Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 197: Pai Do Elfo

Kurone piscou algumas vezes os seus olhos pesados. 

Quando acordou, o que via era o céu branco da floresta de Hyze. Pela força do vento, podia supor que já era dia.  

Ao seu redor, estava o muro de terra erguido pelo elfo, acordar dentro daquelas paredes altas passava a impressão que estava dentro de um vulcão sem lava.

“Minha cabeça… isso aqui tá muito macio pra ser o chão ou o piso da carruagem, não é, Nie?…”

[Eu não vou nem falar nada, cafajeste.]

— Bom dia. Dormiu bem, senhor Iolite? — perguntou Law Zhen. A jovem Invocadora tinha uma voz doce e um olhar focado em Kurone, e aquele ponto de visão do rosto dela indicava que aquela sensação macia eram as coxas modestas da aventureira. — Deseja comer algo?

Aquela garota tinha algo que poderia ser chamada de obsessão doentia por Kurone, não seria surpreendente se ela revelasse que mataria e morreria pelo jovem. 

“Mas, infelizmente, yandere não faz meu tipo.”

— Não tô com fome. — Ele olhou para o seu lado, estava deitado sobre um pano velho, com a cabeça no colo de Law Zhen, mas ainda podia sentir o frio da neve às suas costas. — Ei, aonde tá o elfo?!

— Ali. — Law Zhen apontou para um local próximo à fogueira. — Senhorita Inari disse que não era uma boa ideia tocarmos nas armas dele para desarmá-lo, então ele ainda tem todas as lâminas, mas está fraco.

No local apontado, o jovem elfo de cabelos longos esbranquiçados era alimentado por Lothus. A demônia parecia uma verdadeira enfermeira cuidando de seus pacientes. Quando a jovem alimentava o elfo, Willian gritava do outro lado dizendo que também queria aquilo.

Eulides al Mare encarava toda a cena com o cenho franzido, deixando transparecer que também admirava Lothus e tinha ciúmes daqueles dois jovens. 

A demônia idaten tornou-se uma verdadeira protagonista de comédia romântica com harém ali, apesar do jovem elfo não parecer demonstrar interesse por ela.

Darliiing! Você acordou! Que bom ver que está bem!! — Inari saudou enquanto saltava no garoto. Kurone ainda se sentia incomodado em fazer tanto contato físico enquanto a deusa estava na forma de Rory, mas deixou aquilo passar e focou no jovem elfo à frente. 

O que fariam com ele?

Aquele ataque usado em Clay Alysson deixara claro que o elfo não era alguém que podia ser subestimado, ainda mais quando estava em posse das suas armas, no entanto o fato dele erguer o muro para protegê-los do frio demonstrava que talvez ele fosse uma boa pessoa.

“Ou talvez ele só nos prendeu aqui para nos abater.”

[Puxa, Kurone, você é muito pessimista às vezes!]

“É difícil acreditar no cara que queria nos matar há pouco tempo. Mas ficar com paranoia aqui não vai ajudar em nada.”

— E você tá relaxada como sempre… — O jovem suspirou com as atitudes de Inari e levantou-se, seguindo na direção do elfo ao lado de Lothus. 

O jovem de cabelos brancos encarou Kurone por alguns momentos, ele ainda parecia fraco para se mover, mas não deixou de levar a mão a uma de suas espadas repentinamente. Ambos trocaram olhares hostis, deixando Lothus desconfortável ali.

— Se-senhor Cordielyte, tem algo que você precisa saber sobre ele, o senhor Shiro…

Os olhos de Kurone arregalaram-se assim que a demônia terminou a sentença. 

Aquele era um nome incomum que só podia significar uma coisa: aquele elfo era um reencarnado. Com aquele fato, não era de se estranhar que ele tivesse armas tão poderosas como aquelas espadas.

— Permita-me que eu me apresente corretamente, senhorita Lothus. — O elfo esforçou-se para levantar e olhou Kurone de frente, eles tinham quase a mesma altura e, olhando de perto, havia semelhanças entre suas feições, apesar da pele de Kurone ser mais escura. — Eu sou Shirone Nakano, o Margrave do Inferno.

Pareceu que aquela fala ecoou por toda a extensão do muro de pedras. 

Berthran e Ayshla, que cuidavam dos cavalos, deixaram seus trabalhos e aproximaram-se a passos rápidos. Law Zhen sacou a espada e Inari, como de costume, ficou indiferente e apenas fez uma expressão presunçosa.

Kurone aprendera lendo na biblioteca de Lou Xhien que o Conselho do Inferno teve muitas mudanças ao longo do tempo, alguns títulos foram esquecidos, e entre eles estava o título de Margrave.

O trabalho de um Margrave era vigiar a fronteira entre o Continente Oriental e o Demoníaco. Entre um dos mais famosos do título, estava o Margrave Taliesin, sua fama foi tamanha que deram à floresta que cercava as bordas do Continente Demoníaco o seu nome.

