Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 193: Campo Minado

— Se-senhor Cordielyte?… — Eulides olhou com horror para o jovem a poucos metros dele, no entanto o foco de Kurone era aquele homem aproximando-se devagar.

O estranho parecia andar com cuidado, sabendo onde pisava. Ou seja, era o responsável pela explosão que matou aqueles aventureiros inocentes.

— Eu fiquei preocupado, rodei quase toda a floresta e não encontrei vocês, mas pelo menos minhas minas terrestres serviram como um sinalizador. — O homem riu.

O sujeito em questão estava desarmado, mas Kurone sabia que ele possuía uma arma, afinal o aventureiro ali próximo foi morto pelo tiro de uma escopeta na cabeça. As roupas estranhas daquele homem lembravam os cowboys do velho oeste e os seus olhos eram ocultos pelo chapéu de couro marrom.

Uma aventureira que viajava na carruagem do jovem que foi morto saltou do veículo com raiva nos olhos. A única arma que a garota tinha nas mãos era um machado, mas ela era rápida e poderia aproximar-se daquele estranho em poucos minutos.

— Eu não aconselho você a fazer isso, mocinha, — começou o homem — duvido que você consiga chegar até aqui sem pisar nas minhas minas, haha!

— Cala a boca, filho da puta! — rugiu a aventureira pisando na neve com força. Seus movimentos passavam a impressão de que ela realmente avançaria pelo campo minado sem pensar duas vezes, porém a jovem parou repentinamente e, em um movimento surpreendente, arremessou seu machado.

A arma girou e girou enquanto seguia na direção do homem surpreso, ele quase não teve tempo de desviar, porém forçou o corpo a descer quase em um movimento que poderia ser visto no filme Matrix.

O machado passou rente ao rosto do louco e prendeu-se em uma árvore. 

Aquela era uma cena de deixaria qualquer um maravilhado, porém a aventureira que arremessou o objeto não teve essa oportunidade, pois um revólver foi materializado na mão do homem e um clique no gatilho abriu um orifício no peito da garota.

Naquele momento, restavam apenas mais dois aventureiros naquela carruagem rodeada pelo sangue, mas eles foram mais espertos e esconderam-se no interior do veículo.

— Chega! — Kurone pronunciou com um rugido, atraindo o olhar de todos. Devido à situação repentina, todos ficaram sem reação, mas o jovem foi o primeiro a elevar sua voz. — É a mim que você quer, não precisa matar os outros.

Aquela poderia ser uma frase clichê do típico herói dos romances de fantasia, isso se não fosse dito naquele tom. Era como se Kurone não se importasse realmente com aqueles que morreram, ele só não queria ver uma morte desnecessária e ilógica.

— Assim não teria graça. Eu gastei muito tempo procurando por vocês e tô puto porque um filho da puta me jogou dentro de um buraco que poderia ter me matado, mas sabe o que é o pior?...

O homem parecia esperar Kurone dizer “O quê?”, mas como a pergunta da outra nunca veio, ele continuou:

— O filho da mãe desviou do tiro. Eu odeio quando erro o alvo, pois eu raramente erro. Desviar é um insulto à minha pessoa.

— Você é um miserável. — Kurone ativou seus dois Olhos Sagrados. — Pega ele, Ayshla!

Após a ordem do garoto, a orc fêmea disparou de onde estava, sacando o cutelo médio que carregava em suas costas, e dançou sob a neve.

A telepatia e os Olhos Sagrados eram uma combinação perfeita, Kurone podia ver o fluxo de mana das minas terrestres e dizer quando a orc deveria desviar. Aquela era uma ação que exigia muita concentração de ambas as partes, pois um descuido resultaria em uma explosão.

“Tem um caminho livre à frente, continua correndo e ataca o desgraçado.”

“Sim, mestre!”

O homem reconheceu que a orc era uma oponente perigosa, por isso entrou em sua posição de luta, era algo sem graça nenhuma, ele apenas colocou o corpo de lado e estendeu os punhos.

O corte preciso de Ayshla poderia tê-lo partido ao meio se não tivesse esquivado e, após avançar, materializou uma faca de combate militar na mão direita. 

“Não desvia, ele tá tentando te empurrar em uma área cheia de minas.”

A faca continuava vinda na direção da orc, mas ao invés de recuar, ela estendeu a mão e segurou a lâmina com força. O homem ficou surpreso com a atitude de Ayshla. A expressão de quem suportava uma dor aguda tomou conta do rosto da orc fêmea.

Ainda segurando a faca, Asyhla usou o objeto para puxar o homem e o acertou um chute na barriga. O louco foi jogado a alguns metros da orc, mas não atingiu sequer uma das suas minas. Provavelmente ele tinha alguma maneira de saber onde elas estavam.

Cof… cof… garota, você sabe chutar, viu?! Se tivesse sido um pouco mais forte, eu teria quebrado algumas costelas, as roupas pesadas te atrapalharam! Haha!

Ayshla cerrou os olhos. Ele analisava cada parte do oponente, tentando prever o que ele faria a seguir. 

