Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 198: Quase Lá

— Então, darling, como você vai explicar isso? Qual foi a vadia com quem você me traiu? E ainda mentiu para mim sobre ser virgem… Ei, ei, darling, eu quero escutar tudo — Inari disse em tom frio, seus olhos tinham um aspecto sombrio anormal. 

Ela parecia ter despertado uma ponta de ciúmes ao escutar o elfo. 

Rapidamente, Kurone cobriu a boca da deusa com a mão e sussurrou:

— Não seja idiota! Esse cara tem pelo menos mil anos, é impossível de diversas maneiras que ele seja o meu filho! Então, fica quieta aí e não fala nada sobre o meu nome verdadeiro. 

— Para mim parece desculpa! Seu mulherengo! Descarado! — a deusa provocou puxando o orelha de Kurone.

— Com licença, vejo que o nome de meu pai causou muita comoção, vocês o conhecem? — questionou o elfo, a conversa entre a dupla chamou a atenção. Inari precisava seriamente aprender a se controlar, apesar de que aquilo não era algo do perfil dela.

Eulides, Willian e Law Zhen sabiam que o seu nome era Loright al Mare, mas o nome de Kurone Nakano não poderia ser revelado a ninguém. 

Na mente do jovem, aquele japonês patético morrera em Eragon, quem estava ali naquele momento era Loright al Mare, repetiria isso até finalmente incorporar sua nova identidade, apesar de ser algo dado por Lao Shi.

— Eu ouvi falar de um Kurone Nakano em Eragon, mas não tenho certeza… — Kurone comentou, tentando se manter indiferente.

— Eu também ouvi este rumor, mas quando cheguei, não havia mais nada lá. O que um dia foi Eragon agora não passa de um monte de destroços e cadáveres, tive sorte de sair vivo de lá — Shirone explicou, cerrando os punhos.

Hã? Alguém tentou te atacar lá? — Pelo que sabia, Azazel van Elsie estava em Andeavor, era impossível que ela tivesse ficado na cidade, então por que o elfo disse que sua vida correu risco? Elsie teria tomado a cidade-estado para si também?

— O local tornou-se uma armadilha em ruínas. As drogas que a igreja da deusa Annie usava para manipular os moradores tornaram-se vapor e espalharam-se por todo o local, provavelmente havia um laboratório repleto de frascos. Eu vi de perto… parecia que aquela fumaça verde tinha vida, as pessoas chamam de Sopro da Morte, os mais supersticiosos dizem que é a fúria de todos aqueles que perderam a vida naquele incidente. Todos que entram em contato com a fumaça gerada pelas drogas morrem instantaneamente, se tornando esqueletos sem vida.

[Ugh, me sinto enojada só de pensar que eles faziam coisas tão cruéis usando o meu nome…]

“Não se preocupa, Nie, a gente ainda vai dar um puxão de orelha da tal da Lucy e esclarecer tudo ao mundo…”

Aquilo parecia uma história de terror. 

Enquanto esteve em Eragon, Kurone vira com os próprios olhos as expressões dos moradores, eles eram controlados para obedecerem tudo o que a igreja mandava.

A morte para eles não tinha importância, era uma verdadeira cidade depressiva. 

Para controlar a massa, era necessária uma droga muito poderosa, talvez a droga usada fosse tão forte ao ponto de evaporar e ganhar consciência? Ou o suposto Sopro da Morte tinha alguma explicação científica?

Tudo aquilo era muito estranho, mas o que mais lhe irritava mesmo era que a responsabilidade da morte de tantas pessoas era da igreja que usava o nome de Annie.

— Viu? Vocês conseguem conversar como pessoas normais — comentou Lothus, ela parecia contente em ver a interação entre Kurone e Shirone.

Os jovens suspiraram, aquela menina tinha a capacidade de fazer qualquer um desistir da ideia de lutar com o seu jeito persuasivo, não era à toa que ela possuía o título de Pregadora da Razão.

— E quem é a sua mãe? — Kurone perguntou de repente. As chances da mãe de Shirone ser uma elfa eram altas, mas apesar de baixa, também não podia descartar a ideia de que o pai dele era um elfo.

— Eu não posso falar… na verdade, nem eu sei exatamente. Meu pai nunca me falou o nome dela e sempre vendou meus olhos quando ela vinha me visitar… Ele disse que eu a veria quando nos reencontrássemos.

— Nossa, você teve uma infância muito difícil — falou Lothus. — Por que não nos acompanha? Estamos indo para a vila da xamã Hyze, talvez ela possa lhe ajudar a encontrar o seu pai.

— Ei, ei, ei, espera! Você tá convidando esse cara pra vir com a gente?! Logo o cara que tentou nos matar?! — protestou Kurone. 

As pessoas ao redor pareciam ter a mesma opinião dele.

Lothus suspirou e ficou de pé, lançado um olhar sério para todos ao redor. Após ajeitar o cabelo castanho, disse no tom mais firme que sua voz fofa permitia-lhe:

— Eu confio nele. Ele pode ter tentado nos prejudicar antes, mas foi apenas porque não nos conhecia. Eu conheço uma pessoa boa quando a vejo, e posso garantir que o senhor Shirone Nakano é alguém bom.

