Volume 1 – Arco 3
Capítulo 21:(Especial) Era um Vez um Amor que Arrebata
O Conto "O Lírio Branco do Príncipe" se trata de uma história que ocorreu ANTES dos eventos atuais da história, porém é importante para saber algumas coisas atuais
Com isso avisado, boa leitura
A autora
O vento batia contra as folhas das árvores que cresciam ao redor do palacete da do ducado das terras do sul, a família responsável por aquele lugar, Família Navarra,logo chegaria.
Mas naquele momento a familia real D’Ank estava presente, a rainha Leonor D’Ank era uma mulher alta, robusta, de cabelos negros e longos, pele parda e olhos de um azul claro muito amavel, os braços sempre visiveis estavam cheios de braceletes e pulseiras, mostrando toda a riqueza que tinha.
O rei, mais baixo, com o olhar mais frio, era o rei Luís, de pele escura, olhos vermelhos, usava roupas mais formais mas ainda sim com todo aquele luxo que a realeza tinha, mas ainda sim… Parecia um rei cansado.
A guerra parecia ainda está cobrando dele, e como rei precisava preparar seu filho para o futuro, e ali estava tentando fazer isso: arrumando um casamento para ele.
O filho, príncipe Ricardo, estava tentando manter a postura, mas talvez seu pai o tenha mimado demais. Os cabelos longos presos por um laço, a pele escura e os olhos que se destacavam no seu vermelho sangue, vagavam pela casa.
Mesmo sendo um príncipe e filho único do rei, ele foi mimado e protegido de situações reais, de coisas políticas, e não entendia por que teria que abrir mão de seu sonho idealizado de amar alguém.
Ou talvez só não aceitava de fato.
Leu mais romances do que uma pessoa normal leria, histórias de amores entre magos e bruxas, entre príncipes e cavaleiros, entre criaturas magicas e humanos, e agora se sentia errado ao abrir mão de tudo.
Enquanto seu olhar parecia perdido, na sua cabeça ele focava nos seus três livros de romance favoritos, o primeiro falava sobre um estudioso que não entendia sobre sentimentos e acabou por se apaixonar por uma princesa, e resolveu a todo custo entender que tal doença era aquela.
O segundo de um cavaleiro que em meio a guerra acabou desenvolvendo sentimentos por seu superior e jura acabar com a guerra para ficarem juntos. Leu esse tantas vezes que já tinha dois exemplares de edições diferentes.
E o terceiro era o amor proibido entre reinos rivais, de duas princesas que se amaram e resolveram casar em segredo e consumar o casamento, assim se tornando impossível de separá-las.
Seus pensamentos distantes logo foram chamados atenção quando as portas centrais do palacete foram abertas e a família Navarra apareceu, na verdade, apenas três membros, a mãe, uma mulher mais velha com olhos castanhos arrogantes, a filha mais velha, uma mulher esbelta, de cabelos longos e ondulados na cor castanha, um rosto redondo que deveria ser amavel, mas só tinha ali um orgulho estranho. A filha mais velha usava roupas vermelhas e chamativas, quem a via, veria uma perfeita princesa.
Mas os olhos de Ricardo caíram sobre outra pessoa, uma garota pequena, de roupas claras e simples, cabelos e pele tão brancos quanto a neve e olhos lilases e receosos.
Seu coração pareceu disparar ao ver aquela moça que parecia ter saído de um livro de contos de fadas:
— Meus soberanos, que prazer recebê-los em nossa humilde residência — A matriarca falou sorrindo de forma presunçosa.
— Duquesa das terras do sul, Lady Mikaela Navarra, quanto tempo não a vejo. — A rainha sorriu.
— Oh sim, estive ocupada com assuntos, a guerra parece afetar a todos, permitam-me apresentar minha querida filha, Vivany Kataria de Navarra, a mais bela joia que eu tenho em minha casa. — Ela apontou para a mulher de vermelho que fez uma reverência exagerada, talvez para mostrar seu busto.
A outra, mais acuada no canto, nada falou. Parecia uma técnica, deixar a garota simples ao lado da bem arrumada para se destacar:
— De fato, Lady Vivany cresceu bastante nesses últimos anos. — O rei sorriu, satisfeito.
Vivany tinha corpo volumoso, quadris largos o que queria dizer que seria boa para dar um herdeiro, sua boa educação e sua beleza também ajudavam bastante para ser a escolha adequada para seu filho, mas os olhos do jovem príncipe estavam focados na moça de beleza impar ao lado de Vivany, moça que ainda não fora apresentada.
