Volume 1 – Arco 5
Capítulo 50: Bem Vindo ao Baile

O salão de baile era simplesmente de tirar o fôlego, os dois grandes lustres que faziam toda a iluminação estavam acesos com pequenas bolinhas mágicas, as paredes pintadas de uma cor creme bem clara, com belas janelas que além de enormes, ainda davam uma visão ampla para os jardins do Rei Ricardo.
Alguns nobres já estavam presentes, bem como pessoas ricas que estavam muito bem trajadas, mesmo que era clara a diferença para os nobres de fato.
Enquanto os nobres optavam por cores menos chamativas, como tons de azul mais pastéis, verde ou até mesmo lilás, o que também era uma forma de mostrar a qual consorte apoiavam, os burgueses usavam cores muito chamativas, com vestidos menos armados e jóias que passavam um ar de de falsas.
Mesmo que ambos os grupos esbanjassem riqueza, apenas um tinha a sofisticação que era cabida aos nobres de berço.
Mas eles não eram a atração principal.
Não.
O mestre de cerimônias limpou a garganta, chamando a atenção de todos que se voltaram para a escadaria:
— Rainha Mitrya, dos elfos da floresta! Com seus três maridos, Lorde Lysareths, Lorde Mervus e Lorde William!
Mitrya usava um belo vestido prateado, que combinava com seus cabelos prateados presos num coque, deixando em evidência suas orelhas élficas, o vestido delineava bem as curvas, e ainda contava com uma abertura nas laterais do dorso, expondo mais a pele da bela monarca da floresta.
Todos os olhares estavam naquele quarteto que esbanjava uma beleza simplesmente anormal, claro, faziam jus ao título de etéreo que os elfos recebiam, cada um com seus traços únicos, mas todos ornavam com tamanha precisão, como se fossem um quadro pintado.
Os quatro se posicionaram juntos, como se fossem uma comitiva de proteção, de fato, destoavam do ambiente:
— Quem são esses?
— Elfos? Desde quando permitem elfos aqui?
— Não sabiam que eles viriam.
— Que lindos, parecem criaturas mágicas.
Os comentários eram diversos, alguns maravilhados com a beleza diferente, outros que não entendiam porque os elfos estavam ali, outros sequer os queriam ali.
Lysareths, o segundo mais alto, sorria, um sorriso que beirava a arrogância, ele estava adorando aquela atenção toda, mesmo que fosse em partes ruins, era um homem que gostava de se exibir de qualquer forma:
— Você está sorrindo. — William avisou, segurando a mão do seu também marido.
— Tem como não sorrir? — Ele virou o rosto para o meio elfo. — Olha toda a atenção que estamos recebendo?
— Não é uma atenção boa?
— E quem liga? Contanto que os olhos deles ainda estejam em mim….
Mesmo que na guerra, aquele elfo fora conhecido como Sombra Perpétua, um frio assassino que conseguia passar despercebido até mesmo por detecções de mana e presença, e agora estava, depois de tempos, adorando a atenção que estava recebendo.
Tinham chegado no dia anterior, então toda a atenção dos adultos foi voltada para se preparar para àquela comemoração tão aguardada:
— Vossas alteza reais, os príncipes Argen e Aura, herdeiros do trono dos Elfos da Floresta!
Gêmeos idênticos, de cabelos prateados como a lua, e olhos tão dourados que pareciam o sol, a garota usava um vestido prateado, mais coberto que o de sua mãe, com detalhes de folhas em bordado na cor verde, os cabelos no ombro eram adornados de pequenas pedrinhas brilhantes, seu irmão Argen, usava uma roupa que fazia par com a irmã, um terno muito bem alinhado.
Mas diferente de sua irmã, os cabelos eram adornados por uma coroa discreta, mostrando que era da realeza.
Desceram a escadaria de modo perfeito, sem errar os degraus, tinham aprendido bem aquilo para causar boa impressão.
Claro que os sussurros continuaram, mas dessa vez era diferente, os pais das crianças olharem feio, cada um para um lado, fazendo os sussurros cessarem.
