Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 194: O Elfo Junta-se À Luta

Quando o aventureiro investiu novamente, o homem forçou o corpo para o lado e esquivou. Mesmo sempre passando tão perto, aquele jovem ficava a centímetros de tocar as minas terrestres.

— Maldito! — gritou o louco disparando com o seu revólver, mas como esperado, seus tiros não atingiam o jovem loiro. — Como ousa, eu vou te transformar em uma paneira de tanta bala que vou meter no teu corpo!

— Desculpe, mas em meu corpo ninguém mete nada — comentou Willian enquanto tentava tomar distância. Havia uma verdadeira desvantagem ali, afinal, além das minas terrestres, Willian Zackarias usava uma espada média e seu oponente, um revólver.

Próximo à batalha entre o aventureiro sortudo e o pistoleiro louco, Kurone e Law Zhen aproximavam-se devagar. 

A jovem Invocadora usou sua magia para convocar pequenos animais semelhantes a coelhos, eles não tinham nenhum poder ofensivo, no entanto entraram na neve e, naquele momento, guiavam Law Zhen pelo caminho mais seguro.

Kurone tinha à sua disposição seus Olhos Sagrados que podiam ver a localização do fluxo de mana das minas, porém ele ainda não estava habituado a usar dois ao mesmo tempo, então sofria de uma leve dor de cabeça.

— Três contra um, isso não tá muito justo — comentou o homem com um suspiro. Ele cerrou os olhos antes de levantar a mão e, após o revólver desaparecer, uma Franch Spas-12 foi materializada. — Vamos acabar com isso agora, aventureiro.

Apesar da nova arma, Willian não ficou com medo e voltou à sua posição de batalha, pronto para mais uma investida, na esperança de cortar o oponente com a espada.

Kurone arregalou os olhos ao ver qual era a intenção do pistoleiro, mas quando tentou avisar, Willian já havia avançado.

— A arma dele não atira balas! Sai da frente! — rugiu Kurone, esquecendo-se da cautela e disparando na direção do homem com a spas-12.

No desespero, Willian tentou mudar o seu curso, mas era muito tarde. O disparo foi efetuado e o chumbo voou pelo ar como gotas de chuva viajando na horizontal. A sorte do aventureiro ajudou-o apenas a minimizar os danos.

Diferente da munição de revólveres, escopetas podiam comportar cartuchos de chumbo que se espalhavam pelo ar enquanto buscavam sua vítima, um elemento perfeito para derrubar alvos em movimento, como o aventureiro de sorte anormal.

A perna do jovem loiro foi atingida e ele caiu na neve, perdendo sua espada em algum lugar. O sangue tingia a camada branca no chão e ele pôs uma expressão de sofrimento no rosto ao sentir a queimação no local atingido.

E quanto ao autor do disparo, ele saltou para esquivar do tiro de Kurone. Ambos usavam escopetas, porém a do jovem de cabelos negros era carregada com mana, enquanto aquele homem havia encontrado uma maneira de conseguir cartuchos de chumbo.

— Parece que você também tem um brinquedo, não é mesmo!? — gritou, disparando contra Kurone, que se escondeu atrás do tronco de uma árvore seca.

— Vai ajudar aquele idiota, eu dou cobertura daqui! — ordenou a Law Zhen. 

Pow! 

Ele disparou contra o louco. 

Sua tática inicialmente era usar aquele tronco com uma trincheira, mas essa ideia foi dispensada quando o louco disparou com a Spas-12 e destruiu quase toda a madeira, obrigando Kurone a buscar outro esconderijo.

O garoto não podia se afastar muito, senão o foco do atirador mudaria para Law Zhen. A Invocadora caminhava lentamente, sendo guiada por suas convocações logo abaixo da neve.

Se as condições fossem outras, o rumo da luta seria diferente, afinal o homem vestido como um fora da lei do velho oeste não usou magia em nenhum momento, ele só tinham à sua disposição dois revólveres, minas terrestres, uma faca de combate e a Franchi Spas-12.

Kurone perdia na quantidade de armas, mas vencia na ofensiva mágica. 

O Fogo Infernal ou o auxílio da Máscara Infernal seriam suficientes para vencer em um combate direto, mas enquanto não pudesse se aproximar com segurança, só poderia fugir como um coelho tentando sobreviver a um caçador.

Ao ficar um pouco mais distante, o atirador moveu-se para não perder o jovem de vista. Ele parecia não se importar com Law Zhen ou o aventureiro ferido no chão, não era para menos, pois quem lhe traria a recompensa seria Kurone, ou melhor, Loright al Mare, na visão dele.

Enquanto corria, Kurone dava disparos ocasionais, que eram devolvidos com outros tiros do homem o seguindo. Ele não poderia continuar seguindo em frente, se assim fizesse, colocaria os que estavam nas outras carruagens em perigo.