Antes de Lady Mikaela falar, Ricardo interrompeu, abrindo a boca para falar pela primeira vez desde que chegaram ali:
— E a senhorita? Como se chama? — Sua pergunta fora dirigida diretamente a moça ao lado.
Elengaria se surpreendeu com a fala dirigida a si, olhou para sua mãe nervosamente, procurando alguma instrução, mas ela sequer deixou que a jovem falasse:
— Essa é minha filha mais nova, Eleganria de Navarra, é um serzinho pequeno e frágil, infelizmente sua saúde não é das melhores. — Lady Mikaela falou sorrindo.
Elengaria fez uma reverência mais contida que sua irmã, sem sorrisos, sem olhar diretamente, seu papel ali era destacar a beleza de Vivany e nada mais que aquilo, era apenas uma sombra.
Mas aqueles olhos cor de sangue não saiam de si, a deixando desconfortável, tudo que menos queria agora era ter atenção do pretendente de sua irmã, ainda mais o príncipe da nação!
Aquilo era inconcebível para si tal atenção, mas não sabia como negá-la.
Desde que nasceu era a irmã pequena e frágil, sua função era apenas exaltar sua irmã mais velha, nunca recebia muita atenção, apenas ficava de lado sorrindo quando alguém lembrava de sua existência:
— Frágil? É de família? — O rei levantou a sobrancelha.
Lady Mikaela negou com uma mão, dando uma risada contida:
— Oh não, Elengaria nasceu com uma condição que lhe tira o pigmento da pele, isso a tornou frágil como uma flor delicada. — Falou aquilo com falso pesar.
Mas o rei ficou aliviado por saber que não era um problema de família e sim pontual, algo que só a filha mais nova tinha, não iria passar para seus netos.
Elengaria ficou mais ao lado de sua irmã, tentando destacar ainda mais a beleza da sua irmã, mas os olhos do príncipe ainda estavam focados nela, aquilo a fazia sentir o coração da moça bater mais forte, aquela atenção era nova.
Vivany mantinha o sorriso orgulhoso para Ricardo, aproveitando aquela suposta atenção que recebia do príncipe herdeiro, para a jovem lady, Ricardo já havia sido conquistado por ela.
Era um casamento arranjado, não tinha o que o príncipe reclamar agora, mas gostaria de ter para si a atenção daquele futuro monarca:
— Vivany por que não leva o príncipe Ricardo para dar uma volta pela propriedade? — Lady Mikaela falou sorridente.
— Se vossa alteza me der a honra…
Vinavy estendeu a mão para ser beijada por Ricardo, o príncipe por sua vez o fez, mas seus olhos não saiam de Elengaria, seu coração tinha sido arrebatado por ela de tal modo que não conseguia pensar em nada fora ela.
Queria a conhecer, queria poder ter ela para si, era como que em seu interior, já tinha a tomado como sua esposa.
Não ligava para Vivany.
Essa por outro lado enganchou o braço no de Ricardo, começando a andar com Ricardo para longe dali, Elengaria ficou para trás, entrando dentro de casa por desculpa de sua saúde frágil, o olhar do príncipe tentou a acompanhar, mas foi arrastado pela Lady Vivany.
Logo os dois estavam caminhando sozinhos pelo lindo jardim da família Navarra:
— Fico muito feliz por finalmente lhe conhecer, vossa alteza.
— Sim, a senhorita faz jus as descrições. — Mesmo que elas não valessem de nada.
Vivany era linda, não tinha como questionar, vinha de boa família e era bem educada, mas algo nela o incomodava, talvez fosse o tom de orgulho que ela sempre parecia ter, talvez por ela não ser a idealização de amor que buscou a vida toda.
Mas ele era um futuro rei, não deveria buscar isso.
— Nossos filhos serão lindos, gostaria de ter um garoto primeiro, forte com seu porte e meus olhos. — Ela sorria enquanto conversava com Ricardo.
A ideia de ter filhos com ela lhe revirou o estômago, mas não entendia por que, ela era linda! Ela deveria ter tudo que ele precisaria para fazer seu coração bater forte, mas ele simplesmente não conseguia sentir aquela atração por ela:
— Acha isso? — Perguntou meio distante.
— Acho sim, vossa alteza não?
— Certamente a senhorita é muito bela…
Mas ainda sim, estava distante em suas falas, olhando para frente, vendo as folhas sendo movidas pelo vento preguiçoso do dia:
— Acha mesmo? Eu não me acho tão bonita.
