os olhos na minha direção.
— Ou seja... — Johanna começou.
— Uma de nós três pode ser possuída a qualquer momento — completou Arya.
— Não acho que isso possa ocorrer — suspirei.
— Também não sabemos, Galrian, e... — Johanna começou a procurar pela sala — cadê a princesinha?
— Hestia foi até Atalanta visitar uma prima que acabou de dar à luz
— Ela sabe se virar, Johanna — Jules interveio.
— Pois é — Isael comentou — hora de começar os planos para a invasão.
[...]
Ao contrário do que ela havia dito a Galrian, Hestia foi até Atalanta para se reunir com Annaelia e planejar o ataque a Adrian.
Elowen e Annaelia já tinham tudo planejado quando Hestia descobriu e decidiu ajudar.
— Tudo pronto? — Hestia falou
— Sim, partiremos em breve — disse Annaelia
— Perfeito, Galrian não deve desconfiar de nada...
— Tem certeza de que é uma boa ideia atacarmos Adrian sem Galrian? — Annaelia as olhou
— Sim, esse assunto é dos reinos, não apenas de Galrian — afirmou Annaelia.
As três deixaram rapidamente o castelo em direção ao porto para conseguir um barco para Atalanta.
[...]
Isael e eu estávamos com as plantas do castelo, o comandante Kay chegou com sucesso de Atalanta, ele arremessou dois sacos cheios de livros e pedras mágicas em nossa direção.
— Já estou velho demais para carregar todo esse peso — disse Kay, enquanto limpava o seu rosto.
— Bom trabalho, comandante — Isael aproximou-se e abriu o saco de livros
— Pedras mágicas? — me aproximei e abri o outro saco.
— Foi tudo que encontrei, Galrian e Isael.
— Para que será que servem? — Isael indagou e fixou os olhos em mim.
— Vou testar. Procure algo relacionado à rainha dos demônios
Enquanto Isael examinava os livros, peguei algumas pedras nas mãos e uma delas caiu acidentalmente, causando uma explosão de sombras que nos arremessou contra a parede.
— Pedras mágicas explosivas? — Isael levantou-se, ele limpou a poeira de suas roupas.
— Correção: pedras mágicas explosivas das sombras — levantei-me e estendi o braço esquerdo para o comandante Kay.
— Isso é perigoso — alertou o comandante Kay enquanto se levantava.
Apesar do perigo, tive uma ideia para usar as pedras mágicas a nosso favor. Isael se levantou, pegou um dos livros abertos em uma página específica que descrevia uma habilidade das sombras para manipular pessoas. Peguei o livro dele, enquanto observava
— Interessante
— Vai realmente usar sombras para controlar pessoas? — Isael indagou.
— Vamos ver... — estendi o braço para a frente, e uma aura de sombras envolveu Isael.
— Ei!
— Que tal fazer uma pose de um herói lendário?
Isael moveu os braços para o lado, juntando as mãos como se formasse uma esfera para disparar. Ele me encarou novamente com irritação.
— Volte ao normal.
As sombras deixaram o corpo de Isael, e ele avançou em minha direção com o punho cerrado.
Desviei para o lado, e ele passou direto. Coloquei a mão sobre o queixo e pensei em como usar esse poder sem transformar Isael em um palhaço.
— Acho que pode usar isso para controlar alguns inimigos — Kay fixou os olhos em mim.
— Pode ser. Agora, em relação a isso... — apontei para as pedras mágicas — posso usá-las para armar uma armadilha para Adrian.
— Pode ser uma boa ideia — Isael se aproximou dos outros livros — vou levar isso para Jules, não tenho paciência para ler livros.
— Ok.
— Eu vou ajudá-los na batalha. — Kay se aproximou de mim.
[...]
O dia da invasão havia chegado. Isael, Kay e eu estávamos vigiando o detalhe do ferreiro da cidade de cima do telhado, enquanto as meninas vigiavam a parte de trás do castelo.
Ouvimos barulhos de cavalos e olhamos na direção.
