Volume 1
Capítulo 13: Resgate
O Comandante Kay nos jogou aos pés de Jules e Johanna.
Nossos corpos não conseguiam se mexer devido à quantidade de mana que Isael e eu havíamos usado durante o treinamento. Isael estendeu seu braço para Jules, que deu um sorriso e se aproximou dele.
Os lábios dos dois se tocaram enquanto uma aura de mana era transferida de Jules para ele, a transferência de mana.
Ao ficar sem mana, um indivíduo pode transferir sua mana para outra pessoa com um toque físico, normalmente com um toque, mas caso seja um casal como esses dois, um beijo era mais rápido e mais efetivo.
— Ah, já estou melhor — disse Isael enquanto se levantava.
— Que bom para você — falei enquanto ainda estava no chão. Quanto de mana eu gastei para ainda estar aqui?!
Johanna estava de braços cruzados, não tirando os olhos de mim. Movi meus olhos em sua direção, e ela olhou para o lado.
— Eu não vou pedir para você me beijar, ok?! — encarei ela.
— Se pedisse, eu não faria. Ponha-se no seu lugar, Rei das Sombras.
Senti meu corpo voltar ao normal, enquanto o Comandante Kay ainda estava ali parado.
Até que não estivéssemos bem, ele não iria retornar para o seu quarto. Me levantei um pouco tonto ainda, mas creio que estou bem.
O dia hoje foi cheio. Aquela rainha encheu meu saco e ainda teve aquela pontada no meu peito, como se fosse um tipo de aviso.
— Certo, preciso de um descanso...
O cristal do trono começou a emitir um sinal. Será que não terei tempo de descansar? A Hestia perturba demais.
Me aproximei e toquei, só que para minha surpresa, era na verdade a Annaelia. Me sentei no trono.
— Soube que a Rainha Elowen já está partindo com o exército para aí — disse Annaelia.
Então, ela realmente não vai esperar.
— A nossa volta só tem montanhas. Não é um terreno bom para uma guerra.
— Essa rainha não sabe escolher terreno para batalhas não? — disse Isael.
— Montanhas não servem para a batalha? — Johanna moveu seus olhos em direção a Kay.
— Sim, mas apenas aquelas que estão no alto. Ou seja, se tivéssemos um exército, estaríamos na vantagem.
— Provavelmente, eles chegarão ao amanhecer. Tome cuidado, Rei das Sombras — falou Annaelia com preocupação.
— Quantos? — estreitei meus olhos, curioso.
— Mil soldados. Ela passará em Luminara para pegar as tropas do Adrian.
— Galrian, não há tempo para descanso — disse Jules.
— Chamem Arya e Lycan — toquei no cristal e me levantei — e peçam para Luna e Lira ficarem em um local seguro. Ao amanhecer, estaremos em batalha.
Todos eles acenaram com a cabeça. Saí da sala do trono junto de Johanna e Isael, apressamos nossos passos em direção às muralhas, pegamos uma escada de uma das torres do castelo e começamos a subir.
Como não sabia em qual direção eles chegariam pela manhã, ficamos em cima da muralha ao lado do portão principal.
— O que está pensando em fazer? Você acabou de regenerar sua mana — Johanna me olhou preocupada.
— Isso aqui — ergui meus braços, e soldados com armaduras negras apareceram nos quatro lados das muralhas.
Eles seguravam arcos em mãos. Saltei da muralha e caí em pé, estendi meu braço direito e mais soldados apareceram, dessa vez com espadas em mãos.
Isael e Johanna olharam ao redor deles enquanto ficavam impressionados com o exército. Jules, Arya, Lycan e Kay se aproximaram e ficaram boquiabertos.
Retornei para cima da muralha com as asas de sombras e fixei meus olhos neles.
— Preparem-se — falei com um sorriso no rosto.
(...)
Ao nascer do sol, despertamos com barulhos de cascos de cavalos e passos no horizonte.
Me levantei e olhei na direção. Diante da minha visão, bandeiras com um escudo e espadas gravadas nelas puderam ser vistas.
Os soldados a cavalo logo começaram a aparecer, e na frente deles estava a Rainha Elowen.
— Espere! — Isael disse — Ela não passou em Luminara?
— Como assim? — Jules falou, fixou seu olhar no exército inimigo e arregalou seus olhos.
Estava tão concentrado que não havia percebido, mas só tinham os 1.000 soldados que a Annaelia havia falado. Algo estava errado.