Ela parecia querer procurar elogios com ele, mas Ricardo parecia não prestar tanta atenção nela, como se não fosse importante, afinal seus pensamentos eram apenas focados em Elengaria e como ela era bela, como parecia ser tão gentil:
— Alteza?
— Podemos voltar? Está meio frio. — Ricardo pediu.
Não estava frio, mas precisava de uma desculpa para se afastar de Vivany que abraçava o seu braço, puxando para si, pressionando os seios contra ele:
— Acha isso?
— Não quero que fique resfriada pelo sereno do fim da tarde. — Sorriu fingido.
Aquela fala fez Vivay ter a percepção que ele já estava aos seus pés, afinal ele estava preocupado com ela, o que deveria ser uma coisa boa, mas Ricardo só estava focado em ver Elengaria só mais uma vez.
Caminhavam de volta para ao palacete, seus pais já tinham entrado, e os olhos de Ricardo buscavam aquela moça que mais parecia uma fada para si, que fazia seu coração bater tão rápido que sequer pensou que teria.
Era aquilo que chamavam de paixão? Queria sentir mais daquilo, mais daquele sentimento que tanto procurou.
Entrou na casa com Vivany, mesmo que quisesse se desvencilhar dela e de seus toques que pareciam lhe enjoar, ela continuava ali, falando de como pareciam combinar tanto, de como seria ótimo terem muitos filhos e que ela era ideal para tal.
Ricardo tentava.
Os deuses sabem que ele tentava, mas não conseguia se conectar com ela, era impossivel, seus pais se enfiaram na sala de chá com a Lady Mikaela, provavelmente discutindo detalhes do arranjo matrimonial, e ele estava ali, preso com sua noiva.
Ou quase isso.
Sua mente voltava vez ou outra para a busca pela garota albina, mas tentava a todo custo pensar em Vivany, coisa que se provava muito difícil, mesmo com ela ali.
Seus olhos, seu corpo volumoso, seus toques, até sua voz, tudo que deveria ser um estímulo a mais para si, parecia repelir o príncipe como um imã.
Então teve a oportunidade que queria:
— Já que estamos aqui, por que não veste uma roupa menos pesada? — Sugeriu quando ela começou a falar sobre roupas.
Os olhos de Vivany brilharam, pensando que talvez o príncipe quisesse ver mais de sua beleza sem todos aqueles adornos, talvez até passar a noite consigo se pudesse?
— Claro, vestirei algo adequado para vossa alteza… — A voz era convidativa, o que fez Ricardo estremecer, pensado que quem sabe tenha usado a estratégia errada.
Mas não se importou quando a jovem lady lhe soltou para trocar suas vestes, esperou que ela sumisse entre os corredores e portas para andar na direção contrária.
Dessa vez não estava pensando em encontrar a dama de cabelos brancos, apenas se afastar de sua irmã mais velha, mas quão grande foi sua surpresa quando, ao seguir a melodia de uma lira, encontrou Elengaria sentada na sala de música.
Sozinha ali, parecia quase divina, mesmo sem usar tantos adornos e jóias, ela era linda.
Não interrompeu.
Apreciou não só a visão quanto a música, se sentando em uma das cadeiras e observando aquela moça tão bela tocar.
Elengaria por outro lado estava tão imersa na música que não notou nada ao redor, apenas dedilhava a harpa, aquela era uma das canções que compôs mostrando toda sua solidão e dor, mesmo tendo tanto e não sendo exatamente maltratada, se sentia indignada e excluída por conta de uma condição que não podia controlar.
Mantinha aquele tom melancólico, triste, doloroso até o fim, soltando o ar quando acabou, mas sentiu seu coração pular quando escutou um fungado:
— Perdão, eu não quis… — O príncipe tentou se desculpar.
Mas ele chorava.
Aquele homem pareceu ter sido tocado por sua música de tamanho modo que chorava, sabia que não deveria, ele era o noivo de sua irmã, mas sentiu seu coração vacilar por um momento, o vendo ali enxugando o rosto com a manga do casaco:
— Isso foi lindo. — Sorriu por fim, ainda com a voz embargada, emocionada.
— Achou mesmo, alteza?
— Por favor, estamos só nós aqui, me chame de Ricardo, dama Elengaria. — Ele fez uma reverência.
— Ora, se é assim, me chame de Elengaria… Ricardo. — Testou o nome nos lábios e sorriu. — A boca dança ao falar seu nome.
— Como?