A música suave moldava o ambiente, mas parecia que os grupos não se misturavam, os burgueses ficavam num canto, conversando entre si, mal olhavam para os nobres.
Os elfos não tinham muita escolha além de interagirem entre si, afinal não podiam se dar ao luxo de falar com alguém que não o conheciam.
Mas claro que foi uma grande surpresa quando uma mulher do grupo dos burgueses se aproximou dos elfos com um sorriso encantador:
— Vossa majestade. — Fez uma reverência com um sorriso. — Se me permite, seu vestido está belíssimo. — Saudou sorrindo.
— Oh! Eu adorei seu penteado, senhorita.
E contra todas as probabilidades, uma conversa entre as duas se iniciou com um teor leve falando sobre roupas e jóias. Aos poucos, os dois grupos começaram a se misturar, e os nobres estavam afastados, olhando quase com nojo para aquela situação.
Como poderiam estar se misturando daquele modo, rindo entre si? Não conseguiam mensurar aquela aquela mistura esquisita, o que estavam acontecendo diante dos seus olhos?
Sabiam que os burgueses eram ardilosos e sorrateiros, muitas daquelas famílias de novos ricos enriqueceram na guerra, com esquemas e abastecimento de exércitos, era esperado que quisessem usar àquela comemoração como um palco para contatos, afinal teriam diversas raças ali.
Mais uma vez o anunciante limpou a garganta, falando alto, naquela voz potente:
— Sua majestade, lorde dos dracônicos, Rei-Dragão Valkriar!
O grande draconato estava sempre em sua forma mais dracônica, usava praticamente um manto que cobria seu corpo, o peitoral de fora, exibindo as tatuagens douradas em seu corpo, e ainda sim, seus braços estavam adornados dourados e chamativos.
O salão ficou completamente em silêncio, encarando o lorde dracônico descer as escadas numa imponência impressionante, era um homem difícil de ignorar. Seus olhos vagaram por todo o salão, não encontrando ninguém que lhe pareceu interessante, apenas seguiu para uma das mesas com bebidas.
Claro, os nobres torceram o nariz para mais aquela presença, achavam aquelas presenças um afronta às tradições que prezavam, aquela mistura estranha que nunca viram em todos os seus anos de vida, mas os burgueses apenas viam como uma oportunidade.
Raposas ardilosas, cobras sorrateiras, eram isso que eram, e usavam tais alcunhas com orgulho. Olhos castanhos com um brilho de cálculos rápidos focou no grande dracônico, e então os saltos bateram no chão, se aproximando do lorde:
— Boa noite, milorde. — A voz suave da mulher chamou atenção do mais alto. — Sou Alyssa Mery, é um prazer.
Alyssa era uma mulher alta, com um busto generoso, os olhos castanhos tinham um brilho calculista, o cabelo longo e negro estava solto adornados com correntes prateadas bem finas que se destacavam naquele brilho negro:
— O que quer humana? — Valkriar era um homem bruto, mas não burro.
Aquele olhar de raposa astuta não o enganava, ela provavelmente queria algo, nem que fosse uma relação cordial, afinal além de serem de raças distintas, Valkriar era um rei!
— Só queria conversar, nunca vi um dracônico de perto, será que não posso ter curiosidade?
— Conheço seu tipo, garota.
— Mulher, por favor, eu sou uma mulher bem crescida, senhor. — Ela corrigiu sorrindo.
Era um claro sorriso de quem tinha uma carta na manga, mas seja lá o que ela queria, conseguiu a atenção daquele monarca, que se distraiu do que fazia antes para focar sua atenção na humana à sua frente.
No canto onde os nobres estavam, sussurros começaram sobre aquela interação, qual era o plano daquela nova rica que simplesmente tomou a iniciativa de falar com aquele dracônico?
— Eles são baixos, claramente estão querendo ganhar influência.
— Não é possível que querem ter uma relação com aquele reino de brutos.
