Rei das Sombras Brasileira

Autor(a): Genji


Volume 1

Capítulo 14: As armas dos heróis

 

Já se passara um mês desde que resgatei Hestia de Adrian e alguns dias desde que ele assumira o trono real.

 Monstros começaram a surgir nas vilas próximas, e as quebras de masmorras tornaram-se cada vez mais frequentes.

 Para resolver isso, dividi todos em duplas para aumentarmos as chances de salvar mais pessoas: Johanna e Hestia, Jules e Isael, e Arya e eu.

Arya, ainda vendada, estendeu a mão direita para mim. Peguei sua mão, e ela me lançou em direção a uma criatura com a parte superior de uma mulher e a parte inferior com uma cauda de serpente; uma medusa. 

Mesmo com a venda que impedia nossas visões, usamos o som para perceber seus movimentos. 

Girei no ar, a lâmina da Umbra da Noite deslizou pelo lado do pescoço da medusa, causei um corte e Aterrissei de costas para a criatura.

— Agora, Arya!

Arya levantou sua espada, e várias bolas de fogo apareceram sobre a medusa.

 Ela baixou a espada, as bolas de fogo acertaram a medusa, queimando-a por completo.

 Entre as cinzas, restou um cristal que sinalizava a derrota do rei ou rainha da masmorra. Arya se aproximou do cristal e o pegou.

— Vamos sair daqui — removi a venda e estendi minha mão esquerda para ela.

Ela retirou a venda, pegou minha mão, as asas de sombras surgiram em minhas costas, voei em direção à saída enquanto tudo desmoronava.

 Usei o portal de sombras para voltar ao castelo junto com Arya, emergimos na sala de reuniões, onde Luna varria.

— Vou dormir um pouco — falei — depois irei tomar banho.

— Então vou tomar banho primeiro — disse Arya e entregou o cristal nas mãos de Luna — entregue isso a Isael.

— Sim, senhorita Arya — Luna se curvou e pegou o cristal.

 

[...]

 

Hestia corria em direção a um lobisomem bípede com mais de 5 metros de altura, enquanto Johanna disparava flechas nos lobos menores que tentavam se aproximar de Hestia. 

A antiga rainha de Luminara deslizou por baixo das pernas do licantropo e, como Galrian, girou seu corpo e causou um corte nas costas da criatura. 

Ele se virou, suas garras foram em direção a Hestia, que saltou e acertou um chute na testa dele.

O lobisomem deu alguns passos para trás e Johanna apontou seu arco para o joelho dele, ela disparou uma flecha que acertou o joelho direito. 

Hestia caiu ao lado dela, estendeu o braço direito, duas espadas de eletricidade surgiram ao seu lado e percorreram o ar, as espadas perfuraram o enorme lobo. No entanto, seus olhos ficaram vermelhos.

— Tsc, se fosse o Galrian, ele já teria cortado a cabeça dele — disse Johanna.

— Ele vai me pagar por ter me colocado junto a você — Hestia avançou novamente e usou uma magia de vento para se erguer no ar.

A espada cortou o ar e decapitou o lobisomem com um corte limpo. A criatura transformou-se em poeira, enquanto deixava apenas o cristal como recompensa por derrotar o rei da masmorra.

 Hestia pegou o cristal, seus olhos miraram em Johanna, que se aproximava com o cristal que Galrian havia dado antes para se teletransportar para o castelo.

— Por que você tem que ficar com isso? — Hestia encarou Johanna.

— Porque o Galrian confia mais em mim.

O cristal emitiu um feixe de luz roxo, e as duas apareceram na sala de reuniões do castelo. 

Luna se curvou para as duas, uma formalidade que ela realizava com todos que viviam ali, embora Johanna, Arya, Galrian e Jules não gostassem que ela se curvasse para eles.

— Luna, o Isael já chegou? — disse Johanna enquanto pegava o cristal da mão de Hestia.

— Não, mas vossa majestade sim.

— Galrian já retornou? — Hestia falou com um sorriso no rosto.

— Sim, ele disse que iria dormir.

— Uh, vou lá ver como ele tá — disse Hestia.

— Se eu fosse você, não faria isso — falou Isael ao aparecer junto de Jules — o Lycan fica irritado quando alguém perturba o sono do mestre dele.

Os dois haviam ido para Hilusia para resolver a quebra de masmorra lá. Como já haviam visitado o reino antes, era mais fácil localizarem a quebra de masmorra.

