Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 220.5: (SS) Dever De Um Sophiette [5/6]

Era um sentimento nunca experimentado antes.

Apesar das raras lutas simuladas que teve com o tio, Sophia não sabia o que fazer. Não passou pela sua cabeça que o seu primeiro oponente em uma luta real fosse um ser com uma presença tão esmagadora.

— N-não pode ser… é Leviathan ford Ingrid, a Duquesa do Inferno. — As palavras de Aqua, o jovenzinho frágil ao seu lado, fizeram o seu corpo tremer por um instante.

No fim das contas, era uma Sophiette, seu corpo não a permitia tremer de verdade, mesmo perante a um inimigos mil vezes mais poderoso, isso não significava que era imune ao medo, mas sim que conseguia resistir a ele.

Os olhos instáveis buscaram pela silhueta do seu tio, apenas para se arregalarem ao encontrarem a figura de Eliezer no chão, ele fora jogado com violência contra a parede, pela posição era certo que bateu a cabeça com muita força e apagou.

— Aqua… me diga resumidamente tudo o que sabe sobre Leviathan ford Ingrid — Sophia falou com a voz firme, essa falsa aparência de coragem fez até o menino frágil ganhar forças para abrir a boca.

— E-ela é uma Duquesa do Inferno, também conhecida como “Duquesa da Cidade Submersa”, um fato incomum sobre essa demônia é que ela sempre mira em meninos com idade entre oito e qua-quatorze anos.

Sophia só podia pensar uma coisa da demônia após essa explicação de Aqua: “É uma pervertida.”

Antes que o pensamento de correr e atacar surgisse na cabeça da nobre, um vulto chamou a sua atenção. Esteve desatenta com a inimiga e esqueceu os aliados ao seu redor. Quem passou em uma velocidade insana foi Cedric, o menino delinquente imprudente.

Ele possuía uma espada, treinamento do vice-capitão da guarda de Nova Canaan e uma corrida impressionante, mas isso não era suficiente para lutar contra alguém no posto de Duquesa do Inferno — não era pessimismo, seus olhos treinados apenas encaravam a realidade.

Leviathan mal se moveu para esquivar da investida de Cedric, considerando que ela deixou o garoto se aproximar de propósito, era certo que sua especialidade era o combate à curta distância.

— Ei, garotinho, quantos anos você tem? Oh, esqueça, você não é tão bonitinho — a Duquesa comentou com um suspiro e uma expressão de desgosto.

Em um instante, a demônia ergueu o pé e lançou o menino contra a parede com um chute, certamente ela fez algo parecido com Eliezer para nocauteá-lo, sua flexibilidade era surpreendente, mas ela subestimou Cedric, talvez por ele ser uma criança, achou que um único chute leve era suficiente para apagá-lo.

Sophia queria ajudar a criança, mas não podia se mover, era racional mesmo sob pressão, se ela chegasse mais perto sem um plano, seria derrotada. Ao buscar ajuda nos companheiros restantes, viu que estava só.

Lysandra estava paralisada, não havia muito o que ela pudesse fazer, mesmo sendo a mais velha ali, entrou em pânico, e, em contrapartida, Elara moveu-se para curar Edward Soul Za.

Nesse momento, Aqua servia apenas de reforço estratégico, ele não era lutador, e mesmo se fosse, não teria chance contra a demônia.

“Mas cadê aquele menino?!” Sophia olhou assombrada para o lugar onde a criança quieta estava anteriormente. “Droga, não há tempo para procurar por ele.”

— Você só esteve me encarando até agora, sei que tenho uma beleza irresistível, mas isso é algo rude, apenas garotinhos podem me devorar com os olhos — a Duquesa falou de repente, seus olhos fixaram-se na figura da jovem Sophiette, mas logo foram atraídos para quem estava atrás da garota.

Demônios viviam por muitos anos, havia um abismo de diferença em experiência, sem falar que Sophia era apenas uma criança que negligenciava seu treinamento, o sangue de Sophiette não seria muito útil se Leviathan resolvesse atacar com toda a sua força.

Oh, esse garotinho ao seu lado é muito fofo! — Ela apontou para Aqua. — Certamente é o mais bonito de todos, eu quero ele! Peguem! 

Confusão invadiu a mente da nobre por um momento, não havia ninguém ao lado da demônia até o momento, mas bastou ela dizer “peguem” para que três subordinados surgissem das trevas.

Suas aparências eram macabras, pareciam homens comuns vestindo ternos negros, porém o que dava o ar anormal eram as sacolas em suas cabeças, pareciam sacolas comuns que as mulheres usavam para transportar os alimentos comprados nas feiras, porém alguém fez rabiscos em forma de sorriso — uma cena de arrepiar a espinha de uma criança.

Em segundos, as criaturas se aproximaram do grupo de crianças, Elara ainda estava no chão, usando magia para curar o filho do marquês Soul Za, mas eles não tinham interesse nela, apenas a ignoraram e seguiram em direção ao menino afeminado atrás de Sophia.

— Aqua, se afaste! — Lysandra surgiu de repente, seu corpo ainda estava trêmulo, mas ela reuniu forças suficientes para se mover e encarar as criaturas tentando levar o seu companheiro.

