Re:Nascimento Brasileira

Autor(a): Saya


Volume 1

Capítulo 1: Consequências

As luzes vibrantes da noite se foram ao cantar dos pássaros, anunciando a chegada de um novo amanhecer. O resplendor áureo do sol passou ligeiramente pelas frestas das persianas do quarto de Emma, que, tendo os olhos cobertos pela intensa luz, puxou o cobertor para cima, cobrindo seu rosto numa tentativa fútil de ganhar alguns minutos a mais de sono.

 Se levantou torpe, ciente de sua responsabilidade com a escola, distante da mesma fazia três dias. Sentou-se na cama com um longo bocejo, piscando várias vezes para que seus olhos pudessem se acostumar com a luminosidade do recinto.

Na busca por roupas novas, adicionou as que vestia às pilhas no chão. No armário, pegou qualquer roupa que servisse e não cheirasse à comida apimentada de dias atrás ou a “guardado”.

Sua preguiçosa rotina foi interrompida com o pop de uma notificação vinda de seu computador. Primeiro, ignorou, até passar a cabeça pela blusa e ver com os próprios olhos: o infame círculo vermelho que confirmava a presença de uma mensagem. Arqueou a sobrancelha tentando se recordar do que aconteceu na noite anterior.
 
"Eu não tinha posto você pra dormir ontem, heh?", ela pensou.

Ao chegar lá, ela notou que havia uma notificação na caixa de mensagens. Duvidou, sabendo de seu vago histórico de conversas naquele aplicativo. Afastou as latas de energético sem se preocupar em sujar mais o quarto. Pegou o mouse para verificar de uma vez.

 Não queria fazer tanto caso para um simples Spam. Sua breve esperança de ser só um e-mail que poderia ignorar se esvaiu diante da mensagem, intitulada como "Saudações, jovem audaciosa".

— Só pode estar de brincadeira comigo — falou Emma. Hesitou por um momento, mas tomou coragem e levou a seta do mouse até o recado e pressionou o botão, abrindo-o de vez.

De: ???

Para: Emma Adams

É com grande prazer e estima que venho aqui lhe fazer o convite para mudar o mundo, senhorita Adams. Antes que pergunte, não vamos lhe dizer como a encontramos. Vamos direto ao assunto.

Sendo uma das responsáveis por divulgar sobre o projeto Re:Nascimento por toda a internet, acreditamos que a senhorita possua os mesmos ideais que nós: salvar o mundo da escuridão ironicamente criada pelo mar de luzes da sociedade moderna.

Por isso, venho lhe pedir que se junte à nossa organização. Temos os recursos e meios necessários para realizar o que planejamos, por isso você pode ter a garantia que este plano dará certo. Deus garantirá que não haverá falhas.

Caso esteja interessada, por favor, responda de volta para podermos nos encontrar na lanchonete perto de onde você estuda.

Com grande felicidade, lhe saudamos.

A Menorá Áurea

A feição da Emma se torceu em um misto de confusão e apreensão. Ela tentou imaginar que aquilo não passava de uma piada de mal gosto, mas era específico demais para acreditar em tal ideia.

— Ok... eu não esperava uma dessas logo de manhã. — Desviou o olhar do monitor momentaneamente, olhando seus arredores por instinto. — Vou ser grossa com esses caras, vai que assusta.

“Foi mal, hoje não tô interessada na palavra de Deus, poderiam perturbar outra pessoa? Tenho mais o que fazer” leu a própria mensagem em seu consciente.

— Bom, isso deve resolver. — Ela se absteve de imaginar consequências, rindo baixo enquanto se preparava para desligar a máquina em definitivo. No entanto, sua paz se transformou em tensão ao notar que a mensagem foi respondida de imediato. O medo subia pela sua espinha, um calafrio pertinente que a acompanhou até a última palavra.

Lia-se: “Visto que não quer se unir a nós, o que é uma pena, iremos buscá-la à força. Não diga que não lhe avisamos.”

