Volume 1
Capítulo 6: Entardecer
— Emma! — Ele chamou enquanto corria pelas proximidades do casarão. — Que droga, cadê você?!
Do quintal, ele fez o caminho até as plantações, esperançoso de que a veria de novo.
“Como que eu consegui perder ela depois de uma curva?! Meu pai vai me matar se eu não a achar.”
Um tempo depois de avançar pela área de cultivo, Alay a encontrou nos campos floridos que se estendiam pelas longínquas planícies cercadas da propriedade. Emma estava agachada, com o olhar perdido nas rosas ali plantadas.
Ela estendeu a mão e arrancou uma das flores do solo, aproximando-a do rosto. Fez menção de cheirar, mas parou ao ver que o rapaz a observava. A recém chegada direcionou seu olhar para o alto e firmou contato visual com ele.
— Que foi? — Ela questionou sem pensar muito. Alay, por outro lado, soltou um suspiro.
— Essa pergunta era pra ser a minha, o que acha que tá fazendo?
Ela olhou para a flor em suas mãos e depois para Alay.
— Pegando uma flor?
— Ah, deixa pra lá. — Ele se agachou próximo a ela, buscando entender o que a garota via naquelas flores. Desistiu depois de poucos segundos, entretanto. — O que te trouxe até aqui? É incomum ver pessoas dispostas a ajudar por essas bandas.
— Hm... o que você acha? — Ele não pensou em receber outra pergunta como resposta. Em primeiro momento, hesitou, mas logo depois respondeu:
— Acho que é muito suspeito uma moça como você aparecer do nada oferecendo ajuda.
— É mesmo? — Ela se levantou, ainda com a flor entre os dedos. — E o que aconteceu com aquele lanceiro medroso de mais cedo?
Vendo que Emma começara a se mover, Alay engoliu as palavras imediatas e a seguiu em passos desajeitados pelo chão batido.
— Aquilo foi... um contratempo. Eu tava numa posição vulnerável, nada mais
— Não é muito inteligente revelar como te deixar vulnerável, Watson.
— Quer parar com esse negócio de Watson? E dizer isso só aumenta minhas suspeitas sobre você.
Ela então parou e se virou, os olhos direcionados para os de Alay. Mesmo Emma sabia que fugir pra sempre não traria bons resultados, então decidiu apostar no jovem fazendeiro.
— Eu não sou uma aventureira, se é isso que você quer saber.
— É claro que não é, qualquer um teria percebido isso.
Dessa vez, foi Emma que ficou um tanto surpresa.
— Se fosse assim, o seu pai...
— Ninguém doma meu pai melhor que a minha mãe. — Emma cessou a fala. — Você deveria agradecer a ela depois.
Toda e qualquer resposta que ela tinha preparado na ponta da língua se desfez diante aquela possibilidade. “Por que eu não pensei nisso antes?”, perguntou-se. No fim, lhe restou aceitar a realidade. Ela deu um sorriso tremido, porém sincero.
— É, acho que devo sim.
Ela voltou a caminhar vagarosamente sem um rumo definido e, de novo, foi seguida por Alay, que lhe trazia um sentimento de companhia que afastou as memórias ruins. As lembranças que vieram com aquelas flores.
— Quem é você afinal?
— Ninguém importante — adiantou Emma. — Só estou de passagem por aqui, acabei de chegar.
— Acabou de chegar?
— Na vila, quis dizer. — Percebendo o que tinha dito, logo se retratou. — Eu não me lembro muito bem do que aconteceu, então acabei chegando aqui.
— Amnésia não é o melhor dos diagnósticos por aqui, moça, ainda mais quando as suspeitas sobre você estão lá em cima.
— Eu dou um jeito nisso, vou provar pra aquele velho que eu não sou uma ameaça.
— Não chamar ele de velho já é um grande passo. De resto, basta você ser sincera, deve funcionar.
— Isso não me trouxe muita confiança, mas vou tentar. — Ela freou e, consequentemente, ele a acompanhou. — E me diz, o que é que tá rolando com esse lugar? Por que seu pai disse aquilo sobre os antigos aventureiros?
