Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 5

Capítulo 231: Expansão De Aura

Como uma fera desenfreada, o homem corria em direção à área de recreação das crianças órfãs. 

Kurone não deixava de pensar em algo: como aquele ser conseguia ser tão rápido, mesmo correndo de quatro? Para ter aquele nível de controle, ele só podia ser alguém que viveu anos locomovendo-se daquela maneira.

“Não deve ser isso, só pode ser outra armadilha da desgraçada da Elsie, e logo com a Cecily aqui perto, vou ter que proteger a Luminus com tudo o que eu tenho… isso se…”

— Looooooooright!!!

Fez um alvoroço com esperança de avisar ao jovem de cabelos negros que estavam com problemas. Aquele homem era uma ameaça grande, principalmente para as crianças.

Mas toda aquela preocupação logo desapareceu quando a besta tocou em uma das minas terrestres. Seu corpo explodiu, e partículas de carne choveram por aquele local por consequência.

Uma cena perturbadora, mas que provocou um alívio no peito do garoto. 

Azazel van Elsie não contava com as suas armadilhas de minas terrestres.

Quando Loright e Daisy apareceram ali fora, o menino de cabelos loiros já estava no chão, ofegante por correr tanto, afinal ele ainda devia estar se recuperando dos últimos ferimentos.

— Precisamos dobrar a segurança, isso com certeza é só uma amostra do que a Elsie pode fazer — disse Kurone, forçando o corpo a manter-se de pé.

— Tudo isso que aconteceu foi minha culpa, não foi?... A vila, agora isso, eu não sei o motivo de haver tanto sangue, mas tenho certeza que eu sou a culpada.

A menina que falava aquilo com uma voz chorosa saía da enfermaria, sua aparição repentina surpreendeu a todos ali.

— Não tentem negar, eu sei de tudo o que acontece, só não disse nada porque achei que não fosse algo tão horrível… mas não consigo parar de pensar nos inocentes da vila que foram mortos por minha causa.

O silêncio foi a resposta de todos. Luminus era alguém muito madura para a sua idade, ela compreendia toda a situação e tinha argumentos válidos, por isso nenhum deles ousava dizer qualquer mentira.

— Eu não posso ficar aqui…

— Não, isso não, Luminus — retrucou Loright, era a primeira vez que o escutava falando em um tom tão sério com a menina. — Presta atenção, eu já disse…

— Eu não quero escutar mais, irmão! As outras crianças estão correndo risco aqui por minha culpa, é egoísta dizer que eu deveria fechar os meus olhos para isso.

Ambos trocaram um olhar de afronta. O clima naquele local ficou tenso de uma maneira que a irmã Daisy e o garoto loiro foram obrigados a recuar inconscientemente.

Loright só dava importância à garotinha, isso era óbvio, no entanto Luminus tinha um coração bondoso, sempre colocando os outros à frente dos seus próprios sentimentos.

E Kurone não sabia qual dos dois devia apoiar. Mudou, sua mentalidade realmente mudou desde que chegou àquele mundo.

No princípio, via todos como NPCs, figurantes sem importância que apenas lhe guiariam ao seu destino, só queria retornar para o seu mundo e receber abraços das suas irmãs. 

Mas logo aquilo mudou após o contato com tantas figuras memoráveis. Noah, Amélia, Flugel, Frederika… e Rory. Pensou que deveria viver para apenas para proteger aquela menina de cabelos prateados.

Contudo, houve outra mudança. Rory, ou Luminus, ainda era a coisa mais importante, mas escolher entre a segurança dela e das crianças era difícil. Vendo naqueles órfãos, lembrava das suas irmãs, e da mãe daquela criança que fora sequestrada na vila de Grain.

“Não dá pra escolher entre elas, acho que só vai ter um jeito…”

— Nem Luminus precisa sair daqui e nem as crianças vão ficar em perigo… — Kurone comentou. — A solução é simples: bora cortar a cabeça da Elsie, agora.

— Fi-ficou louco, Iolite?! — gritou Luminus.

— É a única maneira. Acham mesmo que Elsie vai deixar o orfanato em paz só porque vamos tirar a Luminus daqui?! Esses desgraçados não têm nenhum princípio…

A fúria do garoto realmente chamou a atenção de todos ali, não era comum que uma criança nutrisse um ódio tão profundo contra um demônio, por mais perversa que fosse a sua raça.

— Merda… — murmurou Loright. — Se essa for a nossa única chance, então eu tô dentro, mas só se você tiver um plano.

O rosto dos outros entregavam os seus pensamentos: “Você vai arriscar sua vida seguindo o plano de uma criança?” 

Porém, todos ali reconheciam que o menino conhecido como Iolite, Kurone Nakano, não era uma criança qualquer.