— Vão se ferrar, bando de malucos... — falou, pondo um fim naquilo com o simples toque de um botão.

Mesmo para ela, aquilo era algo alarmante o suficiente para fazê-la querer prestar atenção durante o caminho. Para fugir dos devaneios que vieram à sua mente, ela pegou sua mochila, saiu do apartamento e passou pelos corredores mais rápido que de costume.

Optou pela escada ao invés do habitual elevador, portanto chegou à recepção do seu prédio já com o desejo de retornar para a cama. “Isso só pode ser um pesadelo”, suspirou, dando continuidade à tortuosa caminhada para a faculdade. Checou os arredores com passos apressados, repetindo a sondagem mais vezes do que pôde contar.

Ao estranhar a movimentação da jovem que via em seu corriqueiro turno, o porteiro grisalho e de baixa estatura ergueu uma das mãos para arriscar um aceno.

— Senhorita Adams! Como você...?!

— Hoje não, Senhor Winston, foi mal! — Ela logo o cortou, atravessando o portal marmóreo que dividia interior e exterior.

O homem suspirou, preocupado. Repousou a mão na cabeça, coçando em dúvida.

— Ai ai, o que essa garota aprontou dessa vez?

Só desacelerou no momento em que se misturou ao fluxo de pessoas na rua, respirou fundo e jogou seu olhar para o céu atravessado por prédios dos mais variados tamanhos. A camuflagem natural a trouxe certa segurança, mas não tirou os muitos pensamentos que lhe puxavam o pé.

Em busca de afugentar os devaneios temerosos, tentou retomar lembranças do seu lar, do outro lado do país. Como nativa do litoral, podia afirmar convicta que o sol da Costa Oeste brilhava mais e era mais bonito que no Leste, onde este irradiava uma aura artificial. Culpava a metrópole e não pretendia mudar sua opinião. Morava há tempo o suficiente na cidade para saber como esta alterava o firmamento celeste.

Entretanto, sua terra natal não trazia só memórias ensolaradas. Foi encorajada a pegar o celular para afastar os sentimentos que acompanhavam uma noite chuvosa em especial.

“Acho que vou visitar a Tia Rose hoje”, sugeriu a si mesma enquanto discava o número da moça agilmente. Contudo, nunca concluiu sua ação.

Foi pega desprevenida e levada para fora da multidão por uma força desconhecida, incapaz de reagir a tempo. Tentou lutar contra o que a puxava, mas era inútil. Cerrou os dentes, fazendo o máximo de força que conseguia e, mesmo assim, não funcionou.

“Cacete, por que eu fui ignorar o desconto na academia semana passada?!”

Tentou gritar, porém foi jogada no chão, depois pega pelo braço e posta numa cadeira. Olhou para cima, tentando enxergar quem ou o que fez aquilo. Pelo canto do olho, viu se aproximar uma silhueta esguia que passou a tomar forma ao entrar por definitivo em seu campo de visão.

— Nossa, finalmente te encontrei no meio de toda essa gente. — Uma voz feminina se pronunciou, tomando a cadeira de frente pra ela. Em seguida, retirou o grande chapéu que cobria seu rosto, permitindo que seu longo cabelo loiro se derramasse pelos ombros. Emma viu-se encarada por olhos oceânicos que afogaram as respostas que pensou em dar. — Pra alguém tão requisitada, você até que é bem comum.

Emma se engasgou com as palavras. Tentou formular uma frase, todavia nada foi dito. A chegada de um atendente com um caderno de anotações a levou a olhar onde estava, obtendo a resposta logo em seguida.

— Bem-vindas ao Starbucks, moças. — As cumprimentou com um sorriso convidativo. — Posso anotar o pedido de vocês?

— Dois espressos, por gentileza. — O rapaz fez movimentos velozes com sua caneta e logo assentiu com a cabeça, partindo para a próxima mesa.

— Que merda tá acontecendo aqui? — Emma disse enfim, chamando a atenção da sequestradora.