Porém, não tinha como ela adivinhar que ele faria aquilo. 

O homem estalou os dedos e um apito rápido tomou conta ar. Em segundos, o local foi tomado por uma explosão e o corpo de todos foi arremessado pela floresta.

Kurone rolou enquanto praguejava. 

O maluco tinha o controle total sobre as minas, ele poderia simplesmente detonar todas de vez. Ao levantar-se rapidamente, o jovem tentou voltar ao campo de batalha anterior.

A explosão não foi suficiente para matar a orc, mas Ayshla parecia estar xingando no chão. A orc não tinha mais forças para levantar.

— Ninguém vem pra cá! — gritou Kurone para o todos. Os aventureiros em carruagens mais distantes não foram atingidos pela explosão, mas estavam em pânico, sem saber o que fazer.

De qualquer forma, Kurone era o único que poderia lutar contra aquele homem, pois via claramente todas as minas terrestres por baixo da neve, ou melhor, via o fluxo de mana delas.

Pensou que nenhuma outra pessoa seria louco o suficiente para tentar ajudá-lo, mas o som de passos rápidos andando pela neve traiu suas expectativas.

Willian Zackarias andava de forma imponente pelo local, isso fez com que Kurone e o louco franzissem o cenho.

— Suponho que você não saiba quem sou, não é mesmo? Eu sou Willian Zackarias, o Espadachim Rank C de Dart. Não há mais perdão para você, apenas feche os olhos e comece a rezar! — o jovem falou sacando sua espada.

Apesar de saber que aquele era um campo minado, Willian andava tranquilamente pelo local. Kurone teve alguns arrepios ao ver que o aventureiro quase pisava nas minas. 

Ele também conseguia ver?

[Ferradura, Passiva. Parece que ele consegue aumentar os atributos de sorte quando ativa essa Passiva.]

“Sorte?! Quer dizer que ele não tá vendo nada?”

[Sim… acho que a Passiva funciona muito bem, ele passa bem perto de tocar as minas, mas nunca toca, seus atributos de sorte devem ser altos por si só, a habilidade só ajuda a aumentá-los.]

— Então vocês dois conseguem ver minhas armadilhas… droga, achei que ia conseguir matar todos assim…

Abusando da sorte, Willian brandiu sua espada e avançou em direção ao homem. A trajetória do aventureiro parecia ser corrigida conforme ele avançava, como um motorista no piloto automático.

O homem desmaterializou a faca de combate e, no lugar, invocou dois revólveres, disparando contra o jovem em seguida.

— Maldito! Como você ousa?! — vociferou o louco. Ele parecia realmente odiar errar os tiros. Willian, o aventureiro sortudo, era o oponente perfeito para o pistoleiro que raramente errava seus disparos.

Devido à distância, as minas também não podiam ser explodidas como na hora que Ayshla atacou, senão todos ali voariam pelos ares. Aquele podia ser um louco, mas ele não queria tirar a própria vida em uma explosão irracional.

Kurone apressou-se e pegou Ayshla em seus braços. A orc parecia estar um pouco consciente, mas não tinha forças para protestar. O jovem marcou mentalmente o caminho mais rápido para a sua fuga e saltou pela neve que afundava a cada passada.

— Você não fugir! — o homem gritou estalando os dedos. O apito de várias minas terrestres reverberou pelo ar e Kurone engoliu em seco, mas continuou a correr.

Logo atrás do jovem que tentava a todo custo sair da zona perigosa com a orc fêmea nos braços, uma onda de explosão o seguia. As minas explodiam em efeito dominó por onde ele passava, mas por sorte o homem que as controlava não conseguia focar totalmente ali, pois dividia sua atenção na luta contra o aventureiro sortudo.

Quando chegou perto o suficiente da zona segura, Kurone impulsionou o corpo e jogou-se para frente, rolando pela neve fria. Enquanto rolava, seu foco era garantir que Ayshla não se machucasse.

Ele levantou após alguns minutos, sentia uma ligeira dor o braço esquerdo, mas sabia que ele logo regeneraria por ser o braço artificial. 

Com cuidado, Kurone recostou o corpo de Ayshla em um tronco seco e olhou em direção a sua carruagem.

Berthran começou a andar, ele era capaz de ajudar sua amiga, então Kurone só teria que se preocupar na sua lutar, afinal, por mais sortudo que fosse, dificilmente aquele aventureiro conseguiria derrotar o pistoleiro naquela batalha.

— Eu vou ajudar você! — gritou a garota correndo. Ela ofegava e mal conseguia andar pela neve. Era Law Zhen, a Invocadora.

Kurone suspirou, mas não reclamou, ela poderia ser realmente útil na luta, então não havia razão para negar a ajudar. 

O jovem encarou o caminho até o campo de batalha, havia diversas crateras devido às explosões, e a terra à mostra era coberta lentamente pelos flocos brancos, aquilo indicava que a nevasca ficava cada vez mais forte.

— Bora acabar a luta logo ou vamos virar bonecos de neve quando a nevasca ficar séria — comentou Kurone, materializando sua escopeta de canos serrados.



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