Volume 1
Capítulo 15: A Rainha das Succubus
Sylvana atacou com sua foice novamente, dessa vez segurei a lâmina com minha mão direita coberta de sombras.
Meus olhos se tornaram negros e quebrei a lâmina.
A súcubo arregalou os olhos, a puxei mais para perto para encará-la.
— Esses seus olhos — ela disse —, amo como refletem a escuridão da sua alma, Rei das Sombras.
— Esses seus olhos — falei —, gosto como mostram que você é só um demônio que gosta de se aproveitar dos homens.
— Por que não se rende logo aos meus encantos?
— Estou melhor assim.
Correntes de sombras prenderam Sylvana e me afastei enquanto erguia meu braço esquerdo, uma esfera de sombras que cresceu constantemente até ficar do tamanho suficiente para acabar com a vida de uma pessoa normal.
— Fale agora ou apenas... — dei um sorriso e liberei a esfera — morra.
Uma explosão causou estragos na vidraça do meu quarto.
Parece que vou ter que consertar isso depois, mas o que importa é que essa súcubo desgraçada se libertou antes da esfera colidir.
Ela estava ali, assustada como um gatinho indefeso.
— Isso foi assustador... — Sylvana olhou para suas mãos trêmulas.
— Não gosto de garotas difíceis — encarei ela —, anda logo e comece a falar.
— É... aquele novo rei...
— Adrian?
— S-sim, ele abriu o primeiro selo, por isso o mundo está em desequilíbrio e nós, demônios, fomos libertos.
— Você foi útil, Sylvana — estendi o braço direito para ela, e uma esfera de sombras começou a se formar em minha mão — agora, desapareça.
Liberei a esfera de sombras, ela atingiu Sylvana em cheio. Uma cortina de poeira se ergueu, mas algo estava errado.
Uma barreira estava em volta de Sylvana e pela reação dela, não poderia ter sido invocada por ela.
Outra súcubo apareceu ao seu lado, cabelos pretos, olhos azuis e roupas que eu nunca havia visto neste mundo.
Suas vestimentas eram como as das antigas mulheres egípcias que viviam no passado que pertencia ao mundo de Ryen.
— Espere?! Como diabos eu sei disso? — murmurei.
— Então, esse é o Rei das Sombras? — a súcubo sorriu.
— Majestade, ele não quis me escutar — Sylvana mudou seu olhar em direção a ela.
Majestade? Essa é a rainha dos demônios... Não, o selo está debaixo dos meus pés e não senti nada ser destruído.
Além do mais, Sylvana disse que Adrian abriu apenas o primeiro selo. O plano daquele maldito é trazer a rainha dos demônios de volta.
— Desejo fazer um pacto com você. — A súcubo de cabelos negros pousou à minha frente. — Sou Lilith, a rainha das súcubos.
— Um pacto é? Minha mãe sempre me falou que era errado fazer pactos com demônios que querem sugar sua vida.
— Eu quero acabar com a rainha dos demônios. Podemos fazer uma aliança.
— O inimigo do meu inimigo é meu amigo? Eu me recuso.
— Então acho que vamos ter que te convencer à força. — Ela esticou suas asas, e uma espada negra apareceu em suas mãos.
Apontei a Umbra da Noite para ela e uma flecha cortou o ar, acertando seu ombro.
Ao mudar minha visão para trás, Johanna estava com um arco negro adornado com algo que pareciam galhos. Segundos depois, Arya, Isael, Jules e Hestia haviam chegado também.
— Um homem. — Lilith retirou a flecha. — Perfeito.
— Isael, cuidado! — gritei.
Lilith apareceu em frente a ele e segurou o rosto de Isael para que ele olhasse nos olhos dela.
Ela começou a usar seu encantamento, mas algo estava errado.
Isael ergueu seu braço direito, e uma manopla dourada apareceu.
Ele socou Lilith, o impacto a fez ser arremessada para longe. Sylvana ficou confusa.
— Não funcionou?! — Sylvana disse.
— Fala sério? — Isael fixou o olhar nela. — Acha mesmo que eu cairia em um encanto de súcubos, sendo que já tenho alguém? Além do mais, sou fiel.
— Vocês vão pagar por terem tentado encantar meu marido. — Jules estendeu seu braço esquerdo e um espinho de gelo formou em sua mão. Ela liberou o espinho que perfurou a testa de Sylvana.