Sem hesitar, os homens de terno e sacola de compras na cabeça avançaram de punhos cerrados, não pareciam usar magia para ataque, mas eram rápidos e, a julgar pela posição de combate perfeito, conseguiam fazer um estrago com as mãos.

— Vocês deram azar, essa é a minha especialidade! — Um escudo azulado surgiu, ninguém imaginaria que alguém de aparência tão frágil como Lysandra era especializada em magia de defesa.

Os subordinados atacaram sem parar, em sequência e alternando seus golpes pesados, mas não conseguiam ultrapassar a barreira criada pela garota de curtos cabelos esbranquiçados.

“Mas ela vai cansar se ninguém fizer nada…” Antes de terminar sua linha de raciocínio, Sophia foi surpreendida pelo vulto de um dos seus companheiros. O garoto quieto que não sabia o nome até esse momento surgiu em uma velocidade impressionante e, sem piedade, cortou um dos subordinados ao meio com sua espada curta.

“Um ladino?! Por isso ele usa esse estilo de roupas?!”

Mesmo com tudo aquilo acontecendo, a jovem Sophiette não se moveu, apesar de não tremer como os outros, não tinha confiança para fazer nada, sentia-se impotente, mal conseguia manejar uma espada corretamente e, certamente, não teria a mesma coragem do menino ladino para cortar um inimigo.

— Ei, sua idiota, faz alguma coisa! Você é a mais forte daqui, porra, mexe a desgraça dessa bunda e me ajuda a matar esses filhos da puta! — gritou o menino com raiva, sua voz era grave e os olhos tinham um ódio incomum direcionado a Sophia.

Ficou surpresa, não imaginou que o garoto fosse dessa maneira, ele era reservado e parecia ser introvertido, como conseguia levantar a voz desse jeito? Sophia mal conseguia produzir um único ruído, por mais que se esforçasse para dizer algo.

Precisava se acalmar. Era estranho, não estava ofegante, não tremia, o coração palpitava normalmente, o corpo não possuía rigidez, mas por que não se movia? O que a impedia de correr e erguer a espada como esse menino que enfrentava dois subordinados ao mesmo tempo, mesmo tendo uma Classe que tinha desvantagem em lutas corpo-a-corpo?

“Pensa, pensa, pensa… o que foi mesmo que o tio Eliezer disse para fazer quando for entrar em uma luta que já está em andamento?... Droga! Não consigo lembrar, eu não estava prestando atenção!!”

Mesmo que não praticasse, devia ter prestado atenção nos ensinamentos do seu tio, saberia o que fazer se não tivesse criminalizado tanto o combate. Foi arrogante, achou que apenas o seu sangue fosse protegê-la em conflitos, mas reconhecia ali o seu erro.

O menino ladino usou toda a sua força para tentar cortar a cabeça de outro dos subordinados quando se impulsionou com um chute na barriga do outro, seria um golpe perfeito, isso se não fosse a interferência de um terceiro inimigo.

— Estou ficando sem paciência, me tragam logo o garotinho, e matem esse feioso — ordenou Leviathan, com uma expressão de irritação.

Não sabia de onde surgiam aquelas criaturas, mas uma coisa era certa, havia muito mais deles prontos para atacar quando a demônia ordenasse.

Os três inimigos começaram a golpear o garoto ladino sem hesitação, eram chutes poderosos e mortais, Sophia podia escutar dali o som doentio de ossos sendo quebrados e os gemidos baixos da criança. 

Lysandra estava quase de joelhos, ela não parecia possuir muita mana e, por mais que nesse momento as criaturas não estivessem atacando sua barreira, ninguém podia garantir que não surgiriam outras das aberrações quando baixasse a guarda.

Elara queria ajudar, mas assim que terminou de curar Edward, correu para ajudar outros alunos no chão. Leviathan não se importava que eles se movessem pelo campo de batalha, contanto que não a atrapalhassem.

“O que eu faço?...” Se isso continuasse, aquela criança morreria com uma pisada violenta em seu crânio. Precisava agir, por isso forçou o seu corpo a se mover. Assim que um dos homens de terno levantou a perna para destruir a cabeça do menino introvertido, ela saltou desesperadamente e o levou ao chão.

Sentiu uma leve formigação ao cair, estava tonta, a adrenalina tomava conta lentamente do seu corpo, era algo que desconhecia, mas o que faria? Estava no chão, montada sobre o seu oponente, contudo ainda hesitava em dar socos, e aproveitando-se disso, a criatura a arremessou com um soco no plexo solar.

As roupas de Sophia foram feitas para exploração de masmorras, por isso era pensada para resistir a cabeçada de monstros na região do estômago.

“De pé! Se concentra, Sophia…”

— Sophia… — Eliezer, agonizando e com sangue escorrendo do nariz, chamou a atenção da garota de repente, ele estava distante e a sua voz era baixa, mas o silêncio nesse piso permitiu que todos escutassem o que ele disse — apenas imagine que quem está à sua frente é o Edward Soul Za…

Eram palavras incompreensíveis para os outros, mas isso fez os olhos de Sophia se arregalarem. Só havia uma pessoa que não hesitaria em dar um soco com toda a sua força.

Batendo a poeira da roupa, a garota ficou de pé e encarou o oponente estranho com uma sacola de compras na cabeça.

— Acho que mostrei uma personalidade vergonhosa… A partir de agora, eu estarei lutando a sério.



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