Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 5

Capítulo 243: O Dono Das Pragas

— Crianças, não corram tão rápido! — gritou a irmã Daisy.

A hora da recreação das crianças era ainda mais trabalhosa ali, nas terras de Sophiette, devido ao tamanho do jardim que eles usavam como playground.

Precisavam prestar muita atenção no labirinto de grama localizado ali perto, seria problemático se um dos órfãos se perdesse naquela decoração de mau gosto. 

— Ei, obedeçam à irmã! — disse Loright, alguém que as crianças respeitavam mais que a sacerdotisas. — O que é isso?… — Ele encarou o chão após sentir algo duro em sua bota.

Outro daqueles gafanhotos, havia algo errado, jamais ouviu falar de insetos de aparência metálica antes.

— Ei, você! — bravejou um os empregados da mansão, direcionando o indicador para o jovem de cabelos negros. — Onde está aquele outro que vive irritando a jovem senhorita?

— O Iolite? Saiu cedo para Fallen.

Aquele homem irritado chamava-se George, era o mentor da irmã mais nova de Sylford, e ele odiava Iolite por conta da admiração que Cynthia tinha por ele.

— Pelos deuses! Eu sabia que não podíamos confiar em patifes como vocês! Aquele plebeu sequestrou a jovem senhorita, agora só nos resta esperar o pedido de resgate! E o mestre Sylford não está por aqui para resolver esse problema!

— Sossega aí, velho, o Iolite saiu com outra garota, a pirralha deve ter se perdido no labirinto ou algo assim…

— Que atrevido! Escute aqui, ser chamado de “velho” é até tolerável, mas não ouse referir-se à jovem senhorita com usando a palavra “pirralha”... Argh!

Se não fosse pelos reflexos de Loright, George teria caído com a cara no chão. O jovem imaginou que alguma das crianças atirou uma pedra no empregado, mas percebeu o seu engano ao ver o que atingiu o homem: outro daqueles gafanhotos.

— Vocês precisam fazer uma limpeza aqui, está cheio desses insetos.

Os olhos do empregado arregalaram-se quando ele segurou o animal que lhe feriu. Era uma reação grande demais para um inseto tão pequeno.

— Idiota! O que esperar de plebeus, não é mesmo?! Isso aqui não são apenas insetos, são as pragas metálicas que acompanham o demônio Belphegor!

Loright não entendia muito sobre demônios, mas lembrou-se que Belphegor era o nome de um dos clãs que formavam o Inferno, mas a irmã Daisy nunca lhe falou sobre as “pragas metálicas”.

— Acho que seu cérebro do tamanho de um amendoim ainda não entendeu a gravidade disso, não é? Esses insetos sempre estão acompanhando o demônio.

Finalmente, a ficha caiu. O dono daquelas pragas estava ali perto, e Sylford não estava na mansão.

— Ei, ei, ei, isso é preocupante. O que a gente vai fazer?!

— Eu vou pedir para os empregados mais habilidosos ficarem de guarda, e vou enviar um mensageiro para chamar o mestre Sylford. Você pode só mandar os outros plebeus ficarem dentro das barracas, consegue fazer isso?

George sequer esperou uma confirmação por parte do jovem, ele disparou para o interior da mansão Sophiette.

“Como assim, tem um demônio aqui perto e eu não consigo sentir a presença dele?… Droga, eu preciso fazer alguma coisa.”

— Loright, aonde você vai com tanta pressa? — perguntou a irmã Daisy, sua expressão de preocupação demonstrava que ela estava atrás do jovem para avisar sobre o demônio.

— Eu já sei! Vou dar um jeito nisso! Você só precisa se preocupar em manter as crianças e as outras irmãs em segurança.

— Loright… por favor, tome cuidado e não faça nada imprudente!

Apenas acenou com a cabeça, não podia saber se conseguiria prometer aquilo, mas e esforçaria para voltar vivo, afinal ainda precisava resgatar Luminus.

Treinou por apenas alguns dias com Sylford, sentia-se mais forta, mas ainda não sabia se estava no nível de um demônio como Belphegor. 

Segundo Iolite, Azazel van Elsie, a que enfrentou no orfanato, era o demônio mais poderoso de todo Conselho do Inferno. Se saiu vivo de uma luta contra ela, tinha chances contra o dono daquelas pragas metálicas.

Levantou a mão para um dos empregados passando de carruagem, era um dos homens enviados por George para averiguar a situação.

Saltou no veículo em movimento, sentando ao lado daquele que estava no assento de cocheiro. Por sorte, estava com a sua espada, embora não soubesse como uma lâmina comum seria útil contra um demônio poderoso.

Demorou cinco minutos para que deixassem o jardim da mansão. Ter uma mansão com uma entrada tão extensa não era tão legal quanto pensou.