Era isso que sabiam dos dracônicos, pois a única coisa que saia daquele reino eram apenas guerreiros fortes e ferozes, que foram essenciais para a antiga guerra que travaram, sem eles era provável que teriam sucumbido nos primeiros anos, mas graças a eles sobreviveram.
Até ela chegar.
Aqueles murmúrios entre os nobres continuaram por um tempo considerável, a música continuava, aos poucos, aquele grupo de burgueses estavam completamente integrados com o rei dos dracônicos e a monarca élfica e seus familiares, os dois filhos herdeiros da rainha dos elfos, sorriam para outras crianças que conversavam coisas bobas:
— Vossa majestade o Monarca da Lua! E seus três filhos Amashis, o primeiro, Seraphs, a sétima, e Mizandra, a décima segunda.
O primeiro a descer foi o Monarca, ele tinha uma presença mais elegante e focada que a brutalidade de Valkriar e a presença sensual e cativante de Mitra, mas ele era hipnotizante. Vestido de branco, com uma capa nas costas que por dentro parecia conter todas as estrelas do mundo.
Atrás dele vinha seu filho mais velho, os cabelos presos em uma única longa trança que alcançava sua cintura, vestia-se com as cores do céu, com um terno quase simples se não fossem pelos pontos brilhantes, exibia com orgulho sua tatuagem no rosto, o símbolo que já era iniciado em magia para os elfos lunares.
O salão ficou em completo silêncio, sem tirar os olhos da figura que estava logo atrás de Amashis.
Seraphs.
A bela elfa de pele negra e cabelos esbranquiçados desvia as escadas como se flutuasse, seu vestido longo de um azul profundo, cheio de pontos brilhantes semelhantes a estrelas, os cabelos pareciam nuvens brancas, que dançavam enquanto a elfa caminhava.
Suas jóias eram delicadas, pulseiras e braceletes prateados, sem qualquer pedra preciosa, uma beleza única, ímpar, que simplesmente não poderia ser comparada com ninguém dali, até mesmo o maior dos preconceituosos estava de boca aberta vendo aquela mulher.
Ao chegar ao fim das escadas, sentindo o olhar de todos em si, a elfa fez uma reverência e seguiu atrás do pai, com a mesma graça que descera as escadas.
Pouco se foi notada a presença de Mizandra. Pequena e quase invisivel, apenas andou rápido em direção a irmão, os cabelos negros soltos e bem penteados que exibia.
Era um fato que todos os olhos agora estavam na bela filha do Monarca da Lua, com sua beleza inigualável, seja homem ou mulher, sua atenção foi capturada por aquela mulher.
Nem mesmo os nobres puderam ignorar aquilo, com os olhos sendo atraídos para aquela elfa de pele negra que parecia flutuar no salão, seguindo seu pai sem sequer desviar o olhar.
Os sussurros começaram, mas os vindos da floresta não falaram nada, absolutamente nada, sequer voltaram seus olhos para os recém chegados, esse gesto não passou despercebido pelas raposas astutas burguesas, se os harém élfico tivesse prestado atenção teriam reparado naquele brilho de malícia nos olhos daquelas pessoas.
Não tocaram no assunto… Por hora não, afinal tinha recém estabelecido uma conversa com aqueles estrangeiros em seu reino.
Os nobres que antes olhavam com certo nojo, agora tinham seus olhos focados e capturados por Seraphs, que virou o rosto para eles, lhes dando um sorriso encantador e casto, não era exagero dizer que o barulho de seus corações poderia ser ouvido com aquele sorriso.
Ninguém poderia negar, Seraphs estava linda.
Não.
Ela era linda, sua aparência, seu jeito, a aura que emanava, tudo estava em perfeita harmonia, uma combinação perfeita que parecia aparecer uma vez a cada século.
Os longos instantes se passaram, com um novo grupo adicionado, cada um no seu lugar do salão enorme, conversando entre si, ao menos a maioria das crianças estava se entrosando.