— Sem o cajado? — murmurei, surpreso.
Arya ergueu um florete branco com detalhes dourados, um redemoinho de chamas cercou Sylvana.
Após o redemoinho desaparecer, o corpo dela caiu carbonizado. O que são essas armas novas?
Lilith regressou e viu sua amiga com o corpo completamente queimado. Ela colocou os olhos em nossa direção, Hestia saltou em direção a ela.
A espada percorreu o ar, a súcubo desviou e a lâmina da espada dela passou centímetros de seu pescoço. Hestia girou o corpo e acertou com o calcanhar a cabeça de Lilith, que caiu em direção ao chão.
Hestia caiu ao meu lado e a encarou. Lilith se levantou e deu um sorriso misterioso.
— Eu... ofereci a você uma trégua, e você recusou. E agora... — Os olhos delas brilharam em vermelho e um feixe de luz veio em nossa direção. — Vai morrer junto de seus amigos.
Ergui a barreira de sombras e o feixe desapareceu ao colidir com ela.
— Ainda vai resistir, Rei das Sombras?
— Por que quer tanto uma trégua? — falei enquanto a barreira se desfazia.
— Não é óbvio? Eu quero tomar o trono dela.
— Mas que conveniente — disse Isael.
Ela ergueu seu braço esquerdo, uma esfera avermelhada se formou na ponta de seu dedo e a arremessou em nossa direção.
Avancei em direção à esfera e a segurei para que não atingisse eles.
Lilith sorriu, mas seu sorriso durou apenas alguns segundos quando a esfera começou a retornar em sua direção.
Sorri enquanto a esfera consumia Lilith.
Após a esfera desaparecer, a rainha das súcubos estava com vários arranhões e ferimentos.
Isael avançou junto a mim, socamos a barriga dela, e Jules invocou uma rocha gigante acima dela.
A rocha caiu em cima da súcubo enquanto eu e Isael a olhávamos. Lilith destruiu a esfera e retornou para onde estávamos.
Invoquei minhas asas de sombras e com uma investida ataquei com a minha espada, mas assim como havia feito com Sylvana e sua foice, ela segurou a lâmina da Umbra da Noite.
Outro sorriso apareceu em meu rosto, e desapareci diante de seus olhos.
Duas flechas disparadas por Johanna a atingiram em cheio.
Reapareci atrás dela e acertei um chute em sua cabeça.
Ela começou a cair em direção ao chão. Criei uma esfera de sombras gigante e liberei em sua direção, causando uma enorme explosão.
— Ele conseguiu? — disse Hestia.
— Não sei — falou Arya.
Para a surpresa de todos nós, Lilith havia sobrevivido, mas o lado esquerdo de seu corpo havia sido destruído. Avancei em direção a ela, pronto para cortar sua cabeça.
Ela sorriu e ao ficar próximo o suficiente, disparou o ataque sem que eu pudesse desviar. Meu casaco se tornou apenas trapos.
— Eu acertei — Lilith começou a gargalhar.
Minhas roupas se regeneraram, reapareci atrás dela.
Ela parou de gargalhar e arregalou os olhos enquanto sua cabeça caía em direção ao chão.
Seu corpo e cabeça se tornaram poeira e foram varridos pelo vento. Retornei para onde eles estavam e os olhei.
— Descobri algumas coisas em relação a Adrian.
— O que? — disse Isael.
— Para adquirir poder demoníaco, é necessário pegar o sangue de alguém da família real — meu olhar se encontrou com o de Hestia. — Ele também, em algum momento, abriu o primeiro selo para libertar a rainha dos demônios.
— Temos um problema, já que faltam 5 agora, certo? — disse Jules preocupada.
— Cada selo liberta um general da rainha dos demônios, mas até agora, o único demônio foi Lilith e Sylvana.
— Então é provável que o general esteja refugiado no castelo junto de Adrian — falou Hestia.
— Só tem um jeito de descobrir isso: invadir o castelo e ver com os nossos próprios olhos — olhei para todos eles.
[...]
Adrian adentrou um salão onde havia uma enorme esfera negra. Ele se ajoelhou perante a esfera e baixou sua cabeça como sinal de adoração.
— Como está indo o seu trabalho, meu servo? — falou uma voz feminina que vinha de dentro da esfera.
— O primeiro selo já está aberto. Estamos em localização dos outros, Majestade.