Para minha surpresa, soldados de Hilusia e Atalanta apareceram, comandados por Hestia, Annaelia e Elowen. As pessoas abriram caminho para eles.
— Essas três — falei e me joguei de cima do telhado.
Cai em frente às três, que pararam os cavalos poucos centímetros da minha frente. Encarei as três irritado.
— O que pensam que estão fazendo?
— Ajudando na invasão — disse Elowen.— Ok, só não atrapalhem — movi o olhar em direção ao castelo e percebi vários soldados de Luminara.
Dei sinal para eles, e todos agiram. Isael saltou para trás de dois e os desmaiou com dois socos.
Johanna disparou flechas com uma espécie de poção que os fazia dormir, Jules e Arya usaram esferas de fogo para causar uma pequena explosão.
Kay e eu adentramos no castelo enquanto as meninas e Isael ajudavam os soldados contra os de Luminara.
Chegamos rapidamente na sala do trono e percebemos que Adrian não estava ali.
— O que? — olhamos em volta — Cadê aquele maldito?
O homem de cabelos azuis de antes apareceu e disparou uma esfera de cor vermelha escarlate, acertando o comandante Kay.
O impacto o arremessou na parede. Olhei na direção preocupado.
— Comandante!
O homem apareceu na minha frente e tentou me socar, mas desviei para o lado e me afastei.
Fiquei ao lado do comandante Kay, que se levantou e pegou sua espada.
Isael entrou na sala e acertou um chute que arremessou o homem em direção à parede.
— Quem é ele? — disse Isael.
— O que está fazendo aqui?
— As meninas não precisam da minha ajuda, então vim ajudar vocês.
O homem se levantou e retirou uma espada vermelha de sua mão esquerda. Todos nós ficamos surpresos ao vê-lo tirar a espada literalmente da mão.
— Eu sou Kayan! — ele falou — E protegerei o rei Adrian.
Peguei a Umbra da Noite, e nós três avançamos em direção a ele.
Ele desviou rapidamente, deu um chute na barriga de Isael e tentou cortar eu e Kay com sua espada. Estendi meu braço esquerdo, e uma sombra o envolveu.
— Se mate — falei.
Ele apontou a espada para si mesmo, mas percebi que algo estava errado quando a sombra mudou da cor preta para a cor vermelha. Olhamos para ele confusos.
Parece que a magia não funciona com alguém mais poderoso do que eu.
[...]
Enquanto as meninas lutavam contra os soldados, Hestia percebeu Adrian na vidraça do castelo.
Ela deixou o campo de batalha enquanto adentrava o castelo.
Johanna percebeu e a seguiu. Hestia arrombou a porta onde encontrou Adrian.
— Vejo que me encontraram — ele disse.
— Eu vou matar você por ter assassinado o meu pai, Adrian — Hestia apontou sua espada para ele.
— Então você descobriu a verdade?
— Claro, acusar o Galrian foi um erro, mas confiar em você foi o pior erro que cometi.
Adrian sorriu e estendeu seus braços para os lados.
As lâminas que haviam assassinado o rei apareceram.
Johanna surgiu enquanto disparava uma flecha, Adrian desviou a flecha com a espada, as duas ficaram impressionadas.
— Ele é a segunda pessoa que vejo desviar uma flecha — disse Johanna.
— Qual foi a primeira? — falou Hestia.
— Galrian.
— Já imaginava.
Adrian avançou em direção a elas e Hestia defendeu com a espada. Johanna saltou e disparou duas flechas; ele desviou, delas. Hestia encarou Adrian e se preparou.
— Vamos dançar, meninas — ele avançou agora com mais velocidade.
Hestia e Johanna começaram a trocar golpes com Adrian, desviando e atacando como se dançassem, enquanto ele desviava e acertava os golpes.
[...]
Dei um chute no rosto de Kayan, ele foi arremessado no trono, e me preparei. Isael juntou suas mãos e criou uma esfera dourada, liberando-a contra Kayan em cheio.
