Volume 1 – Arco 3

Capítulo 22:(Especial) Era uma Vez um Amor que Cresce

 

Querido príncipe 

Seus sentimentos por mim me encantam, e me tocam profundamente, porém não posso deixar de me preocupar com o fato que é prometido de minha bela irmã, Vivany.

Mesmo que meu coração tenha batidas por você, ainda preciso de uma resposta: Está mesmo disposto a ir contra ao acordo entre nossas famílias?

Com carinho

Elengaria.

Ricardo relia aquelas palavras com um sorriso no rosto, isso queria dizer que ela estava retribuindo seus sentimentos! Claro que ainda havia aquela preocupação com o noivado, mas ele poderia dar um jeito nisso.

Era o príncipe afinal, poderia fazer coisas que os outros não faziam, mas ainda existia um obstáculo, talvez o obstáculo mais complicado de todos: Se paii

Talvez muita coisa.

Seu pai já falava sobre como seria um grandioso casamento, e com ele casado finalmente poderia enfrentar a guerra como queria, afinal deixaria seu herdeiro casado e bem encaminhado.

Ricardo era o único filho, não sabiam por que nunca tiveram outros filhos, mas o príncipe supria todos os requisitos para um bom herdeiro: Era um portador de magia de fogo, um bom espadachim, bem afeiçoado, e tinha uma boa relação com o reino.

Era um herdeiro perfeito.

Só faltava uma única coisa, a esposa perfeita.

E Vivany era simplesmente  perfeita para esse papel, era carismática, bonita e vinha de boa família, quem não sabia quem eram seus pais? Nobres famosos em todo o reino, inclusive acima de outros nobres, ela seria a candidata ideal.

Mas não para Ricardo.

Ainda relia a carta de sua amada Elengaria, sorrindo bobo, mas precisava agir.

Seu pai parecia feliz com o futuro noivado de seu filho, mas talvez sua mãe lhe entendesse.

A rainha Leonor era uma mulher de olhar caloroso, mas feições dura, uma mulher órfã que teve praticamente que se criar sozinha para ter aquele casamento vantajoso e estável.

Caminho nos corredores largos e bem decorados com quadros, vasos e flores sempre frescas, os servos trocavam diariamente para manter o bom cheiro do local. As janelas eram amplas e deixavam o local bem iluminado, dava uma visão para o amplo jardim e ver sua estufa sempre bem cuidada.

Alguns servos passavam por ele fazendo rápidas reverências e ele sempre respondia com sorrisos e acenos de cabeça, sempre bem educado como foi ensinado por sua mãe e seus tutores.

Sua cabeça vagava de Elengaria para como falaria com sua mãe.

Como diria que queria cancelar aquele noivado e ficar apenas com Elengaria? E seu pai? Ele parecia tão empolgado com aquilo.

Parou na frente da grande porta de carvalho negro que separava o quarto de sua mãe do corredor do castelo, bateu algumas vezes antes de ouvir um “Entre” forte lá de dentro.

A rainha Leonor estava sentada numa cadeira bem adornada lendo um livro, baixou o livro abrindo seu sorriso sempre perfeito para o filho:

— Meu querido filho, o que o trás aqui? — Perguntou apontando a outra cadeira para que ele sentasse.

Ela podia ver o nervosismo de seu filho, ele apertava as mãos e batia levemente a perna enquanto não olhava diretamente.

Ela esperou.

Ele estava nervoso por algo, então cutucar poderia o fazer se fechar e nunca mais falar daquilo:

— Eu não quero casar com a Lady Vivany. — E ali veio.

A bomba exatamente do jeito que ele sempre lançava, Leonor piscou algumas vezes antes de deixar o livro em cima da mesinha, respirando fundo sobre aquilo:

— Querido, sabe o que está dizendo?

— Sim, eu não posso casar com quem não amo.

— Ricardo… Acha que casamentos são feitos apenas de amor?

Aquela pergunta caiu como uma bomba, casamentos deveriam ser feitos de amor, mas não só isso, mas amor sempre foi seu principal objetivo, mas agora… Não era isso que deveria buscar:

— Mas…

— Ricardo você é um príncipe, um futuro rei, não pode viver nessa fantasia para sempre, e se nunca se apaixonar? Nunca vai casar?

— Mãe… Você ama o papai?

Leonor olhou o filho e depois suspirou olhando para a grande janela de seu quarto, não sabia como falar aquilo, mas talvez fosse melhor ele aceitar aquilo de uma vez:

— Eu respeito seu pai, mais do que tudo, seu pai é o homem mais íntegro que já conheci.

