Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 189: Influência Do Vassalo Da Morte

— Eu ainda não consigo lembrar de nada… mas isto já é um começo, eu senti que já fiz isto outras vezes — comentou Annie. A deusa fechou os olhos e deu lugar ao dono daquele corpo: Kurone Nakano, que foi recebido com um olhar curioso de Inari.  

Darling, você viu tudo isso?

— Sim… a Nie parece ter ficado meio confusa, então não vamo perturbar ela por enquanto com isso. — Ele voltou-se para a garota ainda ajoelhada no chão. Annie decidiu perdoá-la, mas o jovem não concordava com a ideia. — Se já resolvemos tudo aqui, então vou cair fora.

— Es-espera! — Law Zhen limpou os olhos lacrimejantes. — Vocês permitiriam que eu me juntasse a vocês?… E-eu posso ser bem útil!

— Não força a barra, você já foi perdoada e tudo mais, agora só precisa viver sua vida — Kurone respondeu rudemente, mas Law Zhen insistiu:

— Por favor! Eu quero ajudar vocês… 

Apesar de tudo aquilo que aconteceu, Kurone não confiava naquela garota, ela parecia arrogante e confiante algumas vezes, mas em seguida se mostrava frágil e insegura, qual seria a verdadeira personalidade dela? 

Bem, ele não tinha o menor interesse em descobrir.

O jovem desmaterializou a sua escopeta de canos serrados e sinalizou para que Berthran e Ayshla se livrassem dos corpos dos capangas de Law Zhen, aquilo poderia causar problemas se fosse visto por um aventureiro de Dart. 

— Não me ignore, por favor!

“Tsc… Nie, os aventureiros ainda se lembram dela?”

[Sim, todos que a conheceram há dois meses ainda possuem memórias dela.]

“Perfeito.”

— Tá bom, tá bom, você pode nos ajudar. Apenas continua agindo como a Law Zhen que todo mundo conhece, nós temos nossos próprios objetivos e a gente quer se separar da caravana em breve, então seu trabalho é nos ajudar a despistar eles — Kurone explicou sem olhar para a garota.

De fato, seria proveitoso ter a ajuda dela, afinal parecia que Law Zhen estava infiltrada há algum tempo em Dart e construiu uma fama, apesar de não ser das melhores, seria proveitoso ter alguém influente do seu lado, que poderia fazer com que sua separação da caravana não gerasse suspeitas, como se fosse apenas algo sem importância para ser esquecido em pouco tempo.

— Você não pode interagir com o meu grupo, senão vai levantar suspeitas, apenas haja como sempre e passarei informações para você quando for a hora certa.

[Kurone… você foi muito insensível agora, está tratando ela como se fosse um objeto. Não gostei.]

Ele não negou, na verdade não respondeu nada a Annie e apenas abriu caminho, com a intenção de verificar a segurança de Lothus na carruagem.

— Ele… é alguém rude, mas parece ter um bom coração também… — comentou Law Zhen, encarando fixamente aquelas costas com o sobretudo branco afastando-se.

— Ele não é rude… — Inari interrompeu — apenas imagine qual o estado mental de alguém que conseguiu suportar o auge do sofrimento humano. Ter um psicológico forte não significa que você está isento da dor causada pelo sofrimento.

Law Zhen olhou para ela com admiração, era como uma criança aprendendo algo importante. Ela direcionou os olhos novamente na direção do jovem, ele já tinha ido, mas agora ela tinha outra opinião sobre aquele garoto rude.

***

Ao chegar na carruagem, Kurone hesitou em prosseguir, pois viu Eulides conversando com Lothus, eles pareciam se divertir, mas apenas a visão de sua figura ao longe espalhou um clima tenso no local.

Eulides ainda estava com raiva por ser supostamente ofendido por Kurone. Ao ver a aproximação dele, o jovem nobre afastou-se e retornou à sua carruagem, deixando Lothus só.

— Desculpa aí por atrapalhar a conversa de vocês, parecia tá divertida.

— Sem problemas, senhor… Iolite. Parece que você também teve uma longa conversa com senhorita Inari… ou será que…

— Eu penso que você é pura demais para imaginar uma indecência como isso, certo? Não me decepcione. — Kurone suspirou, cortando uma possível frase constrangedora vinda de Lothus. — Mas temos um problema. — Ele olhou para o lado para verificar se não havia curiosos pelas redondezas e aproximou-se da demônia.

— Um problema? Tem a ver com o assassinato?

— Não… parece que agora somos criminosos procurados em todos os países aliados a Andeavor, mas a boa notícia é que só valemos um valor absurdo de moedas se capturados vivos.

A demônia de cabelos castanhos arregalou os olhos ao escutar as palavras do jovem. Sua reação não era para menos, afinal Lao Shi prometera que eles viajariam no anonimato.

— Não vai demorar para que muitos caçadores de recompensas venham nos procurar!

— Já aconteceu, Law Zhen, a aventureira Invocadora, é caçadora de recompensas, mas demos um jeito nela. O importante agora é a gente ser cuidadoso, não podemos baixar a guarda, inclusive vou deixar a Ayshla sempre vigiando você quando eu não tiver por perto.

— E quanto à senhorita Inari?

— Ela também tá sendo caçada viva ou morta, mas a Inari sabe se cuidar, sem falar que não é ela quem tá sendo caçada propriamente, mas sim a aparência de lol… digo, de garotinha.