O comandante Kay ergueu sua espada e várias espadas espectrais apareceram, avançando em direção a Kayan. Ele se levantou como se não tivesse recebido os golpes e sorriu.
— Algum plano? — Isael fixou os olhos em mim.
— Que tal aquilo?
Estendemos as mãos um para o outro, e uma esfera se formou, como no minotauro. Kayan começou a correr em nossa direção.
— Rajada Arcana... — disse Isael.
— Das sombras!
Liberamos o ataque, e Kayan recebeu o golpe em cheio. Uma cortina de fumaça subiu e todos nós olhamos na direção. A fumaça se dissipou, e Kayan estava sem nenhum arranhão. Arregalamos os olhos ao perceber isso.
— Ele sobreviveu a um ataque?! — disse Kay surpreso.
— Temos um problema — falou Isael.
Me aproximei dele e peguei um cristal mágico, jogando-o dentro da armadura que ele usava.
Kayan arregalou os olhos, e uma explosão de dentro para fora foi causada.
Dei um sorriso ao vê-lo, e percebemps um símbolo de um pentagrama em seu peito.
— O que?! Sem nenhum arranhão? — disse Isael.
— Ei, não me diga que ele é um dos generais da rainha dos demônios? — falei.
— Não, eu sou um demônio, mas não sou um dos generais dela.
— Não tenho mais ideias — olhei para Kay.
O comandante Kay começou a caminhar em direção a Kayan, dando as costas para nós.
— Ei, velhote, o que está pensando em fazer? — disse Isael.
— Não é óbvio? — ele sorriu em nossa direção. — Vocês sempre serão meus melhores alunos.
— Ei, que papo é esse! — encarei ele.
O comandante ergueu sua espada e uma rajada de vento começou a aparecer na sala.
Eu e Isael o encaramos enquanto uma aura azul o cercava. Kayan olhou para ele e se protegeu com as mãos.
— Galrian! — O comandante me fitou. — Não esqueça o que te ensinei e saiba que... eu, sua mãe e seu pai estamos orgulhosos de você.
Uma explosão aconteceu e eu ergui a barreira de sombras para que eu e Isael não fôssemos pegos no ataque.
Essa magia era a mais poderosa do comandante, mas em troca... Baixei minha cabeça, e Isael também.
O ataque pegou em cheio Kayan, fazendo o castelo tremer. Todos que estavam fora e dentro do castelo sentiram o impacto.
Ao fazer a barreira se esvair, vimos o corpo do comandante ali, todo queimado no chão, já sem vida.
Lágrimas caíram dos nossos olhos e Kayan estava com o lado esquerdo completamente destruído.
Eu e Isael nos preparamos para atacar, mas o corpo de Kayan caiu sem vida também.
— Tirei o corpo do comandante daqui — falei, escondendo as lágrimas e me preparando para sair.
— Aonde vai? — Isael olhou para mim, derramando lágrimas.
— Não é óbvio? — comecei a caminhar. — Eu vou matar o Adrian.
Isael limpou suas lágrimas e caminhou em direção ao corpo do comandante.
— Lave nossas almas com o sangue do Adrian, Rei das Sombras.
Afundei no chão em direção aonde Adrian estava.
Ao me erguer do chão, encontrei Hestia e Johanna desmaiadas, e minha visão se apagou.
O ódio por Adrian, a tristeza pelo sacrifício, me ensinou tudo. Sim, eu tenho que deixar isso sair...
— Por que eu... — Comecei a emanar mana, e Adrian colocou os olhos em mim. — Devo matar Adrian!
Uma aura de sombras me consumiu por inteiro, e Adrian se desesperou ao ver aquilo.
— O que é isso?! — falou Adrian. — Que mana é essa?!
Ao sair das sombras, orelhas e uma cauda de lobos apareceram em mim e minhas pupilas estavam amarelas.
Um rei das sombras bestial surgiu para matar aquele que serve à rainha dos demônios.