Enfim, ao chegar em uma área com poucas minas terrestres, parou e encarou o seu perseguidor a alguns metros. O homem também diminuiu o ritmo do passo e lançou um olhar questionador ao jovem.

— Você consegue mesmo ver as minhas armadilhas, não é? — disse desmaterializando a Spas-12 e fazendo a faca de combate aparecer. — Acha que terá mais vantagem no combate corpo a corpo por eu não usar magia? Lamento lhe decepcionar, moleque, mas você está tendo uma ideia bem errada.

Kurone torceu o nariz ao ver que aquele homem leu perfeitamente os seus pensamentos. Mesmo após tanto tempo, ele ainda não tinha sequer um terço da experiência dos guerreiros que enfrentava. 

Após um suspiro, desmaterializou a sua Boito .20 e caminhou lentamente em direção ao reencarnado com a faca de combate.

— Eu não vou pegar leve com você — o jovem falou tirando o seu sobretudo.

Estava frio e a nevasca só aumentava conforme o tempo passava, mas correr um pouco foi o suficiente para fazer Kurone suar. 

O jovem usava por baixo do sobretudo branco uma camisa simples preta, colada no corpo de maneira que marcava a prova do seu treinamento duro, era perfeita para ele se movimentar nas lutas.

Ao tirar a peça mais pesada, parecia que seu corpo diminuiu de tamanho. O sobretudo tinha pelo e uma camada bem espessa de tecido que passava a impressão que ele era alguém musculoso, e as calças negras largas também ajudavam a manter essa impressão.

Porém, com os braços à mostra e a camisa fina apertada, dava para se notar que o jovem possuía muitos músculos magros pelo corpo, e o Sigilo de Azrael enraizando-se pelo seu corpo era visível.

Ambos deram uma última encarada antes de avançarem, o estilo de luta deles era totalmente diferente, mas conseguiram defender os golpes iniciais perfeitamente.

Ao chocar o seu braço contra o de Kurone, o homem aproveitou-se para usar a sua faca de combate, ele golpeou na horizontal, apenas para ser surpreendido por um chute do jovem em seu pulso.

A perna de Kurone levantou de repente, acertando com força o punho que segurava a faca. O pistoleiro afastou-se um pouco atordoado, mas o seu oponente não deu brecha e avançou com sede de sangue nos olhos.

Kurone obrigou o inimigo a entrar na defensiva, esquivando dos socos que seriam mortais.

— Acho que subestimei você… — ele passou a mão pela testa — Eu, Clay Alysson, o Psicopata Reencarnado, reconheço você como meu oponente, Loright al Mare. Saiba que não irei me conter agora.

O jovem riu ao escutar aquelas palavras. 

Clay Alysson parecia muito são para alguém com o título de “Psicopata Reencarnado”, ele não sabia o que era de fato a insanidade.

— Eu fiquei com vontade de quebrar a sua cara agora, que vergonhoso. — Kurone assumiu a pose inicial de batalha. Apesar de não parecer, ele era alguém que superara o limite de força física humana, seus socos eram capazes de destruir pedras e a velocidade era semelhante a dos demônios idatens.

Clay Alysson também tirou o seu sobretudo de couro e consertou o pulso que estava em uma posição dolorosa. Por baixo da peça marrom, ele vestia uma camisa social simples, com várias manchas de sangue.

— Vamos lá, me mostre do que é capaz!

Aceitando o desafio, Kurone avançou pela neve novamente, sempre prestando atenção ao seu redor, para garantir que não havia minas terrestres ali. 

Quando impactaram mais uma vez, os oponentes trocaram socos e bloqueios.

Lutar de igual para igual significava teoricamente que Clay tinha o mesmo nível de Kurone, mas não era bem assim. 

A base daquele homem era a técnica, ele sabia quando atacar ou avançar, tinha foco total na batalha, sem isso já teria perdido para o jovem desde o início.

Ao avistar uma brecha, o pistoleiro atacou com um chute rápido, que foi respondido com outro chute do jovem. Os pés se tocaram e provocaram um leve estrondo em todo o local. Ambos os corpos se separaram e prepararam-se para outra investida, no entanto a atenção deles foi roubado para o som de passos ou lado.

— Você… — Kurone e Clay Alysson murmuraram em uníssono.

Com um andar imponente, um jovem elfo de longos cabelos brancos aproximava-se com um olhar sério no rosto. Ele carregava uma espada na mão, outra guardada nas costas e uma adaga na cintura.

Porém, o olhar de surpresa de Kurone e o pistoleiro não foi devido à presença do homem, mas sim… por ele ter pisado em uma mina terrestre e não ter percebido.

— Não tira o pé daí!! — gritou Clay, o suor era visível no rosto dele. 

Kurone engoliu em seco, afinal aquela mina abaixo do pé do elfo tinha um fluxo de mana diferente das outras, e não ter explodido mesmo após ser pisada só demonstrava que aquilo não acabaria bem.



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