— Lá em cima, Belphegor está muito perto! — comentou o homem conduzindo, com o dedo apontado para o alto.

Havia uma nuvem de gafanhotos sendo formada ali. Conforme o número de juntos aglomerados aumentava, a névoa ao redor deles aumentava.

— Escute, jovem, — começou o homem — talvez eu não volte vivo para reportar a situação ao senhor George, mas se for para morrer aqui, vamos ao menos lutar. Belphegor Halls não é tão forte no combate físico, o segredo para vencer é tentar se aproximar.

Loright engoliu em seco. Ele viu um dos treinos dos empregados, era certo que aquele homem ao seu lado estava no mesmo nível de um guerreiro da Guarda Real de Andeavor, mas, mesmo assim, ele dizia que havia chances de não retornar com vida.

“Não posso pensar assim… A Luminus…”

Rodaram por alguns minutos ali fora, rodeados pelos gafanhotos que só aumentavam a cada segundo. Notou que aqueles insetos não atacavam, mas estavam servindo como vigias, de alguma maneira, o demônio podia ver pelos seus olhos.

Contou pelo menos dez carruagens da mansão Sophiette ao redor, mas elas começaram a desaparecer quando a névoa aumentou.

— Se prepare, jovem, ele está aqui — anunciou o homem, sacando uma besta do baú da carruagem. — Belphegor Halls, o Duque do Inferno.

O demônio estava em cima e uma pedra grande, analisando o cenário. Seu corpo magro era coberto por um terno negro, da mesma cor dos seus cabelos. Ele não parecia ter muita força física, e seu rosto possuía uma expressão de preocupação, as olheiras abaixo dos olhos apenas realçam aquilo.

Não pôde deixar de reparar nas roupas. Azazel van Elsie usava um uniforme de empregada, e aquele homem, um terno comum. Vestir-se de serviçal era moda no Inferno?

Os olhos de Belphegor estavam fixos na carruagem de Loright, como se já esperasse a chegada dela ali.

— É você mesmo aquele que ela citou? Azazel me falou sobre a aura peculiar, mas há duas presenças iguais, fiquei com uma dúvida genuína, é preciso ser cuidadoso com essas coisas. 

Loright ficou confuso, mas logo preocupou-se. Se ele estava falando da sua presença, a “aura igual” citada pertencia a Iolite, ambos tinha uma presença semelhante.

A carruagem parou, e o condutor apontou a sua besta para o demônio, que falava mais para si que para eles.

— O que você fez com o Iolite?! – gritou o jovem.

— Iolite? Então esse é o nome dele, fiquei em dúvida por conta das presenças iguais, por isso mandei um amigo seguir aquela outra aura emanando de Fallen.

Iolite também estava com problemas, na verdade, seu problema ainda era maior. Ali, Loright tinha o apoio de Sophiette e de Sylford, quando ele chegasse, mas o seu companheiro estava apenas com uma garota, como ele poderia enfrentar alguém no nível de Belphegor?

“Droga, eu me preocupando com o Iolite, sendo que eu nem sei se temos poder suficiente para enfrentar o Belphegor.”

— Podemos evitar o derramamento de sangue se você apenas se render. Você sabe porque eu estou aqui, certo? — falou o demônio.

— Não faço nem ideia.

Foi impossível não notar a maneira depressiva de como o Duque do Inferno falava, os seus olhos estavam baixo, ele usava os insetos ao seu redor para enxergar todo o cenário. Qual era o problema daquele ser?

— Se fazendo de idiota… eu não queria ter que recorrer a isso, mas acho que você só vai entender assim.

Com um estalar de dedos do demônio, um dos seus insetos avançou, passando em uma velocidade insana por Loright e acertando a traqueia do empregado no banco de condutor. O homem sequer teve tempo para reagir, caiu no interior veículo, morto.

O jovem olhou assombrado, percebendo o nível de poder do seu inimigo.

— Eu não sou como a Azazel… Está muito enganado se pensa que o fato de eu não poder te matar é uma vantagem, isso só significa que você sofrerá mais. 

Levantou a sua espada, não entendia o motivo do demônio estar lhe seguindo. Se fosse um herói nobre, apenas se entregaria, considerando que vidas seriam ceifadas por sua culpa. Mas Loright não era herói, era o irmão e Luminus.

— Então temos um problema aqui, porque eu só vou desistir quando morrer — bravejou saltando da carruagem, buscando o ponto fraco do sue oponente: a batalha corpo-a-corpo. 

— Se assim que deseja, não serei tão cauteloso assim em meus ataques, embora não tenha a intenção de matar. — Belphegor estendeu a sua mão na direção do jovem, fazendo contato visual pela primeira vez. — Afinal, você é a única esperança de trazer a minha família de volta.



Comentários