 Johanna jogou o cristal para Isael, e Luna entregou na mão dele.

— Além disso, o Galrian está cansado. Desde que esses monstros e quebras de masmorras começaram a aparecer com frequência, ele não conseguiu dormir direito — falou Jules.

— Tá bem, casalzinho — Hestia deu de ombros — vocês se preocupam demais com detalhes. O Lycan vai me deixar entrar no quarto de Galrian, afinal, nos damos bem.

— Boa sorte. As únicas que o Lycan permite entrar no quarto são Luna e Lira — Isael cruzou os braços.

— A propósito, Isael — Hestia apontou para os cristais — para que servem esses cristais?

— Entregamos para as guildas de aventureiros. Alguns domadores de monstros usam para conseguirem domar monstros mais facilmente.

— Eles ficam guardados no cofre do castelo — disse Johanna.

— Cofre é? — Hestia colocou um olhar de curiosidade.

— Não tem nada lá, além de algumas armas. Não falei para o Galrian ainda, já que ele está ocupado — falou Isael.

— Interessante — Hestia deu um sorriso.

 

[...]

 

A porta do quarto de Galrian se abriu e Hestia entrou sem fazer barulho.

 O rei das sombras estava deitado, com os olhos fechados.

 Ela sorriu e se aproximou nas pontinhas dos pés, enquanto Lycan observava, sem que ela percebesse.

— Ex-rainha, você já deveria saber que é falta de educação entrar no quarto de alguém enquanto ele está de repouso — falou Lycan.

Hestia arregalou os olhos e moveu o olhar em direção a Lycan, que estava deitado em uma almofada grande ao lado da Umbra da Noite.

 Lycan era o guardião da espada enquanto Galrian dormia. Hestia se preparou para receber uma mordida ou alguma investida do enorme lobo negro.

— E-eu posso explicar, Lycan — disse Hestia enquanto engolia em seco.

— Oh? — ele começou a balançar seu rabo — Se me convencer, eu não morderei você.

A garota olhou para o teto, pensando em uma boa desculpa para invadir o quarto de Galrian enquanto ele dormia.

 Cruzou os braços e um sorriso apareceu em seu rosto, como se uma desculpa tivesse surgido em sua mente.

— Galrian me pediu para acordá-lo quando retornássemos.

— O mestre não me disse nada disso. Pelo contrário, disse para que ninguém entrasse aqui.

Hestia achava que poderia enganar o lobo que sempre estava ao lado de Galrian, mas, na verdade, ela apenas caiu em sua própria mentira.

— E-eu só vim ver como ele estava — Hestia olhou para o lado.

— Sua tentativa me impressiona — Lycan se levantou — Mas tá na hora da mordida.

— S-seja gentil, por favor — suor frio surgiu no rosto de Hestia.

Lycan preparou uma investida, e Hestia fechou os olhos enquanto se preparava. Lycan saltou enquanto olhava na direção do braço dela, mas foi impedido por uma barreira de sombras que o derrubou de volta nas almofadas. Plumas voaram pelo quarto enquanto Lycan batia seu focinho nas almofadas.

— Em? — Hestia moveu os olhos para trás.

[...]

Hestia olhou para mim e percebeu que eu havia erguido a barreira de sombras enquanto ainda estava de olhos fechados. 

Lycan se recompôs, seus olhos mostrava irritação por causa de Hestia . Mesmo enquanto dormia, eu podia proteger aqueles que estavam por perto. Abri os olhos e movi meu olhar em direção a Hestia.

— O que você quer? — falei ainda sonolento.

— E-eu vim perguntar sobre as armas no cofre — seu olhar parecia o de uma criança que sempre perguntava algo a seus pais — Isael disse que iria falar com você sobre isso, mas você estava ocupado.

— Armas? — me levantei e fiquei sentado na cama.

Hestia confirmou com a cabeça.

— Lycan, você e Isael podem ver o que são essas armas?

— Sim, senhor — Lycan se aproximou de mim.

— Vá com eles já que está tão curiosa para saber — direcionei meu olhar em direção a Hestia.

Os olhos dela brilharam como cristais de diamantes, e ela se dirigiu até a porta junto de Lycan. Ao saírem, me deitei novamente enquanto uma sombra de uma criatura adentrava o meu quarto pela janela. Uma mulher com chifres e asas negras se materializou à frente da minha cama e lambeu os lábios.