Em um sorriso confuso, a misteriosa levou a mão ao volume dourado em sua cabeça,

— Ah, mil perdões. Eu não sabia o café que você gostava, então...

— Esse não é o ponto! — Elevou o tom da voz, batendo na mesa com violência. O sorriso da loira se desfez em segundos, alternando para uma expressão séria enquanto batia os dedos impacientemente contra o vidro laminado.

— Ei, abaixa a bola, tudo tem seu tempo.

— O meu tá no fim. — Olhou para o relógio no interior da cafeteria para reforçar o seu argumento. Se levantou, preparada para sair dali. — Em 20 minutos eu vou me atrasar pra faculdade e eu não tô afim de perder mais um dia de aula, muito menos pra tomar café com uma pessoa que eu nem...! — Sua fala foi interrompida por si mesma quando a de preto abriu parte do seu sobretudo e revelou o corpo de uma pistola. — Bem..., quer dizer, eu adoro um espresso, então posso ceder uns minutinhos. — Sentou-se novamente, derrotada.

— Ótimo. — Ainda com a veste entreaberta, retirou um pequeno celular do bolso interno e o pôs sobre a mesa. — Foi mal a grosseria, eu deveria ao menos me apresentar, certo? O apelido é Garça, meio bizarro, mas vai te servir.

— Emma... — respondeu com receio, recebendo uma breve risada de Garça em contrapartida.

— Eu sei. Conheço muito mais sobre você do que é capaz de imaginar — disse, dando a pista que faltava no quebra-cabeça mental da universitária. A resposta se encaixou como uma luva na situação que se encontrava. Não era uma descoberta a ser comemorada, entretanto.

— Então é você que mandaram pra me buscar?

— Bingo. — Bateu palmas lentamente em uma parabenização irônica, respondendo em seguida: — Você pega rápido as coisas, isso vai facilitar o meu trabalho.

O garçom retornou à mesa, pondo os pedidos à mesa: — Aproveitem enquanto está quente, senhoritas.

Garça apressadamente pegou o seu copo, envolvendo-o com seus dedos que pouco reagiram ao calor do café recém-feito. A demora por parte de Emma a trouxe crescente impaciência, que culminou em uma ordem:

— Vai, pega o celular aí, tem umas coisas que você precisa ver — disse, enfim levando-o à boca.

Emma acatou à ordem com receio, envolvendo o aparelho com as mãos já suadas. Ao bater os olhos na tela, soube que as afirmações de sua companhia não eram falsas. Várias imagens em sequência, todas falavam sobre o chamado “Maior vazamento de dados da história americana”. Engoliu em seco, vendo a Garça descansar o copo sobre a mesa enquanto a encarava com um sorriso de canto.

— Como se sente sendo a criminosa mais procurada do país? — Ela perguntou em um sussurro, apoiando o queixo na palma da mão.

— Famosa — respondeu, olhando para o café posto à mesa. O pegou com receio para, em seguida, aninhá-lo perto do peito. Ao sentir o calor tomar suas mãos, uma ideia surgiu. O risco era alto, porém tinha que tentar.

— Espero que a reputação que você tem fale por suas habilidades, temos grandes planos pra você, Emma.

— Foi pura sorte — retrucou, indiferente. Suas preocupações estavam em outro lugar. Algo que estava prestes a fazer.

Garça desceu o olhar de imediato para o copo sob posse da garota, que hesitava em leva-lo até a boca. Bateu o pé no chão em crescente impaciência.

— Qual é, o café não morde. Já deve ter dado tempo o bastante pra esfriar. Só é meio quente no começo.

A fala da mulher funcionou como um impulso, dando-a o resto de determinação que precisava para executar seu plano. Decidida, trouxe o líquido quente até a boca, mas não engoliu.

— Viu só? Não é tão ruim. — Continuou, desatenta ao que estava por vir. — Sabe, apesar de tudo, acho que podemos nos dar bem. — Logo que terminou a fala, seu sorriso sincero foi coberto por um calor repentino. Recuou com violência, com as mãos cobrindo o rosto em uma tentativa fútil de amenizar a dor.