— Ah, é uma longa história, mas, pra resumir, esse lugar tá na merda há um bom tempo, nem me lembro a última vez que vi alguém diferente na região. — Alay fitou Emma de cima abaixo a procura de qualquer padrão, mas nada viu. — E você não se parece nada com quem estou acostumado a ver.
— Não entendi, isso era pra ser um elogio?
— Depende, não é todo dia que eu vejo um rostinho bonito, pra falar a verdade.
A resposta instintiva de Emma foi esboçar um sorriso de canto, porém suas bochechas coradas denunciavam o misto de sentimentos que borbulhavam dentro de si. Uma surpresa estranha, bem-vinda de certo. Ela envolveu a rosa de pétalas claras com ainda mais força
— Heh... gentileza sua. — Ela se contentou com tais palavras, e esperava que Alay fizesse o mesmo.
— Aliás, por que você pegou essa flor mesmo? — Assim que ouviu a pergunta, ela desviou o olhar, fugindo tanto da indagação quanto do contato visual.
— Elas me lembram alguém, só isso.
Alay pensou em insistir, mas foi impedido por um súbito grito que veio de trás deles. Ele se virou enquanto Emma pendeu a cabeça para o lado, ambos vendo uma silhueta se aproximando no horizonte distante.
— Seus pivetes! Eu falei pra me esperarem lá! — A voz de Paul deu fim à paz que reinava entre as flores, gerando reações distintas entre os dois.
Enquanto Alay afundou o rosto na palma da mão e murmurou “Eu mereço”, Emma riu baixo e, logo depois, soltou a flor, que foi logo carregada pela brisa dançante dos morros.
— Ele é bem animado — comentou Emma, logo obtendo a resposta do rapaz seguida de um suspiro.
— Queria que ele tivesse essa energia pra me ensinar a lutar. — Sua fala por pouco não foi ouvida por Paul, que os alcançou instantes depois.
Ofegante e exausto, ele cessou a corrida com um freio brusco. Arqueou o corpo e se apoiou nos joelhos, voltando à postura ereta somente ao recuperar o ritmo da respiração.
— Qual a parte de “fiquem aqui” vocês não entenderam, droga?! Tive que procurar por todo o canto!
— Veja pelo lado bom, pelo menos fez alguns exercícios.
— Sem piadinhas, garota, minha paciência já tá por um fio — Ele enfiou a mão no bolso traseiro e, de lá, retirou um livro surrado, com a capa de couro rasgada e páginas amarelas. — De qualquer forma, eu achei essa coisa lá em casa e descobri o que nosso ladrão pode ser.
— Filho do Godzilla?
— Quase. — Emma foi pega desprevenida pela resposta. Depois de folhear algumas páginas adiante, ele mostrou o livro aberto para os dois jovens. — Acho que esse é o culpado.
— Bem, vejamos... — Enquanto Alay ainda analisava, a visitante tomou o livro das mãos de Paul para si. — Ei!
Nas páginas à frente, Emma via o rabisco grosseiro que começava em uma folha e terminava na outra, acompanhada por um texto abaixo.
O desenho era de um grande réptil quadrupede semelhante a um dragão de komodo, com a diferença drástica de que o exemplar no papel possuía dois pares de presas protuberantes, um na parte mais a frente e superior da mandíbula enquanto o outro era recuado na parte inferior. Também possuía pequenas placas dorsais que iam da nuca até a cauda.
A primeira linha do texto descritivo revelou o seu nome.
— “Dragão Sabre”? Que tipo de calango é esse?
— Um bem astuto, quando comprei esse livro de um antigo fazendeiro da região, ele disse que tinha problemas com essa coisa também. Falou que eles são sorrateiros e gostam de atacar na calada da noite.
— O Herman? O que aconteceu com ele?
— Tomou um chá de sumiço depois que uns soldados visitaram a propriedade, ela tá abandonada faz umas semanas já.
— Bom, eu não sei o que o seu amigo passou com essa coisa, mas eu com certeza vou resolver. — Emma afirmou com uma confiança que durou até ela lembrar que estava desarmada. Para isso, bolou um plano rápido. — Então, chefia, eu posso pedir o pagamento adiantado? Sabe como é, só uma garantia.
