Volume 1 – Arco 5
Capítulo 59: Bons Momentos, Confusos Sentimentos

— Finalmente te encontrei Leopolda! — Ana Bael exclamava entrando no recinto que a dama estava.
Leopolda já tinha tirado a maioria dos acessórios, seus cabelos dourados estavam presos num rabo de cavalo meio frouxo, a roupa ainda estava no corpo, mas mais bagunçada, e abraçava seu baldinho de vômito:
— Perdão, precisei me ausentar. — A loira sorriu meio fraca.
— Deusas, o que houve com você? Comeu algo que lhe fez mal? — A castanha questionou se aproximando.
Leopolda deu uma risada daquilo deixando o baldinho de lado, para que o cheiro não afetasse sua amiga:
— Talvez tenha sido isso, ou talvez apenas algo que aconteceu. — A consorte do lírio colocou a mão sobre o ventre, com um sorriso fraco, mas cheio de felicidade.
Deu quase para ver os neurônios da consorte das papoulas se moverem na sua cabeça até as mãos irem a boca numa exclamação quando a ficha caiu:
— Você está…?
— Sim!
A felicidade de Ana era visível, estava feliz por sua amiga, abraçando seu corpo cansado de tanto vomitar, rindo daquela notícia.
Não demorou para Elengaria finalmente achar aquelas duas, estava preocupada com o bem estar de sua quase amiga, sabia que não era próxima como as duas eram muito mais próximas que ela, passou muito tempo afundando na própria amargura e sofrimento para se preocupar em formar uma relação com elas:
— O que foi? — Finalmente perguntou após longos analisando aqueles dois rostos surpresos.
— Bem… — Ana começou, mas olhou Leopolda, deveria falar? Não sabia! Elengaria saberia de uma hora ou outra, mas não cabia a ela decidir aquilo.
— Eu estou grávida, Elen.
Aquela notícia atingiu a rainha de um jeito que não sabia que aquilo atingiria, não era doloroso, não. Era uma realização: Finalmente era parte daquela amizade.
Era um sentimento puro de felicidade, que não pensou que teria fora sua filha nascer! Estava sendo aceita naquela amizade de Ana e Leopolda, algo que sempre esteve distante de seus dedos. Agora tinha aquilo ali, de verdade.
Ter Eliassandra realmente lhe fez bem de modos que nunca entenderia, mesmo sendo se transformado em uma mão super protetora, agora ao menos sorria.
Sorria de verdade.
Abraçou finalmente a outra esposa de seu marido com uma felicidade genuina!
— Por que não contou? Poderíamos anunciar no baile!
— E tirar o momento da Eliassandra? Claro que não. O primeiro baile é extremamente importante para um filho nobre, nunca tiraria isso dela.
— Ora essa…
Entre risadas, as três pareciam se divertir, dizendo como seria bom se fosse uma garotinha como Eliassandra, ou como seria engraçado se ela fosse a única garota da família:
— Já sabe como vai nomear? — Ana perguntou claramente animada com toda aquela situação.
— Bem, eu ainda não pensei, mas… Mas acho que se for um garotinho, quero chamar de Ricardo. — Leopolda comentou baixinho.
Esperava um olhar feio de Elengaria, um comentário, qualquer coisa! Mas recebeu apenas um abraço apertado dela, esfregando os rostos enquanto falava tudo de bom que aquele nome carregava:
— Leopolda? Por que tá chorando? — Ana perguntou enquanto Leopolda chorava.
Céus, acho que são os hormônios da gravidez.

As espadas do mestiço e do príncipe se chocaram mais uma vez, a espada mais fina de Elberony contra a mais grossa de Ian, estavam medindo forças, encarando um ao outro com sorrisos ofegantes.
Ambos estavam apenas com as camisas brancas que usavam por dentro das roupas chiques de baile.
Os dois pareciam animados por aquele embate entre duas pessoas no mesmo nível, quer dizer, quase o mesmo nível, pois Ian realmente era um gênio de combate como todos diziam.
Deu um empurrão com força em Elberony, o fazendo recuar, e então levantou a espada num corte de cima pra baixo, mas o mestiço conseguiu desviar dando um pulo para trás, deixando a espada e Ian bater contra o chão de mármore:
— Você parece estar focado em machucar hein? Cuidado hein, sou delicado.
— Claro, e eu sou uma fada.
Mas Ian esperou o outro se reajustar, empunhando sua espada fina em direção ao seu adversário:
— De novo. — Elberony avançou para o estocar com a ponta da espada contra Ian.