Mas por que se sentia assim? Ricardo sentia como se aquilo fosse uma preparação para uma grande bomba que seria lançada no seu colo:

— Seu pai não pode ter mais filhos. — Leonor disse.

Ricardo piscou algumas vezes, dessa vez ele estava na situação de sua mãe, desacreditado:

— Como?

— Um ferimento de guerra, mas isso não importa agora, amor não sustenta um casamento, mas o respeito, se você respeita sua esposa…

— Não. Eu… Eu não consigo. Eu já amo outra pessoa.

Leonor arregalou os olhos, encarando seu filho, ele falou aquilo com tanta naturalidade e firmeza que a surpreendeu, nunca tinha visto aquilo dele.

Era uma versão dele mais velha, mesmo sendo um adolescente, naquele momento ele parecia um homem adulto igualzinho ao seu pai.

Aquilo deveria lhe irritar, mas não, lhe fez sorrir com certo orgulho, um orgulho que não pensou que sentiria até aquele momento, mas precisava saber se aquilo era mesmo forte, se não era apenas fogo de palha:

— E se precisasse largar o reino por ela?

— Eu largo. — Falou sem exitar.

A determinação dele parecia inabalável, ao menos naquele momento parecia, não sabia se ele iria continuar mesmo se seu pai lhe desse um ultimato, mas talvez seu garoto finalmente tenha crescido.

E aquilo lhe dava orgulho:

— Bem… Eu não vou desfazer isso para você, você precisava fazer isso. — Ela colocou a mão sobre a do seu filho. — Mas você tem meu apoio. 

Aquilo foi o suficiente para Ricardo estufar o peito com um sorriso meio convencido, ao menos algum apoio iria ter, só faltava uma pessoa.

Seu pai.

O mais terrível obstáculo que precisava enfrentar, na verdade ele assim achava, pois existia algo muito pior que ele teria que lidar, seu pai ainda seria fichinha para aquele oponente.

Que estava além das terras do castelo, num palacete na parte alta das terras do sul, onde uma mulher jogava roupas pro alto, gritando com seus servos enquanto sua pequena irmã tentava acalmar:

— Vivany, por favor se acalme. — Pediu Elengaria segurando os braços dela. — Vai ficar com rugas assim

— Eu nunca ficarei feia, nem em seus sonhos irmãzinha. — Vivany se desvencilhou das mãos de sua irmã.

Se jogou na cama espalhando os cabelos pelo tecido de linho nobre que tinha, parecia tão triste, até parecia que tinha um problema de verdade, e talvez para ela tivesse:

— Você nunca entenderia, afinal não está tentando conquistar um homem.

— Mas o seu noivado já não está arranjado? — Elengaria perguntou recolhendo algumas roupas de sua irmã.

— Não, mamãe disse que eu preciso “conhecer” meu noivo, há, como se isso importasse. — Reclamou.

— Mas amor é importante, ou ao menos uma convivência. 

Elengaria tentou aconselhar sua irmã mais velha, mas essa apenas revirou os olhos como se a mais nova não soubesse do que falava:

— Amor, amor! Quem liga pra amor? — Ela se ergueu, deixando a camisola ficar toda bagunçada. — Amor não importa nada! Eu quero a coroa, Elengaria!

Segurou os ombros da irmã, a chacoalhando e depois soltando dando uma risada divertida:

— Imagina só, Rainha Vivany, soa lindo. Pouco me importo com amor, se ele quer amor que procure uma amante.

Elengaria tentava não parecer afetada com aquilo, pensou que ao menos lá no fundo a irmã sentia uma atração pelo príncipe, mas nem mesmo isso. nem mesmo o achava bonito? Então tudo que importava era… A coroa?

— Mas ser uma rainha requer responsabilidades…

— Ele que arque com isso, ora bolas, meu dever é apenas ser linda e dar bons herdeiros. Será que meu primeiro filho vai ser como ele ou como eu? Espero que seja um menino. E que tenha magia. Ele tem magia?

— Pelo que eu sei, sim, ele possui aura elemental de fogo.

— Ah! Que ótimo! Então temos chance de ter um filho portador, nem todos foram agraciados não é.

Era uma piada para Elengaria.

Elengaria era uma portadora de uma aura divergente, sendo abençoada por Titânia, a rainha das fadas, foi isso que ajudou sua saúde a melhorar muito, agora conseguia andar no sol sem sentir que ia desmaiar.

E Vivany sempre a ressentiu por isso.

Desde o primeiro dia, ela ressentiu daquela única coisa que não podia tirar dela, o único brilho que ela nunca teria:

— Pois é… — A voz de Elengaria era controlada.