— Adiantado? Que tipo de cobradora arrogante você é?
— Do tipo que faz um ótimo serviço por um preço acessível. E eu não tô nem aí pro seu dinheiro, não. Eu quero é uma arma.
— Uma... arma?
— É, qualquer coisa que eu possa usar pra descer a porrada nesse lagarto.
— Se essa fosse a questão eu mesmo pegaria uma e faria o serviço!
— Mas você não fez. — As palavras de Paul foram tomadas pela verdade, uma que ele não poderia refutar. — Então seja um bom cliente e me dê o que estou pedindo, sim?
Ele pensou por um momento, arrependido de ter sido levado até aquela situação. Cruzou os braços, mais frustrado do que gostaria de admitir. Por fim, bufou derrotado.
— Tá certo, mas depois do jantar, você só vai atrás dessa coisa de noite mesmo.
— Desde que eu receba, não vejo problema.
Feito o acordo, Paul preparou-se para sair, mas, depois de se virar, ele olhou por cima do ombro e mirou em Alay, como se o chamasse com o olhar.
— Vamos, rapaz. Preciso da tua ajuda com o jantar.
— Hein?! Mas a mãe não ia fazer?
— Ela tá... ocupada. Vai passar a tarde na “escolinha” com seus irmãos.
— Ah, claro, a “escolinha”. — Ele se aproximou do pai, virando-se uma última vez para dizer: — Vê se não some de novo!
— Não vou. — Emma respondeu.
Ela perdeu o olhar no horizonte, seguindo-os com os olhos até que pai e filho se afastassem o bastante. De novo, seus olhos recaíram sobre as flores pálidas. Uma torrente de pensamentos invadiu a sua mente, demais para que ela pudesse processar no mesmo instante. Preocupações vívidas do passado se misturaram ao presente, o que a fez repetir seus atos anteriores.
Com precisão, ela agachou-se, pegou uma das flores e, antes de cheirar, hesitou. Não por que alguém a impediu, mas sim por que ela não era capaz.
— Droga... — Ela parou e, em sequência, se levantou, rumo à casa dos fazendeiros.
No cair da noite, Alay saiu para a varanda, onde foi recebido pela lua que começava a escalar o firmamento celestial até seu topo. Carregava consigo uma tigela preenchida até a boca com a sopa que sobrou do jantar e que ele, furtivamente, guardou.
Assim que passou pelo batente, porém, viu que Emma estava lá, encostada na mureta com os olhos voltados para as estrelas. Ele se aproximou lentamente, despercebido pela garota hipnotizada com o céu noturno.
— Ei, tá tudo bem aí? — O chamado despertou a jovem que, num pulo, voltou pra realidade e prontamente o encarou.
— A-Ah! Tudo sim, só estava admirando a paisagem. É, só isso.
— Não precisa repetir, eu já entendi que você não tá batendo bem da cabeça. — Antes que pudesse responder, Emma foi confrontada pela tigela que ele carregava, então estendida até perto dela. — Vai, pode pegar.
— O que é isso? — Ela deu um passo a frente, atraída pelo aroma quente que se destacava na noite fria.
— Comida, você tá com cara de fome.
— Cara de fome?
— Avoada, resmungona, tensa... se você não tá com fome, eu não sei o que é.
— Nada a ver, eu não...! — Ela parou de falar por conta do conveniente ronco de sua barriga. Negar já estava fora de questão. Relutante, ela pegou a sopa em silêncio e logo foi comer.
Alay se encostou na mureta próximo a ela, observando enquanto a feição da universitária era moldada pelo sabor encorpado da sopa.
— É bom, né?
— Cala a boca — ela disse, com a voz distorcida pela comida em sua boca.
— Se fazer de durona não te beneficia, sabe disso.
— Tá me escutando por acaso? Não lembro de pedir pra ser julgada.
— Só tô dizendo. — Ele soltou um suspiro profundo e, então, continuou: — Ah... esse lugar me dá nos nervos.