— Lycan! — falei enquanto saltava de cima da muralha.
Lycan saltou comigo, e eu montei nele enquanto caímos. Ele me levou até onde Elowen estava, e ficamos frente a frente.
Ela estava com uma armadura e segurava uma lança em suas mãos. A rainha vir pessoalmente, sem comandante ou capitão, era provável que algo tivesse acontecido.
— A Annaelia estava errada, você tem uma enorme força aí — Elowen disse, enquanto seu olhar analisava o exército das sombras.
— O que aconteceu? Onde estão as tropas de Luminara?
— Tsc, aquele desgraçado me traiu — ela mudou o seu olhar para o lado — Você venceu esta guerra. Hilusia é sua, assim como eu serei sua serva a partir de agora.
— O que?
Não esperava esse desenrolar. Essa mudança de eventos foi repentina, que eu não conseguia dizer nada.
— Aquele maldito... Quando fui a Luminara, ele mandou a empregada dizer que não precisava mais de mim e que era para que eu viesse aqui para ser morta por você, pois já tinha o que precisava.
— Já tinha o que precisava?
O que ele queria dizer com isso?
Olhei em direção a Kay, e uma dor de cabeça surgiu na minha cabeça. Coloquei minha mão sobre ela, enquanto Elowen e todos me olhavam com preocupação.
— Galrian! Galrian! — a voz de Hestia ecoou na minha mente — Vem me salvar!
— Hã?
— Eu preciso que você me salve! Rápido!
Estendi meu braço direito para o lado, abri um portal e mudei minha visão em direção a Elowen.
— Certo, então, como o mestre que você deve servir, eu ordeno que cavalgue para Luminara.
— A Hestia está... — Comandante Kay me encarou com os seus olhos envoltos de preocupação.
— A Hestia está em perigo — me aproximei do portal — Sigam com a Elowen, e aproveitem e peguem minhas coisas e as coisas que estão no quarto dela, principalmente a minha espada.
— Você vai salvá-la?! — Johanna me encarou — Depois do que ela disse de você?!
— Sim — dei um sorriso — se fosse você, eu também iria aos confins do mundo para te salvar.
O olhar de Johanna foi de irritação para surpresa. Adentrei o portal e emergi na sala do trono, onde Adrian estava sentado.
Os soldados, ao contrário de antes, não moveram nem um músculo para me parar.
— Mas o que é isto!? — Adrian se levantou — Soldados, peguem ele.
— Vocês sabem o que vai acontecer se fizerem o que ele manda? — coloquei minhas mãos dentro dos bolsos do casaco — Eu realmente não quero que seus filhos e filhas cresçam sem pais, e suas esposas se tornem viúvas.
Os soldados nem ao menos ouviram Adrian e isso o deixou desesperado.
— O que?! Não vão me obedecer?
— Já chega! — encarei ele — Cadê a Hestia?
— Até parece que vou dizer! Ela é a minha noiva.
— Então não vai falar? — fechei os meus olhos — Rei macaco, tengu.
Duas sombras emergiram ao meu lado esquerdo e direito.
O do lado direito tinha a aparência de um macaco vestido com armadura e um bastão em suas costas.
O outro tinha a aparência de um corvo, era bípede e tinha uma máscara que cobria sua face.
— O-o que é isso?
— Procurem a Rainha Hestia.
Os dois se afundaram no chão. Adrian pegou uma espada que estava ao seu lado e avançou em minha direção.
Uma mão de sombras surgiu e segurou a espada antes que ela chegasse até mim. Os olhos de Adrian se tornaram vermelhos, e franzi minhas sobrancelhas enquanto as palavras de Nix retornavam à minha mente. A mão de sombras o empurrou, e os dois retornaram.
— Majestade — falou o Rei Macaco, sua voz era imponente — a rainha está em uma cela com ferimentos leves.
Ao ouvir aquilo, só me veio à cabeça cortar a cabeça de Adrian.
Comecei a caminhar em sua direção enquanto retirava a Umbra da Noite da bainha, mas a porta da sala do trono se abriu de repente.
Ao olhar na direção, avistei um homem alto de cabelos azuis que emanava uma mana demoníaca. Embainhei a Umbra da Noite e fiquei de costas para Adrian.
— Estou levando a Hestia comigo hoje, mas ainda voltarei para te pegar, assassino
— Que seja, não preciso mais dela — Adrian falou em tom de provocação — mas estarei aguardando você, rei das sombras.