Porém, o último Margrave do Inferno datava do início da Era Mágica, isso significava que aquele elfo tinha mais de mil anos, mas esse fato era o de menos.

[Kurone… o nome dele…]

Amélia outrora fora Luna Nakano, tê-la encontrado naquele mundo foi uma verdeira coincidência, contudo ele não conhecia ninguém em sua família com o nome de “Shirone”, e se ele tinha mais de mil anos, por mais que o tempo em Niflheim se passasse diferente do da Terra, a única possibilidade era do elfo ser um membro antigo da família Nakano, talvez um tataravô com muitos “tatara” antes do “avô”.

— Eu sou Loright al Mare, o novo Arquiduque do Inferno. 

Foi a vez do jovem elfo reagir às palavras. Kurone não era idiota, ele sabia que sua cabeça valia muito, havia a possibilidade daquele elfo estar mentindo para fazê-lo cair em alguma armadilha.

Ele não precisava mais se esconder atrás do nome de Iolite Cordielyte, pois Clay Alysson dissera-o em frente a Willian e Eulides, os únicos que ainda não tinham o conhecimento disso.

— Quer que eu acredite nisso?! Você é humano — o elfo disse em tom incrédulo. Apesar de ter mudado a aparência física, quem olhasse para aquele jovem não pensaria que ele era alguém que carregava um título tão grande e assustador como o de Arquiduque do Inferno.

— Eu também não deveria acreditar que você é alguém com o título de Margrave. Na verdade, você pode ter mentido até mesmo em seu nome, é um nome muito esquisito para alguém que nasceu nesse mundo — ele jogou palavras ambíguas de propósito, algo que apenas outro reencarnado compreenderia o significado.

— Eu não permitirei que insulte meu nome, foi a única coisa que meu pai me deixou! Jamais mentiria sobre este nome.

— Ei, ei, vocês dois ainda não estão recuperados o suficiente para brigar assim! — Lothus ficou entre os dois jovens com olhares hostis. — Apesar de serem fortes, aquela explosão foi muito perigosa!

De qualquer forma, todos ali eram aliados de Kurone, aquele elfo não seria tão louco a ponto de comprar briga com tantas pessoas naquele estado.

Ahhh… você venceu dessa vez, e também eu devo uma a esse cara por ele ter erguido a barreira de terra pra proteger a gente do frio, mas eu não confio nele.

[Ei, Kurone, eu estive pensando um pouco. Talvez ele não seja o reencarnado, mas sim o pai dele. Se o que ele diz é verdade, então talvez um ancestral seu possa ter sido enviado para esse mundo há muito tempo e casado com uma elfa.]

“E aí ele deu um nome japonês ao filho dele, que cara idiota… A propósito, Nie, acho muito fofo quando você diz ‘se casado com uma elfa’, parece um criança falando sobre de onde vem os bebês.”

[Co-como você pode?! Isso aqui é uma situação séria!]

“Eu sei, eu sei, é que não consigo evitar.”

Lothus e Shirone olharam assustados para a cena do jovem rindo de repente. Kurone realmente se esquecia do que acontecia à sua volta quando conversava com a deusa que habitava a sua mente.

Distrair-se com seus pensamentos era um mal costume que adquiriu com a Síndrome do Pensamento Acelerado. Mesmo após ter se curado dela, ainda se distraia facilmente.

Ao notar o olhar desconfiado dos dois jovens à frente, ele se recompôs e fitou o elfo, o qual devolveu a olhada hostil.

— Qual era o nome do seu pai?

Hm? Por que essa pergunta de repente? Ou melhor, por que eu deveria responder a essa pergunta, Loright al Mare?

Hmm… bom ponto… — Kurone riu discretamente — será que é porque você está cercado pelos meus companheiros e pode ser eliminado se desconfiarmos que você é alguém perigoso? — Ele estalou os dedos.

Ayshla sacou o seu cutelo médio e Berthran, sua espada. 

Law Zhen já estava em posição de batalha com sua lâmina, Willian não podia se mover muito devido ao ferimento da sua perna, mas ainda era um Espadachim sortudo.

Inari mantinha uma expressão presunçosa, mas liberou um pouco de sua aura hostil. Até mesmo Eulides estava equipado com uma arma, apesar de ser uma faca de cozinha.

O elfo suspirou para aquela ameaça implícita e levantou as mãos em sinal de desistência. Ele guardou a espada e respondeu:

— A última vez que vi ao meu pai foi aos sete anos, ele não me abandonou, apenas disse que era uma separação momentânea e que eu poderia encontrá-lo na floresta de Hyze… no ano de 1502 da Era Mágica. O nome do homem que me criou é Kurone Nakano, o Santo.

[Cafajeste.]

Eh?



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