No momento em que Emma terminara a sopa, ela deixou a tigela de lado e indagou, curiosa:
— A fazenda?
— Tudo num geral. Já faz tanto tempo que chegamos aqui, mas nunca consegui me acostumar como meus pais.
Ele estendeu a mão para o alto, guiando o olhar da ouvinte até o céu artificial. O mosaico estelar movia-se vagarosamente junto ao olhar dos jovens.
— Eu queria saber da verdade por trás de tudo isso, queria entender que mundo é esse e porque estamos aqui. Ser fazendeiro nunca foi minha praia. Sinto falta da faculdade, de sair com a galera, de tudo o que esse maldito lugar tomou de mim... Porra, até das frustrações do mundo normal eu sinto saudade.
Emma não conseguiu evitar o sentimento de culpa que assolou o seu peito. Aguentou a ardência de segurar as respostas que Alay queria ouvir, a verdade sobre o que as estrelas escondiam.
— E por que não faz isso? — A indagação da garota fez Alay adotar um semblante melancólico.
— Não posso deixar minha família, sou o filho mais velho e eles precisam de mim pra cuidar das coisas.
— Seu pai é meio cabeça dura, mas tenho certeza que, se conversar com os dois, eles deixariam você ir. Buscar a verdade é uma ambição das grandes, mas não é impossível, eu acho.
— Não, não, deixa isso pra lá. Mesmo que eu os convença, essas planícies escondem mais perigos do que aparentam. Talvez seja melhor eu ficar em casa mesmo.
— Com esse pensamento, é aí que as coisas nunca vão mudar mesmo.
A porta ao lado foi empurrada e, da casa, Paul saiu. Em suas mãos, levava uma adaga escura e um tanto gasta. A atenção dos dois foi imediatamente redirecionada pra ele, que se aproximava a passos apressados.
— O que vocês tanto conversam, huh? Sempre acho vocês dois na maciota em um cantinho.
— Papo casual, nada demais.
— De qualquer forma, aqui está o seu pagamento, menina Adams. — Ele ofereceu a arma e Emma pegou-a prontamente.
Ela fez uma rápida análise com seus poucos conhecimentos sobre combate e, então, concluiu: — É, vai dar pro gasto. — Apesar de um estranho mal presságio, ela continuou: — Só quero pedir uma coisa a mais, senhor Paul.
— Eu não lembro de nenhum extra no contrato.
— Relaxa, não é nada demais. — A aventureira então apontou o indicador para o rapaz ao seu lado. — Só quero que o Alay vá comigo.
— Como é? — Os dois falaram quase em uníssono.
Em retaliação, ela deu uma cotovelada no braço de Alay e, depois, sussurrou: — Prove pra eles o seu valor.
Os olhos do rapaz brilharam ao entender o propósito da oferta, e um sorriso de orelha a orelha se formou em sua face.
— Sabe, eu não sou a melhor quando o assunto é saber sobre as proximidades, então acho que levar o Alay comigo poderia ser uma salvaguarda de que o trabalho será feito rápido.
— A esse ponto isso já tá virando extorsão! O meu filho não vai...!
— Pai. — O sorriso no rosto do filho desmantelou a postura autoritária do homem. — Confia em mim, vou mostrar pra ela o que os Morgan podem fazer.
A balança virou bruscamente para o lado da garota e, com o peso adicional do pedido de Alay, Paul viu-se encurralado. Ele levou a mão até a nuca, coçando-a em resolução.
— Tá bom, tá bom, mas não faça nada idiota, última coisa que precisamos é ver a sua mãe preocupada.
— Fica frio, a gente volta rapidinho, só vou lá pegar os equipamentos.
Na saída do lanceiro, Paul encarou Emma com incerteza. Emma devolveu o olhar, na espera da fala que veio logo depois:
— Isso tem dedo seu, não tem?
— Ele só quer mostrar do que é capaz, não tenho nada a ver com isso.
— Eu devia ter imaginado, mas vou deixar essa passar. Não sei o que tu quer ou quais são suas intenções, mas vou te dar o benefício da dúvida só essa vez.