Ele se aproximou com um sorriso empolgado:
— Ri. Car. Do. — Pronunciou de novo, movendo os lábios de maneira expressiva.
A boca se abria numa linha no Ri, mostrando os dentes da moça, depois se abria num O quando ela falava Car, e no final vinha o bico quando ela chegou o Do.
Ricardo observou seu nome dançando nos lábios de Elengaria, com seus olhos fixos naquele rosto, a voz mudando de tom a cada nota que saia de si quando ela pronunciava aquelas sílabas, seu coração estava disparado.
Sentia suas mãos tremerem num impulso de abraça-la, de tê-la para si acima de tudo, ignorando completamente o acordo de seus pais.
Ri. Car. Do.
Seu nome nunca soou tão belo e apaixonante como naquele momento com ela, como ela falava, movendo aqueles lábios rosados num balé lindíssimo que apenas ele apreciava.
Ricardo.
Adorou seu nome naquele momento.
Elengaria não percebeu a proximidade, estava com aquele sorriso animado por alguém estar lhe olhando com tanta ternura que fazia seu corpo arder, será que era isso? Estava cometendo tamanha traição?
Seu coração tinha mesmo que bater assim por ele? Talvez fosse apenas aquela atenção que ele lhe dava, e nada mais:
— Sua voz é mesmo linda, Elengaria. — Dessa vez foi a vez dele testar o nome.
Elengaria.
Um nome comprido que fazia os sons quase tropeçarem na língua. Elengaria…
Era um nome forte, mas no fundo sentia aquele sabor suave do açúcar que fazia se sentir mais à vontade:
— Você é realmente uma pessoa fácil de conversar, Ricardo.
O sorriso de Elengaria fazia o coração de Ricardo disparar, em apenas alguns instantes juntos, um encontro que não era para ser deles, Ricardo já sentia uma conexão tão forte com ela.
O resto da semana foi relativamente agradável, claro, Vivany ainda estava no enlaço de Ricardo, afinal ela era sua prometida, não podia culpá-la.
Mas sempre que conseguia, os olhos vermelhos estavam focados em Elengaria, que sorria sempre de forma contida quando sentia aquele olhar em si.
Eles achavam que estavam sendo discretos, mas os olhos mais experientes de Leonor estavam sempre atentos.
Mas ela nada falou, apenas sorriu.
A noite do último dia já estava alta, Elengaria estava no seu quarto pensando em todos os olhares e pequenos encontros que teve com o príncipe ao longo da semana. Sentia uma dor que não podia explicar.
Seu amor estava ali, ao alcance de seus dedos, mas ele se casaria com outra, com sua irmã mais velha, a que sempre tem tudo, agora teria o único homem que amou, e que provavelmente iria amar.
Ela não o amava, duvidava que sequer sentia algum afeto por ele, mas ela queria ser rainha.
Ela se casaria até mesmo com um cavalo se isso significasse ter um titulo real, e sua mãe e seu pai a apoiariam.
Estava sentindo as lágrimas começarem a brotar quando escutou leves batidas, se levantou curiosa enxugando o rosto,queria saber o que era, e ali viu, uma carta passada por debaixo da porta, ficou meio receosa, mas pegou a carta:
Queria Elengaria
Estou escrevendo essa carta por que não consigo tirar vossa pessoa dos meus pensamentos, sei que é errado, afinal estou prometido à sua irmã Vivany, mas não consigo vê-la como minha esposa.
Esse papel parece ser reservado apenas à vossa graça.
Desde que te vi, eu simplesmente não consigo pensar em mais ninguém, sei que parece precipitado, mas me diga senhorita, aceitaria ser minha esposa?
Não pedirei que aceite de imediato, mas peço que considere, em alguns meses virão para o castelo para oficializar tal noivado com Vivany, por favor me dê uma resposta
Com carinho
Ri. Car. Do
Elengaria lia aquilo com o coração a mil.
As lágrimas que antes queriam cair e ela conseguiu prender agora desciam livremente, com a mão na boca enquanto lia, sentindo seu corpo tremer.
Seus sentimentos eram validados.
Ele sentia o mesmo, como podia negar aquilo? Mas como podia aceitar? Suas lágrimas nublavam sua visão, seu corpo tremia com soluços, como ele a colocava nessa situação? Contra sua família?
Encostou na porta, escorregando até o chão, deixando as lágrimas correrem livres enquanto abraçava seu corpo pequeno e frágil.
Por que ele?
Por que desse modo?
Por que tinha que passar por isso?
Por que?
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