 

[...]

 

Hestia e Lycan se dirigiram ao jardim, onde Isael e Jules estavam. Os dois encontraram o casal enquanto treinavam. 

Ela disparava magia e Isael rebatia com socos e chutes. Como Isael só acreditaria em Lycan, o lobo se aproximou do casal.

— Isael — disse Lycan.

— O que foi, Lycan? — Isael o olhou junto de Jules.

— O mestre ordenou que você abrisse o cofre e verificasse as tais armas que estão lá.

— Ué, mas quem falou a ele sobre isso?

Hestia olhou para o lado e começou a assoviar. Isael olhou para ela e já havia achado a resposta.

— Se foi ordem dele, então vamos lá.

— Eu vou com vocês — disse Jules.

Isael levou os três para uma sala onde só havia uma enorme pintura na parede. 

Ele removeu a pintura e moveu os dedos como se desenhasse um quadrado gigante no ar. 

Aberturas surgiram na parede em forma do desenho, e a parede abriu uma espécie de espaço. Os quatro adentraram o espaço, e havia vários cristais que ainda não haviam sido enviados para as guildas.

 Mais à frente estavam um arco com detalhes que pareciam galhos negros, manoplas e botas douradas, um florete branco com detalhes em dourado e um livro de magia.

— Essas são... — Hestia se aproximou.

— Armas de heróis? — Jules ficou surpresa.

— Aposto que o mestre vai ficar surpreso ao ver tudo isso — disse Lycan.

— Vou retirar eles dos suportes — Isael se aproximou e uma projeção de Ryen surgiu à frente deles.

— Ué, achei que fosse o meu sucessor — disse Ryen surpreso.

— Quem é ele? — Falou Hestia.

— Não ouviu ele dizer sucessor? — Jules reagiu surpresa — É o rei das sombras anterior.

— O que o rei das sombras anterior faz no cofre? — Isael falou surpreso.

— Essa é uma pergunta muito fácil de ser respondida — Ryen sorriu — fiz essa projeção para que o sucessor pudesse entregar essas armas lendárias para os seus aliados.

 

[...]

 

Senti algo pesado se sentar sobre o meu corpo. Mãos começaram a deslizar por ele, algo entre prazer e desconforto. 

Ao abrir os olhos, vi “Johanna” sentada em cima de mim, dando um sorriso sedutor. 

Ela aproximou os lábios dos meus, mas antes que se tocassem, uma mana demoníaca como aquela no castelo surgiu.

 As sombras arremessaram a “Johanna” para longe, ela foi jogada contra a parede. Levantei da cama, peguei a Umbra da Noite e desembainhei.

— Quem é você? — falei enquanto apontava a espada para ela.

Uma silhueta com asas e chifres emergiu da poeira. Uma mulher de cabelos vermelhos, um sorriso sedutor, uma súcubo. 

Parece que não eram apenas monstros e quebras de masmorras, mas demônios também começaram a aparecer. Algo estava errado.

— Saudações, rei das sombras — ela se curvou, como se mostrasse que era uma honra me conhecer — sou Sylvana.

— Uma súcubo, hein?

— Achei que seria fácil coletar um pouco da sua energia vital — ela fixou os olhos em mim — mas, como previsto de um rei das sombras, vocês resistem aos encantos de uma súcubo.

— Quem iria querer levar um demônio para a cama? — encarei ela — isso é nojento.

Ela começou a rir.

— Muitos fizeram pactos com muitos da minha raça em troca de prazer.

— Realmente existem pessoas burras nesse mundo.

— Não estou aqui para brigar — ela estendeu a mão direita, e uma foice se materializou — mas ter uma luta com o rei das sombras não é todo dia que se tem.

Eu e a súcubo nos encaramos enquanto o clima ficava cada vez mais pesado. 

A súcubos investiu em minha direção com sua foice e ataquei com a umbra da noite. Os ataques se colidiram e nos encaramos.

— A lenda é verdadeira — ela sorriu — você vai acabar com a rainha dos demônios.

— A rainha dos demônios está selada.

— Está errado, um príncipe que virou demônio está querendo trazê-la de volta.

— Acho que você deve conhecê-lo — a atingi com uma joelhada em sua barriga.

Ela foi empurrada para trás, pôs as mãos na barriga e disse:

— É, eu o conheço.

Um sorriso apareceu em meu rosto enquanto só pensava em fazer essa súcubo falar.

 

 

 



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