— Valeu pela confiança. — Alay então chegou, quebrando o efêmero clima de tensão que havia se instaurado. — Vamos então, Watson? Temos um caso pra resolver.
— Você é mesmo insuportável. A gente volta logo, pai. — Ele passou pela escada junto de sua parceira, deixando o casarão para trás enquanto eles caminhavam rumo aos limites do cercado.
Paul só pode assistir, mas não ficou por muito. Antes mesmo de os perder de vista, ele voltou para a porta em silêncio. Olhou-os uma última vez e, então, atravessou para o interior da casa.
Já de frente para a floresta, a dupla empunhou as armas e se prepararam para avançar. A escuridão da noite bloqueava qualquer avistamento a poucos metros de distância, o que trouxe um certo receio à Emma.
A ansiedade se juntou à dita hesitação, uma combinação perigosa para a sua primeira vez em combate. O cabo frio da faca que tinha em mãos a trouxe um derradeiro mal agouro, nascido das lembranças que vieram com o cintilar da lâmina à luz do luar.
Sua respiração tornou-se errática, as mãos trêmulas e as pernas bambas. Um calafrio subiu pela espinha, um sentimento ominoso que a fez perder toda a confiança antes estabelecida.
“Respira Emma, respira. É só uma faca, não tem nada demais.”, disse para si mesma. Amedrontada, ela buscou refúgio no fechar de seus olhos, na escuridão distante da imagem do fio da lâmina.
— Aí. — O estalo de dedos à sua frente tirou-a do transe assombroso. Alay a observava com certa preocupação. — Não vai amarelar agora.
— Não esquenta, eu tô bem — afirmou em um tom firme. — Vamos?
— Achei que nunca ia perguntar.
Resolutos, eles enfim deram os primeiros passos para o interior da densa floresta, invadindo a escuridão atrás de um objetivo que não se limitava somente à caça do ladrão reptiliano. Ambos queriam provar algo para si mesmos assim que atravessaram aquelas árvores.
Subitamente, o manto de sombras que encobria a mata foi aos poucos subjugada por um moribundo clarão esverdeado.
Diante de seus olhos, Emma testemunhou um espetáculo luminescente que irradiou das árvores e plantas depois de alguns metros da entrada. Cada passo na grama deixava um rastro fosforescente que se espalhava para os arredores, como uma cascata neon natural.
— O que é tudo isso?
— Essa floresta é quase uma boate de noite, mas não se engane pelas luzes. Bom sinal que não é.
— Por quê?
— Isso não só revela nossa posição, como também é basicamente o sino da hora do jantar pra qualquer coisa que vive aqui. — Emma o olhou, surpresa. — Olha, eu dei uma lida naquele guia depois que entrei em casa.
— E por que você me diz isso só agora?!
— Shhh! Para! — Ele colocou o braço na frente da garota, que parou no mesmo instante.
Atenta aos arredores, ela buscou qualquer ameaça em potencial, mas não encontrou absolutamente nada.
Emma retornou o olhar para Alay, confusa.
— O que foi? — Ela sussurrou.
— Eu jurava que tinha ouvido alguma coisa..., mas pode ter sido só a minha imaginação. — Mais calmo com a conclusão, Alay baixou a guarda por um único instante.
Esta pequena brecha foi o bastante para que a verdadeira ameaça se revelasse. De repente, arbustos próximos se mexeram. O movimento seguiu acelerado, não dando tempo para que nenhum deles reagisse.
Um sibilar grave foi predecessor do ataque, executado com velocidade e precisão inescapáveis. Das folhagens, saltou um grande réptil. Sua boca aberta fechou-se abaixo do antebraço do rapaz, uma mordida violenta que o fez gritar alto.
Emma olhou de relance, vendo toda a cena em pavor. Com os enormes dentes cravados pouco depois do cotovelo de Alay, encontrava-se o dragão sabre.
— Alay! — O primeiro instinto que Emma teve foi erguer a lâmina e descer com tudo — Larga ele, desgraçado!
Com toda a força que tinha, a atacante desceu a adaga.