Falou tudo aquilo porque estava com raiva. Lógico, só lhes restava enfrentar Azazel van Elsie para Luminus ter uma vida tranquila e Loright não se tornar o Vassalo da Morte, mas não tinha nenhum plano em mente, pelo menos não até esse momento.

— É isso! — Kurone bateu na cabeça de repente. — Eu devia ter pensado nisso antes! Podemos chamar o líder do clã Sophiette da geração para cuidar da Elsie.

Isso soou como nada mais que o plano infantil de uma criança. Pedir ajuda ao mais forte era algo que qualquer um poderia pensar, contudo, mirar justamente o líder do clã Sophiette foi algo de chamar a atenção.

— Desculpe, Iolite, — começou a irmã Daisy — a ideia é boa, mas tenho certeza que o Sophiette não viria assim, ele é alguém muito ocupado, e não somos importantes o suficiente para termos prioridade…

A mulher religiosa parou de repente, vendo um sorriso enigmático sendo formado no rosto do inimigo.

Podia contar com os conhecidos do futuro

— Mantenha seus inimigos perto, e seus inimigos mais ainda — andou murmurando pelo local. — Se escondam dentro da enfermaria, eu vou fazer uma coisa não muito boa aqui.

Hesitantes, eles obedeceram, aquele sorriso no rosto do Garoto demonstrava que ele tinha um plano.

Kurone respirou fundo, e, embora não gostasse daquilo, pensou na figura de Lao Shi. Tentava recordar de cada palavra dita quando aprendia sobre a aura e como expandi-la.

“A aura é nada menos que a quantidade e qualidade da mana no corpo, nesse caso, eu tenho certeza que isso vai funcionar.”

Ergueu as mãos e fechou os olhos, concentrando-se na força repousando no seu interior. Ao que tudo indicava, diferente da força física, todas as suas habilidades também retornaram ao passado, impregnadas em sua alma.

Esse corpo não estava pronto para usar todo aquele poder que o Kurone do futuro mal conseguia suportar, mas não tinha tempo para hesitar.

De pouco em pouco, foi expandindo a sua presença, mas não de maneira superficial, trabalhava para que ela mantivesse a mesma qualidade por todo o lugar que percorria.

Sua esperança era que um conhecido seu fosse atraído pela sua aura: a Besta Negra, um ser que vivia em uma fome constante pela mana, Kurone era como um banquete ambulante para ela.

Espalhar a sua presença por todo o continente era uma ideia de louco, por isso torcia para encontrá-la o mais rápido possível.

Apenas o início foi complexo, mas assim que pegou os macetes, a energia expelida do seu corpo começou a disseminar-se mais rápido, e com a qualidade sempre constante.

Por sorte, aquela era uma época em que não era comum os humanos dominarem a mana, uma pessoa comum sentiria apenas um leve desconforto com aquilo, mas nada mais.

Estava totalmente focado na tarefa quando sentiu um calor inesperado em seu ombro. Por alguns instantes, ficou entre ignorar ou abrir os olhos, e escolheu a segunda opção ao sentir aquela presença conhecida.

— O que está tentando fazer?! — perguntou a deusa Cecily.

A divindade parecia muito incomodada com as atitudes do garoto. Claro, era algo que ninguém esperaria de uma criança naquela faixa etária.

Após dar um longo suspiro e cancelar a sua distribuição desenfreada de mana, pôs um sorriso presunçoso no rosto e respondeu à deusa:

— Eu imaginei que algo assim chamaria a atenção de seres como a Besta Negra ou o líder do clã Sophiette, mas também concluí que a responsável por tudo o que vem acontecendo também ia prever isso.

Cecily franziu o cenho, e Kurone continuou:

— Ter mais concorrência é problemático, principalmente se for de pessoas notáveis. — Kurone levantou o dedo para a deusa. — O que tô dizendo é que isso era, na verdade, uma armadilha pra pegar o verdadeiro culpado. Você, Cecily, é a nossa inimiga.

Ela apenas abaixou a cabeça, talvez frustrada por ser descoberta por uma criança, mas, em contrapartida, Kurone recuou, já entrando em sua posição de batalha. 

Era lógico. Cecily estava realmente obcecada com a ideia de levar Luminus consigo, ela jamais desistiria tão fácil. Foi um chute do garoto, a culpada podia ser Azazel van Elsie, contudo seu chute foi certeiro.

— Pelo visto, você é mais inteligente do que eu pensei, pirralho, mas será que você pensou na possibilidade da Azazel também aparecer para verificar o que está acontecendo aqui?

E a situação mudou. Kurone sentiu um arrepio na espinha, pois conhecia a aura demoníaca, liberada propositalmente, aproximando-se. 

Sem dúvidas, era Azazel van Elsie.

 



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