Não podia dar na telha que aquilo lhe incomodava, aprendeu depois de um tempo que Vivany gostava daquilo, gostava de ver Elengaria com inveja depois de alguma coisa grandiosa que ela conseguia, e dessa vez não iria dar esse gostinho a ela.

Não dessa vez:

— E então Elen… O que vai fazer depois do meu casamento?

— Vou esperar nossos pais arrumarem um casamento para mim, ora essa. — Mentiu.

Mentiu como se fosse natural, não deveria dar esse gostinho a ela, não queria dar a ela àquela vitória:

— Pena que o Ricardo não tem irmãos. — Ela brincou.

Parecia ser algo de irmãs, mas Elengaria sabia. 

Ah como sabia.

Ela estava alfinetando, sempre com aqueles comentários horríveis disfarçados de preocupação ou amizade, mas não era aquilo nada disso, estava deixando claro sua vida era melhor do que a dela, afinal ela seria rainha.

Vivany se levantou sorridente, começando a andar pelo quarto, voltando a falar como seu casamento seria grandioso, como Ricardo seria a salvação da sua vida. Falava das jóias que teria, dos herdeiros que daria, como seria amada por todos.

Seria uma rainha perfeita.

Até mesmo sua mãe falava isso, que Vivany seria a melhor rainha, melhor até mesmo que a rainha Leonor que era tão amada por ser presente, mesmo só tendo um único filho.

Durante o jantar conseguia escutar as conversas delas sobre como agora teriam uma vida luxuosa, mas nada sobre amar Ricardo, sobre ele ser bonito, amigável ou qualquer coisa do tipo, nada.

Apenas aqueles bens pessoais, e às vezes filhos, torciam para ter logo o herdeiro para que o corpo não fosse muito prejudicado e continuasse bela. Nunca pensou que veria a irmã daquele modo.

Um modo egoísta.

Que dissesse dentro de seu ser que não merecia aquela vida.

Não merecia ele.

Pediu licença para ir para o seu quarto, naquele dia dormiria cedo, não conseguia aguentar todo aquele egoísmo daquelas duas, como poderiam ser assim?

E pior, como nunca percebeu aquilo?

Ao entrar no seu quarto, não bateu a porta como queria, mesmo com aquela raiva e vontade crescente em seu peito, queria gritar, queria apontar para elas o quanto aquilo era idiota, que ela deveria ao menos mostrar respeito.

Nem isso tinham.

Se jogou na cama olhando o teto decorado, mesmo com tudo aquilo, ainda tinha dúvidas.

Não conhecia Ricardo totalmente, não sabia até onde ele iria por ela, talvez no final só a quisesse como amante, e mesmo assim casaria com Vivany, afinal ela era muito mais bem quista que si.

Só percebeu que tinha uma carta para ela quando levantou da cama com raiva e ansiedade. 

Raiva pelo como sua mãe e sua irmã pareciam tão fúteis, ansiedade por não saber como Ricardo reagiria a sua pergunta, ele poderia dizer que seriam amantes, e no fundo… Não sabia se suportaria.

Não por ele ter outra esposa, mas Vivany ser a titular, em seu ser Elengaria sentia que sua irmã não merecia aquele lugar, qualquer pessoa talvez merecesse, mas ela?

Ela não. 

A carta estava em cima da sua mesa, só viu aquele selo diferente quando andava de um lado pro outro, estranhou.

Não recebia muitas cartas, isso era para sua irmã, de suas amigas e seus tantos admiradores, mas essa carta…

Ela parecia lhe chamar de um modo diferente, ela lhe aquecia o coração. Segurou a carta e abriu quebrando o selo, era uma carta de Ricardo.

Aquilo fez seu coração disparou:

Querida Elengaria

Acho que não fui claro o suficiente com a senhorita, eu não deixei de pensar em você um momento sequer.

Eu não suportaria a ideia de casar com sua irmã e não com você, então sim, eu estou mais que disposto a ir contra a minha família por você, se disser sim, lhe farei minha rainha.

A mãe de meus filhos.

Mas preciso que diga sim para mim.

Com amor.

Seu se quiser

Ricardo

 

Seu rosto estava vermelho, sorria sem jeito como se ele tivesse falado aquilo, ele realmente… Estava disposto.

Então como poderia não estar disposta também? 

Só precisava dizer sim…

Deitou na cama, abraçando a carta contra o peito, rindo boba como se tivesse recebido a melhor notícia do mundo, sabia que sua mãe e sua irmã a odiariam, mas… Mas ele a queira.

E ela o queria também.

 

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