“Que desperdício”, Emma pensou enquanto limpava a boca. Com o pouco que restou do líquido quente em mãos, ela sabia o que tinha que fazer.

Se aproximou da agente e só parou na distância perfeita para seu último ataque.

— Primeiro, não, não podemos ser amigas. E segundo, eu odeio café — concluiu, levou o braço pra trás e jogou o resto do líquido contra Garça novamente. A loira caiu para trás, perdendo o equilíbrio e indo da cadeira ao chão. A cena chamou atenção de todos aqueles na cafeteria, incluindo o homem que as atendeu anteriormente, que correu até a mesa delas, preocupado com o que acontecia.

— O que aconteceu aqui?! — inquiriu ele, recebendo somente um sorriso travesso de Emma como resposta.

— Perdão a confusão, moço, mas tô com pressa — disse ela, saindo em disparada pela porta e, consequentemente, para a rua. — A conta fica por ela! — adicionou, já distante o suficiente para ter sua voz abafada.

A atenção do funcionário logo foi roubada por Garça, que se levantou do chão ainda com uma das mãos segurando o rosto. Ele se aproximou com cuidado, oferecendo apoio, logo recusado por um empurrão da mulher.

— V-Você está bem? — perguntou, sendo respondido por um grunhido enraivecido vindo da moça.

No mesmo instante, a Garça se levantou e correu atrás da garota. Na porta, sacou sua arma, contudo já era tarde demais. Perdeu Emma de vista, o que a obrigou a desistir do disparo.

— Ah, merda! — bradou, socando o ar repetidas vezes antes de guardar a pistola e ir em busca de seu celular. Discou um número com agilidade e aproximou o telefone com cuidado de seu ouvido. Tirou a mão do rosto, olhando para o atendente que a encarava assustado. — Pode me trazer uma compressa fria, por... gentileza? — pediu ela, em uma tentativa de sorrir, mas foi impedida pela dor ardida proveniente de sua pele queimada. O homem hesitou por breves segundos, logo indo atender a requisição da cliente.

Pouco depois, o toque parou de repetir, substituído por uma voz que ela preferia não ouvir. Não naquelas circunstâncias.

— Deixa eu adivinhar, perdeu o alvo?

— Não enche — reclamou, tentando ignorar a provocação. — Ela sumiu, deve estar seguindo para a 10° Avenida em direção da universidade.

— É um longo caminho até Columbia, deve ter pego um taxi. Deus, eu sabia que não devia ter confiado isso a você.

— Olha aqui, eu tentei ser legal com ela, ok?! Em compensação, aquela merdinha me jogou um espresso na cara!

— Meu Senhor, você tá bem?

— Pareço bem pra você?

—De qualquer forma... eu estou indo pra aí, fique tranquila.

— Ótimo, vou ficar por aqui mesmo, preciso cuidar dessa maldita queimadura. Tchau. — Finalizou a chamada, mais frustrada que quando a começou. Levantou a cadeira para se sentar e debruçou-se sobre a mesa de vidro. Suspirou desanimada, prevendo o que seria de si ao regressar. — Qual bronca vai ser dessa vez?

Com o coração na garganta e as pernas sedentas por descanso, foi assim que Emma chegou no fim da rua e, também, no seu limite. Mesmo desatenta se estava sendo seguida ou não, obedeceu aos gritos dos seus pés, freou de súbito e se apoiou num poste próximo para tomar um longo fôlego.

Ainda incrédula com o que havia acabado de fazer, não pensou em mais nada senão em quem chamaria por socorro. Muitas hipóteses passaram pela mente da universitária, mas descartou a maioria logo que imaginou as consequências.

“Tô na merda”, resumiu sua situação, vendo a lista emergencial diminuir nome por nome.

Pegar o celular em busca do horário somente confirmou sua afirmação. Dez minutos, era tudo o que tinha até se atrasar — não que comparecer à aula estivesse no topo da lista de prioridades. Ainda assim, a instituição era um refúgio válido, um dos poucos em que podia depositar confiança.