— Entendo. Em todo caso, eu também estarei preparada caso qualquer coisa aconteça.

Após a conversa rápida com Lothus, Kurone assumiu as rédeas da carruagem e começou a movê-la, eles ainda estavam parados em fila devido ao acontecimento que gerou um efeito dominó e deixou todos engarrafados.

À frente, o acampamento para passarem a noite estava sendo montado e alguns aventureiros aguardavam ansiosamente pelo Fogo Infernal do jovem, a única coisa que permitia que cozinhassem naquele frio dos diabos.

Após estacionar sua carruagem, em um local que ajudava a complementar o semicírculo formado pelos outros veículos para protegê-los do frio, Kurone seguiu para a fogueira preparada pelos aventureiros. 

Ele estendeu as mãos e liberou um pouco das chamas que eram a prova do seu pacto com a deusa Lucy.

— É a primeira vez que vejo alguém do Tipo Elemental Fogo que não é um completo inútil — comentou Willian, o Espadachim. Aquele jovem era um pouco arrogante, em algumas partes lembrava até mesmo Rhyan Gotjail, mas ele parecia pelo menos respeitar Kurone.

— Você está sendo rude, será que ele precisa lançar um pouco desse fogo em sua bunda para ver se você para de ser tão arrogante? — quem comentou dessa vez foi Law Zhen.

A capacidade de atuação daquela garota era incrível, ela agia de maneira confiante, bem diferente de como estava há alguns minutos, quando implorou por sua vida. 

Aquilo fez Kurone se perguntar novamente qual seria a verdadeira personalidade dela.

“Mestre?…”

“Diga, Berthran.”

Eu e Ayshla notamos movimentos suspeitos nas proximidades, devemos averiguar? Parece se tratar de um único humano.

“Se acalma, Berthran, e volta pra cá, é muito perigoso agir sem conhecer o inimigo.”

“Como o senhor desejar, estamos retornando.”

Kurone olhou para os aventureiros à sua frente, Law Zhen e Willian mantinham uma relação de inimizade, mas pelo menos estavam do mesmo lado.

— Tem alguém rondando o acampamento, vou sair pra averiguar — ele comentou de propósito, aguardando que um dos se oferecesse para acompanhá-lo.

— Eu vou com você! — Como o esperado, quem se ofereceu foi Law Zhen, ela nem hesitou e parecia ter mudado seu tom de voz ao falar com o garoto.

— Creio que é meu dever acompanhá-lo também — Willian disse em tom arrogante.

Apenas aqueles dois eram suficientes.

Quando se juntassem com Berthran, seriam um grupo de quatro guerreiros fortes. “Berthran, me aguarde próxima à minha carruagem. Ayshla, fique de olho na Lothus e na Inari.”

“Como o mestre desejar.”

“Ficarei atenta.”

Como fazia pouco tempo que começaram a montar o acampamento, os aventureiros ainda não puseram os troncos para completar o círculo formado pelas carruagens, ele se tornavam barrerias para protegê-los do frio durante à noite.

O grupo devia agir o mais rápido possível, pois a nevasca começava a ficar mais intensa conforme a noite avançava, o céu escuro e a neve tornariam a tarefa de encontrar alguém impossível.

Alguns aventureiros os viram saindo da clareira, mas não ousaram perguntar o que fariam ou para onde iriam, afinal um grupo incomum daquelas só podia significar problemas, e nenhum deles queria se envolver em problemas.

Kurone encontrou Berthran encostado à sua carruagem, a aparência sombria dele com aquelas roupas que ocultavam todo o seu corpo assustava a todos que passavam ali perto. — Vamos?

— Sim, mestre, o local onde captei a presença do inimigo não é muito longe. — O orc ativou sua magia de vento e uma barreira de ar surgiu, criando uma pequena cápsula que protegia quem estivesse próximo a ele.

Willian e Law Zhen ficaram maravilhados.

Além de a Kurone ser um usuário forte do Tipo Elemental Fogo, Berthran, seu subordinado, tinha o Tipo Vento. O primeiro normalmente era inútil e o segundo, raro.

Mal começaram a andar quando escutaram o barulho de passos, porém eles provinham das suas costas. Kurone cerrou os olhos ao notar quem era.

— O que você tá fazendo aqui?

— E-eu escutei toda a conversa… quero ir com vocês! — afirmou Eulides al Mare, ele mal conseguia andar devido à força do vento da nevasca, se não tivessem com a proteção de Berthran, Kurone e os dois aventureiros estariam quase como ele.

— No que esse fracote vai ajudar? — falou Willian.

— Em nada, — Kurone respondeu sem hesitação — mas não podemos perder tempo, vem logo pra cá. — Ele não teimou, daria aquela chance para Eulides provar a sua coragem… ou covardia.

O jovem nobre ficou animado e forçou seu corpo não habituado ao movimento intenso para chegar à cápsula de ar de Berthran, apesar de estar suado e um pouco vermelho devido ao frio infernal, Eulides parecia contente por ter se juntado a eles.

— Vamos lá, espero que você não nos atrapalhe.

[Kurone… estou ficando preocupada, você está ficando muito rude.]

Kurone não queria reconhecer as palavras de Annie, ela insinuava implicitamente que o Vassalo da Morte tomava a sua mente pouco a pouco, mas não tinha como negar, afinal notou a veia roxa do seu rosto enraizando-se um pouco na região do olho. 

Era aquela um sinal que a ressurreição do Vassalo da Morte estava próxima?



Comentários