O mais baixo aparou a espada com a sua própria, empurrando contra o mestiço, ficando de novo naquele embate de forças que claramente iria ganhar:
— Sabe, olhando de perto você é bonitinho, alteza. — Elberony brincou, vendo o rosto de seu adversário ficar vermelho.
Uma abertura!
Empurrou com toda sua força o fazendo perder o equilibrio por um momento, o suficiente para que o mestiço lhe derrubasse no chão, apontando a espada para o rosto de Ian:
— Ganhei. — Cantou vitória olhando o humano de cima.
— Certo, está virando rotina sabia?
Eleberony sabia o que ele queria dizer com aquilo, afinal as duas únicas vezes que ganhou foram com truques, se aproveitando de pequenas distrações do outro:
— É a segunda vez, por que você ficou tão distraído? — Questionou aquilo, estendendo a mão ao caído.
Como ele tinha visto antes, Ian viu uma abertura, segurou a mão do garoto de olhos esverdeados e puxou para baixo, o derrubando no chão:
— Ei!
— Abertura. — Ian riu.
Virou-se segurando as mãos de Elberony contra o chão sorrindo vitorioso por ter o derrubado aproveitando uma abertura que ele mesmo deu, usando seu truque contra ele:
— Isso não valeu.
— Valeu sim. — Ian provocou de volta.
Elberony estava encurralado, afinal se admitisse aquilo, iria admitir que usou o mesmo truque com Ian, e suas vitórias seriam inválidas. Então fechou os olhos suspirando:
— Certo, valeu.
Ian riu soltando as mãos de seu amigo, mantendo o olhar nele. Ambos estavam ofegantes, suados, sorrindo com aquela realização que apenas eles tinham naqueles momentos:
— Sabe, olhando de cima… Você até que é bonitinho. — Rebateu aquele dito.
Esperou uma risada ou piada do mestiço, mas tudo que recebeu foi um olhar corado que fez seu coração errar a batida:
— Vossa alteza seu pai… — Um servo entrou na sala de treino que ambos estavam, chamando a atenção dos dois.
A cena vista de fora era curiosa: O príncipe do meio em cima de seu amigo mestiço, ambos suados, com roupas bagunçadas, e rostos vermelhos, não tinha como não ter pensamentos errados sobre aquilo:
— Eu volto mais tarde. — O servo disse.
— Não! Espera, o que meu pai queria?
Ian estava sem jeito, mais corado que antes, o que deixava tudo ainda mais suspeito, que situação não é mesmo? Era quase algo para dar risada! O servo estava com um sorrisinho de lado, como se entendesse algo a mais entre eles:
— Ele disse que estão se despedindo, pode levar seu amigo para o quarto. — Deu uma pausa. — O quarto dele, vossa alteza.
— E-Eu entendi! Não precisa reforçar isso.
— Pensei que seria…
— Eu já vou!
Parecia um garotinho, e na verdade era, mesmo sendo um garoto forte e cheio de elogios, era isso que ele era: Um garoto com o coração acelerado e incerto sobre tudo que aconteceu naqueles momentos que estavam ali.
Esperou o servo se retirar para começar a recolher as roupas de ambos, as espadas que estavam jogadas do lado, foi Elberony que pegou, mais calado que antes, como se algo tivesse acontecido.
Mas nada aconteceu!
— Ei, Ian. — Elberony finalmente perguntou enquanto os dois estavam se preparando para sair. — Se sua irmã for selecionada para a escola…
— Ela será. — Ian reforçou.
— Certo, quando ela for selecionada… Será que ela vai encontrar o mesmo avaliador que você e o príncipe Ferrer encontraram?
Ian parou com a mão na maçaneta, os ombros tencionaram lembrando do seu próprio teste, do terror que passou naquele maldito teste:
— Eu espero que não… De verdade, eu espero que não.
Os dois príncipes foram avaliados pelo mesmo professor, tinham cicatrizes para provar tal coisa, pensando naquilo, toda a felicidade que sentia por pensar que ela estudaria com ele se for.
E se…
E se ela não sobrevivesse àquele teste voraz e perigoso? Não!
Precisava confiar em sua irmãzinha:
— Se ela encontrar, ela vai dar um jeito, eu confio nela, vamos?
Como um bom anfitrião iria acompanhar seu amigo de volta para o quarto, ambos precisavam de um banho, a brincadeira de antes realmente os cansou.
Mas o silêncio incomodava o mestiço que tinha uma certa incapacidade de ficar em silêncio, então logo estava cantarolando algo, qualquer coisa! Mas aquele local era…
— Silencioso.
— O palácio? Normalmente sim, os servos são instruídos a não fazerem muito barulho.
— Por que? Isso aqui passa uma aura de terror, sabia?