Olhou seus arredores em busca de algo que tornasse sua empreitada possível, logo encontrou uma extensa fileira de bicicletas dispostas à direita. Ela sorriu de canto, não perdendo tempo para a execução do seu plano feito às pressas.

Com o celular, alugou uma das bicicletas e arrancou pela avenida abarrotada de veículos, esperançosa. Contou os segundos no ritmo das pedaladas para manter o foco durante o trajeto. Tudo o que menos precisava era se perder nos próprios pensamentos mais uma vez.

Depois de muito tempo e esforço, chegou à tão famosa universidade exausta, mas precisou correr mais um pouco para enfim chegar à sala, onde desabou sobre o costumeiro assento que tomava.

As horas seguintes que Emma passou no interior da instituição não foram as mais proveitosas em muitos termos. Falhou em pensar em algo concreto e, mesmo que quisesse, não poderia contar com a ajuda de ninguém, dentro ou fora do campus. Ela preferia assim, ao menos, queria se convencer disso.

O resultado de todas as escolhas que ela fez se provou ali, no momento e situação em que se encontrava: parada no portão que a separava do resto da cidade, sem um apoio, só a si mesma para seguir em frente. Queria dizer que isso bastava, mas mentir não estava em sua extensa lista de defeitos.

Viu o sol descer no horizonte com o passar dos minutos, sua luz dourada aos poucos assumindo tons laranjas. Os enormes arranha-céus faziam jus aos seus nomes ao espetar as estrelas ofuscadas.

Emma pegou o telefone e passou por todos os contatos uma última vez, concluindo o que já sabia com um suspiro. Estava sozinha. Parou no 911, rindo ao pensar que aquela era uma opção.

“Se eu me entregar, talvez me deem umas férias em Bedford Hills, não parece uma má ideia”, pensou ela, logo deixando o aparelho de lado.

Entre suas vagas ideias, a jovem não pensou muito além de arranjar outro lugar em que pudesse se refugiar por um tempo. Mesmo numa das maiores metrópoles do mundo, poucas eram as opções que serviriam. Foi então que se lembrou de um lugar em especial, um que aceitaria qualquer tipo de pessoa — até mesmo uma criminosa procurada pelo governo.

“Só me restou o bom e velho parque...”

A garota traçou um breve plano de viagem a pé até a entrada mais próxima, onde teria tempo e espaço o bastante para pensar em algum plano viável. E o melhor, estaria segura, anônima com um pouco de sorte.

Em passos decididos, deu início a sua caminhada em busca de uma esperança, aventurando-se na metrópole que estava prestes a entrar em seu segundo horário mais agitado.

Transitando pelas ruas e avenidas movimentadas, a universitária não precisou de muito para se misturar ao fluxo da tarde. Tinha vantagem na paisagem urbana, confiante na ideia de ser “comum”, como dito pela Garça. A cidade tinha o costume egoísta de roubar toda a atenção para si, uma contribuição que ela estava mais que grata em aceitar.

Bastaram alguns minutos para que ela visse o tapete verde quilométrico das árvores. Seu objetivo era atravessar o portão mais ao norte, perto do lago na ponta nordeste do parque. Apressou o passo, fugindo da crescente aurora de infinitas cores.

Aquelas ruas não lhe eram familiares, mesmo em seus três anos morando na cidade mais populosa do país. Ela tinha certo receio em se aventurar no próprio distrito, quanto mais para os burgos próximos.

Não se ateve muito a tais pensamentos, lembrando das ações que insistiam em rastejar por suas costas. Emma era, ao mesmo tempo, caçadora e presa: caçada pelo passado, perseguia o próprio destino. Em pouco menos de cinco minutos, chegou aonde queria.

Encarou o arco férreo acima da sua cabeça antes de atravessá-lo de uma vez, determinada. Para seu azar, o firmamento alaranjado não era o único a observá-la.



Comentários