Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 191.1: Fora Da Lei

Desde muito novo, adorava filmes do velho oeste. 

Dormia com o som das armas de fogo na televisão e sonhava com suas aventuras montado em cavalos e nos duelos com xerifes barra pesada. 

Mas, para sua infelicidade, o mundo não era mais aquela terra sem lei. 

Mesmo vivendo no Texas, ele, Damian, não via nada daquilo que falavam sobre o local, as leis eram rigorosas e os adultos estavam focados em investimentos e cursos superiores.

Nasceu tarde demais para participar dos roubos e das lutas de cowboys contra índios, mas pelo menos conseguiu comprar uma arma aos 12 anos. 

Damian não hesitou em testar aquela arma de fogo em sua família.

Ele queria ser reconhecido como aqueles criminosos que tiveram seus nomes gravados na história, mas foi pego e mandado para um reformatório para jovens com problemas mentais graves ainda em seus 15 anos…

Mas, assim como seus ídolos do velho oeste, paredes e camisas de força não conseguiam segurá-lo. Foi fácil matar o médico e fugir quando ia tomar o remédio, então bastou passar três anos escondido para retornar. 

Por todo aquele tempo, ele treinou.

Nos noticiários, era conhecido como o “Psicopata Damian”, andava a cavalo e atirava em pessoas sem motivos, como aquelas figuras que viveram naquele estado quando ainda era uma terra sem lei.

Mas o seu cavalo não foi rápido o suficiente para fugir da polícia, no entanto, ao invés de se entregar, o bandido do “novo oeste” aposentou-se com um tiro perfeito no próprio crânio.

Achou que sua trajetória foi muita curta para acabar ali, mas não tinha mais o que fazer, aquele era o fim do psicopata que só queria viver nos tempos de glória do Texas. 

Quando ele abriu os olhos novamente, viu à sua frente uma nova chance.

Damian reencarnou como o filho de baronetes do norte. Ele havia recebido uma segunda chance, aquela poderia ser a sua redenção dos crimes cometidos na vida passada. Ele poderia realmente ser uma pessoa melhor, no entanto…

— Clay Alysson, o Psicopata Reencarnyado. Criminoso que myatou os próprios pais quando ainda tinha dez anos, uma penya, eles eram baronetes gentis. Você já myatou tantas pessoas quanto eu tenho fios no meu cabelo bonito, nyah!

Ele moveu a cabeça para o lado e viu uma garotinha sentada ao seu lado, ela usava um capuz para esconder o rosto, porém aquela voz irritante era reconhecível em qualquer lugar.

— Kawaii Kyuto, a maluca que vive falando do tal novo mundo, o que lhe traz aqui? Não parece um local que uma garotinha devia frequentar.

Aquela não era a primeira vez que ele era abordado por Kawaii Kyuto, seus feitos chamaram atenção daquela garotinha, ela sempre tentava convencê-lo a juntar-se a ela no seu novo mundo, mas Damian, ou melhor, Clay Alysson, não tinha interesse em nada daquilo.

Apesar de ter declarado guerra contra todos através da Voz do Mundo, ela estava ali, em um bar ilegal, como se não temesse o que aconteceria caso descobrissem sua identidade.

Damian assumiu a identidade de Clay Alysson naquele mundo e decidiu que o transformaria no seu próprio velho oeste, ele não queria saber de poder ou fosse lá o que aquela garotinha queria, só desejava viver como um fora da lei, sem estar sujeito às regras da sociedade.

— Eu vim aqui para fazer negócios desta vez, nyah! Veja. — A menina apontou para um cartaz na parede, ali era onde os chefes do crime colocavam anúncios de trabalhos sujos. 

Era como um quadro de missões para bandidos.

No local apontado, havia grandes cartazes em destaque com a magifotografia de três pessoas: Loright al Mare, o valor para quem o capturasse vivo era o de setenta mil moedas e apenas dez mil para quem o entregasse morto. Uma garota chamada Lothus tinha o valor de quinze mil e a última, Luminus streix Astaroth, valia cinquenta mil se capturada viva. 

— Eu espero que você saiba que eu cobrarei o triplo para entregá-los a vocês — respondeu Clay, demonstrando que já havia começado aquela caçada.

Nyah?! Nyão tem um desconto para umya antiga conhecida?

— Não sou idiota. Primeiro a Presidenta do Inferno, e agora você. Esses três devem valer mais que esse valor que vocês estão oferecendo. É o triplo do que Azazel van Elsie está pagando ou nada feito.

Ahhh… o triplo, tudo bem, apenyas porque sei que você fará um bom trabalho.

Bastou uma piscada de olhos de Clay para Kawaii Kyuto desaparecer daquele bar, deixando apenas alguns papéis com instruções. Ele olhou assustado por um momento para a furtividade dela, mas logo deu de ombros, o que importava era que tinha uma nova missão.

Após pagar a conta, levantou-se, atraindo para si o olhar assustado de todos do bar. 

Clay Alysson usava roupas sob medida ao estilo de cowboys do velho oeste. Por baixo, tinha um terno preto e branco simples, uma calça que imitava o jeans e, por cima, um sobretudo marrom de couro.

Sua Arma Lendária principal, Kawaii dissera-lhe outrora que suas as armas dos reencarnados tinham esse nome, era uma Franchi Spas-12, uma escopeta negra, porém havia duas outras Armas Lendárias em seus coldres: eram dois revólveres Colt 1917. 