— Sabe que nunca reparei? — Acabou rindo daquilo.
De fato, aquele local era mais silencioso que a escola, bem mais, talvez ele notasse essa diferença, mas pensando um pouco mais, não sabia muito do amigo, enquanto ele veio para o baile de sua irmã, ele nunca viu a família de Elberony.
Pensou sobre aquilo, será que ele era órfão? Será que era um filho bastarde de alguém? Não era algo estranho a si, alguns dos guardas do palácio eram filhos bastardos de nobres que se tornaram guardas para pura proteção e eliminar um empecilho para não revindicar seja lá o que quiserem no futuro:
— Alteza? Alteza! Ian!
Ian deu um pulo assustado quando a mão de Elberony segurou seu braço com certa força, chamando sua atenção:
— Que foi?
— Meu quarto é aqui. — O mestiço sorriu apontando.
De fato, quase estava passando direto da porta do quarto dele, que coisa boba hein:
— Perdão, perdão. — Ian se desculpou todo sem jeito, estava com a cabeça nas nuvens.
— Tudo bem, bem… Acho que esse é o final da noite. —Elberony ofereceu as coisas de Ian a ele, e finalmente cada um estava com seus objetos.
Ficaram em silêncio, aquele silêncio desconfortável de que algo parecia que deveria ser dito, mas eles não falaram nada, apenas ficaram se encarando ali:
— Bem… É isso.
— É. É isso.
Mas não se moviam, nenhum dos dois queriam se mover, o primeiro que finalmente conseguiu se mover foi Ian, dando uns passos para trás:
— Até amanhã.
Encerrou aquele desconforto, dando as costas para Elberony, que sequer se movia.
Sentia que… Que perdeu uma oportunidade.
Mas de que? Não sabia dizer, apenas olhando as costas de seu amigo sumir no corredor de forma rápida.

Conversar com Seraphs fez Ferrer brincar de adivinhação.
Além dela falar muito, o que o jovem príncipe adorava, ela falava num idioma que ele não entendia totalmente, mas acabava sorrindo meio bobo enquanto acompanhava ela de volta para o quarto, sempre naquela animação contagiante que só ela parecia ter.
Normalmente odiava pessoas que falavam muito, mas com ela? Aquela aura encantadora simplesmente o atraía de um modo que sequer entendia como acontecia:
— Então, obrigada por hoje alteza. — Ela falou, mesmo que Ferrer apenas fizesse adivinhação do que ela falava.
Era uma conversa que deveria ser complicada, mas para eles era tão leve, tão calma, mesmo que demorassem nas respostas:
— Eu que agradeço. — Ele começou com seu forte sotaque humano. — Você foi a luz desse baile pra mim. — Disse em comum finalmente.
Foi o momento de Seraphs ficar em silêncio com aquele sorriso sempre terno no rosto:
— Entendi. — Conseguiu falar em comum, sorrindo ainda mais quando percebeu que falou em comum. — Eu espero que possa voltar aqui outras vezes.
Ainda andavam juntos, as mãos se tocando ocasionalmente como se quisessem se segurar, mas ainda se continha completamente, não sabiam se tinha espaço para aquilo ainda, mal se conheciam.
Mal conseguiam falar um com o outro.
Os passos de Seraphs diminuiram até finalmente pararem completamente, seu pobre coração estava ansioso, como nunca se sentiu antes, já tinha estado com outras pessoas, claro, em seu reino era normal ser cobiçada, mesmo sem entender o porque aquilo acontecia: Elfas de pele preta e cabelos brancos era algo muito comum entre a raça.
Mas eles pareciam se sentir fascinados por ela de alguma maneira:
— O que… Acha de mim? — Perguntou num comum trêmulo para que ele entendesse direito.
Aquele sotaque forte élfico que era tão lindo para Ferrer atingiu em cheio seu coração juvenil, até colocou a mão no peito, sentindo aquele solavanco tão incomum para o jovem príncipe.
Se aproximou da moça, levantando a mão para tocar seu rosto, no começo como se ela fosse quebrar, depois como se quisesse sentir sua pele macia como uma pétala de uma flor:
— Você é a pessoa mais incrível que conheci. — Sua fala foi firme, mesmo que não conhecesse bem o idioma
Os olhos brancos de Seraphs brilharam com aquela fala dele, seu sorriso mais realizado apareceu no rosto dela. Se jogou em Ferrer, abraçando seu corpo com força e carinho:
— Obrigada Ferrer.
Ele não respondeu nada, apenas abraçou de volta a garota de olhar angelical, sentindo seu cheiro tão bom contra si, esperava que aquele cheiro grudasse em si.
Era mesmo muito bom ter ela por perto.
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