Os únicos que pareciam tocados com as palavras de Lothus eram Kurone e Eulides, os outros permaneceram de rostos imutáveis. Na verdade, era de se esperar aquela reação deles, o único que conseguiria ser persuadido era Willian Zackarias, por ser um humano comum.

A obsessão de Law Zhen por Kurone fazia com que ela concordasse com qualquer decisão tomada, sem se importar com as consequências.

Ayshla e Berthran eram totalmente submissos ao seu mestre, mesmo que não gostassem da ideia, eles acatariam se viesse do jovem. Inari não ligava para nada, apenas seguia o fluxo e esperava o momento certo para assediar Kurone.

Seguindo esta linha de pensamento, apenas Wilian e Eulides escolhiam o que queriam ali. O jovem nobre de aparência afeminada demonstrava que concordava com Lothus, e Willian estava apenas com ciúmes por a demônia dar mais atenção ao elfo naquele momento.

O veredito ali era claro: Lothus venceu, Shirone Nakano poderia viajar com eles até a vila de Hyze. 

Por conta das circunstâncias, Law Zhen e Willian também iriam, mas como o Espadachim estava machucado e a Invocadora, submissa a Kurone, não deveria haver grandes problemas quando chegassem à vila.

— Agradeço sua generosidade, senhorita Lothus. 

— Você deve agradecer ao senhor Loright, no fim foi ele quem convenceu a todos a aceitar você em nossa caravana — Lothus explicou com um sorriso gentil.

Ah, sim… obrigado. Não vou ser um incômodo por muito tempo.

“Esse cara não tem desconfiômetro?! Ele ameaçou todo mundo há pouco tempo e tem coragem de agir dessa maneira?!”

[Ultimamente você não gosta de nenhum homem que conhece, estou começando a pensar que o problema é o gênero.]

“Eu não tenho esse tipo de problemas, mas se o cara já tentou me matar uma vez, é claro que eu vou desconfiar!”

[Ahh, não tem o que fazer, ele é seu filho.]

“Eu ainda vou descobrir a verdade sobre isso, o principal motivo de eu não confiar nesse cara é por ele saber sobre o meu nome verdadeiro. Não sei se ele não sabe mesmo que sou Kurone Nakano ou se tá mentindo.”

[É realmente algo que merece atenção. Mas Lothus parece confiar nele, então devemos apoiar ela.]

“Não tem o que fazer mesmo…”

— Vamos sair em breve. Aquele tal de Clay Alysson não tá morto, e ele parece ser um maluco, não vai demorar muito para voltar.

Shirone confirmou com um olhar sério. 

Os dois jovens eram mais fortes que a maioria dos humanos comuns, mas reencarnados eram diferentes, e a psicopatia do fora da lei o tornava ainda mais perigoso.

— Eu andei um pouco por esta floresta, há muitas armadilhas dele espalhadas por ela, precisamos seguir com atenção — disse Shirone, sentando-se novamente. Aqueles ferimentos também iriam prejudicá-lo na batalha.

— Eu vou ter cuidado. Nosso tempo tá curto, então a gente precisa viajar o mais rápido possível. Berthran, tudo bem com os seus cavalos? E com os seus, Eulides?

— Sim, mestre, eles são animais fortes. A resistência ao frio deles é boa, não sentem muita fome e viajam na neve com destreza.

— Os meus também estão bem, senhor Cordielyte, quero dizer, senhor Loright. Podemos seguir sem problemas.

— Perfeito, preparem tudo, vamos sair daqui em dez minutos. 

Eulides ainda parecia inquieto, sua expressão demonstrava que ele queria perguntar algo a Kurone, provavelmente sobre o fato dele se chamar “Loright al Mare”, mas aquele nobre sabia ler o clima, ele esperaria por um momento que estivessem a sós.

Lothus ajudou Shirone a se levantar, a cura dela foi útil para recuperar a energia, mas não houve quase efeito nos ferimentos causados pela explosão das minas terrestres. 

Willian e Law Zhen iriam com Eulides, já que a carruagem deles fora levada pelos aventureiros que fugiram. Àquela altura, era provável que todos estivessem mortos, mas não tinha sentido perder tempo procurando pelo local para pegar os suprimentos.

— Senhor Loright… — Lothus o chamou após ter levado Shirone até a carruagem, ela parecia ter se acostumado a chamar o jovem pelo nome falso. — Tenho algo a lhe dizer, é uma notícia boa.

Hã? O que foi?

— É sobre a nossa localização. Eu consigo me orientar pelo vento por conta de uma habilidade passiva, e se essa habilidade está funcionando bem, então a vila de Hyze está próxima, será um ou dois dias de viagem… Ei, o que foi? Você não parece feliz. É uma má notícia?

— Não, é uma boa notícia mesmo. Acontece que… como jogador, sei que o trajeto só fica mais difícil quando se aproxima do objetivo final… é uma hora perfeita para aparecer outro chefão.

— Eu não sei se entendi…

— Acho que você vai entender em breve, apesar de eu torcer pra isso não acontecer.



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