O chapéu de couro de Clay escondia seus olhos e cabelos castanhos. Sua pele parda, comum nas pessoas que nasceram no norte do ocidente, chamava a atenção de todos, mas ninguém se atrevia a fazer contato visual com ele por muito tempo.

Fora do bar, um cavalo negro aguardava-o. 

Ele montou e começou a galopar em direção ao local apontado pelos papéis deixados por Kawaii Kyuto: a floresta de Hyze, próximo à cidade de Dart. 

Clay Alysson suspirou ao ver que estava realizando seu sonho, pois ele parecia um verdadeiro bandido do velho oeste e, com aquele dinheiro da missão, poderia finalmente começar o seu plano de recrutar mais criminosos para seu bando e dar armas a eles.

Ele despertou a sua Arma Lendária, a escopeta negra, com dez anos, como a maioria dos reencarnados de sua Geração. 

Os dois revólveres foram obtidos quando matou um reencarnado. Se ele roubava a arma dos reencarnados sempre que os matava, então bastava procurar mais deles, matá-los e passar a arma para os membros do seu bando.

***

Clay apagou o seu cigarro e suspirou. 

Aquele cigarro era um presente deixado por Kawaii Kyuto nas instruções da missão, apenas para provar que ela tinha reencarnados do seu lado que conseguiam qualquer coisa.

Não importava o quanto andasse, os seus alvos nunca estavam lá. 

Ele matou diversos aventureiros no caminho até ali, mas não havia sinal deles, era como se o grupo de Lorigth al Mare tomasse um caminho específico, diferente dos outros, que vagavam aleatoriamente.

Àquela altura, com certeza já havia outros caçadores de recompensas atrás dos jovens, talvez até mesmo misturado entre os aventureiros de Dart, mas Clay não podia deixar que isso o atrapalhasse, ele roubaria a caça da mão dos outros sem problemas.

A nevasca começava a aumentar, mas o homem não a temia. 

Ele encarou seu cavalo negro próximo à fogueira, aquele animal também não se importava com uma simples ventania, eles conseguiriam atravessá-la sem problemas.

Quando fez menção de levantar, o homem parou de repente e suspirou antes de dizer:

— Você me pegou de surpresa. — Clay moveu os olhos para baixo. Quase tocando o seu pescoço, havia uma lâmina afiada. 

Ao olhar para trás, ele viu a figura de um jovem encapuzado, mas seus cabelos brancos caíam do interior do capuz.

Apesar daquela situação, ele apenas deu um sorriso discreto. Alguém acostumado a situações extremas quase nunca sentia medo.

— Vá embora desta floresta ou coisas ruins acontecerão a você — alertou o estranho encapuzado. 

Tsk, quem diabos você pensa que é pra me dar ordens?! — Clay não hesitou e moveu sua mão à altura da perna, segurando seu revólver, mas quando estava prestes a disparar contra o jovem encapuzado, ele o largou e tentou correr para a floresta.

Blam! 

Clay Alysson apertou o gatilho, mas franziu o cenho ao ver o estranho encapuzado desviando. Era a primeira vez que errava um tiro mesmo estando tão próximo do alvo.

O estranho levantou após rolar por alguns segundos na neve, porém seu capuz caiu, revelando seus longos cabelos brancos amarrados em um rabo de cavalo. O que mais chamou a atenção do fora da lei naquele ser foram as suas orelhas pontudas.

— Um elfo? Parece que hoje é meu dia de sorte, eu nunca transformei um elfo em uma peneira! — bravejou apertando o gatilho do Colt 1917, contudo seu tiro foi rebatido pela espada do elfo. — Caraca! Que precisão, usou a espada com escudo.

O jovem elfo apenas olhou feio para Clay. 

Além da espada que tinha em mãos, havia outra em suas costas e uma adaga atrás da cintura. Um rasgo no ombro mostrava que ele fora atingido por uma bala de outra arma antes de lutar contra o fora da lei.

— Legal, legal! Parece que eu vou me divertir com você! — gritou Clay, materializando o segundo Colt 1917. Os reencarnados poderiam manipular livremente suas Armas Lendárias, ele achava mais rápido desmaterializar a arma do coldre e materializá-la em suas mãos que baixar a guarda para sacá-la manualmente.

Blam! Blam! Blam! O fora da lei atirou com os dois revólveres, fazendo os tambores girarem com violência, mas o elfo era bastante rápido, ele tinha a vantagem de enxergar na nevasca, como um morcego via no escuro.

— Volte aqui, covarde! Como ousa me ameaçar e depois fugir com os rabos entre as pernas!? Lute como homem!.. Hã?! — Clay olhou com pavor ao ver o que o jovem tentava fazer, ele corria ao seu redor, desenhando um círculo conforme arrastava sua espada pela neve. — Não me diga que… maldito!

Clay não teve tempo de resposta. 

Quando o jovem terminou de desenhar o círculo, um buraco abriu-se logo abaixo dos seus pés e o fora da lei caiu de mal jeito. 

O maldito era o Tipo Elemental Terra! O buraco aberto não era algo muito fundo, tanto que o fora da lei mal se machucou, mas aquilo daria tempo suficiente para o elfo fugir.

— Eu vou matar você, desgraçado! Nenhuma presa minha conseguiu me humilhar assim e sair com vida! Você morrerá da maneira mais dolorosa! — rugiu o Psicopata Reencarnado com fúria dentro daquele buraco.



Comentários