A maioria, claro, pois Mizandra ainda estava segurando a mão de seu irmão mais velho, tentando criar coragem para falar com os outros.
Os elfos da floresta e do pico da lua não tinham uma boa relação, não sabiam exatamente o que tinha acontecido entre os dois, aquilo aguçava a curiosidade dos nobres, mas também atiçava a malícia dos burgueses, talvez aquilo fosse algo que pudessem usar num futuro próximo:
— Atenção todos! Saúdem o glorioso Rei Ricardo Mettel D’Ank! O herói de guerra de Serphs, as chamas perpétuas da chuva! O Protetor do glorioso reino de Serphs!
E ali estava, Ricardo, numa roupa vermelho-sangue, os cabelos estavam soltos, o que era raro para ele, a coroa de ouro brilhante adornava a cabeça daquele homem tão imponente, ele realmente era forte, na sua cintura estava sua espada de guerra, ela era mais surrada, não tão brilhante, mas ainda sim era símbolo de uma guerra passada.
Naquele momento os olhos estavam naquele rei imponente e forte que lutou em uma guerra e sobreviveu:
— Saúdem também a rainha Elengaria D’Ank! A estrela mais brilhante no céu noturno, mãe da nação!
Elengaria estava belíssima, num vestido vermelho — como a pequena princesa pediu. — longo e justo ao corpo magro, que se abria ao fim numa espécie de cauda de tecido mais brilhante que o resto do vestido mais opaco.
Seus cabelos longos estavam com algumas tranças, a coroa também dourada adornava sua cabeça. seus braços sempre a mostra tinham muitas jóias, como braceletes e pulseiras, e anéis, no seu rosto não tinha uma maquiagem pesada, ao invés disso tinha um anel labial como símbolo do casamento e um piercing no nariz que se ligava ao brinco da orelha.
Tal qual Seraphs, Elengaria era simplesmente encantadora, hipnotizante, praticamente flutuou até o local onde seu marido esperava, ficando ao seu lado:
— Dos campos de batalha para o palácio real, a consorte de guerra, a bela Papoula vermelha, portadora da Flageladora de Magos, aquela que fez portadores de magia tremerem aos seus pés! Ana Bael D’Ank!
A papoula vermelha, o belo símbolo da guerra, Ana estava ali com um vestido também vermelho e longo que deixava seus ombros à mostra com mangas longas e uma fenda profunda mostrando suas pernas, era menos justo que o de Elengaria de longe.
Diferente de Elengaria que parecia sempre flutuar, Ana Bael tinha passos firmes, quase ritmados como uma soldado, a bela papola vermelha da guerra, ficou ao lado de Elengaria, como consorte e não rainha de fato.
Ninguém poderia negar a beleza ímpar de todos os membros, e ainda sim… Não tinham todos ali:
— Lady Leopolda René D’Ank, a bela estudiosa, a prodígio da academia, a mente mais brilhante que já existiu em toda Serphs, a consorte gênio!
Leopolda de todas, definitivamente era a que mais chamaria atenção dos nobres, pois ela era acostumada a usar roupas justas, estava com um vestido vermelho com uma faixa abaixo de seus seios.
Logo os sussurros começaram sobre ela estar grávida mais uma vez para usar aquele tipo de roupa, mas também não poderiam ter certeza, ainda não.
Ver o rei Ricardo ao lado de suas três esposas era mesmo algo lindo, cada um deles tinha uma beleza sem igual, e todos exalavam uma presença única. De Ricardo vinha a imponência real, de Elengaria tinha uma presença encantadora e amável, uma paz que ela transmitia com tamanha facilidade, já Ana Bael tinha aquela aura de lealdade de um soldado.
Ninguém poderia questionar a lealdade daquela mulher ao seu marido e ao seu reino, afinal lutou numa guerra pelo reino antes de ser uma esposa feliz, e tinha a bela e inalcançável Leopolda, uma dama de presença fria e marcante, de uma elegância sem precedentes, mesmo com aquelas roupas mais soltas.

Alyssa Mery

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