Comecei a afundar no chão e emergi no calabouço do castelo. Me aproximei da cela em que Hestia estava e a encontrei desacordada, com ferimentos e marcas roxas em todo o corpo.
Ela parecia ter lutado, mas ele a havia subjugado.
— Majestade — o Rei Macaco emergiu sua cabeça do chão — eles estão aqui.
— Diga a Isael para usar o cristal dele para pegar um dos meus casacos do exército real e a minha espada. Os outros que tiverem o cristal, voltem para o Castelo das Sombras.
— Sim — ele desapareceu no chão.
Me afastei da grade da cela, a bota de sombras apareceu na minha perna esquerda.
Dei um impulso e chutei a grade, que se desfez.
Entrei, peguei Hestia nos braços e abri o portal de sombras, entrei no portal enquanto a carregava.
[...]
Hestia abriu os olhos e olhou para o teto. Ela se levantou e ficou sentada na cama, olhou para o lado e avistou Luna e Lira ao seu lado, elas cochilavam.
Hestia piscou os olhos e os esfregou, confusa.
— O-onde estou? — ela murmurou confusa.
— No Castelo do Rei das Sombras — disse Johanna, que estava encostada na parede ao lado da cama.
— Tsc, eu acordo, e a primeira pessoa que eu ouço é você.
— Galrian estava aqui agora a pouco. Ele me deixou cuidando de você enquanto foi resolver as coisas com a Elowen — Johanna pegou uma roupa e jogou para ela — aqui, é uma roupa minha.
— Acho que não vai servir — Hestia ergueu o vestido — meus peitos são maiores.
— Você tem sorte que estava toda machucada, que se não eu ia te dar um soco agora — ela deu um sorriso sem graça.
— O Galrian realmente veio me salvar — ela sorriu.
— O que aconteceu? Você, até dois dias atrás, feriu o Galrian para defender o Adrian, então o Adrian te dá uma surra e te prende na cela do castelo.
— Ele está diferente — Hestia ficou de pé — é como um demônio.
— A Jules curou seus ferimentos com magia de cura; agradeça a ela.
Hestia trocou de roupa e amarrou o cabelo rosa.
— Farei isso — ela olhou para Johanna — e você, traiu o Galrian, mas está aqui, obedece a ele sem questionar.
— Não seja idiota — Johanna se aproximou da porta e a abriu — o Galrian me ajudou a me livrar de alguns bandidos, assim como ele fez com a Arya. Ele também é meu amigo, então, claro que vou obedecer, e você também deveria, já que não é mais a rainha de Luminara.
— Acho que você tem razão — ela se afastou de Johanna e saiu pela porta.
— Vocês duas descansem — Johanna disse para Luna e Lira enquanto saía e fechava a porta.
— Para onde estamos indo? — falou Hestia enquanto caminhava ao lado de Johanna.
— Para onde o Galrian está.
[...]
Havia feito um acordo com Elowen. Como os impostos eram um pouco acima da média e não podia me mudar para o castelo de Hilusia devido ao selo da rainha dos demônios abaixo daqui, decidi que ficaria com 25% dos impostos que ela recebia do povo.
Em troca, ela podia continuar como rainha. Isael, Arya, Jules e Kay também estavam sentados na mesa de reunião.
A porta foi aberta por Johanna, que estava acompanhada por Hestia, vestida com um vestido branco que parecia ser de uma camponesa.
— Parece que a rainha melhorou — disse Isael.
— Como está se sentindo, Hestia? — falou Johanna.
— Bem, graças a você — ela sorriu.
— Pronto — Johanna se aproximou de mim.
— Já terminamos nossa reunião — Elowen se levantou — vou voltar para o reino agora.
— Obrigado pela compreensão, Elowen — dei um sorriso para ela.
— De nada, não precisam me acompanhar. Já decorei o caminho — ela saiu da sala.
— É... Galrian... obrigada por ouvir meu pedido de ajuda — Hestia colocou os olhos em mim.
— Claro — me levantei e me aproximei da minha antiga espada e do casaco que Isael e Jules haviam pegado. Me virei e joguei para ela — aqui. Soube pelo comandante Kay que você queria isso.
Hestia pegou e olhou. Ela deu um sorriso, e lágrimas começaram a cair do seu rosto.
Olhou para mim e deu um sorriso de agradecimento.