— Cuidado com o rei que reina sobre as sombras.
— O novo rei das sombras é tão idiota que ele nem percebeu que estou um passo à frente dele há muito — Adrian sorriu.
— Não se ache, meu servo. O sucessor de Ryen é mais esperto do que parece.
— Está dizendo que ele é melhor do que eu?!
— Ele derrotou Sylvana e a Rainha Lilith — a voz fez uma pausa — ele não é só mais esperto, como também mais forte.
— Não fale assim de Galrian, Majestade — Adrian colocou um olhar de desespero — estou trabalhando duro para libertá-la.
— Galrian? Esse é o nome dele?
— Por que está tão interessada nesse rei maldito?! — Adrian encarou a esfera, seu sangue já fervia de raiva.
Adrian se levantou irritado e deixou a sala ainda mais bravo do que antes.
[...]
Estava sentado no trono enquanto contava para Elowen e Annaelia sobre o que havíamos descoberto pelas súcubos.
Hestia estava de pé ao meu lado, enquanto as duas rainhas estampavam seus rostos preocupados.
— Temos um grande problema — disse Annaelia — se Adrian realmente quer libertar a rainha dos demônios, nem mesmo os reis dos outros reinos vão ficar quietos. Eles vão querer acabar com Luminara.
— Temos que impedir isso — disse Elowen.
— Pedi para Isael, Arya e Jules procurarem algo na biblioteca real sobre os outros selos. Johanna e Lycan foram à igreja disfarçados para saberem mais sobre a rainha dos demônios.
— Há alguns livros na biblioteca real aqui de Atalanta que falam sobre a rainha dos demônios. Enviarei junto com algumas coisas que o Comandante Kay veio buscar a seu pedido.
Havia me esquecido disso, mas pedi para o Comandante Kay ir até Atalanta buscar algumas coisas de Ryen que Annaelia havia encontrado.
— Faça isso e diga a ele para retornar o mais rápido possível; precisarei dele na invasão que estamos planejando.
— Planeja invadir o castelo? — falou Elowen — irei enviar soldados para ajudar.
— Não quero que vocês se intrometam nisso.
— Você não está entendendo — disse Annaelia — a rainha dos demônios não é só sua inimiga, mas de todos os reinos também.
— As duas têm razão — Hestia me fitou — nações inteiras se levantaram no passado contra a rainha dos demônios, então vão se levantar novamente.
— Apenas não me atrapalhem e deixem o Adrian para mim. Preciso me vingar do que ele fez com o rei.
— Claro — as duas responderam ao mesmo tempo.
— Até depois.
— Até depois, majestade — as duas desapareceram.
Dei um suspiro enquanto Hestia me olhava; nossos olhos se encontraram e ela desviou o olhar. Pela reação, ela queria me pedir algo.
— Desembucha o que vai pedir?
— Será que pode abrir um portal para Atalanta? Preciso visitar uma prima minha que acabou de dar à luz.
— É isso que quer? — encarei ela — por que não pediu logo?
— Eu ia pedir, mas veio o ataque das súcubos, então acabei me esquecendo.
Estendi meu braço direito e o portal de sombras se abriu à minha frente. Hestia caminhou em direção; ela olhou para mim, acenei para que ela fosse, ela acenou com a cabeça e entrou no portal, que se fechou.
Me inclinei sobre o trono enquanto Arya, Johanna e Isael adentraram a sala do trono com uma pilha de livros.
— O que é esse tanto de livros?! — falei surpreso.
— Os livros que você pediu — disse Isael — hora de estudar, Galrian.
Coloquei minha mão direita sobre o rosto e me levantei do trono.
Me aproximei da pilha de livros e comecei a procurar junto com eles; cada livro folheado continha uma informação preciosa que conseguíamos.
— O nome da rainha dos demônios é Morgana — falou Arya.
— Aparentemente, ela foi selada várias e várias vezes. Ninguém conseguiu matá-la — falou Jules.
Mais dentro de todas, uma informação me chamou a atenção: a rainha dos demônios, na verdade, era humana. Uma humana que se tornou demônio. Será que ela é tão má assim? Ou deveria ter algum motivo para isso... Mas nenhum dos livros que estavam na biblioteca dizia isso.
Espero que os de Atalanta tenham mais informações sobre isso, pois só aumentou ainda mais minha curiosidade.